O Best Seller de Emily Taylor escrita por God Save The Queen
— Agora que vocês conversaram e você aceitou essa loucura, podem me explicar qual a diferença de namorar de mentira e namorar de verdade pra você? – Katie olhava diretamente para Logan com um olhar inquisidor. Acho que ela ainda não acreditava que ele realmente tinha aceitado.
— Sabe, senhorita Katie, eu também gostaria muito de saber a resposta pra essa pergunta. – Logan estava sentado na poltrona de frente para janela e seus olhos brilhavam de um jeito muito bonito por conta da luz.
— Se a gente tivesse namorando de verdade, não estaríamos tão distantes um do outro pra começar. Segundo, que os nossos encontros vão ser organizados para que fiquem bem descritos em um livro, é basicamente como seguir o roteiro de um filme. Vamos nos beijar, sair, conversar, mas tudo dentro de um script. – Katie e Logan me olhavam de modo confuso.
— Você está me dizendo que se eu tiver vontade de te beijar, eu não posso? – admito que foi bem difícil responder essa pergunta.
— Exatamente, não somos namorados, você não pode me beijar quando bem entender. – Logan passou a mão pelo cabelo e olhou para Katie, que por sua vez me encarou como se eu fosse louca.
— Você não está falando sério, está? Emily, um cara lindo pra caramba, tipo muito lindo mesmo, quer te beijar e você não vai deixar porque isso não está no livro? – Katie parecia que queria me bater.
— Katie, entenda. Ele não é meu namorado. A ideia é programar até certo ponto algumas coisas, como entrar no personagem em uma peça ou filme, entende?
— Você enlouqueceu de vez. Sério, Emily, eu achei que você estava com alguns problemas mentais, mas agora vejo que precisa fazer uso de remédios.
— Eu não preciso que você aprove minhas escolhas, Katie. Apenas eu e claro, Logan precisamos concordar com elas. – um silêncio constrangedor se seguiu a minha resposta. – Então, agora que estamos de acordo, quem vai querer pizza?
— Sabe, senhora Taylor, você tem um timing muito estranho. Mas eu não recuso pizza. – Logan pegou o telefone e começou a procurar o número da pizzaria.
— Desculpe, está bem? Eu não queria te chatear, mas você tem que concordar que ás vezes você não pensa direito. – comentou Katie.
— Sim, eu sei disso, mas é importante pra mim.
— E por isso estou aqui. – falou ela com um sorriso. Katie podia ser um pouco intrometida, mas caramba, ela era minha melhor amiga.
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Ficamos vendo Tv enquanto comíamos pizza, eu não queria mais conversar e usei a comida como deixa. Assim que a Katie foi embora, eu me virei para encarar o Logan, ele estava lavando a louça em silêncio.
— Sabe, não precisava lavar a louça. Eu podia lavar mais tarde. – falei.
— Não, tudo bem. De verdade. Eu não me importo.
— Então tá. – sentei em um banco na bancada da cozinha e fiquei olhando pra ele. Logan ainda parecia irreal e era muito difícil me manter centrada.
— Eu sei que você está me encarando, Emily. Eu posso sentir seus olhos em mim. – falou ele e pelo tom de voz, estava sorrindo.
— Desculpe, é que, eu não consigo acreditar que está aqui.
— Aqui no universo, aqui na sua casa ou aqui na sua vida?
— Qual seu lance com o universo? – perguntei e ele deu de ombros.
— Tenho fascínio pelo desconhecido. Acho que foi isso que me fez aceitar essa sua ideia louca.
— Então, sorte a minha.
— Não fique toda felizinha ainda. Talvez eu não fique por muito tempo. – falou secando a mão e virando pra mim.
— Está presumindo que vai se apaixonar por mim? – meu tom era de brincadeira, mas minha garganta ficou seca de nervosismo.
— Não precisa ficar nervosa com a ideia. – acho que não fiz um trabalho tão bom em esconder os sentimentos.
— Acho que não consigo evitar, eu não quero perder você. Você é minha Mona Lisa.
— Caramba, Emily, você sabe como fisgar um homem. – seu olhar era sedutor, sua voz também e seu sorriso... fala sério, tudo nele era sexy.
— Eu sei que está brincando. – ele deu a volta na bancada e sentou de frente pra mim.
— No momento, senhora Taylor, eu quero dar o primeiro amasso entre Ryan e como é o nome da sua personagem? – engoli em seco.
— Ja.. Jane. – tentei não gaguejar, mas ele estava muito perto, seu perfume estava me deixando nervosa.
— Então, senhora Taylor, que tal gravar muito bem esse momento para descrevê-lo com perfeição mais tarde? – levantei e me afastei antes que eu pudesse cair (mais) no seu charme.
— Sem amassos, por hoje. Ainda não sei se você é ou não um psicopata.
— Vai ter que dar um tiro no escuro, senhora Taylor.
— Não me chama de senhora Taylor. – falei tentando evitar encará-lo, mas ele levantou e veio na minha direção.
— Por que não?
— Porque na sua voz isso soa muito sedutor. – ele sorriu.
— Não creio que esse motivo vai me fazer parar de te chamar assim. – respirei fundo.
— Logan, você pode, por favor, ficar longe? – ele sorriu.
— Como quiser. – eu sentei no sofá e ele voltou para a bancada da cozinha.
— Pois bem, agora que eu posso pensar, vamos decidir o próximo passo.
— Você já pensou no que vai querer que aconteça na sua história?
— Sim, pensei. E pra isso, a gente vai ter que conversar, ter conversas sadias.
— Tudo bem, conversas sadias. Quer sair pra jantar comigo? – perguntou.
— Jantar. Okay, jantar é uma boa.
— Aonde quer ir? – eu dei de ombros.
— Me surpreenda.
— Tudo bem. – ele levantou. — Já vou indo. Imagino que você invente um final para o nosso encontro hoje no livro.
— Eu já tenho um final. – ele levantou uma sobrancelha.
— E qual é?
— A gente se beija, oras. Como você acha que termina um encontro?
— Um encontro, senhora Taylor, pode terminar de várias maneiras. – engoli em seco. Eita!
— Eu escolho o beijo. – Logan soltou uma gargalhada.
— Tudo bem. E eu posso beijá-la ou isso é contra as regras? – eu entrei em conflito. Eu não deveria deixá-lo me beijar, mas nós éramos um casal criado para uma experiência, eu precisava beijá-lo pra saber descrevê-lo. Ou era essa a desculpa que a minha mente criou para beijá-lo sem culpa.
— Pode me beijar. Mas primeiro vou levá-lo até a porta. – ele saiu e eu prendi a respiração.
— Boa noite, senhora Taylor, espero encontrá-la em breve.
— Boa noite, senhor Blake, obrigada pelo dia de hoje.
— Eu que agradeço. Foi algo que eu jamais esquecerei. – sorri.
— Fico feliz, de verdade. – eu olhei dentro dos seus olhos e eles pareciam estar em expectativa. Imagino que os meus estavam assim também.
Logan se aproximou de mim calmamente, olhou dentro dos meus olhos e sorriu. Eu estava nervosa demais para sorrir de volta, apenas esperei. Minha respiração começou a ficar desregulada, assim como as batidas do meu coração. Seu perfume me fazia perder a noção, assim como todo o resto dele. Sua mão esquerda segurou a minha cintura com firmeza, enquanto a direita fazia carinho na minha bochecha. Sua delicadeza foi inesperada pra mim.
— Você é completamente impressionante, Emily Taylor. – sua voz era um sussurro e fazia meu corpo se arrepiar.
Quando ele encostou seus lábios nos meus, eu fechei os olhos e me deixei levar pela serenidade daquele momento. Sua boca era macia, mas firme, seu corpo estava distante do meu de modo que nossos corpos não se encostassem e eu não sei se era isso mesmo que eu queria. Ele se afastou apenas para beijar meu queixo e depois minha bochecha, muito devagar e com calma. No momento que seus lábios chegaram ao meu pescoço, eu já estava completamente rendida, porém mais rápido do que eu gostaria, ele se afastou de vez e olhou pra mim.
— Até mais, Emily. – sua voz ainda era um sussurro. E eu ainda a ouvia ecoando dentro de mim, enquanto ele saia do prédio em direção as escadas.
Aparentemente ele também sabia fisgar uma mulher— pensei.
>>o
Seria uma grande mentira se eu não dissesse que fiquei pensando no beijo e no jeito de Logan Blake. As coisas não estavam acontecendo do jeito que eu tinha planejado e isso me deixava nervosa porque perder o controle era algo que eu não podia em hipótese nenhuma deixar acontecer. Esse livro era tudo pra mim e eu não queria perder a deixa por conta de um cara que eu nem conhecia direito.
Ele é lindo, basicamente. E gentil. E aceita as loucuras com muita naturalidade. — pensei.
Acho que você não tem uma tarefa fácil pela frente, querida Emily. — minha consciência resolveu dar as caras jogando verdades na minha cara.
Mas nós queremos o livro e nós precisamos nos concentrar, e eu preciso que você, senhora consciência se faça bastante presente para que eu consiga manter minha sanidade com o Logan. — eu quase podia senti-la zombando de mim.
Emily, Emily. Eu também perco a sanidade com o Logan. — suspirei.
Aparentemente eu estava sozinha nessa. Respirei fundo e comecei a escrever loucamente, a minha criatividade tinha resolvido aparecer e eu precisava aproveitá-la integralmente. Mas eu não conseguia ignorar os avisos de Katie, isso de fato era uma loucura e de fato tinha muita coisas para dar errado. Como eu poderia fazer isso com um cara que eu sequer conhecia direito? O que eu tinha na cabeça?
Nada disso, Emily Taylor, não vai andar pra trás agora. Já começou essa loucura, agora termina. – minha consciência estava de volta.
Tem razão, eu só estou cansada. Preciso de um banho e da minha cama para que eu consiga pensar direito.
O banho de banheira era a segunda melhor coisa do mundo para relaxar (por enquanto, deixarei em off a primeira). Embora eu não conseguisse tirar o sorriso de Logan Blake da minha cabeça, como ele conseguia isso? Afundei dentro d’água e esfreguei o rosto, era necessário ter foco e as coisas iam dar certo.
>>o
A neve continuava caindo na manhã de domingo, eu acordei com uma ligação ainda não identificada. Deixei o celular em cima da escrivaninha, ao lado do notebook, portanto não tive coragem de levantar pra pegar. Acredito que se fosse importante, iriam ligar de novo. De acordo com o relógio ao lado da cama, eram 9hrs30min da manhã e eu só queria continuar dormindo.
Seja quem for que estivesse me ligando, parecia querer mesmo falar comigo porque meu celular estava tocando de novo. Tomei coragem e levantei, tentei disfarçar a voz de sono, mas sem sucesso.
— Alô?
— Olá, Emily. Você ainda lembra que tem mãe? — não consegui segurar o sorriso
— Oi, mãe. Bom dia.
— Bom dia pra você também. Como estão as coisas em Nova York? E a faculdade? O trabalho? Está comendo direito? E a Katie, como está?
— Uma coisa de cada vez, por favor. As coisas em Nova York estão bem, frio e iluminado. A faculdade está ótima, eu tenho que começar a estudar para as provas finais, mas não tem nada que me preocupa demais. Ah... Deixa eu pensar... O trabalho está bem também, ainda sou apaixonada pelo o que eu faço e finalmente, comecei a escrever meu livro e estou muito animada em escrevê-lo. Estou comendo direito e a Katie está igual sempre, maravilhosa.
— Ah graças a Deus, fico feliz e orgulhosa que as coisas estejam indo bem pra você. Seu primeiro livro, Emily. Caramba, tenho certeza que será um sucesso.
— Obrigada, mãe. Espero que sim.
— Quero lembrá-la que o Dia de Ação de Graças está chegando e eu quero você em casa, está ouvindo? Esse ano não tem escapatória, você vem no feriado. — suspirei.
— Mãe, não sei, se eu tiver escrevendo? Não quero enrolar mais o prazo.
— Não me interessa, Emily Bryan Taylor. Quero você aqui no feriado e é bom, você comprar as passagens logo. Seu irmão também vai vir.
— Tá bem, mãe, tá bem. Estarei aí.
— Eu sei que vai. Te amo, Emily. Qualquer coisa que precisar não hesite em nos ligar, tá bem? Seu pai está mandando um beijo.
— Manda outro pra ele. Obrigada, mãezinha, de verdade.
— Sou sua mãe, é meu papel.
Como eu poderia ter esquecido o Dia de Ação de Graças? Caramba, eu vou ter que dar um jeito de comprar as passagens logo, antes que tudo acabe e eu não consiga chegar em casa a tempo. Preciso comprar passagem para pelo menos um dois dias antes do feriado, porque o aeroporto fica um caos.
Respirei fundo e fui tomar um banho, estava na hora de começar o dia.
>>o
Estava terminando a minha faxina quando a campainha tocou, eu estava um horror, então eu esperava de coração que fosse a Katie. E graças a Deus, era.
— Você não avisa mais quando vai à casa das pessoas? – ela entrou.
— Das outras pessoas, sim.
— Posso te ajudar em alguma coisa?
— Você estava no meio da faxina?
— Já estou terminando.
— Que bom. Tem planos pra hoje?
— Tenho, claro, vou escrever.
— Que tal, relaxar hoje? Você tem escrito direto, antes que você tenha um colapso estou aqui pra te ajudar.
— Katie, eu realmente preciso...
— De mim, eu sei. Por isso estou aqui. – não consegui controlar o riso.
— E o que você tem em mente?
— Bom, só o básico de um domingo de neve. Filme e pipoca.
— Só se você prometer ter cuidado com a minha casa limpinha.
— Sim, senhora. Não se preocupe com isso.
— Então aproveita que está aí e guarda essas coisas pra mim.
— Ah... eu vou voltar pro meu apartamento, me avisa quando estiver pronta pra mim.
— Que descaramento. – ela sorriu e deu uma piscadela.
— Amigas são pra isso.
Quando a Katie saiu terminei de guardar tudo pra passar a tarde com ela. Embora uma parte grande de mim queria voltar pro notebook e escrever mais um pouquinho, de fato, eu precisava de descanso, até para a criatividade voltar com tudo.
Comecei a fazer a pipoca quando a Katie voltou com refrigerante e sorvete na mão. Ela parecia ligeiramente inquieta, como se que quisesse me contar alguma coisa.
— Katie? – perguntei.
— Está tudo bem?
— Acho que sim.
— Quer conversar sobre alguma coisa? - ela pareceu hesitar.
— O Nate me ligou. – virei meu corpo inteiro em sua direção e a fiquei encarando. – Eu sabia que você ia reagir assim.
— Eu o odeio, Katie e você sabe.
— E eu o amo. – suspirei.
— Ele não merece seu amor. Ele é a personificação de relacionamento tóxico.
— Emily...
— Como você consegue, Katie? Você é tão incrível e esperta. Como consegue ficar com um cara desse?
— Você pinta ele da pior forma possível. Mas no fim, não o conhece de verdade.
— Não o conheço? Katie, ele estudou com a gente. Eu o conheço muito bem. Faz quatro anos que você está nessa. Quatro anos. Eu não consigo entender.
— Eu sabia que não devia falar nada pra você.
— Eu sou sua melhor amiga, se não fosse pra mim, você ia falar com quem?
— Mas você fica me olhando esquisito quando eu falo dele.
— Isso porque você ainda não falou o que ele disse. Pois bem, ele te ligou e aí? – ela pareceu encolher.
— Ele quer me ver. – revirei os olhos.
— Mas isso é óbvio. Só pra isso que ele liga. E o que você disse?
— Falei que eu ia pensar. – a encarei surpresa.
— Sério? Finalmente. Mas você não está pensando em ir de verdade, está?
— Bom... Eu realmente queria conversar com ele. – virei de costas pra ele e me concentrei na pipoca.
— Faça o que quiser.
— Emily...
— Não, Katie, chega. Ele é uma pessoa horrível. Ele te usa, te joga pra baixo e só vem atrás de você quando quer sexo. Sinceramente, eu não entendo. Não consigo entender.
— Ele não é uma pessoa horrível. Ele só é... complicado. – soltei uma risada sem humor.
— Complicado é eufemismo. Eu torço pro dia que você vai perceber que ele não presta. – ela apenas suspirou. – Mas não vamos estragar nosso dia por causa desse cara. A pipoca está pronta, vamos escolher o filme?
Katie deu um meio sorriso e pegou o controle da televisão. Eu estava irritada de verdade com essa história. O Nate era o tipo de pessoa que só de cara você percebe que deve se manter longe, mas ao mesmo tempo era muito envolvente e manipulador. Eu só queria que a Katie percebesse logo o quão idiota ele era.
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