Valentia e Doçura escrita por Amorecida


Capítulo 3
Traços e Laços


Notas iniciais do capítulo

Olá meus docinhos, bem vindos a mais um capítulo. ✌(´•౪•`)✌
Uma ótima leitura a todos, espero que gostem.



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P.O.V. Alice

No dia seguinte, um domingo abafado, eu e meus pais acordamos cedo pois a missa de uma igreja próxima começaria as 8h. Eu estava meio sonolenta, foi difícil ( pra mim sempre é difícil) levantar da cama. Comi um pãozinho com requeijão e o meu queridinho de todas as manhãs: Café! Pra mim café é como um abraço em forma de xícara. Vesti uma calça jeans, sapatilhas pretas e uma regata de cetim azul escura. Então saímos, cerca de 2 minutos depois de passar pelo portão do prédio estávamos de frente a igreja. 

— Hugo , não posso nem acreditar, a igreja é do lado da nossa casa. Deus abençoou nosso lar  —  disse minha mãe encantada. 

— Eu sou o melhor "achador" de imóveis do mundo. Não tem de quê. —  ele se gabou.

— Caramba pai, odeio quando você se acha demais, mas desta vez ta liberado. 

Adentramos a igreja, fiz o sinal da cruz e fiquei maravilhada. Além de ser perto, a igreja era linda. Tinha grossas pilastras douradas, o piso era de mármore branca, e o teto era coberto por imagens de anjos e orações, e dele pendiam enormes lustres de vidro. Chegamos cedo, então ainda haviam muitos lugares, nos direcionamos aos bancos do lado direito, bem no centro. Todos os bancos eram envernizados e a madeira tinha uma coloração muito bonita. Uma senhora sentou-se ao meu lado e ficou me encarando de modo a já me deixar constrangida, quando finalmente soltou. 

— O que é isso no seu nariz ? 

— É um piercing —  informei-a.

— Esse troço não te atrapalha ? —  ela indagou, ainda parecia perplexa. 

— Nem um pouco —  sorri a ela. 

Há cerca de uns 5 meses, eu havia colocado um piercing no septo, que não era nada comum. Meus pais aceitaram numa boa e até gostaram. Mas nem todos reagiriam assim, muitas pessoas, como a senhora, estranhavam, olhavam torto e perguntavam sobre. Eu não me importava, achava até divertido ás vezes.
A missa foi toda muito bonita, consegui entender tudo que o Padre falava, diferentemente da antiga igreja que eu frequentava, na qual o Padre estava velhinho e era italiano. Minha mãe simplesmente adorou e já que era tão perto de casa, disse que viria todos os dias e eu adorei a ideia. Nós sempre fomos muito religiosos, mas desde a morte de meu irmão, nos apegamos mais a Deus, e ir as missas todos os domingos nos confortava muito. 

Depois do final da missa, meu pai nos chamou para ir na João Ice. Eu os levei, quando entramos, mostrei o cardápio pra minha mãe e me vi nela. Ela ficou tão perdida quanto eu, ela se parecia muito comigo, não só a aparência, mas cada ação e pensamento. Eu sou muito grata por ser parecida com ela, já que é ela é a melhor pessoa que conheci, em seguida vem o meu pai, um homem justo e gentil. Meu pai e minha mãe dão de 0 a 10 em qualquer casalzinho bonitinho de novelas já que o amor que existe entre eles, já passou por muitas provas e resistiu a todas elas, é um amor real. Eu sonho no dia em que terei um amor assim.  
Será muita pretensão minha ? Não sei se mereço, mas tenho inveja e queria muito ser amada como meu pai ama minha mãe e amar como minha mãe ama meu pai. Eu nunca quis um amor de conto de fadas, ideal, cheio de aparências lindas, ternura plastificada e amor raso como uma poça d'água debaixo do sol escaldante. Eu só queria alguém que me amasse e me aceitasse do jeito que sou, sensível, feia, melancólica, sem joguinhos, sem máscaras e sem mesquinharias. Apenas alguém que estivesse disposto a andar de mãos dadas comigo, apesar de tudo e de todos.

Enquanto eu não encontro esse alguém, vou vivendo minha vida monótoma. 

— Framboesa é o que mesmo ? —  Papai coçava a cabeça, confuso. 

— É uma fruta vermelha pai. 

— Caramba nem sei o que pedir, ô moça, me vê uma casquinha de passas ao rum. 

— Qual a cobertura senhor ? —  rebateu a atendente.

— Não precisa de cobertura não, obrigado. 

 

Minha mãe pediu um milk-shake de maracujá com calda de chocolate e eu novamente uma cestinha comestível com uma bola de morango e uma de creme com calda de chocolate. A João Ice era um lugar maravilhoso com um sorvete maravilhoso. Murilo foi como um anjo me apresentando esse lugar. Depois que terminamos, meu pai comprou um pote de sorvete napolitano. 

— Já temos sobremesa. 

Quando voltamos ao prédio, entramos e o porteiro olhou descaradamente para a bunda da minha mãe, que era bem redondinha e avantajada. Eu já estava prevendo presenciar uma luta digna de ringue, mas meu pai agiu calmamente. Ele apenas segurou o colarinho do porteiro, olhou fixamente em seus olhos e soltou: "Comece a tomar mais cuidado por onde passa esses seus olhos nojentos". Minha mãe nem percebeu o que acontecia logo atrás dela, pois estava ocupada olhando as promoções no jornalzinho do mercado. Meu pai soltou o porteiro e continuou andando. Olhei para o crachá dele. 

— Olha seu Aroldo, não faça mais isso ok ? É muito feio um homem da sua idade desrespeitar as mulheres, se eu testemunhar algo parecido comigo ou com minha mãe, aquele carinha que te prensou agora não vai ser educado.

Aroldo ficou calado, não disse nada, nem sequer piscou. Bom mesmo. Meu pai era muito ciumento, já testemunhei diversas brigas dele por conta de caras desrespeitando minha mãe. Modéstia parte, minha mãe é uma tremenda gata. Meu pai também é muito bonito, com aqueles olhos azuis e o cabelo castanho claro ele já atraiu diversas mulheres também, mas minha mãe sabe lidar e nunca armou barraco nenhum. 
Quando chegamos em casa, mamãe pediu ao papai para ir ao mercado, correr atrás de algumas coisas na promoção, como arroz, óleo, detergente...

— Filha, vem aqui — mamãe me pediu apontando para o lugar vago no sofá. 

Deitei em seu colo e ela começou a acariciar meus curtos cabelos ruivos.
 
— O que você tem achado da nova casa?

— Eu tenho adorado mãe, o apartamento apesar de menor é super aconchegante, o prédio é legal, o bairro é legal. Eu me sinto muito bem aqui. 

— Eu fico feliz filha, eu também gostei muito. O que seu irmão teria achado ? 

— Ele com certeza iria adorar, a cada 5 minutos viria até você pedir dinheiro pra comprar sorvete, e não reclamaria de ter que andar 30 minutos para ir ver o Padre Gonçalo dizer " Que la pace estesia con vocês". 

Começamos a rir, meu irmão adorava imitar o sotaque italiano do Padre Gonçalo. Lembrar dele, tornava-se cada vez mais, uma tarefa menos dolorosa e mais contemplativa. 

Eu e mamãe preparamos o almoço. O prato do dia era Strogonoff de frango com MUITA batata palha. Assim que terminei de almoçar, fui ao meu quarto. Liguei meu computador e entrei na minha conta do orkut. Não havia nenhuma novidade senão que meu cachorro virtual fugiu por falta de cuidados. Desliguei e fui ler um livro. Lendo-o, minha primeira ideia de desenho surgiu. Peguei papel e lápis. Comecei a esboçar, contornei e por fim colori levemente. Peguei um pedaço de fita banana, e coloquei o papel na parede. Uma delicada bailarina enfeitava agora meu quarto, seria o primeiro de muitos desenhos meus pendurados naquelas paredes. Sorri, satisfeita e orgulhosa. Deitei e comecei a imaginar um futuro clichê que muitos desejam. Uma casa grande, em um campo florido, uma criação demasiada de animais; porcos, coelhos, gatos, cachorros, mariposas, borboletas e até lagartixas, quem sabe? . Exceto por pombos, ratos e baratas, eu era louca por animais. Tive muitos, infelizmente todos já falecidos, mas eu sonhava num futuro não muito distante ter alguns animaizinhos, que preencheriam um pouco do meu vazio.

Decidi que iria conversar com meus pais sobre isso mais tarde, porque naquele momento, um sono benigno me acalentava, deixei que ele me guiasse. 

 

P.O.V.  Catarina 

Passei a mão na cabeça e ali, no lugar da dor, uma protuberância horrenda estava. Tomei um longo banho, lavei os cabelos, hidratei o corpo. Saí do banheiro e recebi um olhar amoroso de meu marido. 

— Eu queria que você tivesse me contado antes —  queixou-se roçando os dedos em meu rosto.

— O quê ? 

— Ora Catarina, não adianta mais esconder, eu pude perceber. 

— Perceber o quê? —  eu estava completamente confusa, pensei que ele viesse falando da minha Menopausa. Ok. Eu era sensitiva, mas segundo o médico, a Menopausa ainda demoraria a chegar pra mim. 

— Que você é vampira — ele disse num tom sério.

— O quê? —  gargalhei —  Que besteira é essa Hugo ? 

— É sim, você não usa alho puro... sempre bate ele no liquidificador.  — Hugo me rodeava lançando-me um olhar desconfiado —  Você não pode sair de casa sem protetor solar... 

— Ei, isso é por conta de eu ter nascido excessivamente pálida, fico com sardas, você sabe. 

— Vampiros também são pálidos. Quer mais ? Você nunca mudou Catarina, você ainda é a garotinha pelo qual eu me apaixonei vinte anos atrás. —  Ele me abraçou e depositou um beijo carinhoso no meu galo. 

— Vinte e cinco. E você continua com os mesmos olhos azuis e brincalhões. 

Ele sorriu, foi até o quarto de Alice e disse " Ela está dormindo". Ele foi até o nosso som e colocou um CD dos Beatles. Ele me puxou para seus braços e dançamos ao som de " And I Love Her ".

— Eu amei você ontem. Eu amo você hoje. E eu amarei você amanhã - Ele murmurou enquanto depositava beijos em meu pescoço. 
 
— Eu também, sempre amei e sempre amarei. 

Se miguel estivesse ali, ele com certeza soltaria um "ECA".

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por ler. Espero que tenham gostado!
Sim, eu shippo muito Hugarina :3 ==> https://youtu.be/vJYWBbDDUl0?t=1
Mandem elogios, críticas, sugestões e etc. Estou aberta a qualquer opinião. Sério docinhos, comentem, até se for pra dizer que tá um lixo HAUSHUAHSAUA
Beijos e até o próximo capítulo. ♥



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