A Baby Among Us escrita por nywphadora, nywphadora, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 5
Sobre a estrela nova


Notas iniciais do capítulo

Explicação sobre o porquê do título: "Vega" é uma estrela, considerada uma das estrelas novas. Esse lance todo de constelação será bem abordado nos próximos capítulos.



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You and me, baby, between us, just between us

Make all the stars glow from our eyes

All the treasures pleasure emotions, love’s emotion

Nothing to lose but a try, try

— Curtis Mayfield

— Ela é linda, Six! — Lily sussurrou, sorrindo para o pequeno embrulho adormecido.

Assim que chegaram, foram recebidos pelo silêncio e escuridão. Para a sua sorte, parece que Marlene tinha ido dormir, e Regulus foi junto, deixando a pequena Vega onde a deixaram antes, em seu quarto.

Sabia que, por ter uma criança em casa, ela não poderia gritar à vontade, a não ser que o trancasse na sala da tapeçaria e lançasse um feitiço silenciador. Mesmo assim, isso não a impediria de lançar os silvos enraivecidos, sussurros gritados, que não eram menos assustadores.

Uma noite não o prepararia para isso, mas era a última coisa que necessitava naquele momento, enquanto levava Lily para cima. Não podia levar Vega para a casa dos Potter, nem Harry para a casa dos Black, então James e Remus ficaram para trás. Depois eles iriam vê-la, embora Sirius tivesse certeza de que Lily faria questão de ir com cada um deles, de tão encantada que estava.

— Parece tanto com você... — ela voltou a sussurrar, sorrindo encantada para ele.

Sirius queria poder sentir a mesma coisa ao pensar nisso, mas só sentia apreensão, e se odiava por isso. Que tipo de ser humano olhava para a própria filha e sentia apreensão?

— Você deveria segurá-la — disse Lily, para completar o seu desespero.

— Que isso, Lily! Ela está dormindo! — ele engoliu em seco.

Como para contrariá-lo, Vega fez uns movimentos leves e abriu os olhos azuis como o oceano na direção dois adultos estranhos. Parecendo reconhecer a Sirius, ela voltou a se remexer, o que fez com que Lily sorrisse em sua direção, um pouco convencida.

— Eu vou derrubar essa criança, pelo amor de Merlin, Lily! — Sirius reclamou, mas aproximando-se da bebê, como se ela tivesse alguma força magnética que o atraía.

— Não, você não vai!

A ruiva era malditamente boa em convencer a qualquer pessoa de fazer qualquer coisa. Não era de se estranhar que James tivesse se apaixonado por ela.

Sem esperar por outro protesto, Lily colocou as duas mãos por baixo dos braços da bebê, levantando-a da cesta.

— Olhando assim até parece que você nunca colocou o Harry em uma vassoura — ela brincou, erguendo-a para ele.

Sentindo-se nervoso, ele pegou-a desajeitadamente, tal como Lily fez, evitando olhá-la nos olhos para não distrair-se, e depois aproximou-a de seu tronco, levando a mão esquerda para as costas da criança e a direita para apoiá-la nas pernas.

A mulher sentou-se na cama, sorrindo carinhosamente para a cena.

Depois do nervosismo inicial, era reconfortante ter aquele pequeno peso em cima de si, ele só sentia-se incapaz de mover-se, até mesmo respirar parecia que quebraria aquela harmonia.

— Você pode falar à vontade o quanto isso é gay, mas... — começou Lily.

— Dane-se! Eu posso falar! — retrucou Sirius, divertido.

— Se eu soubesse na época de Hogwarts, eu ia te zoar tanto — ela comentou, também sorrindo — Você vivia dizendo que o James era afeminado...

— Uma pessoa que tem um veado como patrono não é normal — ele subiu o ombro esquerdo, o contrário de onde Vega estava apoiada — Eu só queria tirá-lo do armário!

— Pena que eu atrapalhei os seus planos...

Sirius tentou manter-se sério, mas era impossível evitar o sorriso que surgia.

— Que nada! Ele deve ser bi que nem eu, só preferiu uma mulher — brincou.

— Sim... Eu sei bem quem é que você prefere — Lily subiu uma sobrancelha, provocativa.

Não dava para saber se era uma brincadeira, mas Sirius não duvidava da mulher, portanto voltou a focar-se em sua filha, ignorando o calor que sentia no rosto.

— Não se preocupe! O seu segredo está bem guardado comigo — ela declarou.

— Sabe, você podia fazer mais que isso — ele se viu falando.

Péssima ideia, Lily amava bancar o cupido.

Inclusive, foi ela quem ficou perturbando Dorcas e Remus para que ficassem juntos.

— Se eu soubesse que você gostava dele, eu não teria juntado eles — Lily entendeu as entrelinhas de sua frase — Na verdade, acho que encontrei um projeto bem interessante.

— Você deveria abrir um negócio no Diagon Alley para unir casais, você leva jeito.

Ela lançou um olhar enigmático em sua direção, levantando-se logo em seguida.

— James quer conversar com você, então eu vou trazer Remus para cá — Lily comentou, casualmente — Ele demora para notar as coisas, mas quando nota...

— Nota até a alma — Sirius bufou.

A mulher foi até a porta do quarto, esperando que ele a acompanhasse, mas ele não moveu-se.

— Escuta... Eu acho que seria melhor se você trocasse de lugar com o James — Sirius gaguejou — Quero dizer, Vega acordou, e pode assustar-se caso nós dois sairmos.

Ele ficar sozinho com Remus não era uma boa opção, e ela ficar sozinha com Remus também não era uma boa opção, mas o que ele poderia fazer?

— Está bem — Lily concordou, sorrindo levemente, antes de sumir pelo corredor escuro.

Os momentos que antecederam a vinda de James foram preenchidos com o puro silêncio e incertezas. Vega não tinha chorado até aquele momento, e ela foi abandonada na porta da casa, podendo ter pegado friagem, ela não falou nem movimentou-se muito bruscamente naquele meio tempo. Será que ela estava doente?

Aquela simples pergunta fez com que ele ficasse desesperado, e sentindo-se um idiota por não ter exposto essas dúvidas quando Lily estava ali, ela era mãe, sabia daquelas coisas. Aproximou-se da cama, e sentou-se ali, sentindo como ficava mais seguro, pois, se a criança caísse, ele poderia ampará-la mais fácil.

Lily sempre tirava Harry de seus braços, então ele não sabia bem como deveria fazer. Ele podia mudar a posição das mãos, colocando-as novamente nas laterais do bebê, mas decidiu inclinar-se em direção à cesta, como já viu Lily fazendo, e deixou Vega ali. Antes que pudesse se erguer, sentiu uma dor imensa no seu cabelo.

— Porra, filha! — ele teve que conter um grito.

Todos olhavam para a bebê, e pensavam: “só tem dois anos, é fraquinha”, mas aquela simples cena comprovava que Vega Black era mais forte que muitos adultos. Se bem que Harry não ficava muito atrás.

— Que momento mais fofo! — ouviu a voz de James debochando.

Virando a cabeça para o lado (o máximo que pôde), conseguiu ver o amigo, que estava apoiado no batente da porta. Só por já terem começado com aquela sua posição agradável provava como seria aquela visita.

— Vega está querendo arrancar o meu cabelo! — Sirius choramingou.

— Ela deve ter gostado tanto que quer para ela... — brincou James, aproximando-se.

O moreno sentiu a cama afundar levemente do outro lado, e a mão de Vega saiu de sua cabeça, a gargalhada infantil preenchendo o ambiente.

— Ela precisou puxar o seu cabelo para você chamá-la de filha? — James movia os dedos do meio e indicador na barriga da bebê, em intervalos curtos, como se estivesse fazendo cócegas nela.

Bebês sentiam cócegas?

— Eu chamei? — ele perguntou, sentado do outro lado, tentando pôr os fios de cabelo novamente em seu lugar.

— Sim, seguido de um palavrão — James olhou-lhe com diversão, não parecia dirigir um olhar diferente desde que pisou ali — Ainda bem que Lily não escutou, ela acha que escutar desde a infância influencia as crianças futuramente.

— Por que será que ela acha isso? — Sirius retrucou, irônico, lembrando das primeiras palavras que saíram da boca de Harry.

Essa lembrança somente fez com que ele lembrasse o motivo de ter colocado a bebê naquela cestinha. Contudo, agora que o sorriso maroto não sumia do rosto da pequena, e ela movia os pés e mãos agitadamente, as dúvidas sumiram. Só para ter cem por cento de certeza, encostou as costas da mão na testa da menina, a pele estava em uma temperatura que ele considerou normal.

— Cara, eu vou amar ver isso — James deitou-se no espaço disponível. Se ele se movesse um único centímetro, cairia direto no chão.

— O quê? — perguntou Sirius.

— Você bancando o pai. Não bastasse ter um filho, ainda por cima é uma menina!

Ele revirou os olhos, mantendo o rosto virado na direção da garotinha.

— E Remus? — ele perguntou, sem entender direito o porquê.

— Ainda bem que eu e Lily trocamos na mesma hora, pois ele foi embora — disse James, lançando faíscas coloridas com a sua varinha, para o fascínio de Vega.

— Como assim embora? — Sirius sentiu apreensão, mas diferente da que sentiu antes, algo perto da boca do estômago — Aconteceu alguma coisa com a... Dorcas?

Hesitou antes de dizer o nome maldito, um gosto ruim invadindo a sua boca.

— Não. Na verdade, foi um patrono de Dumbledore. Pedia para Remus ir falar com ele em Hogwarts — James franziu o cenho — Tenho a sensação de que ele estava meio que ignorando-o nesses últimos tempos, ele recebeu algumas cartas com o selo de...

— Estranho... Não falamos com Dumbledore desde que terminamos o colégio. Para não ser injusto, falamos com ele no seu casamento — ele interrompeu-o — Mas depois disso... Ele deve ter mandado uma coruja, parabenizando o nascimento do Harry, e só!

James apenas deu de ombros, espreguiçando-se. Vega resmungou, já que a varinha apagou-se, e o dono dela não demorou a guardá-la no bolso, erguendo-se.

— Preciso ir — disse, sem precisar de maiores explicações — Precisamos juntar Vega e Harry...

— Eu vou ficar por aqui — disse Sirius, jogando um lençol em cima de si, sem nem incomodar-se por ainda estar de roupas — Temos cinco horas de sono até dar o tempo.

— Já estou prevendo o segundo dia consecutivo de atraso de Sirius Black — o amigo negou com a cabeça — A gente se vê, Padfoot.

A luz apagou-se e ele escutou um som leve nas escadarias. Contudo, assim que a sua cabeça encostou-se no colchão, ele apagou, tendo a certeza de que acordaria com uma grande dor de pescoço.

— Você tem sorte de estar com Vega, ou eu te acordaria da pior forma que você já acordou na sua vida — foi assim que ele acordou, cinco horas depois, sentindo como se tivesse dormido apenas cinco minutos.

Parece que uma ótima noite de sono foi capaz de acalmar a fera interior da cunhada, e não seria ele a reclamar.

O que muitas pessoas perguntavam-se era: como que uma Gryffindor de raiz como Marlene McKinnon conseguiu apaixonar-se por um Slytherin fanático. Ela era sangue pura, mas a sua família não apoiava aqueles extremismos que a maioria dos bruxos seguia.

Sirius não sabia responder, já que passou grande parte da sua vida afastado do irmão mais novo, preocupado pelos rumos que ele estava seguindo na vida, como unir-se com alunos mais velhos para infernizar a vida de nascidas trouxas. Até o momento em que foi pego e levou uma detenção enorme. Apesar de Walburga aprovar a atitude preconceituosa, não gostou nada que sua ficha ficasse suja.

Regulus não estava acostumado a levar bronca, e o irmão mais velho encontrou-o chateado na torre de astronomia. Eles, finalmente, puderam conversar, e fizeram as pazes, Sirius parou com a sua atitude de babaca. Nesse meio tempo, foi quando Marlene também entrou na vida do seu irmão. Ele só lembrava-se de Regulus, em seu jeito todo recluso e tímido, enquanto que ela, toda extrovertida e persistente, fazia de tudo para chamar a sua atenção.

Isso causava muita diversão em quem presenciava as cenas de perseguição dos dois. Junto com Lily e James, eram as melhores pessoas que Sirius conheceu na vida, e provavam que os mais opostos podiam dar certo, e que não era apenas um mito.

Ele esperava que não.

Vega permaneceu calada durante a noite toda, e isso foi algo a se observar.

— Você já sabe com quem vai deixá-la? — Marlene perguntou, mexendo nas mãozinhas gordinhas da bebê.

— Eu não pensei nisso — ele confessou, esfregando os olhos, na tentativa de espantar o sono.

A medibruxa franziu o cenho, aproximando-se do cunhado, que olhou-a estranhada.

— Sirius, quando foi a última vez que você tomou banho? — ela perguntou, sem envergonhar-se nem nada, pois ela era assim.

— Bom, eu dormi de qualquer jeito, acordei atrasado para o trabalho, depois teve a Vega...

Não precisou olhar para Marlene duas vezes, antes de levantar-se, pegar outro uniforme de auror, e partir para o banheiro.

— Homens... — ouviu-a murmurar.

Vega manifestou-se, dando uma risada infantil, e ele, conhecendo Marlene bem, sabia que a bebê estava em boas mãos.

— Você foi salvo por um dia, mas peça para a sua amiga te ensinar a cuidar dela! — a cunhada disse em voz alta, antes de bater a porta do quarto.

Depois de banhar-se e colocar outra roupa, Sirius desceu para tomar um rápido café, pois ainda tinha que levar a filha para ficar com Lily.

— A minha amiga tem nome — ele disse, de boca aberta, assim que pisou na cozinha.

— Olhe o exemplo! — Marlene deu um tapa no braço dele, com uma careta de nojo.

— Você vê pacientes vomitando, e tem nojo da minha boca? — Sirius provocou.

— Por favor, não entremos em detalhes — Regulus interrompeu-os antes que a namorada pudesse responder.

Não precisava dizer mais nada para que eles percebessem que entravam em um campo de assunto que ele nada gostava. Era natural, considerando que sua namorada já deu uns pegas no seu irmão, e esse não era um assunto muito legal de se conversar.

Os dois apenas deram de ombros. Assim que Marlene terminou de mastigar uma das torradas, virou-se novamente para o cunhado.

— Quando você vai arrumar uma folga? Precisamos arrumar um monte de coisa! Comprar as coisas para Vega, já que a mãe dela resolveu deixá-la apenas com a roupa do corpo... — começou a dizer.

Sirius pousou o dedo na boca dela, concentrado em terminar o seu café da manhã, recebendo um olhar mortal.

— Reg, se eu fizer uma lista, você consegue? — ela virou-se para o namorado.

— Bem, você está confiando em um homem para uma tarefa que não deveria ser feita sem supervisão — Regulus respondeu, cautelosamente.

— Eu não vou conseguir folga tão cedo — Marlene encostou-se na cadeira, frustrada.

— Eu vejo como faço — Sirius deu um final ao assunto, tomando um grande gole de seu suco de abóbora, antes de levantar-se.

— Você não vai de pó de flú com ela!

Ignorando o aviso da amiga, ele foi até onde Vega estava, ainda com a roupa da noite anterior, mas também banhada. Sem ter muita certeza de como faria isso, já que nunca passou por isso antes com Harry, deixou-a na cesta, e segurou-a na mão, indeciso.

Ir de lareira era uma péssima ideia, mas aparatar também era, e ele não tinha muito tempo. Olhando para o relógio e vendo que se atrasaria, saiu da casa e, assim que pisou nas escadarias centrais, desmaterializou-se, levando a filha consigo.


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