Looking for Lily Evans escrita por Day


Capítulo 2
001. Você e sua capacidade de me infernizar


Notas iniciais do capítulo

FELIZ ANO NOVOOOOOOOOO.

esperamos que 2017 seja bem melhor que 2016 né (exu em forma de ano rssss)

capítulo novo pra vcs curtirem o novo ano hehehe


boa leitura, bjs ♥



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Quem visse a relação mesquinha entre Lily Evans e James Potter no dia da formatura de ensino médio deles seria incapaz de sequer imaginar que, alguns anos antes, as coisas eram bem diferentes daquilo. A começar, claro, pela distância de um salão inteiro que os separava, que não existiria se tudo fosse como costumava ser.

Talvez mesquinha não fosse a definição mais correta, mas, com certeza, não era tão boa quanto deveria ser e eles sabiam disso. Sabiam a ponto de, algumas vezes ao longo do tempo, fazer as coisas voltarem a ser como eram, mas não era como se essa fosse uma ideia que realmente iria dar certo.

Eles também sabiam disso.

Lily era sempre acompanhada por duas fies escudeiras. Era como se ela fosse a abelha rainha e as outras eram seus zangões. Nem sempre tinha sido assim, e, quando começou a ser, foi o momento em que James sentiu que era sua hora de bater em retirada. Emmeline Vance e Mary McDonald eram o mal em pessoa, e amavam esse título.

A primeira, filha do dono de uma rede de hoteis pelo país, usava o status do pai como se fosse seu. Não havia um único dia em que ela não mencionasse o quão influente ele era, e como isso poderia beneficiá-la de muitas maneiras diferentes. Ostentava um cabelo loiro longo demais e grandes olhos azuis. Emmeline não era tão bonita assim, não tanto quanto ela dizia ser.

A segunda, por outro lado, era insuportavelmente chata. Com uma voz fina e muito alta, conseguia irritar a todos ao seu redor com poucos minutos de conversa. Não só isso a tornava o mal em pessoa. Um humor ácido e tiradas rápidas faziam todos pensar duas, três, quatro vezes antes de dizer qualquer coisa em sua presença. Mary tinha uma natureza tão obscura quanto seus olhos.

Nenhuma dessas características fizeram Lily e James se distanciarem com o tempo. Não diretamente. Embora, claro, tenham contribuído para isso. A distanciação dos dois aconteceu tão de repente quanto se aproximaram, há muitos anos.

Eles não se lembravam quando tinham se tornado amigos, mas sabiam quando deixaram de ser. Provavelmente no dia em que Lily o xingou em público, ou no dia em que ela gritou coisas sem sentido só porque alguma mínima coisa não a agradava. Talvez tenha sido quando James cansou de uma só vez e disse tudo o que pensava sobre Vance e McDonald.

Pensando bem, foi nesse dia realmente.

Agora, separados por dezenas de pessoas, eles não passavam de dois formandos em mundos distintos. Ela, com vestidos longos, pedrarias, joias e maquiagens estonteantes, parecia estar dentro de uma megaprodução, com todo o glamour que lhe era direito. Ele, por outro lado, não estava desajeitado, mas também não parecia ter saído de um tapete vermelho em Hollywood.

Se, naquela época, James soubesse, teria rido de sua própria conclusão irônica. Alguns anos depois, Lily de fato estaria em um tapete vermelho de Hollywood.

¾¾¾

Uma música alta tocava e todos ali estavam embalados no ritmo, movendo o corpo conforme as batidas. Ninguém mais tinha preocupações, problemas, dores de cabeça, nada. A única preocupação de cada pessoa ali era aproveitar o momento e fazer valer anos de estudo.

James achou que seria interessante, a certa altura da noite, tomar um ou dois copos de ponche. A bebida, que não estava tão forte quanto imaginou, serviu para lhe dar um pouco da coragem que queria, e que até certo ponto precisava. Queria ter tido aquele impulso repentino antes, impulso este que o fez sentir como se nada e ninguém pudesse atingi-lo.

Atravessou todo o salão, esbarrou em mais pessoas do que podia contar nos dedos, pisou e foi pisado nos pés ao longo do caminho, mas, depois de mais tempo do que o necessário, chegou ao outro lado. Bebeu o restante de ponche que sobrava no copo, respirou fundo e deixou que sua vontade de fazer aquilo desse conta do resto.

Mas, por mais que tentasse, assim que chegava perto o suficiente dela, seu cérebro travava. E ele não sabia o motivo. Talvez fosse tudo o que Lily, um dia, representou em sua vida, e como, de uma hora para outra, já não significava mais nada. Toda essa efemeridade na vida o deixava perplexo, perceber que qualquer pequena coisa podia não existir em questão de segundos.

Então, mesmo com todo o ponche tomado, a repentina coragem e as palavras que, por muitas vezes, tinha ensaiado, James Potter continuou a andar para algum outro lugar, sem deixar de esbarrar, por um suposto acidente, em Lily Evans. Pensou em se desculpar, mas tinha a certeza de que ela nem ao menos notaria.

— Ei! — ele a ouviu gritar. Já não ouvia aquela voz tão de perto há tanto tempo, que até chegou a imaginar que não era para si.

— Desculpe, eu não pude desviar — essa era a famosa hora em que James inventava alguma desculpa.

— Potter? — Lily nem dava muita atenção ao que ele dizia, por ter se dado conta que aquele que, algum dia, já tinha sido o seu melhor amigo agora precisava de uma esbarrada para que pudessem conversar. — Parabéns para nós!

— É, parabéns.

James nem reagiu tão animado quanto ela, talvez porque não estivesse tão animado assim em desejar os parabéns para Lily. Não porque não estava feliz que tinham concluído o ensino médio, mas porque desejava que pudessem conversar mais do que aquilo, mais do que frases que eram ditas por dizer, nada mais.

Algumas horas depois, quando tudo aquilo já não o estava mais deixando tão animado, James optou por ir embora caminhando. Claro que não era a melhor opção, visivelmente não era a mais saudável ou plausível, caminhar de madrugada pelas ruas pouco iluminadas de Londres.

Optou por ir pelo caminho que mais tivesse iluminação, mesmo que isso significasse andar mais. Até poderia contemplar a paisagem, alguns prédios altos e uns pontos turísticos pouco conhecidos, e admirar o nascer do sol e como as coisas adquiriam uma cor diferente com os primeiros raios solares do dia.

Revirou o bolso, esperando encontrar as notas que tinha deixado ali para o caso de alguma emergência. Precisar de um café, às 4:43 da manhã, para não chegar em casa no estado que estava era uma emergência, não era? Sim, era, e como era.

Um barzinho, já — ou ainda — cheio de pessoas estava aberto àquela hora, e com certeza teria uma boa dose de café. James recebeu olhares tortos quando entrou, talvez pela roupa que usava, que certamente não era adequada para um bar como aquele, e se dirigiu ao balcão. Quem o atendeu, um senhor de meia idade, não deixou de perguntar de onde ele vinha e deu de ombros perante a resposta.

Alcançou uma garrafa térmica e despejou o líquido em um copo plástico. James se arrependeu daquilo no segundo em que bebeu o primeiro gole. Doce demais, gelado e fraco, aquele deveria ser o pior café que já havia bebido na vida. E ele podia dizer com segurança que já tinha tomado muito café ruim, uma vez que sua mãe não dominava a arte do preparo.

Agradeceu pela bebida e, sentindo-se um pouco mais desperto, continuou seu caminho. Não se deu conta das ruas pelas quais seguia até perceber que estava parado em frente à casa de Lily. Casa esta que ele já tinha visitado inúmeras vezes, e, se tudo estivesse igual, podia afirmar que conhecia cada cômodo perfeitamente bem.

Olhou para a terceira janela à esquerda, onde costumava ser, e talvez ainda era, o quarto dela. Paredes rosa bebê, alguns pôsteres de filmes adolescentes, muitas fotos de si mesma, sozinha ou acompanhada — em especial um em que os dois apareciam abraçados, com sorrisos genuínos e um brilho nos olhos.

James lembrava-se dessa foto como se tivesse acabado de vê-la, e lembrava-se do dia como se o tivesse vivido ontem. Tinham acabado de chegar do colégio, depois da última semana de aula da terceira ou quarta série. Para crianças de dez anos, receber a notícia de que não precisariam ir à escola pelos três meses seguintes era a melhor coisa do mundo.

Lily, James, sorriam para a foto a mãe dela os colocou lado a lado, e pediu apenas que sorrissem. Lily, contudo, o abraçou pelo pescoço e, do jeito que estavam, ainda sorrindo, a foto foi tirada.

Ele se perguntou se ela ainda mantinha aquele porta retrato sobre sua penteadeira, junto com outras fotos de sua infância. Provavelmente não, uma vez que mais de cinco anos já haviam se passado. E, claro, os dois já não eram mais tão amigos assim.

Às vezes parecia impossível demais aceitar que era aquela a realidade, e que deveria continuar sendo assim por algum tempo. Ele só não sabia quanto. Talvez acabassem por voltar a se falar algum dia num futuro próximo, depois que toda a vibe de ensino médio passasse; dentro de um ou dois anos, quem sabe.

Mas, seis anos depois, lá estava ele: à procura da — agora estrela internacional — Lily Evans. Não, não voltaram a se falar em nenhum dia depois da formatura, embora James tenha pensando em dar o braço a torcer e tentar uma aproximação. O que o impedia de fazer isso, em todas as vezes, era a presença constante de Vance e McDonald.

Elas não se desgrudavam por um só dia, mesmo que a amizade não tenha permanecido a mesma coisa depois do fim dos estudos. Após algum tempo, no entanto, tinha ficado muito claro que Emmeline e Mary continuavam ao redor de Lily para que pudessem se beneficiar de algum modo, o que obviamente nunca aconteceu.

Ninguém fazia a menor ideia de onde a menina brasa estava. Era um apelido tão ridículo, que James tinha certeza de que ela o odiava. Sempre tinha odiado apelidos que fizessem alusão à cor do seu cabelo, e isso certamente não teria mudado só porque ela era famosa agora.

Seu chefe o tinha mandado a campo, para que fosse uma busca efetiva. E, de fato, estava sendo. Tão efetiva quanto ficar sentado esperando que Lily aparecesse num passe de mágica. O mundo era enorme, e os possíveis lugares para ela estar formavam uma lista interminável.

Poderia usar o que sabia para começar, mas não valia a pena procura-la baseado em conhecimentos de mais de quinze anos passados. Com toda a certeza, Lily não era mais a mesma pessoa, talvez nem gostasse mais de correr para o parque no fim do bairro e permanecer escondida em uma casa de bonecas que há muito não era usada.

Durante a infância, os dois corriam para lá sempre que algo desse errado. Os motivos, grande parte das vezes, não eram muito grandes. Também não era uma casa de bonecas pequena, ou em péssimo estado, não. Era grande, espaçosa, com dois cômodos e uma espécie de porão, onde Lily e James costumavam deixar coisas escondidas.

Negou a si mesmo com a cabeça e continuou a andar, sem saber realmente para onde deveria ir. O dia começava a virar noite naquela hora, o sol já estava quase se pondo por completo e o movimento nas ruas aumentava, indicando que a hora de pico estava próxima. Geralmente, era esse o momento em que todos iam embora de seus trabalhos e esperavam que o dia seguinte chegasse.

Mas, não para ele. James tinha um defeito grande e forte demais: não conseguia deixar algo iniciado de lado. Mesmo que tal coisa não tenha sido começada com tanto empenho assim. Apesar desse detalhe, quanto mais pensava na sua tarefa, encontrar Lily, mais pensava que deveria encontrá-la com vida.

Se, por acaso, conseguisse, teria a oportunidade de dizer tudo o que quis dizer ao longo de todos aqueles anos, e que sempre lhe faltou coragem, ou álcool suficiente. Deveria ser a primeira opção, definitivamente a primeira opção. Já tinha bebido muito, muito, desde o ensino médio e, longe dela, falava tudo o que queria. Já tinha perdido a conta de quantas vezes a xingou através de uma foto, como se a Lily imortalizada em uma fotografia pudesse ouvir e entender.

Como no dia de sua formatura, foi ao barzinho que, por algum motivo muito bom, continuava aberto mesmo depois de tanto tempo, e dessa vez não pediu um copo de café. Pediu por uma dose de tequila, acompanhada de limão e sal, e que não economizasse nesse último. Decidiu, de última hora, que iria beber para esquecer, esquecer que deveria sair à procura de alguém que provavelmente nem lembrava de sua existência.

Outro problema grave de James era sua facilidade em fazer amigos quando estava bêbado. E, para que ficasse bêbado, bastava pouco mais de cinco doses de uma tequila muito boa, e muito forte. Depois de algum tempo, aquele deveria ser o oitavo copo que virava; já podia sentir todos seus sentidos alterados, não necessariamente para melhor, e uma euforia típica perpassar seu corpo.

Um homem ao seu lado, tão alterado quanto ele, talvez mais, falava de todos os assuntos possíveis. Comentava sobre caos pessoais de sua vida e família, chamando a todos os outros para conversarem também, fazia piadas com cada pequena coisa que via e ria. Sobretudo, ria. James tornou-se amigo dele, com muito mais rapidez do que se tornaria caso estivesse sóbrio, e sabia que tal amizade duraria apenas até um deles ir embora.

Nos primeiros minutos, já contou sobre Lily. O homem, claro, a conhecia por tê-la visto na televisão, nas revistas, jornais e na internet, disse que a achava muito gata e que gostaria de conhece-la pessoalmente, mal acreditando que James a conhecia, ou tinha conhecido um dia. Continuou dizendo sobre seu desaparecimento, e como era o policial responsável por sua procura.

— Boa sorte com isso — respondeu, visivelmente bêbado e rindo, a James. — O mundo é grande para caralho. Será que acha a moça?

— Será? — ele respondeu, achando mais graça do que deveria na dúvida de encontrar Lily ou não. Bebeu o resto que lhe tinha sido destinado e pediu a conta. Por mais que estivesse gostando, ainda teria mais trabalho na manhã seguinte, que estava mais próxima do que ele imaginava.

Deixou algumas notas sobre o balcão, que deveriam ser mais do que suficiente, e continuou seu caminho. Como anos atrás, James se viu à frente da casa dela. Dessa vez, no entanto, não se pegou pensando se ela ainda tinha uma foto deles quando crianças. Agora, tudo o que fazia era pedir que, de um jeito ou de outro, Lily o ajudasse a encontrá-la.

Era tão ridículo pensar naquilo, que nem mesmo o álcool em sua mente o impediu de continuar. Se ela tinha sumido, realmente sumido, se tornado procurada da sessão de pessoas desaparecidas, logicamente não iria dar um jeito de ajudar James a encontrar seu paradeiro. Talvez, se ele ainda a conhecesse muito bem, Lily odiaria que James Potter fosse encarregado de sua procura.

— Foda-se você, Lily Evans! — gritou para quem quisesse ouvir, embora não tivesse ninguém além de duas ou três pessoas na rua. — Você e essa sua capacidade de conseguir me infernizar depois de anos.

Por um momento, enquanto seguia o caminho definitivo para casa, cogitou a ideia de não a procurar, de ignorar seu desaparecimento e seguir com a vida, do mesmo jeito que vinha fazendo, antes de Lily se tornar, de novo, o centro das atenções. Era exatamente o que ela queria, o que ela sempre gostou, ser a pessoa para a qual todos olhavam, independente do motivo.


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Notas finais do capítulo

é claro que eu deixei um monte de coisa mal explicada né. risos. nos próximos eu prometo explanar sobre essas coisas.

agr é a hora de vcs me fazerem feliz em 2017 com uns reviews bem lindos, que tal? hahaha
bjs ♥

PS: pra me fazerem ainda mais feliz, leiam e comentem meu bebezão (https://fanfiction.com.br/historia/705463/Photograph/), vou ficar tri feliz