P.O.V. Elijah.

Quando acordei estava acorrentado, minha vista estava embaçada, mas eu reconheceria aquele rosto em qualquer lugar.

Duplicata.

—Eu exijo que me liberte!

—Olha meu bem, não sei se notou mas, não está em posição de fazer nenhuma exigência. Dessa vez, você é a vítima.

Eu tentei quebrar as correntes, mas fracassei.

—Minhas correntes não quebram fácil, amor. Um sábio disse uma vez que o poder corrompe e que o poder absoluto corrompe absolutamente. Ele estava certo.

—Solte-me sua duplicata maldita!

—Olha só, o médico e o monstro ao vivo. Não se preocupe, eu não vou te matar vou te salvar.

—Acha que eu preciso ser salvo?

—Tenho certeza disso. Você tem se olhado no espelho ultimamente?

—Que espécie de pergunta é essa duplicata?

—Meu nome é Renesmee Carlie Cullen. Sou a mãe das suas filhas! Vou mostrar pra você como você é bonito, como a sua alma é linda e brilhante, o quanto você é nobre.

A sala começou a mudar ao nosso redor e logo estávamos cercados de espelhos e velas.

—Isso vai doer só um pouquinho.

Ela fez um corte na minha mão e deixou que o sangue pingasse numa vasilha de água. Então, notei que ela parou de se refletir no espelho.

—O que?

—Você tem que se ver como você é agora. Você tem que parar de se ver como você era a mil anos atrás, você tem que ver com os seus próprios olhos no que se transformou.

Ela começou a fazer um feitiço que eu não conhecia. Com palavras que eu não compreendia, mas depois ela traduziu o feitiço.

Era um feitiço de invocação.

—Essa é a sua alma, o seu verdadeiro eu, quem você é por dentro. Por favor, aproveite a visão.

A imagem começou a se formar nos espelhos e era uma imagem medonha. Era uma criatura demoníaca, tinha presas de vampiro, olhos de vampiro, usava um terno rasgado e ensanguentado. Era cheio de cicatrizes, feridas e era fedorento.

—O que é isso?

—Elijah Mikaelson, conheça o Elijah Mikaelson.

A criatura saiu do espelho e caminhou até mim.

—Olá eu. Nobre? Cumpridor de promessas? Nós dois sabemos que isso é só pra inglês ver. Você gosta mesmo é de matar, gosta de ver suas vítimas sofrerem, matou a mulher que amava porque não conseguia se controlar!

—Se eu morrer ou me ferir pelas suas mãos ou de qualquer um que tenha a sua linhagem você vai refletir por fora o que é por dentro para sempre.

Ela estalou os dedos e me libertou das correntes.

—Olha pra ele Elijah. Olha no que você se transformou.

Ela me forçou a olhar para aquele ser medonho. E sussurrou no meu ouvido:

—Monstro. Sua mãe te fez vampiro, mas não te fez um monstro você é que fez isso.

Conforme eu me movimentava a criatura espelhava. Não importava o que eu fizesse e nem como eu fizesse ela fazia igual sem um segundo de atraso.

—Pare com isso Renesmee!

—Eu não fiz isso. Você fez, você se deixou levar pelo poder que possui, você chacinou aquelas pessoas sem remorso, você traiu sua linhagem, sua família, você massacrou um inocente após o outro, você permitiu que sua humanidade morresse. Não eu. Eu sei quem eu sou e o que eu sou, mas você não.

—Pare com isso!

A criatura espelhava tudo o que eu fazia ou falava.

—As decisões que tomou o trouxeram até aqui. Até esse momento e isso só vai piorar se você continuar a trilhar essa estrada. Você era movido pela cobiça, mas agora é consumido por ela.

Ela passou as mãos horizontalmente no ar e a criatura sumiu.

—Quando decidir se ajudar, se decidir se ajudar eu estarei aqui. Mas, enquanto você for esse demônio não vou deixar se aproximar das minhas filhas.

—Elas são minhas filhas também! Tenho direito de vê-las.

—Não. Não vou permitir que contamine as minhas meninas. Se estivesse no meu lugar, se tivesse rezado durante anos por um filho e de repente Deus atendesse suas preces e te desse mais do que poderia querer, permitiria que um homem com uma alma como a sua, com uma essência como a sua se aproximasse dos seus milagres? Permitiria?

—Eu...

—Não. É claro que não. Eu não as mantive escondidas de você todos esses anos á toa. Não, eu fiz de propósito porque elas merecem mais do que você está disposto a oferecer. Você tem tantos inimigos que nem consegue contar, tudo e todos que se aproximam de você acabam á sete palmos abaixo da terra nem mesmo Macária mata tanto quanto você e olha que ela é a morte em pessoa.

—Macária? A morte em pessoa?

Uma mulher de túnica branca que carregava uma vela apareceu.

—Macária, Elijah, Elijah essa é Macária.

—Então você acha que tem o meu poder? Você quer o meu cargo? Tudo bem. Ele é todo seu.

Macária me passou a vela e logo eu parei de sentir o chão sob os meus pés e estava vestido de branco.

—Finalmente estou de folga.

A mulher loira comemorou.

—Á partir de agora você tem o meu poder e as minhas responsabilidades. Á partir de agora tudo o que você tocar vai morrer não importa o que ou quem seja. Você é a morte em pessoa, é responsável por atravessar as almas seja para o céu, seja para o inferno, seja para o purgatório. Vou passar as regras, você tem as três chaves para os três portões, você não pode sob nenhuma circunstância revelar para a alma para onde ela irá. Tem que lhes passar segurança na hora de atravessar.

—Tudo bem.

—Aqui está a sua agenda de hoje. Você possui a habilidade do teletransporte não pode faltar e nem se atrasar sob nenhuma circunstância. Não deve tocar em nada que esteja vivo ou morto-vivo antes da hora. Você é o chefe de milhões de ceifeiros, não pode irritar-se com as almas porque elas vão perguntar para onde vão e disso você pode ter certeza. Almas de crianças principalmente, seja delicado, centrado e se você conseguir algo me diz que vai poder conhecer suas filhas. Anjos  e demônios são imunes á você apenas um pode matar o outro. Apenas um anjo pode matar outro anjo.

Ela me deu um pager com uma lista de horários e locais.

—Agora você está oficialmente no meu cargo. Volto quando aprender a dar valor á vida. Adeus e boa sorte.