-Meninas, você não querem dar uma paradinha não? - Perguntou Adam.

Eu olhei para trás e vi Adam e Raul com varias sacolas na mão, parecia cena de filme.

-Mais uma loja, só isso o que pedimos. - Falou Clara, minha meia irmã de consideração.

Clara é o que pode se chamar de hiper ativa, ela tinha a minha idade. Ela era loira, com grandes olhos castanhos, pele amarelada, magra e pequena. Ela era filha do marido da Mirian, Clara tinha perdido a mãe no parto, mas considerava a Mirian com a mãe dela.

-Essa é a última, mas depois quero ir no hospital e visitar a Angel e o Dan. - Falei.

Os meninos se entre olharam e depois olharam para mim.

-O que não fazemos por você? - Perguntou Raul.

Eu corri e abracei cada um.

-Eu amo você dois. - Só percebi a gravidade do que eu falei depois de falar.

Ambos ficaram com um sorriso meio triste no rosto, então eu fui continuar as compras com a minha mãe, essa palavra ainda é difícil de falar, mas era uma compensação de tudo que a Mirian fez esses dias por mim. Mas ainda sim acho ela uma vaca por ter me deixado sozinha no mundo.

...

Eu estava no hospital, vendo Marcos imóvel na cama.

Peguei a mão de Marcos.

-Oi Marcos. Disseram que se eu falasse você poderia escutar. - Ele continuava em silêncio.

Ele tinha ficado em coma, pois ele estava sem cinto e foi arremessado para longe e esta em coma agora.

-Hoje eu fiz compras com a Mirian e a Clara, foi muito legal. - O silêncio continuou - Hoje eu vou visitar o Dan e a Angel.

O único ruido que se escutava era os dos aparelhos que mantinham o Marcos vivo.

-Marcos vou ter que ir, amanhã eu voltou. Quando o meu bebê nascer eu vou trazer ele aqui para você conhecer ele. - Soltei a mão dele e fui embora.

Era tão triste ver alguém que você ama, pois eu ainda amava o Marcos, desse jeito e saber que de certa forma você é culpada.

...

-Angel! - Gritei assim que vi ela.

-Lily! - Ela correu e me abraçou.

-Eu pensei que você tinha esquecido da amiga aqui, faz dois dias que você não liga. - Olhei para ela com uma cara de mal.

-É que meus pais vão se mudar novamente, eu e o Dan vamos. Mas quando esse bebê nascer eu vou vim aqui, eu sou a madrinha e tenho que comparecer, néh? - Ela começou num tom tristonho mais no final deu uma animada. Como sempre.

-Vou sentir saudades! Poxa, seus pais não podem ficar aqui não? - Perguntei.

-Não. Como eles dizem “ Uma oportunidade única”. - Ela fez aspas com os dedos.

-Quando você vão? - Queria saber quanto tempo tinha com a minha melhor amiga.

-Depois do velório. - Sabe, depois do que ela falou, deu uma pontada de dor no meu peito.

-Além de me despedir dos meus pais vou ter que me despedir de você e Dan. Mas em falar em Dan, cadê ele? - Eu não tinha visto ele até agora.

-Lá em cima com a nova ficante dele. - Ela revirou os olhos.

-Garotos. - Revirei os olhos também.

-Você foi a minha primeira amiga e nunca vou me esquecer disso. - Eu queria que ela pudesse ficar.

-Você também foi a minha primeira amiga... - A Clara começou a reclamar.

-Eu quero ir para casa e você são jovens, tem muito tempo para poder dizer o quanto amigas vocês são agora, eu quero tirar esses malditos salto! - Eu e a Angel ficamos rindo da Clara.

...

Quando eu cheguei em casa me joguei no sofá, esse gesto foi repetido por Raul e Adam.

-Nota: Nunca mais ir as compras com essa doida. - Falou Adam.

-Isso magoou. - Fiz biquinho.

-Sabe quem esta mais magoado? Meus braços e pernas. - Como eu disse antes, Raul e suas palhaçadas.

-Meninos, vocês podem ficar ai deitados no sofá, mas eu vou tomar um belo banho demorado. - Peguei a minha bolsa e comecei a subir as escadas.

Em pensar que daqui a menos de um mês essa casa vai estar vazia. Claro que vai continuar no nome da familia e concordamos não vende-la, mas ainda sim era triste. A casa em que eu cresci parece tão mais triste agora com a morte dos meus pais, mas agora é vida nova, familia nova.

Eu espero...