I Will Survive escrita por Iphegenia


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, queridinhos!!!

Demorei para atualizar? Me perdoem!
O capítulo de hoje não é longo. Podem me perdoar novamente?
Gente... sei que estão todxs loucxs para que elas se beijem, se amem, se casem logo, masssss ainda não é nesse capítulo rs. Mas até que elas evoluem rs.
Vocês entendem que ainda é prematuro para a Regina, não é?
Mas fé no pai que o inimigo cai, amém!

Leiam as notas finais, tem um desafio lá u.u

Boa leitura ♥



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Regina e Emma levaram o restante da pizza e, com o carro estacionado exatamente no mesmo lugar da noite anterior, a comeram enquanto ouviam música, pelo som do automóvel, em volume baixo. Regina cantarolava entre uma mordida e outra, sussurrando, com os pés apoiados no painel.

 

Once upon a time

(Era uma vez)

 

Somewhere for away from here

(Em algum lugar longe daqui)

 

I was drowning in a deep sleep

(Eu estava caindo em um sono profundo)

 

Go no ground beneath my feet

(Não tinha chão sob meus pés)

 

— Nunca pensei que você fosse tão musical. - Emma deitou o banco alguns centímetros, apenas como conseguir uma posição mais confortável. - Ou que, se gostasse de música, seriam daquelas clássicas tão antigas quanto a Terra.

Regina sorriu perguntando-se quantas piadas a loira tinha na manga para cada assunto que abordavam.

— Eu sempre gostei de música e não tenho preferência de estilo, sou bem eclética. - Regina limpou a boca com a manga do casaco e guardou o pedaço que comia de volta na caixa. - Posso te mostrar uma que eu gosto?

Sem esperar resposta, Regina destravou o celular e correu os olhos pela lista de músicas que tinha armazenada nele. Apertou play e encarou a floresta através da janela.

When you were here before

(Quando você esteve aqui antes)

 

Couldn’t look you in the eyes

(Não consegui olhar em seus olhos)

 

You’re just like an angel

(Você é como um anjo)

 

Your skin makes me cry

(Sua pele me faz chorar)

 

You float like a feather

(Você flutua como uma pena)

 

In a beautiful world

(Em um mundo lindo)

 

I wish I was special

(Eu queria ser especial)

 

You’re so very special

(Você é muito especial)

 

Regina fixou os olhos em um galho que balançava fazendo a sombra no asfalto a sua frente dançar com a música. A rainha umedeceu os lábios e sussurrou a próxima estrofe.

But I’m a creep

(Mas eu sou um verme)

 

I’m a weirdo

(Eu sou uma aberração)

 

What the hell am I doing here?

(O que diabos estou fazendo aqui?)

 

I don’t belong here

(Eu não devia estar aqui)

 

Emma observava a rainha fechar os olhos e cantar para si mesma, em uma conversa íntima.

 

I don’t care if it hurts

(Eu não ligo se isso machuca)

 

I wanna have control

(Eu quero ter o controle)

 

I wanna a perfect body

(Eu quero um corpo perfeito)

 

I wanna a perfect soul

(Eu quero uma alma perfeita)

 

I want you to notice

(Eu quero que você perceba)

 

When I’m not around

(Quando eu não estiver por perto)

 

You’re so very special

(Que você é muito especial)

 

I wish I was special

(Eu queria ser especial)

 

— Quando eu me lembrei de tudo, depois de tomar a poção… durante os primeiros dias eu ouvi essa música incessantemente.

— Por quê?

Regina soltou uma lufada de ar misturada com uma risada triste, inclinou levemente a cabeça e encarou a loira.

— Eu me orgulhava de ser uma boa pessoa, então fiquei um pouco – enrugou o nariz pensando mais sobre aquilo –, talvez muito, decepcionada. Então…

— Você não é um verme. - Emma a cortou lembrando-se de parte da canção enquanto Regina pausava a música e guardava o celular.

— Eu sei. - Regina alcançou a mão de Emma, que repousava não joelho, e a apertou. - Não precisa tentar me consolar. Eu estou bem com isso. Eu fiz mesmo tudo aquilo, ponto. Sem autopiedade. Foi só um susto inicial.

— Bom. - Emma girou no banco e pegou uma manta que estava dobrada sobre o banco de trás. - Parece que estamos progredindo nessa coisa de amiga confidente.

— Abra a boca sobre qualquer coisa e você morre.

A sheriff fingiu ofender-se e levou a mão ao peito enquanto Regina lhe tomava a manta e estendia para que cobrisse as duas.

— Eu não seria louca de contar um segredo da temida Rainha Má.

— O fato de não se parecer com os dois idiotas me ajuda a gostar de você.

— Então você gosta de mim? - Emma uniu as mão abaixo do queixo, abriu um sorriso travesso e piscou os olhos teatralmente algumas vezes.

— Cale a boca! - Regina engrossou a voz forçando-a a sair rude e virou-se para o lado contrário de Emma, inclinando o banco e ajeitou a manta para cobrir seu pescoço. Quando estava confortável, repousou a cabeça sobre as mãos unidas e sorriu para o jeito estupidamente divertido da loira.

Naquela noite elas haviam combinado de revesar como na anterior, mas estavam exaustas e poucos minutos depois já dormiam profundamente. A cena não era muito diferente na rua principal, onde Snow e David também dormiam na caminhonete. Apenas Rumple mantinha-se acordado, apesar de entediado, sentado no porto. Ele estava lendo uma enciclopédia de magia negra quando ouviu um bater de asas. Ele ergueu os olhos e enxergou a manananggal sobrevoando a torre. Conferiu o celular esperando pelo chamado dos Charmings, mas os segundos passavam e ele não recebeu a ligação ou sequer uma mensagem. “Idiotas”, praguejou avançando alguns passos e magicamente provocou a colisão de duas embarcações fazendo-as explodir, esperando que aquilo chamasse a atenção do monstro. Quando a manananggal olho em direção ao porto, Rumple sacou o celular e ligou para Regina.

Em poucos segundos a rainha apareceu diante dele, trazendo Emma consigo, ambas com a expressão sonolenta. O Dark One suspirou para aquilo e apontou na direção da torre, onde a manananggal ainda estava.

— Como vamos fazer isso? Ela é rápida. - Regina perguntou apertando as mãos e friccionando os lábios para a criatura que olhava naquela direção. - Ela pode nos ver?

— Acho que não. Ela está olhando o fogo...

— É isso. - Emma intrometeu-se. - Você a acertou com uma bola de fogo uma vez, como conseguiu?

— Ela estava parada seduzindo o seu pai, ou sei lá o que era aquilo, então foi fácil. Mas não foi suficiente, aquilo apenas a fez fugir.

— Talvez se você acertar na ferida. - Rumple colocou o dedo indicador na barriga de Regina e arrastou simulando o corte da manananggal.

— Precisaremos de algo para distraí-la.

— Eu. - Emma aproximou um passo na direção da rainha fechando o rosto em uma expressão ameaçadora. - Eu irei distraí-la. Serei a isca.

— Swan, isso é perigoso.

— Vai dar certo, Regina. Quando ela estiver ocupada tentando me enfeitiçar, eu a empurro até você.

— Certifique-se de arremessá-la até acima da cabeça da Regina, eu irei paralisá-la para que você – apontou para a rainha – a incinere. - Rumple segurou com carinho o braço da morena e sorriu para ela. Um sorriso mórbido, mas sincero, algo absolutamente perturbador para a loira que os observava. - Você só precisa queimar um monstro. Vamos nos divertir como antigamente, nada que já não tenhamos feito antes.

Regina retribuiu o sorriso e estralou os dedos das mãos.

— Vamos convocá-la. - Regina segurou o rosto de Emma pelo queixo, aproximando-se, faltando poucos centímetros de seus narizes se tocarem. - Não olhe nos olhos dela. Nunca!

Exatamente como já haviam feito, Regina e Emma direcionaram suas magias para Rumple e ele as uniu com a adaga enviando–as como um raio cortando o céu. Assim que o avistou, a mananaggal voou para o porto. Rumple e Regina esconderam-se esperando o momento certo para atacar.

Na tentativa de não encarar os olhos da criatura, como Regina havia recomendado, Emma corria os olhos por suas asas e corpo. Ela não havia considerado que a mulher, o monstro, o ser mágico ou qualquer nome que quisessem lhe dar, estivesse nua. Não havia um milímetro de tecido cobrindo o corpo dela. Apenas o longo cabelo escondendo seus seios. A criatura diminuiu a velocidade até planar de frente para Emma. Próxima demais para o gosto da loira. Ela, então, recuou dois passos, mas a criatura avançou voltando à distância anterior. Emma sentiu os olhos da manananggal cravados nela, queimando-a. Abaixou a cabeça e olhou na direção da casa de barcos, que serviu de esconderijo para o Dark One e a rainha. Eles estavam caminhando lentamente, tentando não fazer barulho, posicionando-se para o embate. Emma notou que a manananggal aproximou-se mais um pouco e estava esforçando-se para manter os olhos distantes dos dela, então fixou-se no umbigo, pouco acima do corte que expunha a carne. Ficava cada vez mais difícil manter-se indiferente à energia que era emanada e quando ela viu os dedos do ser mágico tocando o próprio umbigo e subindo a mão, a sheriff acompanhou seu movimento. Emma viu aquela mesma mão retirar o cabelo que escondia os seios, expondo-os. Inevitavelmente Emma se perdeu neles, saltando os olhos de um para o outro, e como uma força mística que a obrigava àquilo, ergueu os olhos de encontrou os daquela que a seduzia.

Nesse momento Regina e Rumple estavam posicionados aguardando o comando de Emma. Regina batia os pés impaciente com a demora enquanto encarava as asas negras do monstro. Suspeitando o que aquilo poderia significar, chamou pela sheriff, mas foi ignorada. Chamou mais uma vez, um pouco mais alto, e continuou sem resposta. Olhou para Rumple buscando ajuda e viu em seu rosto a constatação de que algo havia dado errado. Voltou os olhos para onde Emma estava e viu o rosto da Manananggal transformar-se à medida que sua boca abria de forma sobrenatural, onde a pele arroxeava-se, os olhos se comprimiam e os dentes afiados eram todos expostos. Regina gritou novamente pela loira e continuou sem resposta. Rapidamente calculou a distância que estava delas, sabia que não daria tempo de chegar até lá e aparatar não era uma opção quando sabia que precisaria de toda sua potência mágica na luta, então correu. Já quebrando o segundo metro que as separavam, gritou novamente. Um grito forte, agudo, chamando por um nome que nunca saia de sua boca. “Emma”. E como se despertasse de um pesadelo, a sheriff piscou e, aos poucos, sua visão ajustou-se. Quando estava a ponto de ser mordida, Emma levantou as mãos tocando a barriga da criatura, concentrou-se na voz que clamou por ela e a magia saiu fácil por seus dedos. Regina freou as pernas quando viu que a loira havia reagido, tomou fôlego e preparou-se para atacar enquanto observava a manananggal ser arremessada por Emma. Quando estava exatamente acima da rainha, Rumple paralisou as asas negras, impedindo o monstro de tentar escapar, e Regina imediatamente esfregou uma mão na outra formando a maior bola de fogo em muitos anos, ergueu os braços e arremessou-a.

 

***

 

Regina sentou-se ereta em um sofá do loft, ao lado de David. Snow sentou-se no outro e Emma deitou-se nele, repousando a cabeça no colo da mãe. Snow desculpava-se incessantemente, há minutos, por terem dormido e lhes deixado na mão. Emma fechou os olhos e sentiu o corpo dolorido pelas duas noites mal dormidas; Charming esfregava os olhos limpando os resquícios do sono ; e Regina torcia a boca de um lado para o outro, casada de ouvir a voz da ex-enteada.

— Snow, já que está cheia de disposição porque dormiu o tempo todo, porque não faz algo para comermos? - Regina interrompeu o sexto discurso da noite sobre como a princesa sentia muito.

— Claro! - Snow tirou a cabeça da filha do colo, substituindo por uma almofada. - Café com panquecas?

— Eu estava pensando em frango, batata… - Regina parou quando viu a mulher fitá-la com as sobrancelhas erguidas.

— Você quer um almoço de madrugada?

— O dia está quase nascendo. - Regina deu de ombros relaxando o corpo no sofá e olhou pela janela.

— Isso, amor, vai lá. Também estou com fome.

— Você dormiu tanto quanto eu, David, portanto vai me ajudar. Vem. - Snow puxou o marido pela mão até a cozinha, deixando Emma e Regina a sós na sala.

Emma abriu os olhos e encontrou os castanhos escuros de Regina fixos nela. Apoiou-se no braço para se sentar e cruzou as pernas no sofá. Ficaram longos segundos apenas se encarando até que a sheriff não suportou mais o silêncio.

— Eu sinto muito.

— Pelo quê?

— Por quase colocar tudo a perder e deixar aquilo livre pela cidade.

— Eu não ligo para a cidade, Swan. - Regina arrastou-se no sofá para ficar mais próximo de Emma e apoiou os cotovelos nos joelhos. - Eu pensei que você fosse morrer.

— É…

— Mas então você me surpreendeu mais uma vez. - Regina ergueu novamente o corpo e escorou-se. - Você é forte, Swan. Eu aprecio isso. Estou feliz que tudo tenha dado certo.

— Como você sabia sobre os olhos dela?

— Instinto.

Regina esfregou as têmporas, cansada, e voltou sua atenção para a janela onde era possível ver o sol nascer. Emma levantou-se e se sentou no outro sofá, ao lado de Regina, tocou sua mão e iniciou um pequeno carinho com o dedão.

— Obrigada por me salvar, majestade.

— Apenas retribuindo o favor.

— Bem… faz tempo que não conversamos sobre… você sabe. Como você está?

A mudança repentina de assunto fez Regina congelar pelos próximos segundos. Ela evitava conversar com qualquer pessoa por mais de cinco minutos para evitar o tema e era grata por Emma evitá-lo tanto quanto, mas ali estava a loira trazendo-o à tona. A rainha vagou os olhos pela sala até fixá-los em uma pequena escultura sobre a estante. Tinha a forma de uma mulher com trajes plebeus, um lenço amarrado na cabeça cobrindo os cabelos, um vestido simples e florido, que acentuava a saliência de suas curvas. Regina reconheceu aquele objeto. Não era uma escultura, de fato, era realmente uma pessoa; uma serviçal do palácio que ela transformou naquele pequeno enfeite e deu para a pequena Snow, quando a mulher questionou a forma com que ela tratava a então enteada. Na época Leopold ainda estava vivo e Regina esforçava-se para manter a pose, portanto, naquele momento a rainha quase sorriu imaginando quais seriam as palavras recriminadoras que a mulher lançaria sobre ela agora, sabendo de tudo que ela fez com a princesa. Mas apenas quase sorriu, pois a voz de Emma a trouxe para o presente novamente e Regina percebeu que, mais uma vez, ela havia divagado novamente, como em todas as vezes em que surgiam situações ou assuntos que remetiam à sua esposa.

— Eu estou bem.

— Você sabe que pode conversar comigo sobre isso.

— Eu sei. Eu apenas não quero.

— Eu espero que não esteja guardando tudo aí dentro. – A sheriff apontou na direção do coração da rainha. - Porque quando tudo resolver sair, explodir, pode ser fatal e aquele monstro que enfrentamos hoje não é nada perto disso.

Regina sentiu como se todo o seu corpo estivesse comprimindo o coração, que se tornava pequeno demais para tudo que tinha dentro dele. Sentiu que o sangue era bombeado cada vez mais rápido e lágrimas surgiam em seus olhos esperando o primeiro vacilo para despencarem. Ela inspirou profundamente, umedeceu os lábios e encarou os dedos por alguns segundos.

— Júlia não quer voltar para casa porque Luna não estará lá. Eu também não sei se quero.

— Por quê?

— Acho que eu não consigo seguir com a vida se estiver lá. Eu não quero viver de lembranças e não quero que Júlia tenha que lidar comigo assim. - Regina girou o tronco deixando-o de frente para Emma e deitou a cabeça no encosto do sofá. - Eu não sei o que fazer da minha vida.

Emma passou um braço por trás do pescoço de Regina e a puxou para si, repousando a cabeça da morena em seu ombro. Regina deixou-se ser abraçada e permitiu que as lágrimas descessem silenciosas por seu rosto. Emma deu alguns minutos para que Regina liberasse toda a angústia que ela sabia que a ex-prefeita estava tentando esconder. Mas os olhos da rainha eram como espelhos que refletiam o que ela sentia. Os chamados espelhos da alma. Emma finalmente entendeu o significado da expressão. Essa era uma das coisas que a loira mais amava na morena, como os seus olhos expressavam tudo que se passava em seu coração. Todo o sofrimento, toda a dor, o medo, a mágoa, mas também a esperança de um dia ter algo pelo qual sorrir. Quando o choro da morena cessou, Emma usou os polegares para secar seu rosto e libertou-a do abraço.

— Eu tinha mais coisas programadas para nós antes daquele demônio partido ao meio aparecer.

— O que era?

— Você quer que eu te diga ou que eu te mostre? - Emma lançou um sorriso desafiador para Regina, jogando com o espírito competidor da mulher.

— Quero que me mostre.

— Me encontre às 8 AM na frente da biblioteca. Amanhã, não hoje. – Emma levantou-se e caminhou para a cozinha. - Ah. Nada de saias ou vestidos. Use roupas mais confortáveis.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

No próximo capítulo teremos uma revelação *hahaha* ~leiam isso com a voz da Xuxa naquele vídeo do "esqueceu o canudo".
Será algo que irá interferir (positiva ou negativamente?) em Swan Queen. Será que alguém adivinha o que é?

Comentários, críticas construtivas e ideias são bem recebidas ♥