Valentia e Doçura escrita por Amorecida


Capítulo 7
Acolhimento


Notas iniciais do capítulo

Olá docinhos, como vcs estão ?
Sejam muito bem vindos a mais um capítulo! ✌(´•౪•`)✌
Por favor, não deixem de comentar e favoritar, me ajuda muito.

Uma ótima leitura a todos! Espero que gostem.



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P.O.V.  Alice 

Na segunda feira bem cedinho, acordei ao toque do beijo que meu pai depositou em minha testa. Levantei-me e fui fazer minha higiene matinal. Parada enfrente ao espelho do banheiro, com os lábios sujos de pasta de dente, observei o meu reflexo atentamente. Era difícil demais eu me olhar no espelho, na antiga casa eu cobria os espelhos com adesivos, evitando ao máximo deparar-me com minha própria imagem. Não que odeie minha aparência, mas quando me olho no espelho não vejo nada de especial, eu apenas me sinto culpada por me ver tão cheia de vida enquanto que meu irmão, tão parecido comigo, está se desfazendo debaixo da terra.  

Depois de minha rotineira má experiência enfrente ao espelho, senti vontade de chorar, mas não o fiz. Engoli o amargo gosto do choro e fui em direção à cozinha, pessoas como eu só funcionam depois de tomar um café, como se eu fosse um carro e o café minha gasolina. Isso me deu uma ideia; peguei papel e lápis de cor marrom, desenhei uma xícara de café com uma garota em chibi de cabelos curtos e encaracolados ao fundo , com expressão maligna. Era eu. Decidi nomear aquele desenho e fiz um título em letras gritantes : " A maníaca do café! "

Pendurei em meu quarto, ao lado da bailarina. Em seguida passei protetor solar, calcei um tênis qualquer e peguei minha bolsa. Tirei a maior parte do meu pagamento e guardei no meu potinho, afim de depositar no banco mais tarde. Despedi-me de minha mãe e saí. Voltei em quase 50 minutos depois com tudo ( e até mais ) de que eu precisava. 

Comprei alguns cadernos, canetas e marca-textos. Comprei uma mochila preta tradicional de couro sintético com alguns spikes. Era tudo que eu precisava, porém ao passar pelas lojas convidativas da quente e amistosa Duque de Caxias, não pude evitar de levar coisas além do necessário. Para minha mãe peguei uma bolsa transversal, para meu pai um chapéu, e para mim um chaveiro de fuxico azul e um Maneki Neko de porcelana, o gato da sorte japonês, eu optei por levar o tradicional branco, que dizia trazer sorte e felicidade, na esperança que me ajudasse na faculdade. Coloquei-o em cima de meu criado-mudo. 

E, enquanto eu idealizava momentos futuros e sentia friozinho na barriga, 18 de setembro finalmente chegou. 

  ~~ ღ ~~ 

Levantei da cama às 8:00h, dormi mal pois estava com palpitação. Preparei um café bem forte, e foi a única coisa que consegui colocar pra dentro, meu estômago recusava comida. Oh Deus, eu estava muito aflita. Decidi tentar me distrair, fiz alguns alongamentos e em seguida fui tomar um banho frio demorado. Aquilo pareceu me relaxar, fiquei tão relaxada que quase nem vi a hora passar. 

Fiz arroz, feijão e tive o cuidado de fritar frango o suficiente para que eu e meus pais jantássemos mais tarde. Dei uma beliscada e em seguida fui me trocar. Aquele dia estava bem quente. Optei por uma bata verde água com renda, um shorts preto rasgadinho e sapatilhas pretas. Como aquele era o dia do Acolhimento para os calouros, eu não teria aula. Então peguei apenas minha bolsa comum. Mamãe havia saído antes de mim pois ela entra na farmácia às 10:00h e eu teria de estar na faculdade — novamente — às 13:00h. Agora que eu sabia o caminho de ida e volta para a faculdade, saí de casa sem pressa, ao 12:00h. 

Elevador funcionando e o meu ônibus passou assim que cheguei ao ponto. A sorte estava ao meu favor. Quase chegando à faculdade, deparei-me com a mesma árvore de antes, que agora parecia-se ainda mais com a do meu sonho pois estava cheia de frutas; E eram goiabas!

Assim que adentrei os grandes portões haviam poucas pessoas ali, procurei por Bruna e Rafael, mas não os encontrei. Logo o campus foi enchendo e os monitores pediram para todos nos dirigíssemos ao Auditório, no bloco F. Entrei no Auditório e ele era enorme,nas laterais as paredes eram revestidas com painéis de madeira, ao final e na frente da sala as paredes eram brancas. Haviam dezenas, se não centenas, de cadeiras azuis em nível de declínio, como se fosse um cinema, no centro uma longa escadaria de veludo azul que dava até o grande palco. No palco haviam algumas pessoas vestidas de social, que supus serem diretores ou coordenadores. Então todos os alunos se acomodaram e um dos engravatados começou a falar: 

— Boa tarde a todos, e sejam muito bem vindos! É com muita honra que acolhemos nossos mais novos estudantes! — Então uma onda de aplausos invadiu a sala — Hoje vocês vão ouvir algumas palestras, histórias e relatos sobre a nossa faculdade, em seguida vocês irão para suas salas oficiais e o coordenador do curso de cada um irá passar todas as informações referentes ao curso, e por fim, teremos uma apresentação, aqui no auditório. 

Depois que palestras foram encerradas, eu fui até a minha sala oficial, onde eu realizaria meu sonho de fazer Design Gráfico. Apesar de aquele campus relativamente pequeno — de acordo com os concorrentes e outras unidades da Estácio —  eu o achava gigantesco e confesso que fiquei meio perdida, tive que parar diversas vezes para me localizar, mas consegui chegar em minha sala, no bloco D, em segurança. Ao entrar na sala luxuosa, totalmente diferente das salas de escolas públicas que estudei, encontrei Rafael sentado perto da janela, fui em sua direção e sentei atrás dele. 

— Ahn, oi Rafael — dei um aceno com a mão. 

— Oi garota ruiva, como sabe meu nome ? 

— Você se apresentou... no dia da visita — expliquei. 

— Ah sim, mas não lembro de você, enfim, muito prazer... — ele parou e fez uma expressão confusa. — Como é seu nome mesmo ?
 
— Alice. 

— No país das maravilhas ? — Ele deu uma gargalhada exagerada como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo, atraindo diversos olhares curiosos. 

— Na verdade não, não conheço nenhum lugar parecido — Me queixei e fiz uma careta.

— É porque não existe, o mundo é esse caos horripilante na qual estamos acostumados, não tem nenhuma maravilha. — Então ele virou-se para frente, e virou para mim de novo, praticamente babando — Exceto por essa morena vindo na sua direção. 

Olhei e vi Bruna vindo até mim, com toda sua graciosidade, levantei e ela me deu um abraço caloroso. Não me espantava que Rafael ficasse boquiaberto, Bruna era realmente linda. 

— Não vi você, nas palestras — comentei. 

— Também não te vi lá, você acredita que eu confundi você ? Foi micão, tinha uma garota ruiva duas fileiras na frente da minha, ai eu comecei a chamar seu nome e ela não olhava, ai joguei umas bolinhas de papel no coco dela, então ela virou pra trás com a cara mais furiosa e feia que já vi na vida. — Então Bruna começou a rir e eu também — Bom acho que já vou indo pra minha sala, quando acabar eu te espero aqui no corredor ta? 

— Tá certo, boa sorte, até mais! 

— Até! — Ela deu uma piscadela para mim. 

 

O coordenador chegou, seu nome era Paulo, era um homem com seus 40 e poucos anos, esguio e tinha um topete quase que todo grisalho. Ele era muito simpático e nos explicou tudo que devíamos saber. As áreas que poderíamos atuar, como o mercado de trabalho seria, quais materiais seriam necessários para as aulas, entre outras coisas. Explicou também sobre as diferenças dos tipos de formações; Bacharelado, Licenciatura e Tecnológico. A vida adulta dava as caras para mim , eu sentia como se a minha vida toda eu tivesse ficado presa numa bolha, e agora, a bolha estourou e a vida real tornou-se exposta para mim. 

Nesse semestre eu teria uma grade de disciplinas, isto é, um conjunto de matérias, com um total de horas de 334 horas. E nesse primeiro semestre as aulas do meu curso seriam no período vespertino; Da 13:00h às 18:40h, podendo durar até o comecinho do noturno. 

— Tomara que eu consiga um estágio num horário que coincida com a faculdade — murmurou Rafael, pensativo. 

— Vai conseguir sim — encorajei-o. 

— Tomara que eu consiga também ganhar uns beijos da sua amiga. 

— Isso já não posso dizer se vai conseguir — Então começamos a rir. 

— Sabe, Alice, fiquei feliz em saber que você vai ser minha colega de classe, você parece ser gente fina e cá entre nós — Ele aproximou-se de mim e sussurrou — nessa sala só tem mauricinho. 

— Também fiquei feliz em saber que você vai ser meu colega de classe, você parece ser bem legal. 

— Bem legal é pouco, eu sou demais, sério, eu sou incrível, lembra de falar pra sua amiga, que se chama... 

— Bruna — completei. 

— Isso, Deusa Bruna, fala pra ela que eu sou incrível viu?  — disse sorrindo. 

Rafael era realmente muito legal, eu gostaria muito de ser amiga dele. Depois que Paulo nos liberou, saí da sala, seguida por Rafael, e encontrei Bruna socializando com outras garotas. Seria melhor não atrapalhar. Eu estava dando meia volta quando ouvi uma voz feminina familiar berrar meu nome. 

— ALICEEEEEEE!!! — Então ela acenou e correu para meu lado. — Ainda bem que você apareceu, aquelas garotas estavam me enchendo o saco. 

— Ah, pensei que eram amigas. 

— Não, não, nada disso, infelizmente elas são minhas colegas de classe. 

— Infelizmente ? — indaguei, curiosa. 

— Sim, elas são umas patricinhas, estavam enchendo meu saco. " Você só pode ser bolsista né?". " Por que não alisa esse cabelo?" — Bruna imitou-as, afinando a voz e fazendo caretas. 

— Minha sala também tem desses tipos. Todo lugar tem. É uma pena — Refleti. 

— Ainda bem que eu conheci você viu — Bruna me abraçou. 

— E ainda bem que você pode me conhecer viu — Rafael surgiu ao lado de Bruna. 

Ri com toda aquela situação. Quando Bruna falou aquilo, foi como se eu finalmente me sentisse acolhida, me sentisse capaz de ser amiga de alguém. Fiquei muito grata e feliz por ter conhecido ela e Rafael. Meu Maneki Neko estava me ajudando mesmo. Sentamos os três no auditório e assistimos a uma apresentação de dança contemporânea. Eram 5:00h quando saí de lá. 

Na volta, com um sorriso de triunfo nos lábios e a companhia de Bruna, decidi que não queria mais ser a garota derrotada pelas situações da vida. Eu queria que, no alto do céu, meu irmão tivesse orgulho genuíno de mim.

 

" Todo mundo sabe que a vida não é um mar só de rosas, mas também não é um mar só de espinhos. " 


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Notas finais do capítulo

Gostaram ? espero que sim! ^^

Relembrando que, por favor, não deixem de comentar ou favoritar.

Obrigada por ler! Beijos e até o próximo capítulo!



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