Depois do susto pela intensa rotina de estudos, Amethyst, com a ajuda de Noah e Rose, conseguiu equilibrar melhor seu tempo sem prejudicar suas notas ou sua saúde. Ao final do ano, nos exames finais, a garota conseguiu se sair muitíssimo bem, fazendo valer a pena todo o seu esforço.

Quando voltou para casa, mal podia esperar para mostrar seu desempenho excelente para os pais. Tinha certeza que Henry ficaria orgulhoso do certificado, onde mostrava que Amy era a melhor aluna de sua turma.

Portanto, a morena estranhou, e muito, quando, depois que a tia a deixou em casa, ao entrar na sala de estar da Mansão Greengrass ver o pai e a mãe sentados no sofá, ambos com expressões extremamente sérias. O homem segurava um envelope.

— Sabe o que é isso, Amethyst? — O Sr. Greengrass ergueu o envelope pardo para que a filha pudesse ver.

— Não, senhor... — A menina mordeu o lábio inferior, ficando nervosa.

— Isso é o seu desempenho escolar desse ano. — Disse com a expressão severa, sem desviar os olhos da garota.

Amy ao ouvir aquilo, abriu um largo sorriso, pois sabia que havia se dado muitíssimo bem.

— O senhor gostou, pai? — Perguntou, esperançosa.

— Se eu gostei? — O homem retrucou incrédulo — Que tipo de pergunta é essa, Amethyst? Eu pensei que tivesse sido claro que eu não admitiria esse tipo de coisa dentro da minha casa.

Amethyst franziu o cenho, confusa com a bronca que o pai estava lhe dando. Ele não a pedira notas excelentes?

— O que eu fiz de errado? — Questionou de maneira inocente para Henry.

— Ah, você não sabe? — Ele estava possesso — Você realmente não sabe que levou uma detenção, Amethyst? — Gritou a última parte, indignado — Ou você está se fazendo de sonsa? O tempo na escola fez você perder a noção do perigo? — Finalizou bradando.

Amy sentiu os olhos marejarem, mas aguentou firme, sem derramar nenhuma lágrima. Sua mente, então, trouxe a memória a detenção que recebera por ter ficado até tarde na biblioteca estudando, perdido a noção do tempo e então ter sido pega por um monitor da Grifinória. Ela, entretanto, não achou que uma coisinha de nada dessa pudesse fazer seu pai ficar tão zangado, a ponto de sequer dar bola para tudo o que a garota tinha passado naquele ano letivo! Por Merlin, ela havia até mesmo ficado doente tentando conseguir boas notas! Por que o pai não percebia aquilo?

— Eu estava estudando... — A morena tentou se justificar para o pai, porém o homem não quis escutar.

— EU NÃO QUERO OUVIR DESCULPAS, AMETHYST! — Berrou alto, fazendo a menina pular de susto pela interrupção. Ainda sem chorar — Eu ordenei algo a você e espero que isso seja cumprido. Você vai ficar de castigo o primeiro mês de férias — avisou e quando a garota tentou retrucar levantou o dedo em aviso — Se eu escutar uma reclamação será as férias inteiras! Agora, para o seu o quarto — mandou apontando para as escadas.

A menina respirou fundo, se negando a chorar na frente do pai e, segurando todas as reclamações que queria proferir, subiu para o seu quarto. Trancou a porta e foi direto para a sua cama. As lágrimas começaram a rolar por seu rosto, ininterruptamente. Como aquilo estava acontecendo? Por que ele sempre tinha que a criticar? Por que ela nunca fazia o suficiente?

Amethyst chorou até não conseguir mais. Depois do que pareceram horas, a garota começou a encarar o teto, pensativa. O rosto estava completamente inchado, seu nariz trancado. A cabeça doía, seus olhos pesavam pelo tanto que havia chorado. Mas sua cabeça estava refletindo no que poderia ser feito com tudo aquilo. Ela estava cansada de sempre tentar agradar os pais e sempre, sempre, levar alguma bronca ou castigo. Estava na hora de Henry e Pansy entenderem que eles não tinham a filha perfeita. E Amy iria fazer o que fosse preciso para mostrar isso.

Decidida, ela pegou uma mochila que comprara no ano anterior que possuía um feitiço indetectável de extensão. Colocou tudo o que achou de importante em seu quarto para passar o mês e escondeu embaixo da sua cama. Deitou de volta na cama e se tampou com o cobertor. Os pais vinham conferir ela de vez em quando e a sonserina fingia que estava dormindo todas as vezes. Ela esperou até ter certeza que todos haviam dormido, para então sair da cama, pegar a mochila e, silenciosamente, sair do quarto. Desceu as escadas e foi até o escritório do pai. Foi até um armário grande que tinha ali, o abrindo e pegando um saco cheio de galeões que o pai tinha como reserva em casa. Amy o vira uma vez com ele, mas Henry não notara que a filha havia descoberto o esconderijo.

Após pegar uma boa quantia do saco e guardar na mochila, a garota vai até a cozinha, onde havia uma lareira de viagem a pó de Flu que quase não usavam em casa. Era apenas para emergências. Ela pegou um punhado do pó e entrou na pequena e desconfortável abertura.

— Casa dos Granger-Weasley! — Amethyst falou claramente e jogou o pó no chão, ativando a lareira e fazendo a viagem até a casa da amiga. Ao chegar na lareira da casa de Rose, ela tropeçou e acabou caindo na sala de estar, assustando a ruiva e os pais, que estavam assistindo TV.

— Sis? — A corvina correu ao reconhecer a garota caída no chão da sua sala — Você está bem? — Perguntou preocupada — O que aconteceu? Por que não avisou que vinha?

— Eu não consegui — Amy balançou a cabeça e se levantou, limpando suas roupas — Me desculpem chegar assim... — Olhou para os pais da amiga constrangida — Mas era o melhor local para eu me esconder agora... — Terminou num tom mais baixo.

— Está tudo bem, querida — Hermione também chegou perto, ajudando-a a se limpar — Você quer nos contar o que aconteceu? — Questionou suavemente, não querendo forçar a menina.

A morena respirou fundo e contou tudo o que aconteceu desde que chegara em casa. Tudo o que o pai falara. Rose ajudou a explicar pontos para a mãe, como quando a garota passara mal pelo excesso de estudos e como o homem agia com a amiga. A sra. Weasley escutou atentamente e viu a si própria quando tinha a idade da garota e de como ficara estressada fazendo todas as matérias. Assim, a mulher obviamente não se importou quando Amethyst pediu para ficar um tempo com eles.  A garota também pediu que avisassem Daphne e Theodore de onde ela estava para que os tios pudessem a ajudar a ficar escondida, afinal sabia que o primeiro lugar que o pai a procuraria, seria a Mansão Nott.

Aumentaram a cama de Rose e assim, as duas amigas conseguiram dormir juntas. Não que elas realmente tivessem dormido. Amy passou grande parte da madrugada reclamando de tudo o que acontecera e como queria fazer algo a respeito.

— Você já fez, sis... — A ruiva disse baixinho encarando a outra com suavidade — Você saiu de lá...

— Mas isso não vai resolver o problema para sempre Rose... Eu ainda vou ter que voltar pra casa e ele ainda vai estar do mesmo jeito. Isso é temporário — Concluiu.

— Então vamos arrumar um jeito de você conseguir mudar essa situação em definitivo. Primeiro você vai desistir de algumas matérias, né? Não queremos outro episódio da Ala Hospitalar, certo? Vamos arrumar outro jeito de estragar os encontros do Noah — Ela terminou com um sorrisinho maroto.

— Quê? — Amethyst arregalou os olhos — Do que você está falando? — Balançou a cabeça.

— Eu sei que daquela vez não foi de propósito, mas vai dizer que não gostou de saber que ele deixou aquela loira falsa de lado para cuidar de você? —  Rose perguntou como quem sabe das coisas.

— Você está louca... — A morena revirou os olhos balançando a cabeça.

— Estou? Ou você que está caidinha pelo Noah? — Zombou a outra.

Amy pegou uma almofada jogando na amiga, que logo jogou outra nela, arrancando várias risadas das garotas. A sonserina suspirou por um momento e olhou para o teto.

— Eu nunca vou ser a filha perfeita... — Disse observando os detalhes da luminária do quarto.

— Ninguém nunca será — A Weasley retrucou bufando alto — Seu pai vai ter que entender isso...

Amethyst olhou para a amiga, um sorriso maroto surgindo em seus lábios, a ideia se formando na sua cabeça.

— O que foi, sis? — A corvina ergueu uma sobrancelha, gostando mais do que queria admitir daquele sorriso.

— Eu já sei o que eu vou fazer para fazer meu pai entender de uma vez por todas que eu não sou perfeita... — respondeu ainda com o aquele sorriso no rosto.

— E o que você está esperando para me contar? — Rose exclamou a empurrando pelo ombro — Anda, Amy! — Pulou na cama, curiosa, fazendo a outra rir.

— Cadê aquele negócio seu, trouxa? Pomcutador? — Ela se sentou, animada com a ideia — Quero ver ideias!

— Ideias para quê? E é computador! — Riu com a confusão da amiga e saindo da cama para pegar o notebook que ganhara no último natal da avó materna.

— Para me rebelar! — Amethyst riu, animada — O que você acha de eu cortar meu cabelo? E usar roupas que eu sei que, definitivamente, meu pai não irá gostar?

— Você sabe que ele vai ficar uma fera com você, não sabe? — A ruiva perguntou, mas não conteve o sorriso largo com a ideia da amiga.

— Ah, eu sei sim.

— — —

No dia seguinte, o plano começou a ser botado em ação. Rose, depois de muito insistir, conseguiu convencer a mãe a deixar as duas no Beco diagonal para fazerem as compras. Sozinhas. As garotas estavam muito animadas com tudo que tinham planejado na madrugada anterior. A primeira coisa que fizeram quando Hermione foi embora, foi trocar os Galeões que Amy pegara do pai, para libras esterlinas. Os duendes não se importaram com a grande quantidade de dinheiro que as duas tinham ali e então elas saíram contentes para a Londres trouxa.

— Onde quer ir primeiro? — A ruiva perguntou enquanto guiava a amiga pela cidade que já lhe era conhecida.

— Que tal cortar meu cabelo? — Respondeu em dúvida — Assim a gente já consegue escolher as roupas combinando! — Exclamou.

Foram, então, até um salão de beleza que Rose ia com a sua Tia Fleur e as primas no verão. A dona, que lembrou da garota, logo foi atendê-las e assegurou que ia fazer o cabelo de Amethyst perfeito. Quando perguntada sobre o que ela iria querer, a morena respondeu que desejava uma mudança radical. E surpreendeu a amiga que a acompanhava, com a coragem em pedir que cortasse seus longos cabelos, nos ombros.

— Pode deixar, querida, vai ficar perfeito! — A mulher afirmou e se pôs a trabalhar nas madeixas pretas.

E o resultado final valeu a pena. Quando Amy se viu finalmente no espelho, vendo o quão curto seus cabelos ficaram, sorriu largo. O cabelo estava repicado, dando um ar mais desarrumado que foi prontamente aprovado pela garota e pela amiga.

— Ficou lindo, sis! — Rose mexia nos fios morenos, encantada.

— Eu amei demais! — A sonserina estava radiante na frente do espelho.

As meninas agradeceram várias vezes a dona do estabelecimento antes de pagarem o valor do corte e saírem de volta para a Londres trouxa. Estavam andando pelas ruas da cidade quando Rose parou de repente.

— O que foi, sis? — Amethyst perguntou confusa

— O quanto você está disposta a provocar seu pai? — Devolveu a pergunta com um sorriso maroto — O que você acha de tatuagens? — Ergueu uma sobrancelha.

Amy então olhou para o estúdio de tatuagem que havia parado em frente e franziu o cenho, pensativa. Resolveu, então, entrar no local, para avaliar as opções. A dona do local, entretanto, disse que só poderia fazer a tatuagem com a autorização de algum guardião, entregando-lhe um formulário para que fosse assinado caso a garota ainda viesse sozinha. As meninas saíram da loja olhando para o formulário, em dúvida.

— Você vai fazer? — A ruiva questionou, curiosa.

— Eu não sei... — Greengrass suspirou e olhou novamente para a loja. Uma súbita decisão a tomando. — Não, eu vou fazer isso, sim! — Ela pegou, então uma caneta em sua bolsa e escondida dos olhos da moça do estúdio, falsificou o formulário como se fosse sua mãe.

Para decidir a tatuagem que faria, não foi exatamente difícil. Estava olhando o catálogo com alguns desenhos quando se deparou com uma tulipa vermelha. Não pensou duas vezes em pedir aquela. Rose quis saber o porquê, porém Amy somente corou, o que fez a ruiva sacar na hora que tinha a ver com Noah.

O local escolhido para a tatuagem foi um mais escondido. Ela não queria que isso fosse percebido já prontamente, por isso pediu que a tatuadora fizesse em seu quadril, mais ou menos onde a barra da calcinha encostava. O resultado ficou ótimo e Amethyst sorriu ao ver a flor desenhada em sua pele.

— Estou curiosa com a reação de certas pessoas... — A Weasley disse misteriosamente, sendo ignorada pela amiga.

 A próxima parada das garotas foi uma loja de roupas que estava em liquidação, para o alívio das duas.

Amethyst ficou deslumbrada com tantas roupas bonitas a sua disposição para que escolhesse. As duas garotas ficaram horas provando vários estilos de roupas e decidindo qual seria o ideal para o plano. Amy acabou se identificando com um visual mais ousado, que mostrava e valorizava seu corpo ainda em formação e com cores mais escuras. Principalmente preto. Ela se viu apaixonada pelas roupas dessa cor e tudo que podia comprar que tivesse preto, já estava na sacola de compras. 

— Seu pai quando te ver vai surtar... — Rose sorria marota observando o reflexo da amiga no espelho. 

— Já estou até prevendo o discurso sobre o tamanho da minha saia. Com certeza sairá algo do tipo que uma mulher que se preze não anda com metade da coxa aparecendo ou algo pior — comentou revirando os olhos.

— Parece mesmo o tipo de coisa que ele diria - A ruiva suspirou ajeitando a blusa da amiga — mas você está sensacional, sis. Noah vai babar em você. 

— Vai? - Perguntou franzindo o cenho e balançando a cabeça — o que isso tem a ver? — Ficou pensando na possibilidade e gostando daquilo, internamente.

— Nada, é apenas um bônus que você vai ganhar com tudo isso. Quem sabe assim ele não toma um pouco de iniciativa e vocês dois parem com esse lenga lenga — A corvina explicou com um sorrisinho de lado. 

— Você que vê demais onde não tem nada, Rose. Noah não gosta de mim assim... — Amethyst retrucou ainda se olhando no espelho. 

— E você gosta? - Rebateu a outra astutamente. 

— Não! — Exclamou a morena incrédula, mas não conseguiu conter o rubor de subir-lhe o rosto — Por Merlin, sis. 

— Então por que você ficou vermelha? — A Weasley arqueou uma sobrancelha, convencida. 

— Porque você fica insinuando essas coisas! — Exclamou Amy exasperada e ainda corada — Noah é meu primo. E melhor amigo. Nada mais que isso. 

— Esqueceu o "E minha paixonite desde... sei lá, o dia que nasci" — Provocou novamente. 

— Você está viajando — A sonserina revirou os olhos. 

— Estou? Quer pôr a prova? — Rose sugeriu com um sorrisinho. Sabia exatamente o que fazer. 

— Como assim, sis? — Franziu o cenho confusa. 

— Eu fiquei sabendo que Noah ia para a toca com o James essa semana... — Explicou como quem não queria nada — Podíamos ir lá... E daí veríamos como ele reagiria a nova você — piscou marota.

— E daí veremos que, na verdade, não há nada demais — corrigiu a morena bufando.

A amiga riu e balançou a cabeça, puxando Amy para o caixa, pagando as compras e se dirigindo então ao Beco Diagonal. Lá elas pegaram a Rede de Flu para A Toca, sendo recebidas por Molly Weasley. A mulher as cumprimentou maternalmente, já querendo empurrar comida para as meninas. Rose deu uma desculpa para a vó, querendo arrastar a amiga logo para fora e porem a prova a reação de Noah. Os garotos estavam de baixo de uma árvore, James tentando convencer o amigo a subir em uma vassoura.

— Eu já disse que não, Ja-... — O Nott parou a frase de repente, notando Amethyst se aproximando. Completamente diferente — Amy? — Ele levantou rapidamente, olhando a prima surpreso.

— Hey, Nonô — A morena sorriu de lado, mordendo o lábio inferior, percebendo que estava insegura quanto a qual seria a reação do garoto.

— O que aconteceu? — Ele perguntou ainda encarando a menina incrédulo.

— Não gostou? — Amethyst retrucou rápido, um embrulho em seu estômago se formando — Eu achei que estava na hora de mudar um pouco... — comentou nervosa.

— Não! — Noah tentou consertar — É só que... uau — Balançou a cabeça e encarou a prima por inteiro, acabando por corar ao perceber que se demorara nas pernas expostas dela.

— Ela ficou linda, não? — Rose cutucou a irmã de coração, convencida, fazendo a amiga corar também.

—Ficou mesmo... — James interveio, admirando a garota também, mas acabando por receber um olhar feio do Nott.

— James! — A ruiva lhe repreendeu com o olhar também — Eu tenho que te mostrar uma coisa — falou e não esperou a resposta do Potter, já o puxando para longe dali.

Amethyst e Noah se encararam meio constrangidos com a situação, embora todos os dois sorrissem de canto.

— Você ficou linda, Amy... — Ele disse sincero, fazendo a garota corar.

Tal fato fez com que o menino sorrisse mais, levando uma mão ao rosto dela, acariciando ali de leve. Os dois ficaram se encarando novamente, porém dessa vez mais intensamente. Noah começou a se aproximar, devagar, involuntariamente. Amy sentiu sua respiração descompassar, o coração acelerando. Nenhum dos dois disse mais nada, apenas aproveitando o silêncio do momento enquanto o garoto se inclinava mais para ela.

Noah, então a beijou.

Dois segundos.

Na bochecha.