I Will Survive escrita por Iphegenia


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, queridinhos!

Obrigada todo mundo que está lendo e a todos que favoritaram.
Vocês moram no meu coraçãozinho ♥

Boa leitura!



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Naquela primeira noite um grupo dividiu-se pela cidade para protegê-la e a seus moradores. O grupo de sempre, aqueles que pareciam ter essa única missão na vida: proteger, salvar e liderar. David e Snow ficaram de guardas na rua principal; Gold ficou sozinho perto do porto; e Emma e Regina ficaram próximas da floresta. Júlia e Henry ficaram sob os cuidados de Blue, no convento. Convencer o garoto a ficar não foi fácil. Regina se perguntava por quê ele tinha aquela necessidade de fazer parte de tudo, ignorando o perigo e enxergando tudo como uma grande aventura. Ao seu lado, dentro do carro, naquela rua deserta, Emma ronronava baixo, entregue ao sono. Elas haviam combinado de dividir a noite para que não fosse tão exaustivo. Emma foi a primeira a ficar de guarda e depois foi a vez da rainha.

Regina olhava de um lado para o outro, entediada. Sentia falta da tagarelice de Emma em seu ouvido, falando qualquer coisa que a mantivesse acordada, mesmo que o assunto fosse desconhecido por ela, como livros e séries adolescentes. Regina sorriu observando os traços adultos que embalavam uma alma quase infantil. Com o corpo dolorido, Regina abriu a porta e saiu do automóvel espreguiçando-se. Olhou em volta certificando-se de que estava tudo calmo. Tirou o celular do bolso do casaco e enviou uma mensagem para David e recebeu como resposta que estava tudo absolutamente tranquilo. Devolveu o celular para o bolso, fechou a porta e escorou-se nela, ficando de frente para a floresta. Era possível ver a lua por entre os galhos das árvores. Era uma bonita noite de lua nova, com o céu estrelado e ventava pouco.

A rainha repassou o plano em sua cabeça. Fariam guarda nessa noite e no dia seguinte tentariam localizar a manananggal, se não conseguissem, a atrairiam com magia e a capturariam. Eram três mágicos contra uma, eles venceriam, tinham que vencer. Repassou o plano mais uma vez convencendo-se de que era o suficiente, apesar de nada elaborado. Sentiu o estômago resmungar e passou o braço pela janela aberta do carro até pegar sua bolsa, tirou de lá uma maçã e voltou para a posição anterior. Mordeu a fruta sentindo seu suco escorrer pelo queixo, de repente sentiu algo cutucar-lhe as costas e saltou assustada.

— Hey, calma. Sou eu. - Emma inclinou a corpo sobre o banco vazio do passageiro e se revelou para Regina.

— Você me assustou. - A morena mordeu mais um pedaço da fruta apreciando o sabor adocicado. - Pode voltar a dormir, ainda é o meu turno.

— Algum sinal dela?

— Não. Seus pais também não viram nada.

Emma saiu do carro para espreguiçar-se também, estralando as costas e os dedos. Escorou-se ao lado de Regina e seguiu o olhar da mulher até a lua.

— No que está pensando?

— Há dois meses eu era uma professora de hipismo, casada, com uma filha, saía para me divertir com os amigos nas noites de sexta e sábado e passava o domingo todo na cama, assistindo séries, ou montando quebra-cabeça. Entende? Eu era uma pessoa qualquer, com uma vida comum. Eu era a “morena” da Luna, a “Rê” de alguns amigos e a “esquentadinha” de outros. Eu tinha uma vida tranquila e estava bem com ela…

— Você não tinha Henry. - Emma a cortou sabendo qual rumo aquela conversa seguiria.

— Eu sei. Se estou aqui agora é só por causa dele. - Regina mordeu o último pedaço da fruta e debruçou-se sobre a janela do carro para jogar o que sobrara em uma sacola. - Já que vai ficar acordada, eu vou dormir. Me acorde quando quiser descansar.

A rainha ajustou o banco na horizontal o máximo que pode e rapidamente caiu no sono. Emma a observava com um misto de encanto e decepção. Encanto por sua beleza e por tudo que sentia florir em seu íntimo na presença da morena. E decepção pelo fato de Regina não reconsiderar a ideia de ir embora, mesmo após confessar que sentiu a vitalidade retornar para seu corpo ao menos por um curto período. Decepcionada, também, pela última frase dita pela rainha. Henry era a única razão de ela estar ali e, por mais que Emma desejasse, nem ela nem qualquer outra coisa surtiam efeito sobre a rainha. O arrependimento que Regina sentia por ter voltado era palpável e isso fincava o coração da sheriff e ela sentia que todo o progresso que tiveram foi jogado fora com a chegada daquela criatura mágica.

Quando o sol nasceu, Emma esfregou os olhos e deu partida no carro seguindo para o Granny’s, onde seria o ponto de encontro de todos. O balançar do carro pelo caminho fez Regina despertar. Ao deparar-se com o dia e o automóvel em movimento, Regina endireitou as costas, passou a mão pelo rosto afastando o sono e encarou Emma dirigindo.

— Por que não me acordou?

— Eu não estava cansada. - Emma preocupou-se em usar o tom baixo e calmo que preferia que usassem com ela mesma pela manhã.

— Suponho que aquilo não apareceu.

— Não. Vamos tomar café agora e depois pensamos nisso, tudo bem?

Regina acenou positivamente com a cabeça, trazendo o banco para a posição vertical e limpando os vestígios de sono do seu rosto. Retirou da bolsa um pequeno espelho e conferiu a maquiagem do dia anterior, bufou com o que viu. Emma suspirou pensando qual era o problema da morena, pois ela estava perfeita, ainda assim, Regina retocou a máscara de cílios e o batom vermelho.

Quando chegaram à lanchonete, Snow e David já estavam lá. Sentaram-se junto deles, uma ao lado da outra. A expressão de Snow era de quem estava exausta e David estava com a cabeça deitada no balcão e olhos fechados. Quando a garçonete aproximou-se com os pedidos deles, Snow tocou o ombro do marido, que ergueu a coluna e cumprimentou a filha e a rainha com um sorriso apertado. A moça colocou o café dos Charmings sobre a mesa e pegou o bloco para anotar os pedidos das recém-chegadas.

— Vão querer o de sempre?

— Sim, o chocolate com panquecas, por favor.

— Expresso e panquecas.

Elas disseram praticamente juntas e quando a moça se retirou foi a vez de Emma tombar a cabeça na mesa. Aquela posição lhe proporcionou um bom ângulo para o volume na blusa de seda de Regina. Ela semicerrou os olhos para parecer que estavam fechados e a rainha não notar seu atrevimento. A imaginação de Emma correu solta ao pensar como eram os seios de Regina, o formato, o tamanho e o tom da pele naquela região. Quando percebeu o que estava fazendo, sentiu o rosto esquentar e virou a cabeça para o outro lado e até sentir que estava tudo sob controle e endireitou as costas.

Ouviram o sino do estabelecimento soar indicando que alguém havia entrado e reconheceram as passadas lentas, porém firmas, do Dark One. Rumple parou ao lado de Emma e gesticulou para que ela chegasse mais para o para o lado, para que ele se sentasse ali também. Regina e Emma ficaram com as pernas coladas e toda a extensão da coxa da loira, que entrava em atrito com a da morena, formigava. Com aquele contato e lembrando-se de como imaginou que eram os seios da ex-prefeita, pensamentos impuros passaram por sua cabeça e ela começou a batucar na mesa, ansiosa para que a garçonete voltasse logo com o seu pedido para que ela pudesse sair dali o mais rápido possível.

— Nervosa, salvadora?

Emma encarou o homem que exibia um pequeno sorriso debochado, como se soubesse exatamente o que ela estava pensando. Sem responder, a loira remexeu-se na cadeira, causando ainda mais atrito entre sua coxa e a de Regina. Olhou para a mulher e ela parecia distante, indiferente a tudo. Emma empurrou o Dark One e levantou-se, foi até o banheiro e molhou o rosto que começava a esquentar pela excitação repentina. Na volta, decidiu que se sentaria em um dos bancos no balcão e faria sua refeição ali. Quando passou pela mesa, notou que sua mãe dormia escorada na parede enquanto seu pai apoiava o cotovelo na mesa para sustentar sua cabeça e esforçava-se para se manter acordado. Regina estava com a cabeça escorada no ombro de Rumple, cochilando, e o homem girava o suporte de guardanapos enquanto, provavelmente, esperava seu pedido. Todos visivelmente exaustos.

Emma sentou-se no banco e descansou os braços no balcão, imediatamente o seu pedido foi colocado a sua frente. Ela pegou o chocolate quente e experimentou enquanto observava a atendente despertar Regina para que recebesse seu café. A garçonete também entregou uma xícara para Rumple e voltou para o balcão. Emma deu atenção ao próprio lanche tentando ignorar a mulher que atormentava seus pensamentos. Quando estava terminando, sentiu uma mão em seu ombro e o perfume reconhecível invadir-lhe as narinas.

— Eu vou até o convento saber como Henry e Júlia passaram a noite, você vem?

— Não. Eu vou ficar, mas dê um beijo nele por mim.

Regina assentiu e saiu pela porta, ainda sonolenta. Emma queria ver o filho, estava preocupada, mas não conseguia ficar mais tempo com Regina. Pelo bem de sua sanidade, precisava de um pouco de espaço. Terminou a refeição e dirigiu até sua casa, onde jogou-se na cama e dormiu imediatamente. No entanto, seu sono durou apenas alguns minutos. Seu celular tocou e ela atendeu ouvindo a voz da mãe do outro lado da linha, informando-lhe o horário e o local em que deveria estar para que procurassem pela manananggal. Emma aproveitou para pedir que, dessa vez, elas fossem parceiras, deixando David e Regina juntos, argumentando que era mais seguro ter, pelo menos, um com magia em cada dupla, exceto por Rumple, que continuaria sozinho por recusar ajuda de quem quer que fosse.

Emma tomou um banho demorado, deixando a água quente escorrer por seu corpo, massageando-o, relaxando seus músculos, aliviando a tensão e afastando o sono. No horário combinado ela estava na biblioteca ouvindo as novidades que Belle tinha sobre a criatura.

— Ela tem a aparência de uma mulher linda e sedutora. O livro descreve essas criaturas como estando no mais elevado patamar de beleza. - Belle dizia empolgada, parecendo ter esquecido que aquilo não era uma reunião de leitores, e sim uma missão perigosa. - São canibais, então tomem cuidado, sua mordida é fatal…

Emma desligou-se do que a jovem dizia pensando em como alguém com apenas metade do corpo podia estar no “mais elevado patamar de beleza” e, como estava acontecendo com frequência, seja qual fosse o pensamento que lhe ocorresse, ele sempre acaba em Regina. E naquele momento ela se pegou admirando a rainha. Ela provavelmente havia tomado banho, pois havia trocado de roupa, sua maquiagem estava renovada e seu perfume doce embriagava os sentidos da sheriff.

— Vamos, filha? - Snow passou o braço pela cintura da loira, trazendo-a de volta para a realidade, e saíram.

Dispostos a acabar com aquilo de uma vez por todas, eles optaram por atrair a criatura em vez de caçá-la. Cogitaram fazer aquilo no porto, mas ficariam muito desprotegidos, então elegeram a Ponte dos Trolls como palco da batalha. Regina, Emma e Rumple, cada um posicionado em um lugar determinado, formando um triângulo, lançaram suas magias. Regina e Emma direcionaram as delas para Rumple, que, com a adaga, as uniu à sua e irradiou um único flerte de luz pelo céu. A ideia era que a combinação da magia fosse forte o bastante para atrair uma criatura como aquela. Após alguns segundos da luz cruzar o céu, o inimigo aproximou-se voando rápido. Suas asas eram semelhantes às de morcegos, no entanto, eram enormes. Grandes o suficiente para sustentar metade de um corpo humano. A criatura possuía um corpo do umbigo para cima, ela parecia ter sido cortada ao meio naquele exato momento. Sua pele era clara, contrastando com o cabelo negro e comprido, maior que seu próprio corpo. Ela sobrevoou o ambiente procurando pelo quê ou quem havia liberado tanta magia, mas os cinco aliados estavam escondidos, aguardando uma oportunidade para atacar. No entanto, a criatura foi mais rápida. Identificando David, ela voou rapidamente em sua direção o agarrando com as mãos e voando entre as árvores até jogá-lo contra uma delas. A cabeça do príncipe latejou com a pancada e sua visão embaçou. Quando conseguiu focá-la novamente, deparou-se com a criatura monstruosa a sua frente, mas tudo que ele era capaz de enxergar era a beleza ímpar, a sensualidade e a delicadeza de seus traços. Desse ângulo ela parecia muito mais um anjo do que qualquer outra coisa, uma criatura divina.

Regina finalmente chegou até eles e gritou por David, mas ele não reagiu. Ela aproximou-se gritando mais alto, mas o homem parecia hipnotizado. A criatura, ignorando a presença de Regina, impulsionou-se para atacá-lo, mas foi atingida por uma potente bola de fogo, que lhe afastou do príncipe, chamuscando suas asas negras. Sem virar-se, a manananggal alçou voo para longe dali e David caiu desacordado.

 

***

 

No loft, David era examinado por Archie, que verificava se o príncipe estava psicologicamente recuperado. Snow acompanhava tudo a distância, escorada na bancada da cozinha. Regina aproximou-se cutucando o ombro da princesa e aparecendo do outro lado, na tentativa de quebrar o gelo.

— Não se torture dessa forma. Ele estava enfeitiçado.

— Esse é o ponto. Ele quase morreu porque estava enfeitiçado pela beleza de outra. - Snow virou-se de costas, abrindo o armário e tirando uma caixa de chá de lá. - Vai querer um?

— Não. - Regina suspirou observando os lábios curvados para baixo que a ex-enteada exibia. - Não é como se ele estivesse atraído por outra mulher.

— É exatamente isso.

— Snow, aquilo sequer é uma mulher e, seja lá o que Charming sentiu, era uma ilusão. - A rainha tocou o dedo indicar no queixo da princesa e o ergueu. - Uma das primeiras coisas que eu aprendi sobre magia, quando comecei a estudá-la, é que existem duas únicas coisas que ela não pode fazer. Primeiro, ela não pode trazer alguém dos mortos. Segundo, ela não pode fazer alguém te amar. - Regina bateu os dedos contra a bancada, tamborilando. Sentia-se desconfortável tendo uma conversa tão íntima com sua antiga arqui-inimiga, mas estava angustiada com a tristeza que enxergava naqueles olhos. - O idiota te ama. Não seja injusta com ele.

A rainha caminhou em direção a saída, mas foi interceptada por Emma.

— Obrigada por ajudar o meu pai.

— Ele poupou a minha vida uma vez, eu lhe devia isso.

Emma não fazia ideia do que Regina estava falando, mas sorriu para suas palavras. Lhe agradava saber que, apesar da rivalidade, a rainha tinha a nobreza de retribuir tal ato. Regina seguiu seu caminho até a porta e quando chegou até ela, girou nos calcanhares.

— Swan, você gostaria de jantar?

Emma não escondeu o espanto. Era a primeira vez que o convite para fazerem algo juntas partia da morena.

— Jantar?

— Não exatamente. Eu estava pensando em pedir pizza. - Regina sorriu se desculpando, esquecendo-se por um instante dos hábitos alimentares de Emma e que aquele, provavelmente, era o seu jantar favorito. A sheriff, por sua vez, ergueu as sobrancelhas em surpresa. – Podemos pegar Henry e Júlia no convento e depois ir para a minha casa.

— Eu vou adorar.

Então Emma acompanhou Regina até o convento e depois até a mansão, evitando contato físico desnecessário, pois seu corpo ainda estava lhe traindo ao menor contato com a mulher. Emma assistiu Henry e Regina discutirem pelo sabor da pizza; ouviu Júlia imitar tudo que qualquer um deles dissesse, preocupando-se com a pronuncia correta de cada palavra, embora a sheriff achasse que com dois anos ela tinha todo o direito de pronunciar de forma errada e fofa; observou Regina sujar a bochecha enquanto comia - e não perceber, -, ficando assim por bastante tempo, proporcionando uma visão que Emma só conseguiu descrever como adorável; e participou de um jogo de cartas, que ela nem conhecia, fazendo dupla com Regina e contra as crianças e, apesar de não conhecer todas as regras do jogo, entendeu o suficiente para saber que a morena estava deixando os filhos vencerem. Novamente aquela sensação de desejar fazer parte daquela família invadiu o coração da loira, assim como no dia em que estavam no lago. Emma percebeu que, mais do que apaixonada por Regina, ela estava apaixonada pela ideia de ter aqueles três para ela.

Quando Júlia esfregou os olhinhos de sono, Regina levou os filhos de volta para o convento e partiu com a loira para mais uma noite de guarda.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Me deixem saber o que estão achando.

Comentários, críticas construtivas e ideias continuam sendo bem recebidas. Beijos!



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