Já se faziam três dias desde a morte dos meus pais adotivos, eu me sentia muito culpada pela morte deles, Raul também se sentia, pois não me protegeu e tudo mais. Ele estava arrasado.

Eu estava deitada no sofá, com a cabeça no colo de Adam e com os pés em cima de Raul, ambos faziam carinho em mim. A programação da TV era uma porcaria, mas era melhor do que nada.

-Então Lidia, vai me contar ou não quem é o pai da criança? - Perguntou o Adam de repente.

-Não. - Foi a única coisa que falei.

-Sou eu o pai. - Raul falou numa calma de dar medo, ele tinha ficado muito frio, ele estava pior do que na época, que para mim parece séculos, mas fazem apenas uma semana, que me estuprava.

Eu fiquei atordoada com aquilo.

-O que? - Gritou Adam. Agora diga que lascou.

Ambos se levantaram e eu cai no chão. Bando de macho delicado!

-Alguém sabia que eu estava grávida e que se uma grávida cai no chão pode até perde a criança? - Era exagero meu, eu estava muito bem no sofá! Custava me deixar deitada?

Ambos estenderam a mão para mim, agora estavam preocupados. Só agora!

-Deixa pra lá! Podem liberar a testosterona  batendo um no outro! - Falei me apoiando no sofá.

Antes que pudesse sair da sala, os dois já estavam se batendo. Dei meia volta e fui tentar apartar a briga, verbalmente, é claro.

-Parem, por favor! - Eu gritava e chorava.

Raul parou e eu comecei a agradecer a Deus por pelo menos um seja racional, não tão racional, mas já deu para entender, néh?

Só que Adam não parou e deu um murro que derrubou Raul.

-Adam! Para! - Gritei.

Ele não parava, então eu fui e tentei segurar o Adam, que me deu um muro na cara. Ainda bem que foi na cara. Eu cai para trás.

-Adam! - Gritei.

-Meu Deus! - Ele correu para me socorrer.

-Lidia! - Raul se levantou.

Cada um pegou um braço meu.

-Você dois, parem! - Eu estava tentando me acalmar.

Eles me soltaram e eu me levantei.

-Lidia, por favor! - Falaram em uni som.

-Por que vocês querem se matar? Seria fácil se vocês se acalmassem. - Me sentei no sofá.

-Lidia, o que ele fez? Como isso aconteceu? - Ele se sentou do meu lado no sofá.

-Ele não fez nada e você não é tão ingênuo, néh? - Que imbecil. Mas é um imbecil fofo.

Ele pegou o meu rosto entre as mão e falou:

-Eu não vou mais brigar com ele. Esta bem? Mas só com uma condição. - Falou ele.

-Dependendo da condição. Esta bem. - Não poderia ser nada de mais.

-Vai se casar comigo e eu vou dar nome para o seu filho. - Ah?

-Mas o que? - Me levantei atordoada.

-Pelo que eu conheço o meu primo, ele é um irresposável... - Raul o interrompeu.

-Ei cara! Isso ofendeu. - Raul e suas palhaçadas.

-Continuando, ele me provou mais uma vez isso, então seria mais lógico você se casar com alguém que possa te dar estabilidade. - Fudeu.

-Tenho tempo para pensar? Tipo, até o bebê nascer? - Por favor, que sim!

-Sim. - Falaram em uni som.

-Sem brigas, se não eu não fico nem com um nem com outro. - Falei me sentando de novo.

-Ótimo. - Raul foi quem falou e o Adam fechou a cara.

São duas crianças ainda!

...

Depois de muito filme chato alguém bateu na porta, eu fui abrir.

Era Mirian.

-Mãe. - Falei abraçado ela.

-Oi filha, vim te chamar para fazer compras no shopping e ver se os meninos querem ir. - Ela tentou olhar para a sala, mas pelo visto não viu nada.

-Eu acho que eles vão querer. - Falei indo procurar eles.

Os dois estavam na cozinha conversando, até parece que não tinham brigado mais cedo.

-Querem ir no shopping? Dona Mirian vai levar. - Mal terminei de falar e eles já estavam saindo.

-Nós vamos também. - Ouvi Adam dizer.

-Bando de desocupados. - Falei dando uma tapa na cabeça de cada um.

Cada um deu um beijo na minha bochecha e eu corei. Por que os dois têm que ser tão fofos? Fica difícil escolher um.