O Best Seller de Emily Taylor escrita por God Save The Queen


Capítulo 4
Capítulo 4




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— Agora que vocês conversaram e você aceitou essa loucura, podem me explicar qual a diferença de namorar de mentira e namorar de verdade pra você? – Katie olhava diretamente para Logan com um olhar inquisidor. Acho que ela ainda não acreditava que ele realmente tinha aceitado.

— Sabe, senhorita Katie, eu também gostaria muito de saber a resposta pra essa pergunta.  – Logan estava sentado na poltrona de frente para janela e seus olhos brilhavam de um jeito muito bonito por conta da luz.

— Se a gente tivesse namorando de verdade, não estaríamos tão distantes um do outro pra começar. Segundo, que os nossos encontros vão ser organizados para que fiquem bem descritos em um livro, é basicamente como seguir o roteiro de um filme. Vamos nos beijar, sair, conversar, mas tudo dentro de um script. – Katie e Logan me olhavam de modo confuso.

— Você está me dizendo que se eu tiver vontade de te beijar, eu não posso? – admito que foi bem difícil responder essa pergunta.

— Exatamente, não somos namorados, você não pode me beijar quando bem entender. – Logan passou a mão pelo cabelo e olhou para Katie, que por sua vez me encarou como se eu fosse louca.

— Você não está falando sério, está? Emily, um cara lindo pra caramba, tipo muito lindo mesmo, quer te beijar e você não vai deixar porque isso não está no livro? – Katie parecia que queria me bater.

— Katie, entenda. Ele não é meu namorado. A ideia é programar até certo ponto algumas coisas, como entrar no personagem em uma peça ou filme, entende?

— Você enlouqueceu de vez. Sério, Emily, eu achei que você estava com alguns problemas mentais, mas agora vejo que precisa fazer uso de remédios.

— Eu não preciso que você aprove minhas escolhas, Katie. Apenas eu e claro, Logan precisamos concordar com elas. – um silêncio constrangedor se seguiu a minha resposta. – Então, agora que estamos de acordo, quem vai querer pizza?

— Sabe, senhora Taylor, você tem um timing muito estranho. Mas eu não recuso pizza. – Logan pegou o telefone e começou a procurar o número da pizzaria.

— Desculpe, está bem? Eu não queria te chatear, mas você tem que concordar que ás vezes você não pensa direito. – comentou Katie.

— Sim, eu sei disso, mas é importante pra mim.

— E por isso estou aqui. – falou ela com um sorriso. Katie podia ser um pouco intrometida, mas caramba, ela era minha melhor amiga.

>>o

   Ficamos vendo Tv enquanto comíamos pizza, eu não queria mais conversar e usei a comida como deixa. Assim que a Katie foi embora, eu me virei para encarar o Logan, ele estava lavando a louça em silêncio.

— Sabe, não precisava lavar a louça. Eu podia lavar mais tarde. – falei.

— Não, tudo bem. De verdade. Eu não me importo.

— Então tá. – sentei em um banco na bancada da cozinha e fiquei olhando pra ele. Logan ainda parecia irreal e era muito difícil me manter centrada.

— Eu sei que você está me encarando, Emily. Eu posso sentir seus olhos em mim. – falou ele e pelo tom de voz, estava sorrindo.

— Desculpe, é que, eu não consigo acreditar que está aqui.

— Aqui no universo, aqui na sua casa ou aqui na sua vida?

— Qual seu lance com o universo? – perguntei e ele deu de ombros.

— Tenho fascínio pelo desconhecido. Acho que foi isso que me fez aceitar essa sua ideia louca.

— Então, sorte a minha.

— Não fique toda felizinha ainda. Talvez eu não fique por muito tempo. – falou secando a mão e virando pra mim.

— Está presumindo que vai se apaixonar por mim? – meu tom era de brincadeira, mas minha garganta ficou seca de nervosismo.

— Não precisa ficar nervosa com a ideia. – acho que não fiz um trabalho tão bom em esconder os sentimentos.

— Acho que não consigo evitar, eu não quero perder você. Você é minha Mona Lisa.

— Caramba, Emily, você sabe como fisgar um homem. – seu olhar era sedutor, sua voz também e seu sorriso... fala sério, tudo nele era sexy.

— Eu sei que está brincando. – ele deu a volta na bancada e sentou de frente pra mim.

— No momento, senhora Taylor, eu quero dar o primeiro amasso entre Ryan e como é o nome da sua personagem? – engoli em seco.

— Ja.. Jane. – tentei não gaguejar, mas ele estava muito perto, seu perfume estava me deixando nervosa.

— Então, senhora Taylor, que tal gravar muito bem esse momento para descrevê-lo com perfeição mais tarde? – levantei e me afastei antes que eu pudesse cair (mais) no seu charme.

— Sem amassos, por hoje. Ainda não sei se você é ou não um psicopata.

— Vai ter que dar um tiro no escuro, senhora Taylor.

— Não me chama de senhora Taylor. – falei tentando evitar encará-lo, mas ele levantou e veio na minha direção.

— Por que não?

— Porque na sua voz isso soa muito sedutor. – ele sorriu.

— Não creio que esse motivo vai me fazer parar de te chamar assim. – respirei fundo.

— Logan, você pode, por favor, ficar longe? – ele sorriu.

— Como quiser. – eu sentei no sofá e ele voltou para a bancada da cozinha.

— Pois bem, agora que eu posso pensar, vamos decidir o próximo passo.

— Você já pensou no que vai querer que aconteça na sua história?

— Sim, pensei. E pra isso, a gente vai ter que conversar, ter conversas sadias.

— Tudo bem, conversas sadias. Quer sair pra jantar comigo? – perguntou.

— Jantar. Okay, jantar é uma boa.

— Aonde quer ir? – eu dei de ombros.

— Me surpreenda.

— Tudo bem. – ele levantou. — Já vou indo. Imagino que você invente um final para o nosso encontro hoje no livro.

— Eu já tenho um final. – ele levantou uma sobrancelha.

— E qual é?

— A gente se beija, oras. Como você acha que termina um encontro?

— Um encontro, senhora Taylor, pode terminar de várias maneiras. – engoli em seco. Eita!

— Eu escolho o beijo. – Logan soltou uma gargalhada.

— Tudo bem. E eu posso beijá-la ou isso é contra as regras? – eu entrei em conflito. Eu não deveria deixá-lo me beijar, mas nós éramos um casal criado para uma experiência, eu precisava beijá-lo pra saber descrevê-lo. Ou era essa a desculpa que a minha mente criou para beijá-lo sem culpa.

— Pode me beijar. Mas primeiro vou levá-lo até a porta. – ele saiu e eu prendi a respiração.

— Boa noite, senhora Taylor, espero encontrá-la em breve.

— Boa noite, senhor Blake, obrigada pelo dia de hoje.

— Eu que agradeço. Foi algo que eu jamais esquecerei. – sorri.

— Fico feliz, de verdade. – eu olhei dentro dos seus olhos e eles pareciam estar em expectativa. Imagino que os meus estavam assim também.

   Logan se aproximou de mim calmamente, olhou dentro dos meus olhos e sorriu. Eu estava nervosa demais para sorrir de volta, apenas esperei. Minha respiração começou a ficar desregulada, assim como as batidas do meu coração. Seu perfume me fazia perder a noção, assim como todo o resto dele. Sua mão esquerda segurou a minha cintura com firmeza, enquanto a direita fazia carinho na minha bochecha. Sua delicadeza foi inesperada pra mim.

— Você é completamente impressionante, Emily Taylor. – sua voz era um sussurro e fazia meu corpo se arrepiar.

   Quando ele encostou seus lábios nos meus, eu fechei os olhos e me deixei levar pela serenidade daquele momento. Sua boca era macia, mas firme, seu corpo estava distante do meu de modo que nossos corpos não se encostassem e eu não sei se era isso mesmo que eu queria. Ele se afastou apenas para beijar meu queixo e depois minha bochecha, muito devagar e com calma. No momento que seus lábios chegaram ao meu pescoço, eu já estava completamente rendida, porém mais rápido do que eu gostaria, ele se afastou de vez e olhou pra mim.

— Até mais, Emily. – sua voz ainda era um sussurro. E eu ainda a ouvia ecoando dentro de mim, enquanto ele saia do prédio em direção as escadas.

Aparentemente ele também sabia fisgar uma mulher— pensei.

>>o

     Seria uma grande mentira se eu não dissesse que fiquei pensando no beijo e no jeito de Logan Blake. As coisas não estavam acontecendo do jeito que eu tinha planejado e isso me deixava nervosa porque perder o controle era algo que eu não podia em hipótese nenhuma deixar acontecer. Esse livro era tudo pra mim e eu não queria perder a deixa por conta de um cara que eu nem conhecia direito.

Ele é lindo, basicamente. E gentil. E aceita as loucuras com muita naturalidade. — pensei.

Acho que você não tem uma tarefa fácil pela frente, querida Emily. — minha consciência resolveu dar as caras jogando verdades na minha cara.

Mas nós queremos o livro e nós precisamos nos concentrar, e eu preciso que você, senhora consciência se faça bastante presente para que eu consiga manter minha sanidade com o Logan. — eu quase podia senti-la zombando de mim.

Emily, Emily. Eu também perco a sanidade com o Logan. — suspirei.

     Aparentemente eu estava sozinha nessa. Respirei fundo e comecei a escrever loucamente, a minha criatividade tinha resolvido aparecer e eu precisava aproveitá-la integralmente. Mas eu não conseguia ignorar os avisos de Katie, isso de fato era uma loucura e de fato tinha muita coisas para dar errado. Como eu poderia fazer isso com um cara que eu sequer conhecia direito? O que eu tinha na cabeça?

Nada disso, Emily Taylor, não vai andar pra trás agora. Já começou essa loucura, agora termina. – minha consciência estava de volta.

Tem razão, eu só estou cansada. Preciso de um banho e da minha cama para que eu consiga pensar direito.

     O banho de banheira era a segunda melhor coisa do mundo para relaxar (por enquanto, deixarei em off a primeira). Embora eu não conseguisse tirar o sorriso de Logan Blake da minha cabeça, como ele conseguia isso? Afundei dentro d’água e esfreguei o rosto, era necessário ter foco e as coisas iam dar certo.

>>o

     A neve continuava caindo na manhã de domingo, eu acordei com uma ligação ainda não identificada. Deixei o celular em cima da escrivaninha, ao lado do notebook, portanto não tive coragem de levantar pra pegar. Acredito que se fosse importante, iriam ligar de novo. De acordo com o relógio ao lado da cama, eram 9hrs30min da manhã e eu só queria continuar dormindo.

     Seja quem for que estivesse me ligando, parecia querer mesmo falar comigo porque meu celular estava tocando de novo. Tomei coragem e levantei, tentei disfarçar a voz de sono, mas sem sucesso.

— Alô?

— Olá, Emily. Você ainda lembra que tem mãe? — não consegui segurar o sorriso

— Oi, mãe. Bom dia.

— Bom dia pra você também. Como estão as coisas em Nova York? E a faculdade? O trabalho? Está comendo direito? E a Katie, como está?

— Uma coisa de cada vez, por favor. As coisas em Nova York estão bem, frio e iluminado. A faculdade está ótima, eu tenho que começar a estudar para as provas finais, mas não tem nada que me preocupa demais. Ah... Deixa eu pensar... O trabalho está bem também, ainda sou apaixonada pelo o que eu faço e finalmente, comecei a escrever meu livro e estou muito animada em escrevê-lo. Estou comendo direito e a Katie está igual sempre, maravilhosa.

— Ah graças a Deus, fico feliz e orgulhosa que as coisas estejam indo bem pra você. Seu primeiro livro, Emily. Caramba, tenho certeza que será um sucesso.

— Obrigada, mãe. Espero que sim.

— Quero lembrá-la que o Dia de Ação de Graças está chegando e eu quero você em casa, está ouvindo? Esse ano não tem escapatória, você vem no feriado. — suspirei.

— Mãe, não sei, se eu tiver escrevendo? Não quero enrolar mais o prazo.

— Não me interessa, Emily Bryan Taylor. Quero você aqui no feriado e é bom, você comprar as passagens logo. Seu irmão também vai vir.

— Tá bem, mãe, tá bem. Estarei aí.

— Eu sei que vai. Te amo, Emily. Qualquer coisa que precisar não hesite em nos ligar, tá bem? Seu pai está mandando um beijo.

— Manda outro pra ele. Obrigada, mãezinha, de verdade.

— Sou sua mãe, é meu papel.

     Como eu poderia ter esquecido o Dia de Ação de Graças? Caramba, eu vou ter que dar um jeito de comprar as passagens logo, antes que tudo acabe e eu não consiga chegar em casa a tempo. Preciso comprar passagem para pelo menos um dois dias antes do feriado, porque o aeroporto fica um caos.

     Respirei fundo e fui tomar um banho, estava na hora de começar o dia.

>>o

     Estava terminando a minha faxina quando a campainha tocou, eu estava um horror, então eu esperava de coração que fosse a Katie. E graças a Deus, era.

— Você não avisa mais quando vai à casa das pessoas? – ela entrou.

— Das outras pessoas, sim.

— Posso te ajudar em alguma coisa?

— Você estava no meio da faxina?

— Já estou terminando.

— Que bom. Tem planos pra hoje?

— Tenho, claro, vou escrever.

— Que tal, relaxar hoje? Você tem escrito direto, antes que você tenha um colapso estou aqui pra te ajudar.

— Katie, eu realmente preciso...

— De mim, eu sei. Por isso estou aqui. – não consegui controlar o riso.

— E o que você tem em mente?

— Bom, só o básico de um domingo de neve. Filme e pipoca.

— Só se você prometer ter cuidado com a minha casa limpinha.

— Sim, senhora. Não se preocupe com isso.

— Então aproveita que está aí e guarda essas coisas pra mim.

— Ah... eu vou voltar pro meu apartamento, me avisa quando estiver pronta pra mim.

— Que descaramento. – ela sorriu e deu uma piscadela.

— Amigas são pra isso.

     Quando a Katie saiu terminei de guardar tudo pra passar a tarde com ela. Embora uma parte grande de mim queria voltar pro notebook e escrever mais um pouquinho, de fato, eu precisava de descanso, até para a criatividade voltar com tudo.

     Comecei a fazer a pipoca quando a Katie voltou com refrigerante e sorvete na mão. Ela parecia ligeiramente inquieta, como se que quisesse me contar alguma coisa.

— Katie? – perguntei.

— Está tudo bem?

— Acho que sim.

— Quer conversar sobre alguma coisa? - ela pareceu hesitar.

— O Nate me ligou. – virei meu corpo inteiro em sua direção e a fiquei encarando. – Eu sabia que você ia reagir assim.

— Eu o odeio, Katie e você sabe.

— E eu o amo. – suspirei.

— Ele não merece seu amor. Ele é a personificação de relacionamento tóxico.

— Emily...

— Como você consegue, Katie? Você é tão incrível e esperta. Como consegue ficar com um cara desse?

— Você pinta ele da pior forma possível. Mas no fim, não o conhece de verdade.

— Não o conheço? Katie, ele estudou com a gente. Eu o conheço muito bem. Faz quatro anos que você está nessa. Quatro anos. Eu não consigo entender.

— Eu sabia que não devia falar nada pra você.

— Eu sou sua melhor amiga, se não fosse pra mim, você ia falar com quem?

— Mas você fica me olhando esquisito quando eu falo dele.

— Isso porque você ainda não falou o que ele disse. Pois bem, ele te ligou e aí? – ela pareceu encolher.

— Ele quer me ver. – revirei os olhos.

— Mas isso é óbvio. Só pra isso que ele liga. E o que você disse?

— Falei que eu ia pensar. – a encarei surpresa.

— Sério? Finalmente. Mas você não está pensando em ir de verdade, está?

— Bom... Eu realmente queria conversar com ele. – virei de costas pra ele e me concentrei na pipoca.

— Faça o que quiser.

— Emily...

— Não, Katie, chega. Ele é uma pessoa horrível. Ele te usa, te joga pra baixo e só vem atrás de você quando quer sexo. Sinceramente, eu não entendo. Não consigo entender.

— Ele não é uma pessoa horrível. Ele só é... complicado. – soltei uma risada sem humor.

— Complicado é eufemismo. Eu torço pro dia que você vai perceber que ele não presta. – ela apenas suspirou. – Mas não vamos estragar nosso dia por causa desse cara. A pipoca está pronta, vamos escolher o filme?

     Katie deu um meio sorriso e pegou o controle da televisão. Eu estava irritada de verdade com essa história. O Nate era o tipo de pessoa que só de cara você percebe que deve se manter longe, mas ao mesmo tempo era muito envolvente e manipulador. Eu só queria que a Katie percebesse logo o quão idiota ele era.


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