A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 41
A visão do Minotauro


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey Batatinhas Ambulantes o/

Então, por favor LEIAM AS NOTAS u-u

Pra deixar beeeeeem claro, neste momento eu estou num lugar sem internet kk exatamente por isso que eu deixei programado a postagem u.u e como meu costume é responder os comentários apenas na sexta... Bom, eles vão ficar sem resposta até sábado e.e ~que é o dia que eu retorno e me dedicarei a vocês ♥

Espero que me perdoem kk pelo menos o capítulo vai sair no dia certo u.u

No capítulo de hoje - uma visão realista o.o

Tenham uma boa leitura o/



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Embora tivesse se passado bastante tempo — acho que foram umas duas semanas ou perto disso — desde o anúncio que o Tanay fizera de que finalmente tentaríamos reconquistar nossa antiga cabana, eu ainda não conseguia acreditar que havia quebrado a barreira de gelo dele e tinha sido promovida a vice-líder.

Só que em contrapartida, nunca tinha visto Henrietta tão fechada. Ela quase não conversava conosco — e se falava algo, sempre era sobre o plano de ataque. Eu começava a suspeitar de que a morte da sua amiga tinha afetado muito o emocional dela.

Aliás, eu não conseguia esquecer aquele beijo.

Tudo bem que havia muito tempo que o mesmo tinha acontecido, entretanto, minha cabeça as vezes implicava comigo e recolocava aquela cena nos meus pensamentos. Claro que Tanay não tentara me beijar depois — longe disso, ele me tratava realmente como vice-líder e não como sua "queridinha" irmã. Só que ainda sim a curiosidade me corroía por dentro, querendo descobrir o motivo dele ter feito tal coisa.

Naquele momento estávamos repassando os últimos detalhes de ataque. Aquela seria a noite em que surpreenderíamos Olivia e seus tripulantes na nossa antiga cabana. Nós quatro estávamos reunidos.

— Primeiro Quant cuida da distração na parte da frente — revisou Tanay. — Nós três nos mantemos nos fundos e invadimos enquanto eles estão distraídos na frente.

Quant melhorara muito desde que começara a treinar com meu irmão. De nível quatro, agora ele era um seis — por que tudo mundo conseguia mais rápido que eu? E eu só ficava cada vez mais ansiosa pra passar pro nível sete. Como tinha virado vice-líder, os meus treinamentos haviam terminado. Tanay sempre argumentava que eu já era boa o suficiente e que o resto de experiência eu conseguiria sozinha.

Mesmo assim, eu suspeitava que toda essa desculpa era por causa do nosso beijo.

Todos assentimos pois sabíamos o que aconteceria assim que conseguíssemos distrair a tripulação de Olivia.

— Henri e Quant estão dispensados — disse Tanay.

Os dois saíram da sala onde nos reuníamos e foram pro quartinho ao lado — onde ficavam as armas — e provavelmente começaram a trabalhar nas suas armas.

— O que foi? — questionei, percebendo que só havia ficado nós dois.

— Vou consagrar uma arma à nossa mãe e queria sua ajuda.

— Isso quer dizer que...? — um pequeno sorriso se formou em meu rosto, quase imaginando o que ele iria dizer em seguida.

— Vou devolver sua espada.

Minha reação foi automática: gritei e pulei em seu pescoço um abraço forte. Abraço esse que durou poucos segundos antes eu lembrar do momento constrangedor que tivemos da última vez que tínhamos ficado tão próximos. Acabei corando ao me lembrar.

— Tudo bem, er... Como vamos consagrar sua arma?

Tanay não pareceu constrangido com o curto abraço. Apenas meneou a cabeça pro lado de fora.

— Não vamos longe dessa vez — disse ele.

Dei de ombros. Já havia enfrentado tanta coisa nesse jogo que mais um monstro pra mim não seria tanta surpresa assim. Lembrar do último me fez passar uma mão na nuca e ver o quanto ela estava descoberta desde que cortara o cabelo — Henrietta havia me ajudado a consertar o corte mal feito que Tanay fez. Ele estava mais pra um corte chanel de nuca batida — só que um pouco torto porque a tesoura que Quant construiu não era lá essas coisas.

Realmente não fomos muito longe. Dava pra ver claramente a cabana de onde estávamos. Demos as costas um pouco e logo ele fez aparecer minha famosa cimitarra de gelo. Ele me entregou ela e eu a segurei satisfeita por tê-la como minha de novo.

Segundos depois ele estava fazendo uma espada de gelo, de dois gumes e bastante longa — tanto que eu achava pesada só de olhar! Quando ele terminou de fazê-la, o mesmo assentiu e eu sabia o que significava.

A última coisa que Tanay se dera o trabalho de me ensinar foi uma oração pra convocar minha mãe caso fosse muito necessário. E era isso que ele queria usar agora. Abrimos a boca e recitamos juntos:

— Mãe Quione, deusa da neve, gelo e ventos. Precisamos da tua presença aqui conosco pois tem nos faltado recursos para continuarmos. Oh, Mãe, ouça aqueles que...

Antes que completássemos a oração, uma luz branca surgiu entre nós e de lá começou a sair ventos fortes. Tive que colocar as mãos no rosto para impedir que a claridade pudesse me deixar cega. A intensidade da luz diminuiu um pouco, mas os ventos começaram a fazer meus cabelos curtos balançarem.

— Ajuda... — era a voz de Quione. Sua voz estava entrecortada como um rádio com interferência.

Assim que consigo abrir os olhos bem devagar com a diminuição da luz, percebo que a luz na verdade era uma visão — ou transmissão, algo assim. Nela mostrava minha mãe numa armadura que parecia ter sido feita de gelo e bastante resistente. Ela estava de escudo e espada em mãos, parecendo se defender de alguma coisa... sombria.

Quione caiu no chão e a sombra avançou contra ela, como que pra devorar. O monstro ergueu algo que era complicado de ver através da falha da visão.

— Estou morrendo... — gemeu ela. — Me ajudem...

Olhei pra Tanay no mesmo instante, não entendendo o que sequer estava acontecendo. Pelo menos ele parecia ver o que eu estava vendo — e pelo jeito aparentava estar tão transtornado quanto eu.

Não pudemos nem decidir se a ajudaríamos porque a imagem picotou e a última cena que vi foi a sombra atingindo algo contra ela que explodiu em luz dourada. O incrível era que a luz foi se transformando em trevas e daquela "visão" acabou deixando sair a sombra que provavelmente havia acabado de matar minha mãe.

Dei alguns passos pra trás, assustada. Pelo menos minha cimitarra estava em mãos.

Apertei os olhos, querendo descobrir que criatura mitológica seria aquela e não demorou muito até a sombra ir tomando forma de uma fera enorme e furiosa. Quando os traços foram se revelando foi que eu dei mais passos assustados pra trás, vendo o formato do famoso Minotauro.

As sombras da visão começaram a se espalhar, enchendo todo o local que estávamos, tornando difícil de enxergar já que era noite. Minha primeira reação foi me transformar em lobo pra que meus instintos me ajudassem naquela situação. Embora minha transformação tenha irritado o Minotauro, pelo menos minha visão melhorou muito no ambiente.

O monstro ergueu o que antes eu só enxergava como uma sombra. Era um machado enorme. Dizia-se a lenda que ele devorava crianças num labirinto subterrâneo. Será que ele me devoraria? Não sou criança, pensei, mas eu sabia que independente disso eu era humana, então minha idade não seria lá grande coisa.

Me transformar pra lobo era uma benção só que além de puxar um pouco minha energia, fazia com que minha espada ficasse inutilizável — tanto é que ela caiu quando eu me transformei.

Em meio aos meus devaneios, o touro gigante veio com tudo pra cima de mim — usando as quatro patas ainda! Vi seu machado preso nas costas como um borrão antes de sair em disparada da frente. Assim que seus chifres atingiram uma árvore, o mesmo balançou a cabeça, se livrando do tronco tão facilmente quanto havia entrado.

Meu coração batia acelerado e eu podia ouvir tudo ao meu redor. Era óbvio que eu estava tentando formular um plano, só que segundos depois o touro estava atrás de mim de novo e por incrível que pareça, todas aquelas dicas que as pessoas falam de como desviar de um touro, haviam simplesmente desaparecido da minha cabeça, só dificultando as coisas.

Não sabia que caminho tinha pegado, entretanto, eu conseguia ouvir passos — não do touro, passos mais leves — em meio ao campo. Tentei me concentrar neles, porém, o monstro novamente vinha atrás de mim.

Qual é, tanto Tanay quanto eu somos filhos de Quione, pensei inconformada por eu ser o único alvo.

Tudo bem, eu precisava desesperadamente de um plano, no entanto, Tanay havia sumido e as condições não eram nada boas pra se poder pensar. O que eu sabia era: 1) touros não enxergam muito bem; 2) mas no mito diz que ele era híbrido de humano e touro, então deve enxergar melhorzinho; 3) ainda ouço passos, todavia parecem estar não muito longe daquela confusão toda; 4) pode ser Olivia que nos encontrou; 5) Tanay pode estar morto; 6) ou ele deve ter fugido pra longe ao ver que o monstro só estava me perseguindo.

Isso não tá ajudando, pensei em desgosto. Tudo aquilo só dava mais nó na minha cabeça. Calma. O touro deve estar só me perseguindo por causa da luz da transformação. Aquilo deve ter chamado a atenção dele, raciocinei enquanto desviava dele mais uma vez. Estava começando a cansar. Mas se foi esse mesmo o problema... Será que Tanay não se arriscou por causa disso?, deve ter sido isso. Só pode. Talvez ele tenha ido buscar ajuda.

Ou não.

Desviei mais uma vez do touro, sentindo que todo aquele nervosismo só me deixava mais cansada. Não poderia ficar desviando do touro pra sempre. Precisava de um plano. E rápido.

Como que em respostas às minhas preces, o touro se agitou, só que não era aquele agito de ataque e sim um de desespero — daqueles que acontece quando um animal é atacado e busca se defender com agilidade. Tive que desviar mais algumas vezes de um touro enfurecido, porém não demorou muito ao ver Tanay montado no mesmo. Consegui captar o momento exato em que ele dá uma espadada mortal no lombo do animal.

Bem, isso não foi tecnicamente totalmente suficiente porque o bicho não virou pó. Eu juro que pensei que aquela briga estava ganha, entretanto, o animal começou a dar coices em movimento, tentando se livrar do meu irmão. Obviamente eu fiquei tentada a voar no pescoço do monstro, só que era grosso demais e eu só estaria pondo minha vida em risco.

Perto de arbustos eu me transformei em humana — e bem a tempo de ver Tanay ser derrubado. Quando o monstro ameaçou pular nas costelas dele até quebrar, eu rapidamente fiz uma chapa de gelo por cima  do corpo de Tanay — que felizmente estava consciente e não parecia ferido. Ainda.

Aproveitando a deixa que eu lhe dera, meu irmão escapou enquanto o touro se recuperava dos golpes quase fatais que recebera. Meus olhos humanos novamente me atrapalharam de ver onde Tanay poderia ter se escondido nos arbustos, mas pelo menos eu sabia que estava vivo.

O problema maior agora era o Minotauro.

Ele está ferido, Kary. Vai ser fácil se livrar dele, pensei, tentando me passar confiança. É, talvez até pudesse ser fácil me livrar dele agora, só que eu tinha perdido minha espada no caminho e não tinha nem noção de onde ela poderia estar agora.

Como se não bastasse, o animal foi envolto de uma névoa negra que começou a sarar os ferimentos. Aquilo me fez ficar surpresa — e mais assustada do que já estava. Com a adrenalina mais baixa, sentia meu coração martelando no peito, querendo ficar escondida pra sempre.

Porém, eu me lembrava muito bem de algo que havia dito a Utae uma vez: — quando fui atacada pelas Fúrias pela primeira vez — podemos escolher como vamos morrer. Podemos morrer sendo covardes ou heróis. Isso só depende de nós. O pensamento me fez respirar fundo e pensar que faria daquele instante o meu momento de heroína e não de covarde.

As linhas na minha mão começaram a brilhar fracamente em branco e uma espada curta começou a se formar em minhas mãos. Esperava que pelo menos aquilo não fosse um pedido silencioso de ajuda do Tanay.

Respirei fundo, sabendo que me manter nervosa não seria a melhor solução. Então me levantei dos arbustos, preparada pra encarar o monstro, só que tive mais uma surpresa: ele não estava ali.

— A cabana! — ouvi Tanay exclamar de sabe-se lá onde.

Fiz a espada curta sumir, bem a tempo de ver uma explosão de luz, indicando que finalmente Tanay havia se transformado em lobo — e que não estava longe de mim. Aproveitando a deixa, também me transformei e caminhei com cuidado pelo caminho da cabana — até achei minha cimitarra pelo caminho.

Tive que voltar a humana pra pegá-la, mas continuar o caminho não foi um problema. O que meus olhos viram quando encararam a cabana é que foi um verdadeiro problema. O Minotauro havia destruído tudo.

E estava erguendo o machado gigante para partir meu irmão em dois.


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Notas finais do capítulo

Agora entenderam o que eu quis dizer com "visão realista"? hasuhsaushausah e agora? o.o o que será que a Kary vai fazer para salvar o irmão?

Ou será que esse é o fim do Tanay?

No próximo capítulo - Kary vs o Minotauro u.u

Até o próximo capítulo o/



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