A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 83
Duelos mortais - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Bem, a maratona tá chegando ao fim e ain... que dor no coração em dizer isso ;-;

No capítulo de hoje - Kary versus Xander u.u

Tenham uma boa leitura o/



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As chapas de ferro de ambos se conectaram. Nada mais havia para que eles pudessem andar. Um passo em falso e um dos dois poderia acabar caindo lá embaixo. Duvido que alguém sobreviveria a queda.

— Será um duelo até a morte — anunciou Gilbert.

Engoli em seco, vendo que os dois se entreolhavam. Nem sequer se conheciam, mas agora teriam que brigar pela vitória. Que maravilha.

— Sei que não se conhecem — Gilbert parecia ter lido os meus pensamentos. —, mas Tanay, acho que gostaria de saber que o Malek é o mais novo namorado da Kary. Ela fugiu pra ficar com ele ao invés de te ajudar naquela luta.

Cerrei os punhos, percebendo que meu professor estava mentindo! O pior disso tudo é que Tanay fechou a expressão, parecendo cair nas mentiras contadas por Gilbert. Abri a boca para gritar em minha defesa:

— É MENTIRA DELE, TANAY! — exclamei bem alto, querendo que ele me ouvisse.

Quando Tanay sacou sua longa espada de gelo, soube que não queria me dar ouvidos. Em sua própria defesa, Malek puxou a glaive e sem nem esperar seu oponente se preparar, Tanay desfere um golpe contra ele que rapidamente se defende com o cabo de madeira de sua arma.

A madeira se partiu ao meio.

Malek encheu os pulmões e soprou fogo na direção do meu irmão que acabou recuando alguns passos enquanto o filho de Héstia avançava. Ele então investiu contra Tanay que usou sua espada também para se defender e como se fosse uma armadilha, prendeu os pés de Malek com gelo que surgiu do nada velozmente.

Vendo que o filho de Quione estava pra investir em si, Malek largou os dois pedaços da glaive e puxou a espada flamejante que havia ganhado de Héstia para se defender. Fumaça saiu com o impacto. Fogo versus gelo. Quando as espadas se afastaram, parte da de Tanay havia sido consumido pelo calor. Malek sorriu convencido enquanto derretia o gelo dos seus pés.

Antes que ele conseguisse pôr o fim em todo gelo, Tanay ataca o mesmo novamente e como ainda estava agarrado ao gelo, Malek acaba caindo de mal jeito na plataforma. Fiquei nervosa quando vi que uma parte do seu corpo estava do lado de fora da chapa de ferro.

Dessa vez quem sorriu convencido foi Tanay que ergueu sua espada e tentou acertar seu peito. Malek defendeu com a espada flamejante, corroendo ainda mais a lâmina de gelo. Isso fez Tanay trincar os dentes e invocar os ventos do seu próprio poder. Os cachos ruivos de Malek se movimentaram pela ventania. Franzi o cenho, sem entender o objetivo e logo as coisas fazem sentido quando percebo que aqueles ventos impediam Malek de sequer se levantar.

Arregalo os olhos vendo a mão tencionada do filho de Quione. Ele estava forçando ainda mais os ventos contra o peito de Malek. Eu queria gritar pra que ele parasse, mas cada vez mais os ventos iam empurrando os trajes dele e eu podia sentir a enorme pressão que isso fazia contra o peito do filho de Héstia.

Sinto meu coração parar assim que ouço o barulho de algo se quebrar. De imediato entendo que possivelmente era a costela do Malek. Tanay continua forçando seu poder contra o peito do ruivo e mais coisas se quebram. Até que enfim a mão de Malek cai flácida ao lado do corpo, derrubando a adaga de Héstia na imensidão abaixo de nós.

Por um segundo fico aliviada quando Tanay para de usar seus poderes contra ele, só que aos poucos vou montando um quebra-cabeça em minha mente, enfim entendendo que Malek havia sido eliminado do jogo.

Não..., é meu primeiro pensamento ao me dar conta disso.

Para terminar seu trabalho, Tanay empurra o corpo morto para fora da plataforma, fazendo-o se perder juntamente com a adaga. Isso faz com que eu me sinta como se tivesse acabado de levar um soco na cara.

— Luta intensa, não é mesmo, pessoal? — a voz de Gilbert retornou. — Vamos para a próxima luta. Estou mais que ansioso pra saber como será.

Fiquei desnorteada ao sentir minha plataforma se mexer, indo na direção da do Tanay que já estava no centro. Ele me olhava criticamente, como se eu tivesse me transformado num monstro. Cerrei os punhos, começando a tomar nojo dele. Cruelmente ele havia acabado de matar alguém que nos últimos tempos esteve comigo.

— Kary e Tanay, podem começar a duelar! — exclamou meu professor. — Vamos, Kary, eu sei que foi uma droga seu irmão ter matado seu namorado. E você, Tanay, olhe bem pra ela. Olhe bem pra garota que te abandonou na batalha decisiva entre a Olivia.

Franzi o cenho ao sentir magia correndo pelo ar. Quer dizer que meu próprio professor estar usando da persuasão pra colocar seus alunos uns contra os outros?, as coisas começaram a fazer sentido. Respirei fundo, ignorando a magia que ele estava tentando usar contra mim.

Meus olhos encontraram os de Tanay e eu tive certeza que ele havia sido pego pelo Gibert — e sua expressão séria evidenciava isso. Deixei minha expressão o mais suave possível e decidi usar os meus poderes de persuasão assim que abri a boca:

— Para de me olhar assim, Tanay. Gilbert só está tentando mexer com a sua cabeça.

— E ele também mexeu na sua quando decidiu me abandonar?

Senti o peso da patada, mas apenas não me deixei abalar visivelmente.

— Eu estava tentando defender a nossa equipe quando tudo aconteceu! — digo em minha defesa. — Nerea, uma maldita serva de Olivia, me levou pro céu num pégaso e quando caímos... estávamos tão longe de vocês... — em partes eu acabei forçando a minha voz para sair chorosa, mas de fato ainda sentia por tecnicamente tê-lo abandonado.

Vi que sua expressão suavizou-se um pouco.

— Então por que nunca me procurou? Por que decidiu ir atrás dos seus velhos amigos?

— Foram eles que me acharam e naquele momento eu precisava muito deles — tive que omitir para que as coisas se tornassem mais convincentes pra ele.

Logo vi compreensão em seus olhos.

— Você sabe que eu nunca abandonaria você daquele jeito — soei sincera.

Quando ele fez uma expressão melancólica, soube que enfim acreditava em mim — obrigada persuasão. Dei passos hesitantes na sua direção e o abracei.

— Mas eu devia ter dado um jeito de te procurar, desculpa.

— E desculpa por ter matado seu namorado — murmurou em meio ao abraço. — Eu vou te dar uma última chance de se redimir — disse, finalizando o abraço. — Ganhe esse jogo, Kary. Tem mais chances que eu de fazer isso.

Tanay toca meu colar Elemental completo e eu arregalo os olhos assim que ele começa a andar pra trás. Uma piscadela é a última coisa que ele dá pra mim antes de se jogar lá embaixo — sorrindo! Fico um bom tempo com uma expressão de espanto. Por que é que tá todo mundo apostando tanto que vou ganhar?, o pensamento me ocorreu. E se...

— Tudo bem, próxima luta! Xander venha à frente. Fiquei esperando o jogo inteiro por essa luta e parece que Moros me pregou muitas peças. — Apenas Gilbert riu do que dissera. — Contemplem Karysha versus Xander!

Engoli em seco, vendo o sorriso perverso do filho de Hades enquanto sua plataforma se aproximava da minha. Ambas se conectaram e ele cruzou os braços, ainda com aquele sorriso idiota na cara.

— Olha, foi bem maneiro ele ter se matado por você e tal, mas eu não vou precisar fazer isso. — Ele toca o próprio colar Elemental. — Sabe como é, vai ser divertido lutar com você depois de tanto tempo.

Com a sua fala, não pude deixar de ficar séria. Durante todo o jogo fiquei procurando-o, querendo concretizar a minha vingança, porém, isso teve que ser adiado por noites, semanas... Até enfim chegarmos aqui. Estamos cara a cara.

Eu cerro os punhos.

— Xander, aquele que matou o seu amado, Karysha. Aquele que você jurou vingança por tanto tempo... — a voz de Gilbert só atiçava meu sentimento de ódio. — Karysha, aquela que matou a garota que você jurou proteger, não é, Xander?

O sorriso que ele antes tinha no rosto sumiu rapidamente, entrando no lugar uma séria. Dava pra sentir o quanto ainda desejava se vingar por aquela morte. A morte de Udenkwo.

— Temos contas muito antigas a acertar — digo, estalando os dedos numa tentativa de intimidá-lo.

— Exatamente por isso que vai ser divertido. — Um resquício de sorriso brotou em seus lábios.

Xander puxou a sua espada de obsidiana lentamente enquanto eu aproveitava para sacar a minha cimitarra. Ele a analisa, levemente surpreso. Entretanto, essa surpresa se vai depressa e ele parte pra cima de mim. Minha primeira reação é criar uma barreira de gelo para impedi-lo de chegar tão rápido, mas da mesma forma, ele a derrete rapidamente com fogo.

Recuo alguns passos pela surpresa e meus pés vacilam na borda da plataforma. Meu coração acelera assim que começo a cair involuntariamente. Num ato desesperado, me agarro com uma mão apenas na borda da plataforma. Xander gargalha.

— Essa luta durou o quê? Uns dez segundos? — debochou e ergueu o pé na direção da única mão que me impedia de morrer. — Foi a luta final mais patética que já participei.

Antes que ele pisasse nos meus dedos, acabei soltando, orando mentalmente no milésimo de segundo que eu tinha para que os poderes do colar Elemental tenham voltado. Invoco os ventos de Éolo, esperando que ele tivesse compaixão de mim e então, rajadas de ar me impulsionam pra cima. Aproveitando seu momento de distração pela surpresa por me ver voltar, deposito um soco na sua bochecha cheia de vontade.

Com eu queria ter feito isso antes.

Vendo ele atordoado, dei um chute na lateral do seu corpo e mesmo sentindo dor, o mesmo ergue a espada e eu uso a minha para me defender. Meus pés voltam à plataforma. Deixo uma camada de gelo segurar seus pés e Xander faz uma careta, começando a usar o fogo para derrete-lo. Não aliviei ao atacar com a espada novamente. Como se estivesse acostumado, defendeu com facilidade.

Continuamos um tempinho atacando e defendendo um ao outro até que eu tive uma pequena ideia. Nossos poderes Elementais podiam se coincidir muito — deve ser por isso que ele nem ousa invoca-los agora —, mas isso não era o importante. O que conta é como o usamos e não quanto nós temos. Por isso, invoquei um pouco de água salgada, jogando-a na direção do seu rosto.

Abri um minúsculo sorriso quando a água atingiu seus olhos como planejado. Quem costumava fazer esse tipo de coisa era o Imma. Balancei levemente a cabeça, querendo evitar memórias desnecessárias para o momento e aproveitei o segundo de atordoamento de Xander novamente, empurrando-o com força para que caísse.

Ele cambaleou um pouco antes de perder o equilíbrio e atingir a plataforma. Um pouco de si ficou fora dela e eu podia simplesmente apenas empurrá-lo lá embaixo, porém, eu queria saborear mais daquela preciosa vingança. Só um pouco mais...

Avancei pra cima dele, deixando minha espada de lado para socar seu rosto. Por um segundo ele chegou a segurar meus pulsos, mas utilizando a técnica de ar do Tanay, invoquei-os de Éolo e pressionei-os contra o peito de Xander. Sua expressão se apertou numa careta e aproveitando sua hesitação, soquei seu rosto várias vezes como nunca havia socado de ninguém. Adrenalina corria pelas minhas veias, pedindo por mais. As juntas dos meus dedos ardiam, entretanto, isso não fazia com que eu parasse.

Soquei sua bochecha até que cuspisse sangue.

Logo foquei no seu nariz, socando-o até que fizesse um estalo e deixasse sangue escorrer. Por fim dei um último soco forte — não tanto quanto eu gostaria por causa da dor que começava a sentir nos dedos — num de seus olhos. Em todo esse tempo, nem me dei o trabalho de ouvir seus gemidos de dor.

— Por Kameel. Por Kameel. Por Kameel — repeti diversas vezes para que ouvisse bem. — E pela Benigna também.

Ainda em cima dele, percebi que estava ofegante. Meus punhos ainda estavam cerrados e havia ganhado alguns cortes sangrentos nos mesmos. Agora não sabia se o sangue no rosto dele era meu ou do próprio. De qualquer forma, aquele momento de dor que tinha causado nele pareceu ser quebrado assim que soltou uma gargalhada após cuspir sangue.

— Sabe do que estou me lembrando agora, filha de Quione? — Mesmo sangrando, tinha um sorriso torto nos seus lábios. Devagar, ele ergueu a mão e tocou minha bochecha. — O cão Laelaps, aquele que nunca perdia uma presa e a raposa Teumesiana, aquela que nunca poderia ser caçada. Um ciclo infinito, Karysha. Como eu e você.

Dei um tapa na sua mão que tocava minha bochecha. Sua perna se moveu e num chute fraco, ele fez minha espada despencar para a imensidão abaixo dê nós. Soltei um xingamento alto e dei um tapa na sua bochecha ferida. Ele gemeu. Então aproximei seu rosto do meu, já tomada por um ódio intenso.

— Há uma coisa errada no que você disse, Xander. Eu não sou uma raposa — digo, já com os lábios perto do seu ouvido. — Eu sou um lobo.

Fiz meus caninos aparecerem e numa mordida feroz, perfurei seu pescoço.


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Notas finais do capítulo

E parece que a Kary finalmente conseguiu completar sua vingança u.u

No próximo capítulo - Natália volta à realidade o.o

Até o próximo capítulo o/



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