A garota na armadilha! escrita por Sua mãe


Capítulo 4
Capítulo 4 - Gaspacho


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁAA!!!! FELIZ ANO NOVO, SUPER ATRASADO, QUE TODOS SEUS SONHOS SE REALIZEM E QUE TODOS SEUS SHIPS SE TORNEM CANON!!!
Primeiramente, fora Tem.. espera, esse meme já perdeu a graça. PRIMEIRAMENTE, eu sinto muito mesmo pela falta de atualização. Nesses meses de dezembro/janeiro, eu passei por uma decepção enorme no meu ambiente de trabalho e minha vontade de escrever foi lá em baixo... E eu comecei a aprender uma nova língua, então meu tempo está bem apertado... ENFIM, quero agradecer principalmente a Oliver Cupcake, que RECOMENDOU A HISTÓRIA, porque é uma pessoa maravilhosa! Enfim, chega de delongas, aproveitem o capítulo!



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Existem algumas coisas engraçadas sobre ter um namorado, que ninguém conta pra você:

1 - A desgraça tem um faro pra cócegas. Lugares que nunca me causaram nada (ex: a base do meu pescoço), logo se tornaram um alvo.

2 - “Os seus pneus precisam de balanceamento!” E outras milhares de coisas em outra língua.

3- Te deixa leve. Feliz.

Ok, o item 3 não é totalmente verdade. Não que eu não esteja feliz (muito feliz. Nível maníaco), mas eu não estava… Bem, não parecia que algo tinha mudado.

Sabe, quando minha mãe foi embora, durante o primeiro ano, os dias pareciam mais escuros, mais descoloridos. Como se alguma coisa tivesse se perdido para sempre, uma coisa preciosa. Talvez, por causa disso, o fato de o céu ter o mesmo tom de azul todos os dias, me chateasse um pouco.

Você ainda está nessa? — Taylor me perguntou, do viva a voz. Eu estava dirigindo para a faculdade (dia de aprender sobre moléculas na gastronomia! Yay... Só que não!), com o celular no banco do passageiro.

—Não é “nessa”, é… sei lá, você nunca sentiu… sentiu uma coisa diferente por alguém? — Questionei. Tay tinha tido vários namorados, de todos os tipos, se alguém sabia alguma coisa sobre homens, era ela.

—Amiga, isso se chama tesão. É facilmente curado após umas duas sessões de esconder a salsicha. Desculpa falar assim, Juna, mas não coloque tantas expectativas em um sentimento. Pessoas vêm e vão, deixe rolar. Nem todo homem que você namora vai ser o príncipe encantado. — Por algum motivo, essa frase me irritou. Eu não queria um conselho clínico como aquele!

—Uau, obrigada! Agora minha vida está resolvida! Você realmente acabou com todas as preocupações da minha vida! — Eu disse, pingando sarcasmo, enquanto estacionava embaixo daquele álamo maravilhoso (nada de carro fervendo!).

Ok, você quem sabe. Que seja!  Eu tenho aula agora, beijo e tchau. — Assim que ela desligou, porém, culpa e remorso tomaram conta de mim. Eu realmente não devia falar assim com a minha parceira no crime.

Peguei minha bolsa e fechei a porta, com um suspiro. Casey queria ir na casa de Stephen depois da aula e eu não queria estar abatida para o meu namorado. Meu namorado.

É estranho que, mesmo após duas semanas, eu me sentisse esquisita em falar “meu namorado”? Enquanto eu refletia sobre isso, senti meu telefone vibrar. Atendi sem olhar, esperava que fosse a Taylor, de qualquer forma.

Bom dia, Juna? — Não era Taylor, mas alguém próximo: Stella, mãe de Taylor.

—Oi, sim sou eu. Como a senhora está? — E mais importante, como a senhora tem meu número, cacete???

Estou ótima querida, obrigada pela pergunta. Juna, meu bem, desculpe te aborrecer em um dia de aula, mas temo precisar da sua ajuda. — Ugh, a mãe de Tay era uma graça e um amor, mas, quando queria alguma coisa, forçava a barra na gramática. Quando ela me pediu para buscar uma encomenda no centro, uma vez, ela disse que se sentia “penhorada” pela minha ajuda.

—Claro, qualquer coisa.

Bem, como você sabe, meu amor, Taylor deixou o carro na cidade. E o meu Jorge disse que se ele ficar muito tempo, a bateria irá empenar. Será que você poderia, por obséquio, dar umas voltas com ele pela cidade?

Sem problemas. Vai ser um prazer inoxidável, querida.

A palavra que você está procurando é inestimável, meu anjo. E eu lhe agradeço, de coração. Tchau-tchau!

Desliguei e corri para minha aula. Graças a Deus a professora ainda não tinha chegado. Sentei atrás de Stephen, aliviada.

—Correndo maratonas de novo, Juna? — Ele perguntou, virando-se para mim. As covinhas em seu rosto eram adoráveis, e eu não pude deixar de sorrir.

—Mais ou menos. Falando em maratonas, acho que não vou poder acompanhar o Casey na sua casa hoje. — Lamentei. O sorriso de Stephen se desmanchou.

—Ah, sério mesmo? Que pena… meus pais estavam loucos pra te conhecer! Especialmente minha mãe.

—Pois é… — Concordei.

Logo mais a professora Ramsey (não era o sobrenome dela, mas qual a graça de ter aula se não pode zombar dos professores carrascos?) entrou, nós cessamos a conversa.

Porém, como sempre, algo me incomodava… É normal que os pais do melhor amigo do seu namorado estejam “ansiosos” por me conhecer? Digo, Casey nunca nem mencionou os pais ou a sua casa, até onde eu sabia ele tinha nascido de um girassol, ou sei lá.

Suspeito ou só paranóia da minha cabecinha desocupada?

A aula passou tranquila, sem grandes acontecimentos, exceto um ou outro arroubo de estrelismo da professora (“NOZ MOSCADA É A SAÍDA DOS FRACOS, E QUEM NÃO USA SAL MARINHO É APENAS A ESCÓRIA DA HUMANIDADE” foi uma das frases do dia. E eu amo noz moscada, aliás, mastigaria o grão inteiro), tudo correu normalmente.

—Ei, gatinha! — A professora mal tinha saído e Casey já estava entrando, atraindo olhares das minhas colegas remanescentes. Escutei um “nossa, olha o rabo gostoso de novo!” e olhei feio em direção a uma loira alta. Com passos largos ele veio até a minha carteira e escorou nela, meio sentado. Mesmo parado, ele era incrivelmente sexy, como um semi-deus esculpido em mármore.

—Oi! Você veio cedo hoje! — Cumprimentei, já guardando minhas coisas.

—Veio mesmo, estrupício! Andou matando aula, foi? — Stephen perguntou, e eu não pude deixar de rir. Ele me lembrava a Taylor.

—Claro que não. Eu não faço isso e nunca mais farei de novo! Pronta pra um passeio na mansão Lang, Juna? — Casey me deu uma piscadela.

—Na verdade… Tenho que ajudar uma amiga em uma coisa. Ela deixou o carro na cidade e está com medo de a bateria arranhar. — Lamentei.

—Arriar, gata, ela tem medo da bateria arriar. E que tal, eu te acompanho na casa dessa amiga e depois nós visitamos o chato da Stephen! Parece bom? — Meu namorado sorriu ainda mais. Meu coração aqueceu. Parecia ótimo.



—Juna, querida! Mas olha se isso não é um pedaço de mal caminho! — Stella cochichou apontando Casey. Eu sorri, toda orgulhosa.

—E eu não sei?

—E tão educado… Meu Jorge não é de gastar conversas com jovens, mas querida, assim que ele começou a falar da Doutrina Monroe…! Querida, não é a toa que o Bob Lang adora esse menino! — Me virei bruscamente para Stella. Estávamos na porta da casa, vendo Jorge e Casey conversar sobre… coisas… de homens, mas ali estava a Pulguinha da Dúvida novamente, atrás da minha orelha.

—Ele é muito próximo da família Lang… e acho que dos Patel, enfim, o rapaz sempre está por aqui e acolá! Se eu não me engano (e eu raramente me engano), é o Bob quem paga os estudos dele!

Sorri, mas com os lábios cerrados. Não que houvesse algo de mais no que ela me disse (afinal de contas, nada de errado com uma ajudinha dos amigos), mas olhando meu namorado (já acostumei? nah, ainda não) papear casualmente ao lado de um dos homens mais ricos da cidade, como se pertencesse lá… Era como observar uma pessoa contar uma mentira. Besta, eu sei.

—Juna, querida? Vamos lá? — Ele acenou para mim. Me despedi dos pais de Taylor, com um aceno e eles entram na casa. Me preparo para entrar no carro e… Surpresa! Casey já está no banco do motorista.

—Hmm… Com licença?

—Gata, não vou te colocar de motorista. Entra aí, não vou arranhar, prometo. — Meu namorado pede, dando uma piscadela.

—Mas… — Mas é o carro da Taylor. Que ela ama e que custou uma fortuna aos seus pais. Que ela confiou para eu cuidar.

—Gatinha, gatinha… não confia em mim?

“Eu sinto muito, claro que eu confio! Mas o carro não é meu e, bem, Taylor pode ser bem ciumenta com as coisas dela, então talvez seja melhor eu dirigir! Mas eu prometo que falo com ela e na próxima você dirige, que tal?”

Eu devia ter dito isso. Mas, ao invés disso, concordei e me sentei no banco do passageiro.

Achei que Casey seria um motorista delicado, do tipo cuidadoso, mas eu estava redondamente enganada. Por alguns minutos, eu achei que meu namorado (acostumei!!! Espera, alarme falso) tinha sido substituído pelo Vin Diesel e nós estávamos em perseguição.

Não que ele dirigisse mal. Mas ele era rápido, brusco. Freava em cima dos semáforos, fazendo o carro todo sacudir.

—Não esquenta, gata, a família dessa sua amiga aí tem dinheiro. O Jorge acabou de fazer um ótimo investimento no Banco Nacional, eles podem comprar até quinze desses aqui! — Casey riu e eu olhei para ele, cheia de horror.

—Isso não significa que você não tenha que ter cuidado com a propriedade alheia! — Disparei. Ele freou bruscamente de novo, mas no meio da rua, quase bati a cabeça no painel. Senti um arrepio só de ouvir os pneus cantando. Ele não me encarava diretamente e sim através do espelho. Acho que eu nunca vi um olhar tão feroz.

Ele estendeu o braço em minha direção e eu pensei, juro que pensei, que ia levar um tapa. Mas a mão de Casey simplesmente apertou minha bochecha, com um pouco de força, admito. Mas também admito que a expressão que ele fez depois foi muito, muito fofa.

—É bonitinho o jeito que você se preocupa. Eu falei brincando, fofinha, eu sei o que estou fazendo. Eu dirijo o Porsche do Steve o tempo todo. — Ele voltou a dirigir, com mais cuidado, notei. Relaxei no banco. Sim, eu ainda achava que Taylor ia me matar se soubesse, mas ela não saberia, então, tudo bem, certo?

Finalmente chegamos em um portão enorme de ferro fundido. Todas as casas do bairro eram bonitas, mas aquela se sobressaia. Era um sobrado enorme, num tom rosado, com grandes colunas brancas, cobertas por… Eu não entendo de trepadeiras (só as que estudaram comigo no ensino médio), mas era uma muito bonita, com umas florzinhas rosas, muito fofas. E o melhor era a varanda, com grandes cadeiras de balanço de vime.

—Gosta, né? Você ainda não viu por dentro! — Casey riu, e eu também soltei um risinho. Era mesmo impressionante. Descemos do carro e entramos, passando por um caminho adorável de pedrinhas brancas. A varanda era ainda mais bonita de perto, as cadeiras de balanço tinham um estofado muito bonito, com uma estampa verdinha, bem agradável.

—O decorador deve ter cobrado uma fortuna… — Comentei em voz alta, enquanto entrávamos. O interior era ainda mais bonito, com muitas poltronas e móveis em madeira rústica, escura.

—Nada de decoradores, minha esposa cuida de tudo.

Quem disse isso não foi Casey ou eu, mas uma voz rude, pertencente a um senhor na casa dos quarenta anos, sentado em uma das poltronas bonitinhas.

Nossa, eu mal cheguei e já agi feito uma toupeira!

—Eu… Me desculpe! É que é tudo tão lindo que eu pensei… — Me atrapalhei. O senhor riu. Ele era esguio, parecia com Stephen, mas tinha uma certa agressividade em seu rosto que os tornava bem diferentes. Não fosse o formato dos olhos, eu nem suporia que era o pai dele.

—Ora Bob, deixe a menina, ela só está nervosa! — Uma outra voz disse, entrando na sala. A mãe de Stephen.

Ela era exatamente o que eu achava que seria: rosto redondo, loura, sorriso fácil. O único detalhe? Ela estava em uma cadeira de rodas.

—Desculpe, amor, eu estava tentando ser engraçado.

—E falhou, miseravelmente, querido! Você deve ser a Juna, não é? Casey falou tanto de você! — Agora ela se diria a mim. Eu dei um sorrisinho sem graça. A mãe do Stephen tinha uma presença poderosa, como a de uma professora. E o sorriso era lindo também.

—É  um prazer conhecer a senhora! Eu lamento aparecer assim de repente… Mas a casa da senhora realmente é linda! As cores são bem agradáveis!

—Obrigada, querida! Sabe, quando você olha para a minha casa, qual a primeira coisa que te vem a mente?

—Hmm… Um grande bolo com glacê cor de rosa. — A pergunta era estranha e minha resposta com certeza foi mais ainda. A senhora Lang, porém, abriu um sorrisão.

—Meu filho, você deveria casar com essa menina!

—Isso ou ela só está com fome.— Pontuou o senhor Lang.

—Ou isso. Falando nisso, querido, Stephen está esperando vocês na cozinha. Você sabe o caminho, amor. — Ela deu uma piscadela para Casey, que me pegou pela mão e me levou para a cozinha. Eu não precisava olhar para saber que ele estava sorrindo.

—E esses são Robert e Mia Lang. E te adoraram! — Eu sorri, apesar de não ter tanta certeza assim. Mas o aperto de Casey era firme, e a cozinha, tão linda! Stephen estava fazendo cachorro quente e então meu telefone tocou.

E tudo foi por água abaixo.


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Notas finais do capítulo

PERGUNTA:
Vocês já mudaram por causa de um namorado/a? Não falo de coisas do tipo "EU PINTEI O CABELO DE PRETO PORQUE ELE PREFERE MORENAS", mas algo sutil, uma mudança na personalidade que você percebe só quando, geralmente, é tarde demais.
Compartilhem!
(Ou não, sou só uma nota de capítulo, não a polícia"



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