De repente, você escrita por calivillas


Capítulo 10
Medo




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— Pobre rapaz! Vocês perturbaram o coitado o tempo todo. Não vou me espantar, se ele nunca mais voltar aqui de novo! – Rodrigo reclamou com as filhas mais novas e a esposa, assim que Joana levou Charles até a porta para se despedirem.

— Não exagere, Rodrigo! Ele não pareceu se importar, até gostou da ideia da festa – retrucou Lilian, sem dar muita atenção as reclamações do marido.

— E no final, vamos ter uma festa naquele casarão! – Lídia exclamou, saltitante, abraçando Maria e dando pulinhos juntas. Elisa também achou que uma festa seria bem legal, talvez pudesse convidar Leo, apesar da sua inimizade com Dani.

Joana voltou, como sempre nas nuvens, atirou-se no sofá ao lado da irmã. Rodrigo puxou uma conversa amigável com Eduardo, até então, ofuscado pela presença de Charles, perguntou sobre a família, sobre a faculdade de direito, mas cada resposta se transformava em um pequeno e entediante monólogo, cheio de detalhes minuciosos e cansativos. O tio fazia questão de prestar atenção no sobrinho, sem reparar na sútil debandada da sala, primeiro foram-se as gêmeas, depois, Lilian, por fim, Joana e Elisa alegando muito sono dirigiram-se para seu quarto, mas, antes combinaram irem à praia juntos, logo pela manhã cedo, pois Eduardo achava mais saudável.

— E aí, como foi na casa de Charles? – Elisa perguntou, assim que fecharam a porta do quarto e sentaram-se na cama.

— A casa é muito bonita, bem grande – Joana respondeu, dissimulada.

— Você sabe que não foi isso que eu perguntei, Joana – Elisa replicou com um sorriso maroto.

— Como assim? – Joana fingiu-se surpresa.

— Quero saber se rolou alguma coisa entre vocês?

— Você quer saber se a gente.... Não, ainda não. É muito cedo, a gente começou a sair há pouco tempo! – Joana exclamou, exaltada, pois era uma romântica, sonhava com um momento de amor e entrega especial.

— Mas, ele parece estar bem apaixonado por você. E quanto a você, eu nem preciso dizer mais nada. Você não acha que ele é o cara certo?

— Às vezes, eu acho que ele é tudo que sempre sonhei em um homem, mas quero ter certeza, pois sonho que a minha primeira vez fosse algo especial para nós dois, para ter uma linda recordação por vida toda, como um momento muito especial, perfeito. Acho que valerá a pena esperar mais um pouco para ter isso – Joana declarou com um brilho no olhar.

— Você é uma romântica incorrigível, igual àquelas damas do século XVIII, como nos livros de Jane Austen – Elisa riu da irmã. – Espero que não precise esperar demais para concretizar seu sonho, antes que fique uma velhinha – caçou, em resposta, Joana jogou o travesseiro em cima dela.

— Eu?! Mas, gosto dos livros de Jane Austen, e não vejo nenhum mal em ser uma mulher romântica. Na verdade, tenho medo de sofrer por me envolver demais com alguém e estar errada sobre essa pessoa, e no fim, passar por mais uma nova desilusão.

— Mas, das outras vezes, só você estava apaixonada. Os outros caras eram só uns babacas.

— Eles eram uns babacas ou foi eu que entendia tudo errado? – Joana refletiu sobre todas as vezes que se interessou por um rapaz e acabou se decepcionando, por estar desiludida. – Às vezes, acho que só queríamos algo diferente. Um grande amor – ela deu de ombros.

— Mas, dessa vez pode ser diferente. Charles é um cara legal. Quem sabe, você vai precisar se arriscar um pouco mais com ele e ver o que acontece? Além do mais, ele foi bastante tolerante com Lilian e com as gêmeas durante aquele terrível jantar. Quer prova maior de amor que essa? – Elisa brincou e as duas riram.

— Certamente, isso foi uma verdadeira prova de amor. E você está certa, talvez, eu precise me arriscar mesmo, perder o medo de sofrer. No entanto, agora, me fala, e você e o Leo? Soube que ele almoçou aqui em casa hoje.

— Nós nos encontramos, quando eu voltava da praia, convidei ele para almoçar, e só. Sabe, Leo é legal, um gatinho, tem uma voz bonita, mas... – Elisa deu um sorriso para irmã que não refletiu nos olhos.

— Mas o quê? – Joana perguntou, ansiosa.

— Eu não sei, só acho ele um cara bonitinho e legal, mais nada. – Deu de ombros.

— E aí, como foi seu jantar em família, Charles? – Caroline perguntou com ironia, assim que ele entrou em casa.

— Foi tudo bem – ele respondeu, sem dar muita conversa para a irmã – Vou tomar um banho e dormir. Combinei com Joana amanhã cedo, na praia.

— Praia?! Depois dessa chuva toda, nem pensar! – Caroline exclamou. – Eu vou ficar em casa dormindo, e, mais tarde, ficarei na piscina. Você não acha, Dani? – Ela procurou apoio, foi quase um convite.

— Eu irei amanhã com Charles – o amigo declarou, dando apoio ao outro.

— E você, Louise? – Caroline continuou a procurar aliados.

— Eu e Tom vamos ficar. Não é mesmo, Tom? – a outra irmã respondeu.

— Claro, Lou – Seria uma boa desculpa para ele ficar na cama até tarde.

— Ah! E outra coisa, estou pensando em dar uma festa aqui em casa – anunciou Charles, de repente.

— Uma festa?! – Caroline perguntou, incrédula – Como uma festa?

— Como uma festa? Uma festa com música, bebida, comida, é isso. Vou contar com a ajuda de vocês. Certo?

— Se é isso que você quer. Tudo bem para nós. Não é, Louise? – Caroline finalizou, sem muita empolgação, dando de ombros.

— Por mim, também, está bem – Louise concordou, não muito animada.

 — Então, vamos combinar a data depois. Boa noite a todos – Charles se despediu, indo para o seu quarto.

Dani percebeu um certo ar diferente no amigo, assim foi ao encontrou dele, no seu quarto.

— E afinal, como, realmente, foi o jantar com a família de Joana? – Dani interrogou ao amigo.

— Estranho. A madrasta é um tanto deslumbrada, as irmãs mais novas petulantes, o pai meio omisso, sem muita voz. Mas, Joana compensa tudo isso, ela é maravilhosa, só que...

— Só que o quê, Charles? – Dani perguntou, ansioso.

— Só que, às vezes, ela parece tão distante, como se não tivesse tão envolvida como eu estou – Charles confessou as dúvidas que cresciam no seu coração.

— Por que você acha isso, Charles? – Dani quis saber, recostando no guarda-corpo da janela.

— Porque Joana não parece sentir o mesmo amor que sinto por ela, eu tenho receio de me envolver demais e sofrer mais uma vez.

— Joana é muito diferente de Alicia. E cada pessoa tem seu próprio tempo e seu próprio jeito de demonstrar amor. Espere e veja o que vai acontecer – Dani relembrou o mais recente antigo amor de Charles, que o havia traído e o fez sofrer por um longo tempo. Esse tinha sido um dos motivos para eles alugarem aquela casa, na praia, bem longe dos lugares que costumavam frequentar. O amigo era um romântico incorrigível, acreditava no amor verdadeiro e que, um dia, iria encontrar a sua alma gêmea, bem diferente do próprio Dani, que não acreditava nessas bobagens, pois, para ele, amor verdadeiro e almas gêmeas eram algo para vender livros e filmes para mulheres românticas e sonhadoras, desde da época de Jane Austen, no século XVIII.

— E o que você acha? Será que ela, realmente, me ama? – Charles indagou, inseguro, como olhar confuso, precisando do apoio do amigo.

— Sim, é o que eu acho. Está na cara – Dani respondeu, com um sorriso de cumplicidade, mais para deixar o amigo feliz do que por certeza, pois tinha receio do amigo sofresse outra decepção no amor.

— É muito engraçado, você me dando conselhos sobre o amor, Dani – Charles sorriu, com a ironia da situação.

— Por quê? – O outro rapaz o encarou, espantado.

— Por que alguma vez você se apaixonou de verdade, Dani? – Charles interrogou curioso, pois desconfiava que havia calor dentro daquela carapaça fria, que o amigo usava para se proteger do mundo.

— Como assim de verdade? – Ele ficou espantado com a pergunta.

— Quero saber se você já ficou realmente interessado por uma garota? Só pensava nela? Queria vê-la o tempo todo?

— Não, nunca – Dani mentiu.


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