Assim que cheguei à escola respirei fundo inúmeras vezes. Encarar Adrien e Chat não vai ser nada fácil.

— Você chegando cedo à escola? – Alya veio rindo até mim.

— Ei, eu tenho feito isso nos últimos dias. – protestei.

— Só se for nos seus sonhos. – fiz uma careta e ela riu mais ainda. – Enfim, você merece parabéns por chegar cedo e não zoeiras com a sua cara.

— Há há há! Agora me sinto muito melhor. – ironizei.

— Você está bem? – ela não disse, mas acho que estava falando sobre o incidente com Adrien e Chat.

— É, eu... - minha amiga me segurou pelos ombros e me virou de frente para a rua, onde pude ver o carro de Adrien estacionando na frente da escola.

— Olha quem vem lá!

— Socorro. – falei baixo e fiquei paralisada enquanto Adrien descia do carro e se aproximava.

— Eu sei, eu sei. Mas você precisa encarar os seus medos ao invés de só ficar admirando ele de longe.

— O quê... Eu não... – antes de qualquer coisa, Alya me empurrou para frente quando ele estava vindo eu esbarrei nele. O loiro me segurou pelos ombros.

— Opa! Você está bem? – sorriu amigável.

— Sim, estou sim. Obrigada. – sorri de leve.

— Certo. A gente se vê então, Juliette. – ele bateu no ombro e saiu.

— Ahá, muito engraçado! – ele parou e me encarou confuso.

— O que foi?

— Nada. – balancei a mão no ar, ignorando a brincadeira de mau gosto dele – Depois precisamos conversar. – ele fez uma cara de confusão maior ainda.

— Tá bem. – por fim deu de ombros e entrou na escola. O sinal tocou e Alya me puxou pelo braço, indo em direção a entrada também.

— Depois você vai me contar tudo.

— Aham.

Assim que entrei na sala, meus olhos percorreram o local à procura de Chat sem sucesso. Provavelmente deve ter se atrasado. Me sentei no meu lugar e fiquei com meus olhos grudados na porta, esperando por ele.

— O que houve que você está toda apreensiva? – Alya cochichou.

— Bem, Chat ainda não veio. Ele não disse que ia faltar aula. – também não sei por que me diria que ia faltar se o tratei mal ontem.

— Hã? Do que você está falando?

— A verdade é que nós brigamos ontem e eu acho que ele está bravo comigo. Tá certo que a culpa foi minha, mas...

— Você brigou com quem?

— Com o Chat.

— Quem?

— Alya, você está me assustando. Bateu a cabeça hoje de manhã? – brinquei.

— Na verdade acho que quem bateu foi você, amiga. – ela riu – E outra, eu não sabia que você tinha namorado.

— Quem? O Chat? – ela assentiu – Nós ainda não estamos namorando, só conversamos um pouco depois que saímos da escola.

— Então ele veio te buscar na escola? – franzi a testa.

— Não, depois daquela briga de ontem. – não queria ter mencionado este triste fato – Aí o Adrien me levou em casa e eu desmaiei, quando acordei Chat estava lá. – a professora entrou dando bom dia e falando algo sobre a matéria, mas eu nem prestei atenção.

— Como assim o Adrien te levou em casa e eu não sabia disso? Tá podendo hein! – Alya sussurrou, me deu um tapinha amigável no ombro e eu continuava encarando ela. Não entendia o que estava acontecendo.

— Calma aí, o Adrien disse pra você inventar uma desculpa para a professora, ou algo assim. Você e Nino estavam junto.

— Mari, do que você ta falando? – eu revirei minha memória tentando achar o que havia de errado na minha história.

— Silêncio pessoal! – a professora olhou feio para nós duas e nos endireitamos. Eu não sabia o que estava acontecendo mas estava com uma sensação estranha. Abri a mochila e peguei meu diário, folheei e parei em uma página qualquer.

“- Queria te perguntar uma coisa. – engoli em seco – Você e o Chat se conheciam de onde?

— Hã... N-Nós... Então...

— Eu já visitei Paris algumas vezes e meus pais iam sempre na padaria dos pais da Marinette, foi assim que nos conhecemos. – Chat apareceu e eu dei graças a Deus, pois provavelmente não conseguiria mentir sobre isso. – Mas porque a pergunta?

— Nada não, só curiosidade.”

— Ah não. – lamentei e folheei mais um pouco.

“— Tem certeza que vai dar certo?

— Vai sim, confia em mim. – Chat ia me empurrando para entrarmos no parque.

— Tá, mas o que eu falo?

— “Ah, acho que eles não vêm, mas já que estamos aqui vamos tomar um sorvete?” – ele tentou imitar minha voz, obviamente não ficou nada parecida.

— Eu não falo assim.

— Sim, você fala.

— Não, eu não falo.

— Vai de uma vez. – Chat me empurrou pra frente e eu o olhei feio – Desculpinha! Boa sorte.

— Vou precisar. – falei entre dentes e me virei entrando no parque. Avistei Adrien sentado em um banco. Respirei fundo e caminhei até ele.

— Ah, oi Marinette.

— Olá. – sorri e sentei ao lado dele.

— Achei que viria com o Chat.”

— Não, não, não! – parei na última página escrita.

“— O que vem agora? Você vai me dizer que sou maravilhosa e aquele discurso todo para depois dizer que se não fosse por você Adrien não saberia o meu nome?

— Você sabe que eu não quis dizer isso.

— Então o que quis dizer? – ele suspirou – Foi o que eu pensei. – continuei andando.

— Marinette!

— O que é? – parei e virei para ele que permanecia no mesmo lugar.

— Eu te amo.”

Dei um longo suspiro e bati minha mão na mesa, fazendo com que as atenções fossem voltadas para mim, o que é justamente o que eu não queria nesse momento.

— Professora, será que eu poderia tomar um ar? Não estou me sentindo bem! – nem precisava fingir, pela minha cara ela provavelmente acreditaria. Eu só queria sair daquela sala, já que estava me sentindo cada vez mais sufocada.

— Pode sim, Marinette. Se piorar, vá até a enfermaria.

— Obrigada. – agradeci e saí dali o mais rápido possível. Assim que passei pela porta senti as lágrimas nos escorrerem pelo meu rosto.

Eu não sabia o que pensar. Coisas demais se passavam pela minha cabeça: momentos, lembranças, sensações, sentimentos...  Como aquilo não podia ter sido real? Foi real.

Pra mim foi real.