Valentia e Doçura escrita por Amorecida


Capítulo 1
Novos recomeços


Notas iniciais do capítulo

Saudações docinhos, sejam muito bem vindos! ✌ (❛ω❛) ✌

Esta é minha primeira fanfic, espero fazer uma boa estreia.
Ela também é postada no spirit, com mesmo título, capa etc.

Bom, é isso, uma ótima leitura a todos! Beijos. ♡



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Para mim o amor deve ser como café, ás vezes doce, ás vezes forte, ás vezes só e outras acompanhado, porém jamais deve estar frio.
Por isso escrevi essa história, na qual o amor conseguiu aquecer gélidos corações, como o café quentinho de todas as manhãs. 

Apenas poucas vezes na vida, nos deparamos com alguém que é nosso total oposto, e pouquíssimas vezes, conseguimos amar com todo o nosso ser alguém que é tão diferente assim. Não são os opostos que se atraem, são as diferenças que se completam.


Enquanto ela é drama, ele é ação.
Enquanto ela é oração, ele é pecado. 
Enquanto ela é esperança, ele é certeza.

Enquanto ela é disciplina, ele é desordem. 
Enquanto ela é Doçura, ele é Valentia.

Ela é de um mundo, ele de outro. Normalmente não se esbarrariam, no entanto, de tempos em tempos mundos colidem, se chocam se vertem numa supernova. E talvez seja daí, da explosão de dois mundos que nasce o amor improvável, confuso e real. 

~~ ღ ~~

Point of view - Ele
30 de setembro, 2032.

 Lá estava eu, na flor da idade e já era um homem amargurado, ou melhor, um monstro frio e calculista. Eu vivia uma vida sem cor. Até que ela apareceu com aqueles olhos verdes, e o cabelo cor de abóbora, colorindo tudo. Com todas as sardas que tinha, ela preencheu o vazio da minha alma. Ela trouxe as maravilhas do país dela para mim. 

Por mais que seja clichê, mesmo após tantos anos,  meu sentimento é o mesmo, senão maior. Ela ainda é a minha garota, ela ainda é minha. Ela, dos olhos gentis e do coração puro, enxergou beleza em mim. Eu era um bosta desalmado, ainda assim, ela me chamou de anjo. Eu não sou um anjo, nunca fui. Ela sim, ela é um anjo, porque ela me salvou. 

Minha mãe, Gisele, me deu a luz. Mas foi minha ruivinha,  que atende pelo nome de Alice Duarte, que meu deu a vida. 

~~ ღ ~~

Point of view - Ela 
04 de agosto, 2008.

— Aliceeee!!!

Acordei desnorteada, tive um pesadelo super estranho envolvendo um lobo branco. Ok. Olhei no relógio e era exatamente 13h56. Fiz minha higiene matinal e desci as escadas, dei de frente com um cara gordinho e cabelo espetado e um maromba com cabelos platinados carregando a televisão da sala, era o dia em que meus pais e eu nos mudaríamos.

— Bom dia mamãe. — Dei-lhe um beijo na bochecha e pedi a benção.

— Boa tarde filha, que Deus te ilumine. — Então beijou as costas de minha mão direita.   — Você dormiu demais, ficou acordada de madrugada ? —  perguntou mamãe, servindo-me um café.

— Sim, não consegui dormir e fiquei lendo um pouco.

— Ansiosa não é ?

— É, e também um pouco assustada, não sei muito bem o que esperar mãe — O que era verdade. 

— Nem eu filha , mas tenho fé que vai ser melhor do que continuar aqui. — Mamãe ficou cabisbaixa e eu sabia o porquê. 

 

Eu não sou filha única, eu tenho um irmão, um irmão que está morto. Ele se chamava Miguel.


[...] 

Estávamos voltando para casa de carro, papai dirigia, mamãe estava ao seu lado e Miguel e eu no banco de trás. Mamãe e papai começaram a brigar, nenhum de nós lembra qual era o motivo, logo, papai se alterou, eles começaram a gritar um com o outro. Papai perdeu o controle e bateu de frente com uma minivan. Lembro-me da expressão de horror no rosto do meu irmão e dos gritos de minha mãe, enquanto girávamos no ar. Eu perdi a consciência, só lembro de acordar sobre um teto branco e ver enfermeiras sonsas ao meu redor.

 Eu saí de lá com um braço quebrado e algumas cicatrizes, e meu irmão sem a vida. Foi doloroso e ainda é. Quando ele se foi, a culpa tornou-se nossa companheira. Fazia dois anos. Dois anos que Miguel não estava mais entre nós. Minha mãe era gerente de uma farmácia, mas depois que meu irmão se foi, ela não conseguia trabalhar e foi despedida, desde então ela fica em casa vivendo a trágica angústia que aloja em seu peito. Não só ela, eu e meu pai também vivemos uma rotina monótoma e lamentável, sem ele.

 

Sempre quis que tivesse sido eu no lugar dele, ele tinha 12 anos, era apenas um garoto. Teve sua curta vida interrompida. Tinha tantos sonhos, tantos planos e diferente de mim ele tinha a coragem necessária para fazer aquilo que quisesse. Quando eu o perdi, comecei a pesquisar nos dicionários a palavra saudade. Diversos significados me apareciam: 

° Sentimento causado pela distância ou ausência de algo ou alguém. 
° Lembrança de pessoas ou coisas distantes ou extintas. 
°Pesar da ausência de alguém que nos é querido. 

Sim, na teoria as definições estão corretas. Mas na prática não é nada disso. Saudade é sonhar com o som da risada dele. Saudade é ver sua pilha de jogos do playstation empoeirada. Saudade é ver suas fotos fazendo careta. Saudade é querer visitá-lo em seu quarto, e não no cemitério. Saudade é sentir uma dor insuportável do peito ao se lembrar de que ele não vai mais voltar.

 

E então, eu aprendi o verdadeiro significado da palavra saudade.

[...]

 

Há cerca de uns dois meses atrás meu pai encontrou um apartamento em Duque de Caxias, menor, em um bairro relativamente perto de minha futura faculdade. Era o que precisávamos naquele momento. E eu estava esperançosa. 

Meus pais e eu havíamos arrumado quase tudo no dia anterior, mas ainda faltavam algumas coisas. Depois de tomar o café, subi para fechar minha mala. Em cerca de 40 minutos, a casa estava vazia. Dei uma boa olhada no local que foi testemunha de meus choros e risos, e que eu pude, por anos, chamar de lar. 

Finalmente, peguei a estrada. Não demorou muito para que chegássemos na casa nova. Ela era ampla, não tão grande quanto à antiga, mas ainda assim eram muito espaçosa, havia cozinha, sala de jantar, sala de estar, dois quartos com suítes, uma pequena lavanderia e uma agradável sacada, com uma vista privilegiada do bairro quase todo. Logo, todos os móveis e porta-retratos estavam ali e a casa ficou com a nossa cara. Papai e mamãe estavam felizes, e eu também. Meu quarto estava exatamente igual ao anterior e isso não me agradou, prometi a mim mesma que no dia seguinte iria fazer compras, e tentar decorá-lo.

Depois do jantar, folheei um livro até que comecei a ficar com sono, rezei e dormi. Desta vez, não sonhei com nada, ainda bem porque há dias eu vinha sonhando coisas bizarras. Levantei-me e fui em direção a direita, para o meu banheiro, mas abri a porta do meu guarda-roupa, meu banheiro atual ficava pra esquerda, dilemas naturais para quem viveu a vida inteira em um lugar e agora está em outro, mas logo me acostumaria.

 

No dia seguinte, saí cedo de casa, fui em direção a uma Avenida próxima que com certeza teria muitas bugigangas para eu lotar meu quarto. Voltei com algumas sacolas. Quando adentrei meu prédio, vi que o elevador estava com defeito, dei meia-volta e fui em direção às escadas. Lá estava eu, me preparando psicologicamente para subir uma escada enorme e segurando peso. 

— Vai aprender que isso é quase comum por aqui, o lance dos elevadores. —paralisei quando ouvi uma voz masculina dizer por detrás de mim, virando-me lentamente, deparei com um rapaz bonito de pé me fitando com ar de preocupação.

— Oh Deus, desculpe se a assustei, eu sei que eu poderia ser um psicopata, um alienígena ou um ladrão de órgãos mas sou apenas seu novo vizinho que tá tentando ser simpático. Meu nome é Murilo.

— N-não foi nada, sou a Alice, prazer.

— O prazer é meu, eu te ajudo Alice — disse ele tomando minhas sacolas. —Sabe, um dia eu estava carregando meu microondas, eu havia acabado de pegar na loja, sai do estacionamento e fui em direção ao elevador. Para minha desgraça, ele não estava funcionando, como hoje. O resultado disso foi eu subir 7 andares carregando 15kg. Não é muito, mas para alguém fraco como eu, foi uma prova de fogo.

— Deve ter sido bem doloroso — não consegui conter o riso.

— O seu sorriso é lindo, você já usou aparelho? — indagou enquanto analisava meus dentes. 

— Sim, por 2 anos, e você?

— Por 5 anos, eu sofria de uma intensa feiura dental.

— Não sofre mais então, seu sorriso é bem... certinho — Senti meu rosto esquentar um pouco. Essa era uma das coisas sobre mim, eu ruborizava fácil, até mesmo conversando sobre dentes. Murilo ficou parado, analisando meu rosto de cima a baixo. Depois começou a rir. 

— Você fica vermelha fácil assim? Que fofinha. 

Rimos e Murilo me explicou mais um pouco sobre o prédio, porém não demorou muito para que terminássemos nossa aventura nas escadarias.


— Estou entregue — falei cortando o silêncio que havia se instalado entre nós.

— V-você está livre hoje a tarde ?   — Murilo disse desviando o olhar.

— Você está sendo muito apressado, acabamos de nos conhecer, eu realmente vou considerar você ser um psicopata, um alienígena ou um ladrão de órgãos.

Murilo riu, poxa ele era mesmo MUITO bonito.

— É sério, não estou tentando dar em cima de você , não ainda, é que eu não tenho nada pra fazer e eu conheço uma sorveteria simplesmente mágica! Você não faz dieta, faz ?

— Não, não faço.

— Vou tocar a sua campainha exatamente as 16h.

Não tive nem tempo de responder, na verdade tive tempo, só que fiquei ali parada sorrindo. Adentrei meu apartamento.

— Alice, você viu alguma farmácia na avenida ?

— Sim pai, vi uma bem aqui na esquina da nossa rua, por quê?

— Sua mãe levou uma pancada e tanto no coco.

— Minha nossa. Você deu gelo pra ela?

— Você ainda pergunta ? Eu sou o melhor marido do mundo. E melhores maridos do mundo sempre pegam gelo à suas esposas quando elas se machucam. —  meu pai disse sorrindo. — Vou comprar contra-filé e algum analgésico pra ela. Volto logo.

— Até mais Melhor-pai-e-marido-do-mundo !

  Meu quarto não era tão grande assim, não faria mudanças extraordinárias, porém alguns pequenos itens, já fariam a diferença. Decidi fazer uma limpeza geral antes de começar. Peguei algumas caixas; Joguei algumas roupas que eu não usava mais, bijuterias,  e acessórios.  Joguei também algumas pelúcias e brinquedos antigos, deixando apenas um pequeno coelhinho, o Sr. listrado, que não teria coragem de me desfazer.  Feito isso, peguei as caixas e coloquei-as na sala, para que meu pai levasse para um orfanato próximo do trabalho dele. 

Em seguida, peguei minhas compras e comecei.  Comprei organizadores de gavetas e arrumei calcinhas, meias, bijuterias e meus materiais de desenho. Coloquei  puxadores novos nas gavetas, alguns novos objetos em minha escrivaninha, um cabide de madeira, um pisca-pisca azul acima da cama, almofadas e capas nos interruptores. Nada muito extravagante. 

Eu havia comprado 4 molduras para quadros, resolvi imprimir imagens nossas e colocar nelas. Decidi levar dois quadros para o quarto de meus pais e dois ficariam no meu. Pendurei-os. Dei uma boa olhada, por se tratar de uma decoração simples, estava perfeita. Mas senti que as paredes estavam vazias, em meu antigo quarto, minhas paredes eram lotadas de desenhos meus. Decidi que iria fazer o mesmo no novo quarto, futuramente. Fui ao quarto dos meus pais e minha mãe estava deitada.


— Mãe? a senhora está bem ?


— Estou um pouco melhor. Pensei que a pancada fosse perfurar meu crânio. Eu ando muito distraída. Mas seu pai me deu um analgésico.


— Onde posso pendurar ?   — eu perguntei levantando os quadros para que ela pudesse ver.


Minha mãe ficou fitando aquelas fotos, e ela sentia saudade, seu olhar tornou-se distante.


— Mãe ?

— Desculpe, depois seu pai pendura, você pode se machucar.

— Acabei de pendurar dois quadros no meu quarto, não furei os dedos com os pregos, nem bati a mão com o martelo. Sua menina cresceu mãe.

— Vem cá  — Ela sinalizou para que eu fosse até ela. 

 

Eu fui, e ela me abraçou gentilmente, senti algumas lágrimas pingarem nas minhas costas.

— Eu amo você meu amor.

— Também te amo mamãe. Papai comprou contra-filé e está esperando as mulheres de sua vida irem lá cozinhar pra ele.

— Então vamos.

Minha mãe deu um sorriso fraco, eu conhecia aquele sorriso, pois há muito tempo, minha mãe só usa ele. A dor dela era maior que a minha. Eu sabia que demoraria para ela voltar a sorrir como antes, mas para um filho angustiado, a esperança não é a que morre, e sim a imortal.

E falando em esperança, a minha era maior que o mundo. Eu podia sentir, novas estradas me aguardavam. Mudanças tornariam-se constantes e eu esperava ansiosamente para trilhar o caminho que o Destino traria pra mim.

" Grandes coisas estão por vir." 

 


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Notas finais do capítulo

Muito Obrigada por ler, espero que tenham gostado! ^^
Mandem elogios, críticas, sugestões, enfim, estou aberta a qualquer opinião.
Obrigada novamente, beijos e até o próximo capítulo! ♡



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