A casa estava em completo silêncio quando Sebastian cruzou pela porta segurando Hannah em seus braços. Semanas de espera por aquele momento e finalmente seria recompensado. A garota apertou um pouco os braços contra seus ombros quando ele iniciou a subida em direção ao andar de cima.

As velas acesas nos candelabros davam a iluminação necessária para o momento. Carinhosamente, Hannah afagou a nuca do marido, lembrando da breve cerimônia de casamento. Das palavras pronunciadas emocionadamente diante do sacerdote. A troca de alianças. Os discursos de seus pais na frente das famílias e de alguns amigos muito próximos.

Uma nova vida começaria para ela a partir daquele momento. Passaria a ser esposa de alguém, não. Não apenas alguém, mas do homem que amava. O que realmente fazia toda a diferença. Teria sua casa, seu lar, e um dia teria também filhos.

Sebastian empurrou a porta do quarto com a ponta do pé e finalmente eles ingressaram no espaço tão bem organizado pela marquesa. Com cuidado ele a depositou no chão passando as mãos pelas costas femininas.

— Finalmente sós... – comentou antes de soltar um breve beijo nos lábios femininos.

Ela sorriu. Sim, era quase um sonho finalmente se encontrarem sozinhos numa mesma peça, sem a possibilidade de que alguém entrasse e os atrapalhasse. Sem o “medo” de que alguém entrasse e os atrapalhasse.

— Este é o melhor dia da minha vida. – Hannah sussurrou perto dos lábios do marido provocando e oferecendo um olhar safado.

— Será também um dia inesquecível. – Sebastian completou ajustando as mãos na cintura da esposa. Aproximando-a.

Hannah afagou o peito dele, sentindo o bater acelerado do coração masculino. Sebastian lentamente desceu os lábios de encontro aos dela, carinhosa e delicadamente a beijou. Não era como um primeiro beijo. Nem os carinhos que trocariam seriam os primeiros, mas para ele cada toque tinha uma emoção renovada. Quase única.

Ela se ergueu ficando na ponta dos pés enquanto apertava os braços em torno do pescoço forte do marido e recostava o próprio ventre contra o dele. Não era a primeira vez que sentia toda a extensão do corpo de Sebastian, ela já o conhecia bem. Sabia que o marido gostava de seus toques, de suas investidas e não se enganou, em poucos segundos o homem diante dela arfava de desejo enquanto pressionava as nádegas dela com as mãos.

Uma risada gostosa e safada escapou pelos lábios cheios de sua esposa e ele sorriu diante da certeza do que, e de como se sentia com respeito a ela. Hannah o provocava, o incendiava, o incitava, todo o seu corpo a desejava.

— Eu amo você... – ele falou de repente tomando novamente os lábios femininos com os seus.

Em resposta aos carinhos que seu marido lhe oferecia, Hannah afagou o peito dele por dentro da casaca e lentamente começou o trabalho de desabotoar o colete. A pele de Sebatian era quente e firme, os músculos do tórax salientes sob o tecido fino da camisa, podiam ser sentidos pelo toque suave que Hannah imprimia aos movimentos.

Ele a ergueu novamente, carregando-a em direção a cama. Mas não permitiu que se deitasse, contornando o corpo feminino ele se colocou na posição de poder admirar a esposa diante do espelho longo, depositado acima da penteadeira, enquanto a despia lenta e gradativamente.

Seios arredondados, cheios e rosados surgiram primeiro, depois lentamente um abdômen liso, coxas roliças e tornozelos bem desenhados. Sebastian recostou o próprio corpo contra o feminino descendo os lábios pela linha do ombro, preenchendo as mãos com a pele sedosa dos mamilos da esposa.

— Hannah... – ele sussurrou com voz rouca voltando-a para si e tomando os lábios rosados com os seus.

As próprias mãos fizeram o trabalho de arrancar a casaca, o colete, mas permitiram que Hannah se encarregasse da camisa e da calça. O tecido se amontoou em seus joelhos, mas foi rapidamente empurrado para baixo, sem que seus lábios tivessem abandonado a função de beijar a boca da mulher.

Mas havia algo que ele queria muito fazer. Algo que simbolizava uma parte do desejo que sentia por ela. Os cabelos de Hannah estavam presos, debaixo do pequeno véu, amarrados com fitas, grampos e algumas flores. Mas, ele a queria livre de tudo aquilo. Ele queria sentir aqueles cabelos vermelhos grudados em sua pele.

Separando-se de Hannah ele começou o trabalho de liberar as fitas. Algumas mexas se desprenderam quase que imediatamente, e rolaram pela lateral do rosto feminino. Hannah sorriu sentindo as mãos dele a tentarem liberar os grampos e decidiu ajudar.

— Isto é complicado... – Sebatian comentou risonho.

Erguendo as mãos ela logo se prontificou:

— Eu ajudo.

Com calma, ela começou a retirar os alfinetes e grampos que prendiam o cabelo no lugar. Sob o olhar atento de Sebastian que apenas admirava os fios e mexas ruivos caírem e se enroscarem ao lado do rosto da esposa. Como um manto farto, sedoso e perfumado que descia ao longo dos ombros e batia na altura do umbigo. Ele nunca imaginara que fossem tão compridos, e estava encantado com o efeito que produziam sobre Hannah.

— Você gosta? – ela perguntou insegura, mesmo diante do olhar admirado dele.

— Gosto de tudo em você... você é a visão mais bonita, mais perfeita que já tive...

— Sebastia... – ela não conseguiu concluir a frase, ele a beijou antes. Os carinhos lentamente regressaram, mais intensos e exigentes do que antes.

Hannah pressionou as mãos nas costas do marido, com habilidade, ele girou os corpos sem que fosse necessário soltá-la e caíram juntos sobre o colchão. As mãos grandes desceram pela lateral do corpo feminino, desenhando o contorno sedoso e arredondado. Encaixando-a em si. Tomando-a por inteiro. Consumindo-a enquanto se consumia pela própria paixão e desejo.

*********

O sol ingressava pela cortina translúcida e batia contra os lençóis amarrotados e os corpos nus abraçados. Sebastian se moveu lentamente abrindo os olhos. Hannah dormia com a cabeça apoiada sobre seu ombro, as pernas entre as suas e a mão a descansar em seu peito.

Os cabelos ruivos espalhados sobre o travesseiro branco atraíram seus olhos. Eram levemente ondulados, fartos e combinavam perfeitamente com sua esposa. Ele lembrou imediatamente de quando, durante seus muitos momentos da noite anterior aqueles mesmos fios estavam enrolados nele, bem como na pele de Hannah. Unindo-os ainda mais.

Sua esposa se mexeu brevemente, retirando a mão de cima dele e abriu os olhos que naquela manhã estavam mais verdes do que nunca. Ele se aproximou para beijá-la.

— Bom dia...

A voz de Sebastian junto ao seu ouvido era a realidade e não mais um sonho. A partir daquele dia eles poderiam dividir todas as noites, todas as manhãs que desejassem. Ele se moveu ficando de frente para ela, Hannah se deu conta da própria nudez, mas ela não se sentia intimidada ou tímida, pelo contrário, tinha vontade de tocar no corpo masculino, sentir os músculos do peito, das coxas, da bunda arredondada. O sabor dos beijos e de cada toque.

Em segundos sua vontade foi satisfeita, os lábios do marido tomaram os seus. Aquele era o bom dia que ela esperava receber sempre, dali em diante.

Dias passaram em que Hannah lentamente se adaptou a vida de casada. Dormir, acordar e passar boa parte do dia junto a Sebastian. Descobrindo as alegrias de viver junto da pessoa que amamos. E também se liberando do último resquício de medo ou timidez.  

O noivado de Betina foi completado e logo sua irmã também estava prestes a se casar. Uma janta foi organizada pela baronesa com a intenção de conhecer a condessa mãe. Uma mulher baixa, de seios fartos, requintada e severa que falava pouco. Mas, observava muito e trazia o único filho sob asas protetoras e gigantes.  A jovem loira foi submetida a severos exames desde a chegada da futura sogra, até a noite do noivado. Os Wood precisavam do dote de Betina, mas, mesmo assim, a condessa esperava que o filho fizesse uma escolha adequada ao título que herdara. E demorou a aceitar que a filha caçula dos Larkin seria a pessoa correta para tal.

James Evans e sua “assistente” Sabrina Smith foram os primeiros a serem recebidos pelo novo casal para um chá da tarde. Hannah considerara a garota muito tranqüila e reservada. Porém, elas no decorrer da tarde conseguiram se familiarizar de forma adequada e logo perceberam que se dariam muito bem.

O futuro marquês, Artur, e sua esposa Cíntia juntamente com os filhos, também estiveram na residência do jovem casal. A animação da cunhada contrastava com o mutismo do irmão mais velho de seu marido. Porém, a olhos vistos, era perceptível o amor e o carinho que os dois maninham entre si e com os filhos.

Sem falar nas visitas quase constantes da marquesa.

Para Hannah tudo era novidade. Receber pessoas para o chá, para jantar, para simples conversas. Sua vida era recheada de pequenas novas descobertas. De pequenos novos conhecimentos. Como poder passear todas as tardes pela praça, de braços dados com o marido. Conversando amenidades e trocando carinhos.

Para Sebastian, a cada novo dia vivido junto a Hannah, a certeza de ter tomado a decisão correta, se concretizava dentro dele. Uma certeza que ele algumas vezes temia, não fosse real, fosse apenas movida pelas emoções partilhadas desde que a conhecera. Mas, perceber a esposa amadurecer e florescer acrescentava mais e mais motivos para que ele renovasse seus sentimentos. Ela tinha manias que ele gostava, ela tinha um cheiro que ele gostava, ela fazia tudo o que podia para agradá-lo. Ela se tornara uma amante mais do que desejável. E ele já não conseguia imaginar sua vida sem a presença dela.

As pessoas notaram o quanto Hannah se modificou após o casamento. Parecia mais segura e tranqüila consigo mesma. Grande parte dessa alteração se devia ao comportamento de Sebastian que claramente demonstrava seus sentimentos pela esposa. Ela a amava, ele a admirava, ele a respeitava e não se cansava de confirmar isso de todas as formas possíveis.

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O verão estava terminando. As flores no jardim em breve sumiriam. Muitas plantas precisariam ser cobertas para suportar o frio que viria. Hannah observou o trabalho do jardineiro pela janela. Aquele lugar era tão lindo que muitas vezes ela se sentava na sacada e permanecia ali até o cair da tarde. Certamente que sentiria falta desses momentos a medida que ficasse mais frio. Porém, ter a certeza de que no ano seguinte tudo estaria igual, era sem dúvida um consolo.

Bem, não exatamente igual. Ela pensou sorrindo e voltando-se para o vestido sobre a cama. A roupa para o casamento da irmã estava totalmente pronta. Só precisava vestir. Sua criada pessoal já fora chamada e ela esperava com certa ansiedade.

A porta do quarto se abriu, mas quem cruzou por ela não era a pessoa esperada. Sebastian, chegava em casa naquele minuto. Ficara na residência do amigo até aquele momento, dando-lhe o mesmo apoio que recebera por ocasião de seu casamento.

Hannah sorriu ao vê-lo.

— Quase atrasado... – falou enquanto ele se aproximava rapidamente – Como Paul está?

Ele a abraçou suavemente roçando os lábios pelo pescoço delicado.

— Nervoso...

As mãos ágeis correram em direção ao cinto do roupão, a única peça de roupa que cobria o corpo feminino naquele momento. Hannah o impediu.

— O que há? – ele perguntou se afastando. Ela nunca, nunca, nunca recusava uma investida como aquela.

— Estamos quase atrasados Sebastian! Não há tempo para isso...

— Sempre há tempo para isso meu amor... – ela sabia que ele retrucaria.

— Não hoje. – era preciso ser firme, ela o afastou definitivamente e caminhou até o outro lado da cama.

Um longo suspiro escapou pelos lábios bonitos enquanto Sebastian deixava os braços desabarem ao longo do corpo. Ela riu, ele estava fazendo drama novamente.

— Mas há algo que gostaria de conversar com você antes que saíssemos para o casamento...

Ele se jogou sobre a cama, e estendeu o braço para que ela se sentasse junto dele. Alguns segundos de indecisão foi tudo o que recebeu em troca.

— Venha... prometo que não vou tentar nada... apenas sente-se aqui comigo enquanto conversamos. – com a mão livre ele bateu sedutor sobre a colcha.

— Não será uma conversa Sebastian. – Hannah informou enquanto segurava a mão do marido e fazia o que ele lhe pedia. Sentava-se ao seu lado.

— Será o que então? – ele não perderia a chance de provocar.

— Apenas gostaria de lhe informar sobre algumas mudanças que ocorrerão nesta casa nos próximos meses.

Mudanças em casa? Que tipo de mudanças? A casa estava em ordem, tudo organizado perfeitamente. Tudo novo, arrumado e certo.

Hannah riu baixo diante do olhar perdido do marido.

— Você não desconfia o que possa ser?... depois desses meses?

Ele continuou a olhá-la de forma distraída. O cérebro correndo pelas palavras e pelo olhar da esposa. Será que ela estava falando do que ele imaginava que ela estava falando?

— Mamãe vai ficar doida querendo remexer nesta casa novamente. Não teremos paz... – ele disse finalmente se sentando e trazendo a esposa para perto. – Por isso, sugiro que guardemos a novidade para nós até que seja impossível de esconder.

Hannah sorriu. Ele adivinhara. E, nunca seria uma pessoa convencional, até mesmo para receber uma noticia como aquela. Seus lábios se tocaram suavemente.

— Eu te amo... – Sebatian falou baixinho enquanto a deitava sobre a cama para afagar a barriga ainda lisa da esposa. Os olhos azuis fixos nos dela, gentil e carinhoso – Amo a nossa vida juntos... e vou amar ter um filho com você...

Era tudo o que ela queria ouvir. Era tudo o que ela precisava ouvir para ter certeza de que aventura das vidas deles estava apenas começando...