A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 40
Ele... me deu um beijo


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Primeiramente eu gostaria de agradecer a "Kahrui Akimichi" por ter recomendado a fanfic essa semana *3* ain, o número de recomendações só está crescendo e meu orgulho por vocês ainda mais :3

A propósito, falando em orgulho, é sério, os comentários sobre o capítulo anterior me deixaram impressionada o.o eu quase não acreditei quando vi que a maioria gostou do capítulo ~alguns não gostaram, mas eu sei que no fundo me amam u.u~ sério, vocês são os melhores leitores que alguém poderia querer *3* obrigada por todo apoio ^^

No capítulo de hoje - a montagem do plano de contra-ataque u.u ~contra quem? Vocês estão lembradoooooos? u.u

Tenham uma boa leitura o/



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De primeira eu fiquei sem reação. Eu não sabia que ele faria aquilo comigo, então o resultado foram minhas bochechas ficando cada vez mais quentes e meu coração cada vez mais acelerado. Meus olhos estavam arregalados em surpresa e minhas mãos haviam travado na sua nuca. Uma coisa que nunca podemos esperar é um beijo de um... amigo. Menos ainda de um irmão. Confesso que era bom e ao mesmo tempo estranho. Era como se... estivesse beijando eu mesma.

Bem, o pior não era isso. O pior era que eu estava tão surpresa — e travada — que mal consegui correspondê-lo decentemente.

A primeira coisa que fiz foi tirar as mãos da sua nuca — decididamente, nunca mais brinco com a tatuagem dele —, depois devagar fui afastando nossos rostos, embora estivesse morta de vergonha de encara-lo agora — senti até minhas bochechas corarem de novo! Pelo menos, quando olhei pra ele, percebi que não era a única envergonhada pelo que tinha acabado de acontecer.

Percebendo que eu ainda estava desengonçada no gelo — e ainda em cima dele de uma maneira constrangedora —, ele acabou refazendo as lâminas na sola das minhas botas de metal e por sorte, também me ajudou a equilibrar.

É, bem, aquela cena poderia ser romântica entre nós — e eu confesso que até era — só que o que aconteceu em seguida, acabou completamente com o clima:

— Vocês estão em lago sagrado — uma vez como um sussurro de mil vozes correu por nós. — O lago para nosso irmão, Fáeton.

Foi aí que eu vi da onde que vinham. Da única — e magnífica — árvore de choupo, localizada bem perto do lago, com alguns galhos passando por cima de algumas partes. As três irmãs estavam talhadas na árvore. Uma num galho mais a esquerda, outra num galho mais a direita e por fim uma no tronco, ficando mais elevada que as outras duas. Todas mantinho expressões chorosas, como se chorassem eternamente.

— As Helíades — murmurei mais pra mim.

Eram três irmãs que perderam o irmão Fáeton e desde então choraram tanto que foram transformadas na árvore — dizem até que suas lágrimas foram transformadas num rio. Pelo jeito no jogo é um lago.

Antes que eu pudesse ter um raciocínio rápido — a cena com o Tanay tinha feito uma bagunça no meu cérebro —, senti algo prendendo meus pés. Quando olhei pros mesmos, vi galhos se apoderando deles.

— Tanay! — gritar foi meu primeiro instinto.

Não adiantou muito porque ele também estava sendo capturado pela árvore.

— Congele as raízes — foi a primeira ordem dele.

Fiz o que pediu, pra ver se adiantava alguma coisa. Não serviu de muita ajuda. A árvore criava outro jeito de me prender. Começou a ficar tão forte que acabei escorregando. Elas estavam me arrastando em direção à árvore. Meu coração começou a acelerar em desespero. Não fazia ideia do que poderia fazer pra impedir. Meus treinamentos não incluíam ser capturada por uma árvore.

Não demorou muito até os galhos me cobrirem até a barriga, continuando a me puxar em direção à árvore. Olhei pro lado, querendo ver se Tanay tinha tido alguma ideia, mas o mesmo havia sumido. Foi aí que fiquei mais nervosa sobre o que quer que estivesse acontecendo.

Assim que fui arrastada até perto da árvore, o galho me ergueu até eu ficar da altura da helíade do meio, no tronco.

— Eu Egle e minhas irmãs Egialeia, a da esquerda e Etéria, a da direta, condenamos você e o seu...

Quando a árvore ergueu o outro galho, não havia nada. Nem sequer um resquício de Tanay. Como os rostos na árvore nem sequer tinham expressões mutáveis, não dava pra saber se havia sido proposital ou acidental o sumiço de Tanay.

— Condenamos você por ter ousado tocar no nosso lago em homenagem ao nosso irmão.

O galho que me prendia foi subindo, agora cobrindo os seios — só não pegou meus braços porque eu os erguei, mas sabia que isso só adiaria a prisão dos mesmos. Quando chegou ao busto, fiquei novamente preocupada. Então num ato desesperado, tentei congelar a árvore. Teria sido uma ótima ideia se não tivesse acelerado o processo de enjaulamento-galhau — foi o melhor nome que encontrei pra isso.

Mesmo com meus braços erguidos, os galhos foram tomando conta. O pescoço já estava todo coberto, agora dificultando minha respiração. Então percebi que elas também estavam me apertando, como uma cobra faria com sua presa. Logo, logo eu viraria jantar das Helíades.

Tanay, onde está você? Algum plano seu viria a calhar agora, me vi pensando, enquanto sentia meus braços sendo tomados e agora aos poucos meus rosto também era. Minha boca foi sendo coberta aos poucos, já diminuindo o ar que chegava aos meus pulmões. Minha primeira reação foi fechar os olhos, decidida a me entregar a morte — coisa que já havia adiado fazia tempo.

Até que ouço um barulho de algo se quebrando — minha cabeça já havia sido coberta tinha um tempo — e logo meu corpo atinge algo duro. Segundos depois o casulo começa a se encher de água, mas como não podia me mexer — e o ar nos meus pulmões estava acabando —, decidi que aceitaria o que tiver que vier.

Não sei o que acontece depois. Só sei que quando meu pulmão encontrou o ar mais uma vez, Tanay estava lá, cortando os galhos de mim com uma adaga de gelo. Enquanto ele tentava me livrar daquelas coisas, eu respirava ofegante, ansiosa pelo ar que ficara sem por alguns instantes.

Quando meu corpo estava completamente liberto, percebi que estávamos ainda em cima do lago congelado.

— Melhor... sairmos daqui — falei, só então percebendo minha voz rouca.

Tanay assentiu e me ajudou a pôr de pé, embora sentisse meu corpo molenga. Era como se os galhos tivessem sugado toda minha energia para si. Tive que me apoiar no meu irmão porque mal conseguia andar direito! Ele entendeu o recado e me ajudou a dar alguns passos.

Bem, a sensação de estar livre não durou muito porque mais galhos se agarraram em mim — dessa vez nos meus cabelos —, rapidamente tomando conta do meu rosto agora, cortando meu ar mais uma vez.

Entrei em desespero.

Felizmente Tanay deve ter agido mais rápido dessa vez, cortando os galhos antes que eles sequer chegassem no meu pescoço — eu só sabia disso porque eles pararam de crescer. Senti meu corpo sendo erguido e não demorou muito até eu estar sendo deitada num lugar gramado. Ele havia ao menos me tirado do lago, embora tenha me colocado ao lado dele.

Meu irmão novamente começou a me livrar dos galhos, cuidadosamente com uma adaga de gelo. Aos poucos eu agradecia mentalmente de novo por estar respirando novamente.

Até que eu ouvi um xingamento vindo dele

— O que foi?

Tanay suspirou antes de dizer:

— Dessa vez embolou muito no seu cabelo.

— Hein? — não sabia bem onde ele queria chegar.

— Vou ter que cortar.

Foi aí que a ficha caiu.

— Como é? — grunhi.

— Vou ter que cortar seu cabelo.

Por um momento fiquei sem saber o que responder. Era óbvio que eu não queria que ele cortasse meu cabelo — até cogitei uma possibilidade de ficar o resto do jogo com os galhos na cabeça.

— Tudo bem?

— Pode... cortar — falei, bastante à contragosto.

Senti ele segurando meu cabelo com força, esticando os fios, até que não senti mais sua força puxando meu cabelo. Ele tinha cortado mesmo. Engoli em seco, não querendo acreditar naquilo, mas acabei levando uma mão ao mesmo, só pra ter a confirmação. Meu cabelo que antes batia pouco mais abaixo dos ombros, agora estava na bochecha. Não sabia que ele cortaria tanto assim.

Fui me levantando do chão devagar e observei meu cabelo nas mãos dele — cabelos esses que foram mudando da cor azul ao branco, até simplesmente desaparecerem. Respirei fundo, agradecendo por não ter nenhum espelho por perto porque eu sabia que surtaria se me visse de cabelo curto agora.

— Melhor voltarmos — anunciou ele. 

Embora o caminho tenha sido desconfortável pro causa do beijo que acontecera — acho que na verdade o caminho foi mais desconfortável pra mim —, não demoramos muito pra chegar pela noite como de costume.

Henrietta e Quant cuidavam da fogueira e ela assava a comida enquanto ele esperava ansiosamente pra comer. Permiti me sentar perto de Henri e Tanay acabou se acomodando ao lado de Quant. Agradeci mentalmente por estarmos sentados paralelamente.

— Precisamos planejar nosso plano de ataque — anunciou Tanay.

— São quatro contra pelo menos vinte — disse Henri. — Não acho que teríamos sucesso.

— Quantidade não é nada comparado a estratégia — contra-argumentou o líder.

— Então o que sugere?

— A primeira coisa é contar com máquinas feitas por esse cara — ele disse, dando tapinhas nas costas de Quant. — O resto vai ser feito por nós mesmos.

— Já tem um plano ou você acabou de pensar nisso?

— Eu tenho um plano. — Eu conhecia aquele seu sorriso destemido. — Mas vamos precisar de tempo. Tudo bem pra vocês?

Quant foi o primeiro a assentir. Percebi que a expressão de Henrietta não estava muito passiva — acho que ela ainda tinha trauma do que acontecera à Daniela —, só que não demorou muito até ela assentir levemente com a cabeça. Quando vi, a decisão final havia ficado comigo. Os três olhares se dirigiram à mim, mas quem eu quis encarar naquele momento foi Tanay.

Ele me olhava com atenção, esperando minha resposta, entretanto, eu sabia que tinha muito mais coisas escondidas dentro dos gélidos olhos azuis. Os mesmos que me encararam quando nos beijamos. E como "curiosidade" é algo que faz parte da minha vida...

Acabei assentindo.

— Boa escolha, vice-líder. — E aquele pequeno sorriso voltou ao seu rosto, me chamando para um desafio silencioso.


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Notas finais do capítulo

Opaaaaa, parece que a Kary finalmente recebeu a consideração que merecia, não? u.u

No próximo capítulo - uma visão realista o.o

O que vocês imaginam que sejam isso? Podem começar com as teorias u.u

Até o próximo capítulo o/