Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 12
Interrogações.


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Alguém aí está curioso com o destino que levou nossa heroína?
Vamos lá descobrir.



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Estava na biblioteca de minha casa trabalhando em meu gramofone, estava querendo fazer uma surpresa para Mady, mal via a hora de ver a surpresa estampada em sua face, quando visse a antiguidade que outrora estava quebrada funcionando.

Nunca senti-me dessa maneira, ou estive tão profundamente envolvido como estou agora. Depois de me esconder por tanto tempo, fui arrebatado justamente pela criatura que admirava e também temia. Irônico, lindamente irônico. Sacudi a cabeça, sentindo o rubor espalhando-se pelas maçãs de meu rosto. Ri de mim mesmo, a alegria do primeiro amor é revigorante e inominável. Nada nesse mundo, ou em qualquer outro, se compara as sublimes sensações que estão misturadas dentro de meu ser.

Ah se ela soubesse que me tem completamente em suas mãos. Poderia me pedir até a mais brilhante das estrelas, por que eu a daria de bom grado. O sorriso bobo em meus lábios foi apagado, no momento em que uma onda de energia familiar chegou a mim com tamanha força que cheguei a cambalear.

— Mady! - Levantei do banquinho onde estava sentado com tamanha pressa que acabei levando-o ao chão.

— Meu senhor?! - Edward apareceu na porta. Ele deve ter me ouvido da cozinha, porque estava usando um avental verde com bolinhas e luvas de forno. - O que houve?

— Tenho a sensação de que Madison estar em perigo.

— De novo? - Ignorei a cara de já esperava por isso que ele fez. - Onde ela está dessa vez? - Não precisei me concentrar por muito tempo para achar a localização dela. 
— Na escola.

— Está usando os poderes na escola? - Ed franziu o cenho confuso. - Será que a tal loira metida que me falou aprontou? Se esse for caso seria engraçado.

— Edward! As vezes seu senso de humor é duvidoso. - Recebi um sorriso de orelha a orelha em resposta. Guardei as ferramentas, e Ed se livrou do avental e das luvas.

— Vamos. - Transladamos ao mesmo tempo.

A calçada do colégio Marlborough estava apinhada de gente. Estudantes, professores; transeuntes e policiais. Todos exibiam as mesmas expressões de ansiedade e medo. Sentia a presença dela ainda mais forte, quase podia tocá-la.
Gostaria de ter transladado direto para dentro da escola; mas não quis arriscar parar em outro lugar, por que não conheço prédio por dentro.

Misturamo-nos as pessoas a nossa volta, usei a ilusão para passar pelos policiais, até conseguir adentrar no prédio sem chamar atenção. Já estava dentro quando percebi que Edward não estava mais ao meu lado. Não dei importância para isso, porque sabia que Ed me alcançaria sem problemas. Continuei seguindo a presença dela pelos corredores.

— Acionaram o alarme de incêndio, tiveram que evacuar o lugar às pressas. Disseram ter ouvidos explosões logo depois do prédio ter sido esvaziado, os policiais estão achando que uma tubulação se rompeu. - Edward retornou, mais uma vez comprovando o motivo de eu confiar nele.

Assim que viramos em uma esquina perto do refeitório, uma explosão sacudiu o lugar. Rachaduras surgiram nas paredes.

— As coisas só estão ficando piores. - Trinquei o maxilar e apertei o passo, sentia a presença dela cada vez mais próxima.

Chegamos ao que parecia ser o ginásio, a presença era ainda mais forte ali. Passamos pelas portas duplas, nos deparamos com uma cena que parecia ser de um ataque a bomba. Partes do teto se desprendiam e se arrebentavam no piso da quadra, as arquibancadas estavam reviradas e rachaduras surgiam por todas as paredes.

— Meu senhor! - Edward estava com os olhos tão arregalados quanto os meus.

Madison estava em sua forma de guardiã, meu coração falhou duas batidas ao vê-la caída no meio da quadra em uma posição nada natural. Rompi à pequena distancia, agachei-me ao lado dela. Um sentimento aterrador tomava conta de mim a cada segundo. Seu corpo pequeno jazia em uma poça rubra, o cheiro metálico de sangue encheu minhas vias aéreas. Toquei seu pulso em busca de batimentos cardíacos, para meu desespero estavam fracos demais.

— Temos que desativar a armadura, antes que consuma todas as forças dela. - Ed tentava estancar o fluxo de sangue que saia de um ferimento no abdômen. Apenas maneei a cabeça, mostrando que havia entendido. Não era capaz naquele momento de formular qualquer resposta. Espalmei a mão sobre o peito dela, buscando pelo colar. Encontrei a pequena fonte de calor que o objeto emanava rapidamente.

Torci para conseguir fazer isso direito, teoricamente meu status permitia desativar a armadura de outro guardião; porem era a primeira vez que colocaria a teoria em prática. 
Com o indicador toquei a pequena fonte de calor, a armadura desapareceu, assim que minha energia se encontrou com a energia dela.

Sem a armadura podíamos ver a extensão do ferimento, e o desespero abateu-se contra mim com força total. Não havia tempo a perder, a peguei no colo tomando cuidado para não machucá-la ainda mais. Transladamos para casa, Edward tomou a frente, destrancando a porta que ficava no final do corredor do segundo andar.

Quando me mudei para Los Angeles montei um pequeno centro cirúrgico, para que não fosse necessário irmos ao hospital toda vez que nos feríssemos com mais gravidade, são nessas horas que cada centavo gasto nesse lugar vale a pena.

A deitei na cama hospitalar, enquanto Edward ligava os aparelhos e os ligava a ela. Fiz a higienização necessária nas mãos, vesti luvas de látex e coloquei a mascara cirúrgica.

— Ela vai precisar de transfusão. - Edward fazia uma aplicação de morfina diretamente na veia.

— Pegue uma bolsa no refrigerador. - Rasguei a blusa que ela vestia expondo o ferimento.

— Mas meu senhor, ela pode morrer se fizer isso. - Fechei os olhos com força, ela irá morrer se não fizermos nada.

— Edward, não sabemos qual o tipo sanguíneo dela, e nem temos tempo para procurar saber. Vamos ter que torcer para a metade guardiã dela ser suficiente para receber meu sangue. - Me forcei a ficar calmo, teria tempo para entrar em pânico depois que a salvasse.

Mesmo tendo experiência no que estava fazendo, foi um procedimento delicado e invasivo. A lâmina havia atingindo o fígado e o baço e causado uma grande hemorragia interna. As duas paradas cardíaca que ela teve durante a cirurgia, quase me fizeram pensar está fazendo algo errado. Apesar dos percalços consegui concluir a cirurgia com sucesso. E agora velava o sono dela, embalado pelo pinga, pinga da bolsa de sangue e de soro, e pelo som do monitor cardíaco.

— Meu senhor...

— Estou bem Ed, não se preocupe.

— Posso ficar em seu lugar, já faz três dias que mal dorme. - Não precisava olhar para ele para saber que estava descontente.

— Agradeço a gentileza meu amigo. - Estava longe de alcançar a exaustão extrema, tinha esperança de que ela acordasse antes disso.

— Ela está se recuperando bem, o pior já passou. – Claro que Edward não iria desistir tão facilmente.

— Eu sei. - Suspirei, não iria me zangar com ele, por que sei que Ed apenas quer meu bem estar. Ao invés de responder fixei o olhar na garota adormecida, que parecia tranqüila em seu sono restaurador não parecia ter sido quase morta.

— Ainda estou tentando entender por que um... Guardião a atacou. - Fechei os punhos com força. As juntas estalaram audívelmente as unhas machucaram as palmas das mãos.

— Também não consigo... Pensar em um motivo. - Ed estava tão perplexo quanto eu. - Não vai mesmo comunicar o incidente ao conselho?

— Não.

— Eles têm que saber... Atacar alguém inocente e... Ainda mais, uma de nós, é inaceitável! Providências precisar ser tomadas.

— Ed, se reportar isso ao conselho, o responsável irá ficar sabendo... E quero pegá-lo desprevenido. - As palavras pareciam ácido em minha boca, corrosivas iguais a sede de vingança queimando dentro de meu interior. Pegarei o responsável por fazê-la sofrer e o farei pagar sete vezes mais.

— Está pensando...

— Irei caçar os responsáveis Edward, e eles vão implorar para serem entregues ao conselho.

— Quando vamos começar? - Desviei o olhar de Mady por alguns instantes e olhei para ele.

— Não estava pensando em me deixar fora dessa, estava? 
— De jeito nenhum. - Me fiz de inocente.

— Certo... - Deixei o olhar desconfiado dele e voltei à atenção para ela. - Pelo menos, coma ou vai ter uma crise de inanição.

— Se te tranqüiliza... Comerei.

— Ótimo! Estou indo preparar algo. - O ouvi se afastando.

— Ed...

— Meu senhor?

— Vou treiná-la, nunca mais a deixarei indefesa... Vai me ajudar?

— Certamente.

— Obrigado.

Depois que Ed saiu, o som do aparelho e o pinga, pinga voltou a encher o quarto. A atmosfera tranqüila deve ter feito com que eu adormecesse, por que quando ele retornou quase saltei da cadeira onde estava. Minha reação só serviu para que Edward me lançasse um olhar de reprovação.

— Já sei, já sei, seria mais prudente se eu dormisse.

— Pense em como Mady irá se sentir ao acordar e vê-lo desse jeito.

— Isso foi um belo de um golpe baixo. - Levantei da cadeira esticando as costas, fazendo as juntas estalarem.

— Apenas estou tentando apelar para seu lado racional. 
O segui até a cozinha, ainda preferia não discutir. Na mesa estava um belo prato de arroz, bife e batata frita. Involuntariamente a boca salivou, sentei pronto para botar a comida para dentro. - Não quero ter que chegar ao ponto de colocar tranqüilizante em sua comida.

— Você não faria isso. - Parei a colher antes de chegar a boca. Edward sorriu inocente, inocente demais pro meu gosto. Olhei para a colher em minha mão com desconfiança, ele não teria feito isso, teria?

— Não batizei sua comida. - A palavrinha "ainda" estava implícita.

Comecei com cautela, uma colherada de cada vez, como não desmaiei em cima do prato ataquei com voracidade a comida a minha frente. Só não contava que depois de satisfeito ficaria mais difícil permanecer com os olhos abertos.

Sacudi a cabeça tentando afastar a letargia do pós almoço, levantei bocejando, iria dar mais uma olhada em Mady. Talvez não fosse de todo ruim tirar apenas um cochilo.

Não cheguei a alcançar a escada, pois a campainha tocou estridente. Fazia tanto tempo que não era usada que o som me assustou. Dei meia volta indo em direção a porta da frente. Não conseguia imaginar quem estaria fazendo uma visita fora de hora.

Abri a porta já curioso, paralisei com a visão de quem estava do lado de fora, minha irmã estava recostada no batente da porta de maneira desleixada.

— Maninho! - Abri a boca sem conseguir formular uma frase coerente. - Você está péssimo! Está parecendo um guaxinim com essas olheiras. 
— Mira... - Foi à única coisa que consegui pronunciar, ainda estava surpreso.

— Também é bom vê-lo. - A ruiva passou por mim e adentrou em minha casa sem nenhuma cerimônia, parecia um furacão flamejante. - Bonita casa.

Olhava incrédulo segurando a porta que ainda estava aberta, enquanto minha irmã ia para a sala de estar, como se já se sentisse a vontade.

— O que quer irmã. - Fechei a porta e a segui.

— Depois de... De. - Ela parecia está contando. - Dois séculos sem nos vermos, é assim que me recebe? - Não me deixei enganar por sua falsa cara de ofendida, por que os olhos carmins brilhavam cheios de malícia. - Você sempre foi desconfiado.

— Deve ser por que a conheço como a palma de minha mão. - Cruzei os braços enquanto a observava sentar em minha poltrona preferida. - Em qual encrenca está metida dessa vez? Garanto que Orion seria de mais ajuda do que eu.

— Dessa vez não Sky. - Esperei pela bomba. - Preciso de uma informação e você é o único que pode dá-la. - Ok, isso pode ser interessante.

— Tudo bem, vai em frente. - Sentei de frente para ela.

— O que sabe a respeito da coroa de Tutancâmon? - A malícia sempre presente nos olhos dela foi substituída pela ansiedade.

— Era um símbolo de poder como qualquer outra coroa. - Dei de ombros.

— Não! - Ela berrou assustando-me. - A outra, quero saber da outra! - A compreensão atingiu-me como um soco.

— Maninha... Com o quê se meteu?

— Não se preocupe Sky... Apenas diga o que sabe. Fiz uma pausa antes de começar, organizando as informações que ela queria.

— Não sei muito na verdade. As lendas contam que Tutancâmon possuía uma coroa com propriedades poderosas. Os antigos acreditavam que os próprios deuses o haviam presenteado. Ninguém sabia ao certo o que o artefato podia fazer, uns acreditavam que podia dar vida eterna a quem a usasse, outros afirmavam que o objeto concedia poderes sobre-humanos a seu dono e por fim que podia curar.

— Curar?!

— É o que diziam. - Ignorei o rompante de entusiasmo de minha irmã. - O certo é que ninguém tocou ou viu a suposta coroa. O único que poderia afirmar tal existência era o próprio Tutancâmon. - O meio sorriso de minha irmã me deixou de orelha em pé. - O que está tramando?

— Ora, não estou tramando nada irmãozinho.

Não conseguia afastar a sensação de que minha irmã estava escondendo algo, e se tratando de Mira, isso nunca é um bom sinal.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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