A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 23
Ele sempre vai ser o retardado de sempre


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Primeiramente eu queria me desculpar com duas leitoras que eu ESQUECI de responder o comentário KK eu JURAVA que tinha respondido e quando fui olhar hoje, vi que não tinha feito isso e.e foi maaaaaal e.e

Bem, só queria dizer a todos os leitores que ficaram chocados com o capítulo anterior que... AI CÉUS, EU NUNCA RI TANTO COM MENSAGENS DE ÓDIO HASUHSAUHSAUHSAUSAHSUAHSAUHSUSHUSHSUAHAUHSAUHSA sério, eu to até pensando em separar as melhores e fazer uma montagem e postar na minha página e.e se preparem, vou dedicar a postagem ~e quem sabe o próximo capítulo u.u~ às melhores mensagens que recebi essa semana kk

No capítulo de hoje - o abraço e o sutiã de metal u-u ~le pessoa que deixou uma incógnita de propósito e.e

Tenham uma boa leitura o/



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Sabe aquele momento em que você se sente sem chão? Você não sabe pra onde ir. Não pisca, não se move, não fala e nem ouve. Isso é o que as pessoas chamam de “choque”. Você vê sem querer algo que te perturba e que talvez você pensou que nunca aconteceria, só que ela acontece diante dos seus olhos e você não sabe lidar com aquela situação.

Aí você entra em choque.

Eu ouvia barulho. Havia pessoas gritando no meu ouvido palavras que eu me recusava a ouvir. Não fazia ideia porque eu ainda permanecia acordada — embora não me mexesse, nem sequer piscasse. Eu estava ali, respirando, mas encarando a cena vazia do que acabara de acontecer.

O momento do choque só passou quando alguém sacudiu meu ombro. De repente eu estava no chão, com a respiração fraca e meu coração acelerado. É, talvez eu tenha desmaiado e não tinha percebido.

— Kary — demorei um tempo para reconhecer a voz de Imma.

Foi um sonho, Kary. Tudo isso não passou de um sonho maluco. Kameel está vivo. Você está nos dormitórios, abraçadinha com ele como fazem todas as noites, tentei manter o pensamento positivo enquanto voltava a encaixar a cena que se desenrolava na minha frente.

Meu lábio inferior tremia, anunciando um choro que estava ansiando por vir.

— É um pesadelo, não é? — minha voz saiu frágil como uma camada fina de gelo sobre um lago. — Nada disso é real...

Apreciei o seguinte gesto de Imma em acariciar minha bochecha e sussurrar:

— Você precisa ser forte agora.

Então, bem devagar ele me ajuda a levantar da maneira mais delicada possível. Quando realmente olhei o que tinha acontecido, fiquei aliviada ao descobrir que Xander já havia ido embora, Rian ainda estava vivo e Utae também.

Segundos depois de eu ter recuperado minha sanidade, eu a perdi ao ver Malek. Kameel morreu pra tentar salvar aquele desgraçado, foi o primeiro pensamento que atingiu minha cabeça.

Num impulso, me soltei de Imma e corri em direção ao Malek, com mais energia que eu imaginava ter. Mal percebi uma cimitarra de ponta grossa e dentes afiados de gelo em toda lâmina, surgir em minhas mãos. Só sei que demorou questões de segundos até eu estar em cima de Malek, com os dentes de gelo da cimitarra feita pelo meu poder, tocando sua pele do pescoço. Meus dentes estavam cerrados. Havia raiva tanto na expressão facial quanto na corporal.

— Você matou ele — digo entredentes, brava.

Malek mal parecia entender o que estava acontecendo.

— Eu vou te matar seu...! — Pensei em diversos xingamentos, mas sabia que o jogo iria censurar caso eu os dissesse em voz alta, então acabei desistindo da ideia.

Não vi Imma chegando por trás de mim pra me segurar, só que isso fez com que Malek escapasse de mim.

— Me solta! — vociferei, completamente irritada, me debatendo.

— Kary, matar o Malek agora não vai trazer Kameel de volta!

A verdade. Você nunca gosta de ouvir quando ela é pesada, não é? Pois eu tenho uma péssima notícia: quando a tal verdade chega aos seus ouvidos, ela corta tão profundo como a lâmina mais afiada do mundo.

Então Imma me soltou ao perceber que meus músculos haviam relaxado, anunciando desistência. Larguei a cimitarra e caí de joelhos na neve, despejando as lágrimas que eu tinha guardado pra mim até então. Não sei se naquele momento alguém tentou se aproximar de mim. Só sei que uma barreira de gelo começou a surgir ao meu redor, indicando o quanto eu queria ficar sozinha naquela hora.

Bem, isso não foi o suficiente pra manter eles longe de mim. Malek usou um pouco do resquício de poder que lhe sobrara e quebrou um pedaço do cubículo que eu havia criado ao meu redor.

— Kary — inesperadamente eu ouvi a voz de Imma —, eu sei que você não está muito bem agora, mas precisamos ir ver Utae. Ele está com problemas.

Respirei fundo. Você precisa ser forte agora, as palavras de Imma correram pela minha mente naquele instante. Engoli em seco e aos poucos fui desfazendo a barreira de gelo, embora ainda quisesse ficar sozinha.

Imma segura meu braço delicadamente e me guia até o local onde Utae gemia e gritava, provavelmente com dor em algum lugar. Malek também se apoia em Imma, o que me faz rosnar pra ele por um momento, até Imma me acalmar com palavras doces.

Quando chegamos perto de Utae e Rian, percebo o que tinha acontecido. Utae havia perdido a mão direita.

Bem, sei que eu deveria ter sido um pouquinho mais forte naquele momento, mas tudo o que consegui fazer em seguida foi vomitar tudo o que tinha dentro do meu estômago — adeus, jantar. Ver Utae sangrando me fazia lembrar da morte de Kameel e isso fazia aquela cena se repetir inúmeras vezes dentro da minha cabeça.

O toco que sobrara — graças aos deuses ele só perdeu a mão e não o braço inteiro —, já estava coberto com gaze, mas a mesma estava tão encharcada de sangue que parecia nem estar enfaixada.

— Malek, você curou a perna de Kameel... — Imma interrompeu a frase ao ouvir o gemido que eu havia soltado (segundos depois eu estava vomitando de novo). — Você consegue curar Utae também, não é?

— Talvez conseguiria se a mão dele estivesse aqui. Sem ela é impossível.

Imma, Rian e Utae soltaram um suspiro decepcionado.

— Entrem na cabana. Não é seguro ficar aqui fora — disse Utae no que parecia ser uma voz séria, já que ele sentia muita dor por causa da mão decapitada.

Todos assentimos e entramos silenciosamente. Um a um fomos nos sentando no chão da sala — provavelmente para discutir sobre os acontecimentos — enquanto Malek usava seu resquício de poder pra criar uma fogueira fraca na lareira. Meu estômago revirava.

— Sem nosso... — Utae pensou bem no que ia dizer — curandeiro aqui, não terei nenhuma chance de recuperar minha mão, não é?

Você precisa ser forte agora, a voz de Imma me aconchegava com as palavras de conforto e deixava meu estômago comportado.

Quem respondeu ele foi Imma, negando com a cabeça.

— Como foi que aconteceu? — Malek perguntou e sua voz parecia frágil.

Então eu me lembrei do que tinha acontecido com Malek para parecer tão fraco e triste. Benigna havia morrido também bem na sua frente, tentando salvá-lo. Tirou dois de mim, seu desgraçado. Os dois queriam salvar uma vida inútil, havia ódio no meu pensamento.

— Eu me distraí com a jorrada de sangue que espalhou por todo lugar. Quando Xander voltou, eu não consegui me concentrar em me defender. Estava chocado pelo que aconteceu. Segundos depois, lá estava eu sem minha mão de espada. Só não perdi a vida por causa de Rian. — Utae deu dois tapinhas (usando a mão que lhe sobrara) no ombro do mesmo. — Valeu cara.

“Eu me distraí com a jorrada de sangue...”, o sangue de Kameel escorrendo pela minha bochecha e me obrigando a engolir assim que toca em meus lábios, o pensamento correu como um veneno na minha mente. “... não consegui me concentrar em me defender”, eu me entregando à escuridão e me permitindo ser enterrada pela neve que tanto me acolheu, comprimi os lábios. Meus olhos estavam fechados agora. “Estava chocado pelo que aconteceu”, meus olhos estão abertos e eu observo a cena se desenrolando na minha frente. Me encontro em choque, sem conseguir me mover ou sequer fazer algo pra ajudar quem realmente precisa. Sinto-me vazia de compaixão e cheia de ódio.

Quando abri os olhos novamente, eu estava deitada numa das camas do dormitório. Havia uma tocha bruxuleante acessa, mas todos pareciam estar dormindo. Menos um que estava sentado, com as mãos no rosto. Pelo cabelo com os fios de fogo, reconheci que era Malek.

Tudo bem, o jeito como eu parei aqui embaixo? Possivelmente devo ter desmaiado enquanto recriava a cena da morte de Kameel. Não sabia que apenas cinco segundos poderiam me afetar tanto. Sangue... morte..., essas eram palavras distantes do meu mundo.

Decidi me levantar. Já havia desmaiado duas vezes e só queria um tempo sozinha. Queria pensar um pouco. Minha cabeça estava começando a ficar cheia demais com o que tinha acontecido.

Subo as escadas para o andar superior — que no momento se encontrava em completa escuridão — e saio pela porta da frente. Eu estava tão deprimida pela morte de Kameel que me tornei negligente quanto aos monstros que poderiam aparecer pra me transformar em pó.

Então, não muito longe, vi dois fiozinhos se destacando na branca neve. Suspirei, sabendo claramente a quem aqueles dois fiozinhos pertenciam.

— Dói, não é? — a voz de Malek bem atrás de mim me assustou.

Virei pra trás, demonstrando que não queria ele de jeito nenhum ali.

— Eu sei que dói — falei. Eram minhas primeiras palavras desde que havia recuperado a sanidade.

A neve começou a derreter ao nosso redor e percebi a minúscula careta que ele fez ao usar seu poder — é, ele realmente estava fraco.

— Eu odeio quando você faz isso — resmunguei, cruzando os braços.

Só quando ele abaixou pra pegar um dos fios prateados é que entendi o porquê dele ter descongelado a neve. Foi só pra achar aquele fio.

— É dele. — E estendeu em minha direção.

Era óbvio que eu sabia daquilo, embora tivesse bastante receio em tocar. Quando dei por mim já estava com aquela coisinha frágil entre os dedos, ao mesmo tempo que Malek se abaixava ao meu lado pra pegar o fiozinho prateado de Benigna — que estava bem ao lado do meu pé.

— Você sabe pra que serve.

— Não sei se quero fazer isso — saiu mais como um murmúrio.

Malek deu um passo pra trás, a fim de querer ficar frente a frente comigo.

— Não posso trazer Kameel de volta, assim como você não pode trazer Benigna de volta. Mas eles podem fazer parte da gente. Eles sempre fizeram. E você sabe disso.

— Para de dizer que eu sei — falei com a voz falhando e os olhos começando a se encher de lágrimas. Empurrei seu ombro por instinto. — Porque eu não sei.

Então virei de costas pra ele, não querendo que ele me visse num momento tão frágil.

— Eu devia ter dito pra ele — disse aquilo mais pra mim mesma enquanto fungava, deixando escapar algumas lágrimas.

— Kary...

Me recusei a me virar. Bem, isso não bastou pra deixá-lo quieto. Ele simplesmente caminhou até ficar de frente comigo de novo.

— No três.

Eu sabia o que ele queria.

— Um... — minha voz saiu baixa e delicada.

— Dois.

— Três.

Mal falei o “três” direito e os fiozinhos fizeram a sua parte. O meu enroscou na corda sem graça do meu colar e transformou-se em puro ouro fino que apesar da espessura frágil, parecia tão resistente quanto a corda de antes. O de Malek se fez em uma gargantilha negra com uma pedra vermelha ao centro que oscilava entre o laranja, amarelo e vermelho como seu cabelo. Não demorou muito até aquele poder envolver minhas entranhas e meus pés deixarem de tocar o chão. Minha armadura ganhou mais alguns pedaços enquanto a dele se transformava numa brunea. Ele agora era um nível 8 e eu uma nível 5.

Nossos pés tocaram o chão gramado úmido juntos e quando dei por mim já estava chorando descontrolavelmente. Então, inesperadamente sou envolvida num abraço dado por... Malek?! De qualquer forma, eu estava tão frágil e precisando de um ombro pra chorar que não me importei dele ser a pessoa mais detestável de todo planeta.

— Eu devia ter dito que o amava — sussurrei enquanto derramava as lágrimas.

Malek não disse nada, só continuou ali sendo meu ombro-amigo enquanto as minhas lágrimas não paravam de jorrar. O abraço dele era quente, da mesma forma como eu me sentia com Kameel. Era algo aconchegante porque até um coração congelado precisa de um pouco de calor pra sobreviver.

Aquele momento de “somos amigos porque acabamos de perder entes queridos” só acabou porque aos poucos fui recuperando minha sanidade pela terceira vez naquele dia e acabei me dando conta o quanto aquela cena era esquisita aos olhos de qualquer pessoa que visse. Ou parecemos um casal apaixonado ou dois amigos, e não éramos nem um nem outro.

Me soltei dele bruscamente, percebendo que eu realmente havia enlouquecido — e ele também, claro.

— Sinto muito por Benigna. — Dei dois passos pra trás pra que ficássemos em uma distância segura.

Ele não aprecia nem um pouco incomodado com o que acabara de acontecer. Eu e ele nos dando bem como amigos! As coisas realmente estavam fora do comum.

— Eu... vou sobreviver, não se preocupe.

— Eu não estava preocupada — respondi, cruzando os braços.

— Achei que por um momento fosse minha amiga. — Ele pareceu achar graça da situação e acabou cruzando os braços também.

— Não somos amigos.

— Não somos amigos — ele confirmou, mas isso não fez com que eu entendesse seu sorriso.

— Então por que esse sorriso idiota na cara?

Foi aí que ele mostrou algo que tinha em mãos. Arqueei uma sobrancelha ao ver a tira preta entre seus dedos e bastou eu dar dois passos na sua direção e me abaixar um pouco pra ver o que era antes do meu sutiã de metal cair por completo, deixando meus seios à mostra. De imediato usei as mãos para tapá-los.

— MALEK! — gritei quando ele começou a correr, forçando-me a correr também. — EU VOU TE MATAR SEU **********************************! — e soltei todos os xingamentos que eu conhecia e ainda em todas as línguas que eu havia estudado (e olha que eram muitas).

Nota mental: nunca confiar em Malek, ainda mais quando ele estiver bonzinho porque não importa o que aconteça, ele sempre vai ser o retardado de sempre.


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Notas finais do capítulo

HASUHSUSHUSA, pela primeira vez eles se tratando como amigos... Legal isso, né? :3

No próximo capítulo - Uma espadaaaaaa u.u ~aceito teorias u.u

Até o próximo capítulo o/



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