Cicatrizes - Memories Of Kusanagi escrita por duuhalbuquerque


Capítulo 3
Capitulo Três - Sensações


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO - Capitulo com temática adulta.
Diga NÃO as drogas!



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         Terminei meu banho quente. Joguei a toalha em meus cabelos, começando a secá-los. Olhei-me no espelho mais uma vez, mas tudo estava embaçado. Vesti uma calça cinza confortável, e uma camiseta preta, saindo do banheiro em seguida.

Peguei algumas coisas na mala, e comecei a organizar tudo por ali. Percebi que meus colegas de quarto já estavam muito bem acomodados. Havia roupas e espalhadas por todos os lados.

Sacudi meus cabelos, e os arrumei com os dedos mesmo. Fui até a janela do quarto, e pude perceber como a noite estava bonita. Alguns alunos conversavam no jardim.

Foi então que a porta do quarto se abriu, olhei para o lado e avistei um garoto loiro, mais baixo do que eu. Ele, assim como esperado, me olhou assustado. Mas logo sorriu de maneira simpática.

 

      – Olá... Aluno novo? – O garoto loiro de olhos azuis perguntou, se aproximando.

      – É... Sou sim! – Não fui tão simpático como ele.

 

Ele sentou-se na cama do meio, e continuou me observando.

 

      – Me chamo Fye... E você? – Novamente indagou, colocando seus pés sobre a cama.

 

Fye? Que nome engraçado. Talvez fosse comum no Japão, não sei. Tratei de respondê-lo logo, não queria ganhar fama de antipático.

 

      – Tenshin Kusanagi – O respondi, deixando agora um simples sorriso no rosto.

      – Kusanagi... Esse nome não me é estranho... – Fye comentou, com uma expressão pensativa em seu semblante.

 

Fiquei torcendo pro garoto não se lembrar. Estava de saco cheio de falarem de mim como me conhecessem. Acho que começaria a mentir meu sobrenome da próxima vez. Novamente observei detalhadamente o garoto a minha frente. Fye trajava um tipo de uniforme muito bonito. Calça social cinza e uma jaqueta azul marinho, com o brasão que levava as iniciais do internato.

 

      – Daqui a pouco devem trazer seu uniforme também... Gostou dele? – Fye me perguntou, levantando-se da cama.

      – Gostei. Mas não quero usar isso – Respondi, desviando olhar novamente para o jardim.

 

Fye se aproximou mais de mim, e levou seus olhos para o mesmo lugar que os meus.

 

      – Vamos ao jardim? Posso te apresentar algumas pessoas... – Ele me propôs, me deixando pensativo – Vamos! Essa hora ninguém fica trancado nos quartos – Insistiu.

      – Tudo bem... Vamos – Segui meu colega de quarto até a porta.

 

 

 

         Chegamos até o jardim. Estava frio, mas isso não impedia que o pessoal continuasse ali, aproveitando a linda noite.

Yukihiro, o garoto que havia mais cedo, se aproximou assim que me viu.

 

      – Tenshin! Já vi que conheceu seus colegas de quarto, não é mesmo? – O ruivo me perguntou, após sua ultima mordida em uma barra de chocolate.

      – Na verdade, conheci um apenas... – Respondi.

      – Vem conhecer o resto do pessoal, tenho certeza que todos vão gostar de você! – Yuki disse convicto.

 

Eu estava me sentindo um idiota, sendo guiado por dois rapazes para todos os lados. Mas aquilo não era tão ruim, e quase todos que eu conheci, eram pessoas agradáveis até o momento. Alguns minutos depois, pedi um tempo sozinho.

Decidi sentar-me ao chão. Ficara agora observando o céu, enquanto apenas ouvia alguns cochichos de alunos que andavam por ali. Meus pensamentos voltaram até minha casa. Como estaria Yushiro? E meu pai? Eu queria acreditar, queria não. Precisava acreditar que ele não estava fazendo nada contra meu irmão.

Deitei na grama agora, usando minhas mãos como apoiadores para minha cabeça. Respirei fundo, sentindo o aroma doce das flores que tinham ali por perto. Nunca havia ficado tão perto da natureza. Por um minuto, fechei meus olhos.

 

      – Tenshin! Tenshin! – Acordei sendo sacudido pelos ombros por Fye.

 

Acordei exaltado. Fye apenas sorriu. Sentei na grama e esfreguei meus olhos.

 

      – Acho que peguei no sono... – Comentei o óbvio.

      – Já são onze horas. Está com fome? – Fye me perguntou, levando sua mão a minha frente pra me ajudar levantar.

 

Aceitei sua ajuda. Limpei um pouco da grama com as mãos que ficara sobre minha calça, e logo o respondi.

 

      – Sim, estou...

      – Vamos para o quarto, lá preparamos algo pra comer – Ele disse, caminhando de volta para dentro. Eu apenas o segui.

 

         Chegamos ao quarto. A luz estava acesa, indicando que o outro garoto se encontrava por ali. E não errei.

O garoto saiu da cozinha, chegando até onde eu estava. Trajava uma calça branca e casaco preto estampado com pequenas estrelas azuis. Assim como Fye, também se surpreendeu a me ver. Sorriu.

 

      – Então você é o dono de todas essas coisas, não é? – Perguntou, referindo-se as minhas roupas sobre a cama.

      – Sim, sou eu... Desculpa pela bagunça – Respondi, meio sem jeito.

      – Que isso, menino. Relaxa... Uma vez esqueci um sanduíche por três dias embaixo da cama – O garoto brincou, falando em tom baixo, como se estivesse contando um segredo – Acho que nem falei meu nome, né? Sou Mira Matsui! – Agora ele sorriu, demonstrando o quanto era simpático.

 

Sorri com o comentário repentino. Mira era mais baixo que eu, e também parecia ser bem mais novos, aproximadamente quatorze anos, talvez. Seus cabelos eram negros, eram curtos e extremamente lisos. Tinha características orientais evidentes.

 

      – Sou Tenshin Kusanagi...

      – Bom, agora que se conheceram, quero saber... Esse cheiro ta bom! É você que está fazendo a janta, Mira? – Fye perguntou, seguindo até a cozinha.

      – Sou eu sim. Estou preparando peixe ao molho agridoce com legumes... Do jeito que você gosta! – Mira respondeu Fye, e logo depois voltou a mim – E você, Tenshin... Quer algo em especial pra comer? Posso ver se tem na cozinha

      – Não precisa, obrigado – Respondi, sentando-me numa poltrona ao canto do quarto.

      – FYE, DEIXA DE FICAR BELISCANDO DAS PANELAS, JÁ DISSE PRA VOCÊ QUE NÃO GOSTO DISSO! – Mira deu um grito tão alto, que quase cai da poltrona.

 

O mesmo correu até a cozinha, e ouvi apenas ambos discutindo. Sorri, achando tudo aquilo engraçado. Acho que estava começando a me adaptar ao local.

Olhei ao meu redor, vi fotos dos familiares dos dois, espalhadas pelas paredes. Mochilas, notebooks e tudo que uma casa normal tinha. Percebi que Fye e Mira estavam acostumados a viver ali.

         Não demorou muito, e Mira me chamou para jantar.

Sentei-me a mesa, e sobre a mesma havia um prato apetitoso e exalava um maravilhoso cheiro. Ao lado, dois hashis (palitos que japonês usam para comer).

Pra mim não era difícil comer com aquilo, desde novinho usava-os para comer macarrão e outras comidas orientais.

Continue calado, enquanto Mira insistia em falar diversas coisas.

 

      – Mas me diga, Tenshin... Você não parece ser Japonês por inteiro. Tem descendência de que? – Indagou Mira, terminando de colocar um molho sobre seu peixe cozido.

      – Americano. Vivi por lá um tempo, voltei agora – Respondi, começando a degustar a comida.

      – Americano, é? Que chique! Agora entendi o porquê desses olhos verdes

 

         Algumas horas foram se passando. Eu já estava me acostumando com meus novos amigos de quarto. Deitei na cama após escovar meus dentes, liguei a televisão que ficava localizada bem ao centro, facilitando a visão de todos.

Não demorou muito, e logo adormeci.

 

 

         Duas semanas se passaram.

Eu e Mira jogávamos xadrez no jardim. Durante essas semanas, fiz amizade com diversas pessoas. Todas me receberam muito bem, e eu já estava começando a acreditar que meu pai tivesse feito um bem a mim.

Após o término do jogo, decidi ir até o quarto pegar meu celular. Acho que já estava mais do que na hora saber como estava Yushiro. Digitei os números da minha casa, esperando alguém atender.

 

      – Alô? – Uma voz respondeu, logo reconheci. Era minha mãe.

      – Yushiro está? – Fingi que a mesma era uma desconhecida.

      – Filho? É você? Que saudades! – Minha mãe se surpreendeu, já deixando transparecer emoção.

      – Meu irmão ta em casa? – Novamente indaguei, sem me importar com os sentimentos dela.

      – Filho... Fala com sua mãe – Choramingou do outro lado.

      – Eu quero falar com meu irmão, pode passar pra ele, ou vai ser muito difícil? – Não queria saber de ouvir lágrimas de alguém tão covarde como ela.

 

Ela se manteve em silêncio por alguns minutos. Parecia que estava relutante em dizer algo.

 

      – Seu irmão não quer falar com você... – Respondeu.

      – Como assim? Do que está falando? – Me assustei com as palavras ditas.

      – Quando você foi embora, ele achou que você tivesse o abandonado – Explicou.

 

O meu mundo parecia desabar. Meu coração gelou, e, por alguns minutos, não tive reação alguma. Permaneci com o celular no ouvido.

 

      – E você, como é de se esperar, não explicou as coisas... Não é? – Me exaltei um pouco no tom de voz.

      – Meu filho, você precisa me entender... – Antes que pudesse continuar, desliguei o celular.

 

Sentei-me na cama, inclinando a cabeça para baixo. Minhas mãos seguraram minha cabeça, enquanto milhares de pensamentos confusos corriam em minha mente. Só me faltava isso. Meu pai conseguiu distanciar todos de mim.

Joguei meu corpo pra trás, fechando os olhos em seguida. Mas antes que eu pudesse continuar com meus pensamentos longínquos, Mira entrou no quarto.

 

      – Tenshin? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou assim que entrou.

      – Nada não... – Respondi, ainda deitado na cama.

      – Tem certeza? – Mira sentou-se ao me lado, e continue me olhando.

 

Sentei-me na beira, e também olhei Mira. O mesmo sorriu pra mim, tentando me confortar de alguma coisa. Esforçando-me, retribui o sorriso.

 

      – Pelo jeito você não vai me dizer o que está acontecendo... Mas eu tenho uma idéia pra você melhorar! – Mira virou-se pra mim extremamente animado – Vamos sair hoje? Ir pra uma boate que tem aqui perto?

      – Boate...? Não sei se é uma boa idéia – Relutei.

      – Deixa de ser bobo, vai ser divertido! Vou chamar o Yuki pra ir com a gente – Mira correu pra fora do quarto, sem esperar minha resposta.

 

 

         Eu, Mira e Yukihiro chegamos até a tal boate que havia por ali perto.

Era uma noite de sexta feira, por esse motivo, estava bastante movimentado. Pessoas de todos os tipos, inclusive alguns do internato, além de nós.

Eu usava uma blusa preta de manga cumprida, calça jeans escura e um tênis estilo all star verde.

Já Mira, usava um casaco aberto branco, com detalhes em vermelho, e calça preta. Yuki estava quase no mesmo estilo.

A fila estava parcialmente grande, mas nada que pudesse desanimar os garotos. Pensei em desistir, mas quer saber? Talvez aquilo fosse mesmo divertido.

Esperamos um pouco mais de vinte minutos na fila, e entramos. Tudo estava muito atordoante a principio. Efeitos de luzes, pessoas dançando, musica alta...

Era diferente do que eu já havia visto, mas sabe que comecei a gostar? Aquela musica era contagiante, passava por todo meu corpo. Mas isso não significava que eu ia dançar, claro que não.

Sentei no bar junto de Mira e Yukihiro, pedimos os três uma dose de vodka. Sim, somos menores de idade. Mas isso não importava para os barman, eles só queriam lucrar aquela noite.

Algumas horas se passaram, e eu bebi como nunca fiz antes. Aquela bebida descia quente em minha garganta, mas agora parecia água. Mira me puxou pra dançar, mas eu me neguei em ir. Eu, dançando? Por favor.

Nem Yuki dançava, apenas me acompanhava na bebida.

 

      – Você tem namorada, Tenshin? – O ruivo me perguntou, após terminar sua vodka.

      – Eu? Não... Por que a pergunta? – Gritei, pois a musica quase me ensurdecia.

      – Nada. Mas acho que... O Mira gosta de você – Yuki comentou, observando Mira ali perto.

      – Eu também gosto dele – Não entendia o que o ruivo pretendia.

      – Não digo gostar nesse sentido...

 

Antes que pudéssemos continuar essa conversa, Mira chegou até nós. Sorri para o mesmo, e perguntei se estava se divertindo.

 

         Já estava de madrugada, e o lugar começava a esvaziar.

Eu me sentia estranho, como nunca antes. Estava tonto, o chão as vezes parecia sumir. Minha boca estava seca, e as vezes surgia uma vontade descontrolada de rir, rir muito. De que? Nem eu sabia. Só queria rir.

As musicas psicodélicas, as pessoas loucas esbarrando em mim, tudo era tão estranho, e ao mesmo tempo divertido. E, de maneira repentina, um garoto se aproximou de mim. Parecia ter a minha idade, ou mais. Usava um boné preto.

 

      – E ai, ta afim de uma balinha? – Me perguntou, bem próximo ao meu ouvido.

 

Balinha? Acho que eu sabia o que era aquilo. Sim, era uma droga. Eu não usaria aquilo. Mas o garoto continuou insistindo.

 

      – Tenho pó, prefere?

 

Olhei pra ele e neguei com a cabeça. Mas pareceu não surtir efeito. Ele jogou alguns vidrinhos com um tipo de pó branco dentro do bolso do meu casaco – Bom... Se quiser experimentar, usa esses. Tenho muito mais, se quiser

Logo em seguida, o estranho garoto sumiu na multidão.

 

         Voltei para o internato com Mira e Yuki. Ambos me carregando no braço. Sim, eu não estava nada bem.

Ao chegar ao quarto, Mira e o ruivo me jogaram de baixo do chuveiro, tiraram minha roupa. Deixando-me apenas de cueca boxer preta. Eu estava mais dormindo do que acordado. Ambos sumiam da minha frente, tudo rodava. Eu não conseguia ficar de pé por muito tempo. Após alguns minutos, lá estava eu largado na cama.

Mira e Yukihiro riam, apenas riam. Eu tentava ficar com raiva e retrucar, mas não conseguia. Os dois também não estavam em seus estados normais.

Yuki foi embora.

 

      – Tudo bem agora, Tenshin? – Me perguntou, sentando na minha cama.

      – Como assim, agora? Eu sempre estou bem – Me embolei nas palavras, mas consegui responder.

 

Mira riu, mas continuou a me observar. Levei os meus olhos ao encontro dos seus, deixando o mesmo levemente sem jeito.

 

      – E você, Mira? Tudo bem? – Agora era minha vez de perguntar.

      – Estou bem, quero dizer... Melhor que você – Riu.

 

Puxei-o pra cama pelo braço. Dando-lhe um golpe de travesseiro. Iniciou-se então uma guerra de travesseiros. Nem eu e nem ele nos importávamos de acordar Fye, que dormia ao lado.

Terminamos com Mira sobre mim. Nossos olhos fitaram-se, nos deixando constrangidos. Mira saiu rapidamente de cima de mim, e sentou-se na cama.

 

      – Mira... Posso lhe fazer uma pergunta? – Me virei de lado na cama, o olhando.

      – Pode sim – Ele continuou sem me olhar, envergonhado pelo acontecido.

      – O ruivo me disse uma coisa na boate, e eu queria saber se é verdade... – Mira finalmente voltou a me encarar.

      – O que ele disse?

      – Disse que... Você gosta de mim, não apenas como amigo – Sabia que aquilo poderia causar problemas entre a gente, mas decidi perguntar.

 

O garoto oriental se levantou bruscamente da cama. Pude perceber que seu rosto corou violentamente – Você... Você sabe como o Yuki é, ele sempre diz besteiras!

Sentei-me na cama, e observei Mira por alguns segundos. Alguma sensação nova surgia em mim. O que era aquilo? Mira, desde o começo, foi o mais acolhedor, o mais amigo. Isso, amigo. Mas não era apenas esse sentimento de amizade que surgiu dentro de mim. Pude perceber isso naquele exato momento.

Levantei-me da cama. Ficando quase na altura de Mira. Passei minha mão sobre seu rosto de maneira delicada. Eu sei que não estava no meu estado mais lúcido, mas eu sabia o que estava fazendo, era aquilo que eu queria.

O moreno desviou seus olhos. Tentava falar alguma coisa, mas nada sai de sua garganta. Puxei seu rosto pelo queixo pra mais perto do meu, transformando nossas respirações em uma só. Sorri. Ele também sorriu.

Eu não sabia por que estava fazendo aquilo, não sabia da onde via aquela sensação. Eu só sabia que estava gostando. E aconteceu como esperado, um beijo.

Fui correspondido de maneira quente. Desci minhas mãos até sua cintura, enquanto ele colocava as suas sobre meus ombros. Nosso beijo foi seguindo o ritmo.

Pude sentir seus dedos acariciando meus cabelos.

 

         Naquele mesmo ritmo, despi a parte de cima do Mira. Já eu, estava apenas de cueca. Ele hesitou um pouco, dando alguns passos para trás.

 

      – Não sei se isso é o certo... – Falou, demonstrando medo no olhar.

      – Por que, Mira? Não é o que queremos? – Perguntei, entendendo a confusão que ele sentia. Afinal, eu também estava assim.

      – Mas... O certo não é ficarmos com garotas? – Ele me perguntou, levando seus olhos para baixo.

      – Mira... Eu também achava isso. Mas, eu não sei. A gente não está curtindo esse momento? Acho que isso que importa, nada nos impede – Respondi, de maneira compreensível.

 

Novamente ele olhou pra mim. Sorriu ainda tímido, e novamente voltou a me beijar. Deitamos na cama, na sincronia da situação. Mira despiu-se da roupa de baixo, ficando apenas de cueca. Cobrimos-nos com o cobertor branco que se encontrava ali na cama, sem interromper o beijo. A luz do quarto estava apagada, e apenas a luminosidade da lua clareava o ambiente, através da janela.

Jogamos nossos últimos panos do corpo ao chão, deixando nossos corpos totalmente nus e entregues.

Seguimos o ritmo da situação. Tudo de uma maneira lenta e prazerosa. Muito prazerosa!

 

 

         Abri a porta da minha casa, tudo estava escuro. Consegui perceber que apenas a luz do banheiro do segundo andar estava acesa. Procurei minha mãe, mas não a encontrei. Decidi subir as escadas. O silêncio e o breu predominavam na casa.

Aproximei-me do banheiro ao fim do corredor. A porta estava fechada, mas pude ver a luz acesa. Observando melhor, vi um liquido vermelho escorrendo por debaixo da porta. Sim. Aquilo era sangue!

Abri a porta correndo, e me deparei com algo assustador. Yushiro estava nu e completamente ensangüentado, jogado dentro da banheira.

Corri até seu corpo, com esperança de ainda estar vivo. Mas era tarde demais. Ele parecia ter sido vitima de diversos golpes violentos, seu rosto estava quase desfigurado.

 

      – Gostou do que eu fiz, Tenshin? – Uma voz atrás de mim perguntou.

 

Virei-me rapidamente. E logo avistei meu pai segurando uma faca em sua mão direita. Sua roupa estava toda suja de sangue, assim como um pouco de seu rosto.

Continuei olhando incrédulo.

 

      – Você não pode... Não pode ter feito isso! – Gritei.

      – Não foi ele que fez, foi você... Por que me abandonou aqui, Tenshin? Por quê? Pensei que me amava... – Yushiro levantou-se, e começara a me observar, ainda completamente sujo de sangue.

      – Eu não fiz nada! A culpa não é minha! Não! – Novamente gritei, me ajoelhando no chão e tampando os ouvidos. Impedindo de ouvir mais acusações de meu pai e Yushiro.

 

         Acordei exaltado e ofegante. Havia sido um pesadelo, um horrível pesadelo.

Respirei com alivio. Mira continuava dormindo. Olhei para o relógio digital ao lado.

 

      – 04h40min... – Comentei pra mim mesmo, levantando da cama.

 

Vesti minha cueca, e segui até a cozinha. Precisava beber alguma coisa, qualquer coisa que me fizesse esquecer aquele pesadelo.

Comecei a vasculhar os armários, e como era de se esperar, havia uma garrafa de vinho escondida atrás de alguns pacotes de macarrão.

Abri a mesma, e comecei a beber ali mesmo, na garrafa. Sentei ao chão, com as costas encostadas na pia. Coloquei a mão sobre a cabeça, ainda conseguia me lembrar de Yushiro sujo de sangue. Flashes ainda me atormentavam. E mais vinho eu bebia.

Eu queria voltar a dormir, mas não conseguia. Talvez no banheiro tivesse algum remédio para dormir.

Fui até o mesmo, abrindo as gavetas, em busca de remédios. Alguns minutos depois, e minha busca teve sucesso. Achei uma caixa de remédios tarja preta. Li a indicação.

 

      – Depressão... Talvez isso me dê sono... – Imaginei, ingerido uns três comprimidos de uma vez.

 

O vinho ajudou os remédios descerem pela minha garganta. Voltei até o quarto, e me sentei na poltrona. Novamente respirei fundo. Estava desesperado para o remédio fazer efeito. O relógio digital parecia mais lento que o comum. Que porra, eu queria dormir! Ainda inquieto, levantei do sofá.

Meus olhos então, chegaram até meu casaco largado próximo a cama. Lembrei-me da droga que o menino da boate havia me oferecido. Sim, senti vontade de experimentar. Talvez aquilo fosse me dá sono. Não morreria só por causa daquilo.

Eu estava tonto por causa do vinho, mas nada de tão grave.

Enfiei minha mão dentro do bolso do casaco, encontrando rapidamente o tal vidrinho.

Observei bem. Dentro havia pouca coisa de uma espécie de pó branco. Joguei o mesmo sobre as costas da minha mão. Ingeri tudo com as narinas.

Aquela estranha substância desceu queimando por minhas vias respiratórias. Senti uma sensação incrível. Como uma festa tivesse se iniciado a minha volta. Continuei sentado no chão, pois minhas pernas se recusavam me obedecer.

Mas aquilo não me importava. Uma euforia corria entre minhas veias, aquela sensação era quase como um orgasmo. Não um, vários!

Minhas mãos tornaram-se trêmulas, e eu podia ouvir meu coração acelerado. Um frio na espinha me fez delirar, liberando mais uma sensação prazerosa. Nunca havia sentindo algo tão diferente. Senti-me em outro mundo, onde tudo era capaz. Um lugar onde eu era dono de tudo, o rei. O sono? Havia sumido. Dando lugar para uma energia inexplicável, mas que não durou muito tempo.

         Uma escuridão começou se apoderar dos meus olhos. Quando percebi, meu corpo estava jogado no chão quase sem vida, e tudo agora sumiu da minha frente.

A única coisa que ouvi, foi Mira me chamando de maneira desesperada. Não sendo respondido. De mais nada me lembro.


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Notas finais do capítulo

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