Valentia e Doçura escrita por Amorecida


Capítulo 2
Um doce encontro


Notas iniciais do capítulo

Saudações docinhos, bem vindos a mais um capítulo. ✌(´•౪•`)✌
Uma ótima leitura a todos. Espero que gostem. Beijos!! ♥



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P.O.V.  Alice 

— Eu acho que tenho um encontro — declarei. 

Minha mãe arregalou os olhos e meu pai engasgou com o suco de laranja. Realmente é muito estranho eu ter tipo um encontro. Eu sempre fui a rejeitada pelos garotos, nunca fui atraente e sempre fui muito tímida, não conseguia interagir com ninguém e isso afastava qualquer um de mim. O resultado disso é, Alice Duarte, de 19 anos, não tem amigos, e é bv. Mas quando alguém pergunta, eu sempre nego, é humilhante uma garota de 19 anos nunca ter beijado alguém. Também sempre digo que tenho amigos, e muitos, o que não passa de uma calúnia. Acredito que pelo fato de eu nunca ter sido sociável meus pais estranharam tanto eu ter um encontro. Eu também estranhei um garoto bonito como o Murilo querer tomar sorvete comigo.

— Nossa filha, que legal. —  Minha mãe deu um risinho.

— Com quem você vai ? —  perguntou meu pai, arqueando as sobrancelhas.

— Com o Murilo. É nosso vizinho que conheci hoje de manhã.

— Onde você vai ?

— Ele vai me levar em uma sorveteria.

— Quando você vai ?

— Ele vai apertar a campainha às 16h.

Meu pai no começo ficou desconfiado, mas logo ele disse para eu me divertir. Esse é uma das coisas que mais amo na personalidade do meu pai. Ele finge ser sério, e depois torna-se tranquilo. É um "bipolarismo" divertido. Depois que terminei de almoçar, fui até meu quarto. Li um pouco e olhei o relógio.

Eram 15h02. Tomei um banho rápido, lavei os cabelos e sequei-os com secador. Optei por uma camiseta rendada branca e um short jeans rasgadinho de cintura alta e sapatilhas turquesas. Olhei no relógio, eram 15h40. Coloquei brinco e colar dourados. Passei protetor solar ( indispensável para uma garota sardenta como eu), perfume ao redor do pescoço e nos pulsos, fiz um delineado simples e voilà. Lá estava eu, uma feia muito bem arrumada, modéstia parte. Fiquei alguns minutos me observando no reflexo do espelho e não havia notado minha mãe encostada na porta.

— Você está linda. 

— Obrigada mamãe — agradeci com um abraço.

— Você não volta tarde né ?

— Não mamãe, voltarei logo.  — afirmei.

A campainha tocou, olhei no celular, eram exatamente 16h. "Como ele é pontual". Despedi-me de minha mãe e fui até porta. Lá estava ele, com postura confiante, vestia uma camisa polo preta, bermuda camuflada e tênis preto de cano alto. Murilo tinha um maxilar quadrado e o rosto perfeitamente bem esculpido, seus olhos eram verde-acinzentados. Ele era MUITO bonito mesmo.

— Oi amiguinha.

— Oi amiguinho.

— Você está pronta ? Vamos ? 

— Sim.

Desta vez o elevador estava funcionando. Entramos e Murilo apertou o primeiro andar. Começou a tocar uma musiquinha ambiente e o silêncio entre nós foi notável. Minha cabeça estava fervendo e eu não conseguia pensar em nenhum assunto. Falei a primeira coisa que me veio a cabeça.

— Tá quente hoje né ?

— Em duque de caxias é sempre assim, logo você se acostuma. Onde você morava antes de vir pra cá?

— Em Nova Friburgo.

— Eu tenho uma tia que mora lá. O clima lá é fresquinho, quase nunca faz calor. Deve ser por isso que você é tão branquinha. Sempre morou lá ?

— Sim, foi lá que nasci. E você sempre morou aqui ?

— Não, eu nasci em Cantagalo e vim pra Duque de Caxias quando tinha 10 anos.

O elevador parou, a porta se abriu e nós dois saímos. Descemos a nossa rua praticamente toda, passando por casas muito bem arrumadinhas e prédios realmente luxuosos, dobramos uma esquina e avistei uma sorveteria grande, com um letreiro grande e colorido escrito João Ice.

— Quantos anos você tem ? —  perguntei, quebrando o silêncio novamente.

— Quantos anos você acha que tenho ? — rebateu ele, sorrindo.

— Não sei, huumm, 18? 19 ?

— 18. Fiz anteontem. E você tem quantos?

— Parabéns atrasado. Quantos anos você acha que tenho ?

— Obrigado. Você tem 16!

— Errou.

— 15 ?

— Cada vez mais frio.

— Minha nossa, você parece ser tão novinha, 17 ?

— Sou mais velha que você, tenho 19.

Murilo começou a rir, mas parou quando percebeu que estava falando sério.

— Desculpe, mas você não aparenta ter 19 anos.

Comecei a rir, ele relaxou e riu também. Adentramos a sorveteria, avistei em média 30 pessoas, sendo que mais ou menos 20 delas eram crianças. Murilo me guiou até o balcão e me mostrou a enorme quantidade de opções. Fiquei até perdida diante da quantidade de sabores diferentes de sorvete que tinha.

— O que você me recomenda sr. guia turístico?

— Olha, tudo daqui é uma delícia, depende do tamanho da sua fome.

— Uau, então... humm... deixe-me ver... vou querer uma cestinha comestível com uma bola de morango e uma de creme, com calda de chocolate, por favor. —  eu disse dirigindo-me a atendente.


— Para mim também uma cestinha comestível, com uma bola de maracujá, uma de ameixa e uma de pistache, com calda de caramelo, por favor.

— Certo, podem se sentar, vou servir vocês.

Agradecemos e Murilo me guiou até uma mesa no fundo do salão, puxou a cadeira para eu me sentar e eu pensei " que gentleman". Eu sorri e ele me devolveu o sorriso na mesma intensidade. Ele sentou-se também e começamos a conversar.

— Você estuda ou trabalha ? —  perguntei.

— Eu terminei o ensino médio ano passado, agora estou trabalhando em uma loja de sapatos no centro, como estoquista. Estou ajudando em casa e juntando dinheiro pra faculdade. Eu sonho em fazer Odontologia. E você ?

— Terminei o ensino médio à dois anos. Desde então venho fazendo alguns bicos em um buffet. Eu começo a fazer faculdade daqui a 1 mês. Vou fazer Design Gráfico.

— Poxa, meus parabéns. —  Murilo disse sorrindo.

Então uma garçonete de cabelos negros, pele bronzeada e corpo escultural veio em nossa direção com nossos sorvetes ( muito bem decorados), eu e Murilo agradecemos, e reparei na piscadela e no sorrisinho que ela deu para ele. Murilo me olhou como quem diz " Você viu isso ?". Eu cai na risada e o chamei de garanhão.

— Não é nada disso, essa garota, o nome dela é Amanda. Ela tá ficando com um amigo meu. Que vadia hein.

— Uou, me desculpe.

— Me desculpe ? Alice você não fez nada, eu no seu lugar te chamaria de rainha da cocada preta. É só que eu estou um pouco pasmo. Eles estão juntos há 2 meses e ele ta tipo gostando mesmo dela. E agora?

— Olha, eu não conheço ela nem nada, mas com certeza ela piscou pra você com malícia. Seu amigo tem que saber com quem ele tá ficando.

— Eu vou precisar da sua ajuda, você tem que ir comigo falar com ele.

— Ahn, c-certo - gaguejei. 

— Obrigado Alice, você tá gostando do seu sorvete ?

— É maravilhoso, vou ser eternamente grata por você ter me trazido aqui.

Ficamos conversando mais um pouco, descobri muitas coincidências com Murilo, principalmente em nossos gostos musicais. Fiquei muito feliz em poder dividir tanta coisa com uma pessoa. Nunca me senti assim. Será que isso é ter amigos ?
Fomos em direção ao caixa, nossa conta havia dado R$10, peguei minha carteira e Murilo afastou minha mão delicadamente, estendendo uma nota de 20 reais para a atendente, ele pegou o troco e notei que a tal Amanda, o encarava como um leão olha para uma zebra: Com muita fome. Subimos nossa rua, adentramos o prédio e pegamos o elevador. Murilo e eu trocamos nossos números. Chegamos na porta de meu apartamento e eram 18h20.

— Poxa Murilo, eu nem sei como te agradecer, sério, eu me diverti muito. Muito obrigada pelo dia de hoje. —  Eu disse envolvendo-o em um abraço. Ele me apertou com força. E depois me soltou docemente.

— Eu que agradeço. Até mais!
— Até!

Entrei em casa. Meus pais assistiam um filme de romance na sala. Eu não pude deixar de sorrir ao ver aquela cena tão linda. Mamãe estava com a cabeça no ombro de papai e ele a envolvia em um abraço. Eu senti meu coração esquentar. Eu os amava tanto. Queria tanto que meu irmão estivesse ali, vendo aquilo junto a mim. Mas ele estava ali, eu o sentia vivo. Em cada lembrança e no lugarzinho do meu coração que sempre foi e sempre será dele.

— Filha. Você se divertiu ?

— Sim mãe. Quero levar vocês na João Ice. Vocês precisam provar o sorvete deles. É o melhor que já provei na vida.

— Então vamos todos amanhã mesmo. Senta aqui filha, eles se separaram. - disse meu pai sem tirar os olhos da TV.

Juntei me a eles. Todos aninhados vendo Diário de uma Paixão, acredito que eu deveria ter visto esse filme umas 20 vezes e até sabia algumas falas, era um dos meus preferidos. Eu queria registrar aquele momento com meus pais eternamente, queria que o tempo tivesse parado ali. Mas a vida não para nunca.

 

P.O.V.  Murilo

Aquele dia, foi o dia na qual eu conheci minha nova vizinha, o nome dela era Alice, e ela era ruiva. Não aqueles ruivos falsiê na qual as garotinhas compram tinta de cabelo vermelha, pintam e dizem que é ruivo. Ela era uma ruiva verdadeira. Quase morri de tanta felicidade quando a encontrei na escada do meu prédio. Muitos garotos sonham em conhecer uma ruiva de verdade. Eu tirei a sorte grande. Além de conhecer ainda pude levá-la pra sair. Eu realmente merecia uma medalha de ouro escrita "O cara mais sortudo do mundo". 

Eu me arrumei e fiquei esperando dar 15h59 pra sair de casa. Fiquei de plantão olhando a tela do celular. Acho que aquele foi o minuto mais longo da minha vida. Finalmente deu 16h e toquei a campainha. Alguns minutos depois, Alice abriu a porta. Meu coração parou e o nível da minha testosterona aumentou. Sério. Aquela menina era como uma miragem, com o cabelo alaranjado, os grandes olhos verdes, as sardas, o corpo todo na medida certa... maravilhosa demais pra ser de verdade. Mas miragens não falam, e ela me respondeu.

 

Chegamos na João Ice e reparei em como ela ficou perdida olhando o cardápio. Quando me mudei pra cá, a João Ice ainda não existia. Assim que inauguraram, eu marquei presença, não existiam tantos sabores quanto agora, ainda assim eu fiquei impressionado, naquela noite, tomei 5 casquinhas de sabores diferentes. Eu e Alice fizemos nossos pedidos e levei ela pra uma mesa mais distante, no fundo do salão, com pouca gente em volta, eu não queria beijá-la ( na verdade queria, e muito, mas eu não iria chegar chegando, afinal era nosso primeiro encontro e tal), mas nunca fui fã de multidões, pra mim quanto mais reservado eu fico, melhor.

Começamos a conversar e a vadia da Amanda trouxe nossos sorvetes e me olhou como se eu fosse um x-bacon super suculento e piscou pra mim. Como ela podia ? Ela sabia quem eu era, e eu era amigo do Caio, que se ela não se lembrava, era o cara que ela tava ficando. Alice viu a atitude da Amanda, pensei que ficaria chateada ou brava, mas me chamou de garanhão. Levei isso como um elogio.

 

Muitas vezes pude ouvir e ver Alice rir. Não era uma risada irritante ou sem graça. Era incrível, eu queria ter gravado e colocar aquela risada como despertador. Apesar de odiar acordar cedo, eu acordaria feliz toda vez que ouvisse a risada dela. Logo, paguei a conta e fomos embora. Me despedi dela com um abraço. Ela cheirava a baunilha.

 

Voltei pra casa, peguei o celular, coloquei o play de "Sweet Child o' Mine" e me joguei no sofá. Risonho como um garotinho que ganhou o carrinho motorizado que tanto desejava.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por ler! Espero que tenham gostado.
Estou aberta a qualquer opinião, me mandem críticas, elogios, dicas e sugestões.
Beijos e até o próximo capítulo. ♥



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