Meu destino é você. escrita por Drica Mason


Capítulo 18
Chapter #18


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente. Desculpem a demora.
Comentem que se tiver bastante comentários por cap amanhã já.
Espero que gostem.



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Agora eu estava mais calma. Eduardo tinha pedido para Babel me arrumar um copo com água e açúcar, mas não foi isso que me acalmou e sim sua presença, sua voz, seu cheiro e suas palavras. Pensei que ele ia ficar bravo comigo e gritar, mas foi extremamente calmo. Se está preocupado não quer demonstrar isso para ninguém.

Ao contrário dele eu estou muito nervosa. Já passaram-se quatro horas desde que fui até a escola pegar os garotos e descobri que Beatriz havia levado Diego. Deixei Bruno na casa de Cecilia e corri para o escritório de Eduardo, quando ele ficou sabendo pediu para Henrique chamar um tal de Anderson que é investigador da policia federal e um grande amigo deles.

Beatriz ainda não ligou e nem deu sinal de vida. Anderson acha que ela está se escondendo e esperando a poeira abaixar e que depois ela vai tentar fugir. Mas Anderson assegurou que não vai deixa-la sair da cidade. Ele está usando a tecnologia da policia federal, ligando para outros investigadores e pedindo ajuda para a policia civil. Todos estão empenhados em encontrar Diego.

A sala está cheia de investigadores, eles trouxeram um equipamento de investigação que varre todas as câmeras da cidade, tem um rastreamento facial, então se Beatriz ser pega por uma dessas câmeras Anderson vai saber onde ela está e uma equipe de policiais vai atrás dela. Porém, até agora só temos uma informação, o número da placa do carro que ela buscou Diego na escola.

Mas além dessas tecnologias temos também os noticiários e a internet. Acredito que tudo vai dar certo e que no fim do dia Diego vai estar em casa novamente.

Estou sentada em um sofá, encarando Eduardo que pela primeira vez demonstra fraqueza, ele coloca as mãos sobre o rosto e solta um suspiro longo, isso corta meu coração. Levanto-me e caminho até ele, quando tira as mãos do rosto e percebe que estou perto Eduardo me abraça apertado.

— Estou com medo, Alana. — afago suas costas e deixo-o ficar agarrado a mim. — Beatriz é louca, ela estava internada em um hospital psiquiátrico. Disse para mim que tinha recebido alta. E eu acreditei. Anderson acabou de dizer que ela fugiu. Não sei do que aquela mulher é capaz. Tenho medo que machuque meu filho. 

— É melhor não pensar dessa forma. — murmuro perto do seu ouvido. — Ela não seria capaz de machucá-lo fisicamente.

Eduardo suspira e me junta mais ao seu corpo. Tenho a impressão de que não quer me largar e eu também não quero que isso aconteça. Seus braços são tão acolhedores e seguros.

— A culpa é minha. Eu sabia que ela estava na cidade e mesmo assim não fui cuidadoso. Pensei que ela não seria capaz de fazer algo para eles. Mas, agora

— Ei. — sussurro. — Não é sua culpa Beatriz ser louca. — digo. — Você não podia prever que ela sequestraria um dos meninos.

— Mesmo assim. Eu devia ter tomado precauções. — argumentou. Ele desgrudou nossos corpos, e embora continuasse perto de mim eu queria que continuássemos abraçados, pois era como se conseguíssemos calma um nos braços do outro. — Se eu fosse cuidadoso isso não teria acontecido.

— Não pensa assim. — falo, olhando nos seus olhos. — Os investigadores vão encontrá-lo.

— Obrigado por estar aqui. — ele segura minha mão. — Se você não estivesse aqui, eu estaria perdido. — agora sua outra mão acaricia minha bochecha. — Você me deixa mais calmo.

Esboço um mínimo sorriso e agradeço por estar em uma sala cheia de investigadores.

— Encontramos algo, Eduardo. — avisa Anderson. Eduardo corre até os computadores e fica encarando a tela, não consigo ver o que tem nela, porque Anderson está na frente e tampa tudo.

— É ela. Essa desgraçada! — rosna Eduardo, deixando toda sua raiva transparecer. — Eu vou matar ela!

— Ei, calma cara. — diz Henrique, apertando o ombro do amigo. — Qual o próximo procedimento, Anderson?

— Bom, esse é um posto de gasolina, ela pode ter tomado qualquer direção, então vou coletar imagens das câmeras ao redor do estabelecimento e o rastreamento facial vai nos ajudar.

— Faça isso. — diz Eduardo passando as mãos pelos cabelos. — Mas encontre o meu filho, por favor.

— Vou fazer isso, amigo. Não se preocupe.

Eduardo assente. Ele está nervoso e com muito medo, é claro que entendo tudo que está passando, porque estou sentindo a mesma coisa. Mas acredito que para ele está mil vezes pior, Eduardo já perdeu uma pessoa muito importante na sua vida, que amava de verdade, ele simplesmente não consegue se imaginar perdendo outra.

Ele sai do escritório de cabeça baixa, derrotado. Estou me sentindo péssima pelo o que está acontecendo e por Eduardo. Diego é importante na minha vida também e Beatriz é louca, só de pensar no que ela possa fazer com ele sinto calafrios.

— Vai atrás dele. — me assusto com a voz grave que enche meus ouvidos. Olho para o lado e Henrique está de braços cruzados, me encarando sério. Nem parece o Henrique cafajeste que conheço, aquele que estou acostumada. Esse é um outro lado dele, que me surpreende. — Ele precisa de você.

— Não. Ele precisa ficar sozinho. — rebato. — Eduardo está nervoso e com medo.

— Exatamente. — diz. — É por isso que ele precisa de você. — cochicha. — Olha só, não sou de ficar dando concelhos. Mas conheço meu amigo e no momento ele não quer ficar sozinho.

Abaixo a cabeça e fico em silêncio.

— Vai atrás dele, Alana. Ele está na sala de reunião. É aqui do lado.

Ao dizer isso, Henrique se afasta e vai conversar com um dos investigadores.

Eu quero ir, é tudo que mais quero no momento, consolar Eduardo e me acalmar com sua presença. Se tudo isso está me deixando exausta, imagina como ele está se sentindo? Bem pior. Mas e se eu ir e ele acabar não gostando nenhum pouco? E se ele me expulsar da sala?

Acabo pensando no que minha mãe me diria se eu fizesse essas perguntas para ela. Fecho os olhos e posso escutar sua voz me dizendo para arriscar, pois se eu não arriscar nunca vou saber, nunca vou responder minhas perguntas. Sim, seria exatamente isso que ela diria e no final ia sorri para me encorajar.

Fecho os olhos e vejo seu sorriso sereno e encorajador.

Tomo minha decisão. Respiro fundo e ando para fora do escritório. Paro em frente à porta com uma placa que indica que é a sala de reunião, penso em bater, mas não faço, apenas respiro fundo e seguro a maçaneta, empurro a porta e entro calmamente na sala.

Eduardo está sentado em uma das cadeiras ao redor de uma mesa comprida. Está com a cabeça baixa e segura um copo do que acredito ser whisky. Ele funga diversas vezes, e tenho quase certeza que está chorando. É por isso que ele veio para esse lugar. Pois apenas se estivesse sozinho conseguiria demonstrar tamanha fraqueza.

— É melhor você sair daqui, Alana.

— Não. — digo firme. — Não vou sair daqui.

Caminho até ele e me sento na cadeira ao lado, retiro o copo das suas mãos, ele não demonstra nada, apenas continua em silêncio.

— Sei que ainda é horário do expediente. Mas, foda-se. — viro o copo e o resto de whisky desce ardendo pela minha garganta.

Abaixo a cabeça e me junto a ele num silêncio absoluto, até ele começar a falar e presto atenção nele.

— Quando perdi a Maria Fernanda pensei que não ia aguentar. Pensei que em um momento ia acabar desistindo. — ele encara meus olhos. — Mas eu consegui, fui forte por causa dos meus filhos, eles acabaram se tornando a única razão de eu continuar. Só que agora Diego está em algum lugar desconhecido com sua tia louca, e eu estou morrendo de medo. — diz. — Eu não posso perdê-lo, Alana.

Seus olhos estão transbordando lágrimas e ele não consegue segurar. Sinto meu coração apertar dentro do peito, Eduardo está chorando na minha frente, demonstrando toda sua emoção e medo. Não sei o que fazer, apenas jogo meus braços em torno dos seus ombros e o abraço. Ele encosta o rosto no meu ombro e chora. Afago seus cabelos e o deixo chorar o quanto aguente.

— Diego vai voltar para casa. Tenho certeza disso. — cochicho. — E ele é um garoto forte, igual o pai dele.

Eduardo funga e me puxa para mais perto, me aperta eu seus braços. Sinto sua respiração contra meu ouvido e apesar da hora ser inadequada me arrepio inteira e para ajudar ainda mais uma de suas mãos rasteja pelas minhas costas até minha nuca. E para me fazer perder todos os sentidos Eduardo beija meu pescoço. Fecho meus olhos e aperto o tecido da sua camisa tentando me controlar.

Mas Eduardo não para por aí, ele deposita outro beijo na base do meu queixo e outro na bochecha, seus dedos estão acariciando minha nuca e seus lábios estão perto dos meus. Meu coração explode dentro do peito e não consigo mais resistir, puxo seus lábios para mim e o beijo com urgência e delicadeza. Sinto um reboliço de emoções dentro de mim, tenho vontade de me afastar, mas não consigo fazer isso só consigo beijar e suspirar.

— Ei, Eduar... — o som irrompe o silêncio da sala e eu me afasto de Eduardo. Olho para o lado e Henrique está nos encarando com um meio sorriso nos lábios. — Anderson encontrou a Beatriz.

Eu me levanto. Eduardo se levanta. Saímos em disparada em direção do escritório.

— Ela está em um apart-hotel perto daquele posto. As câmeras acharam o carro entrando na garagem do hotel. Já mandei uma equipe para lá.

— Pode me passar o endereço?

— Não se preocupe, já coloquei homens cuidando disso.

— Me passa o endereço.

Anderson passa as mãos pelos cabelos, mas sabe que não adianta discutir. Apenas diz o endereço para Eduardo.

— Estou indo para lá.

— Vou junto. — digo, seguindo Eduardo. Ele não diz nada apenas segura minha mão e saímos da sala.

[...]

O apart-hotel que Beatriz escolheu para se esconder era longe da agência de Eduardo, demoramos pouco mais de 30 minutos para chegar. Era um prédio pequeno, com a fachada desbotada e uma construção antiga. Uma equipe de policiais já havia chegado ao local. Eduardo estava conversando com Anderson que lhe explicava como eles iriam agir.

Eu estou tremendo como uma vara verde. Tenho medo de algo dar errado, Beatriz é uma louca e se ver o cerco fechando é capaz de fazer alguma coisa com Diego, não posso nem pensar nessa possibilidade. Tento me acalmar contando mentalmente até 10 e respirando fundo, mas claro que não adianta, meu coração está apertado, me sinto angustiada.

— Você fica aqui, vou subir com Anderson.

— Não quero ficar aqui. — digo.

— Alana, prometo que no momento que tiver meu filho em meus braços eu o trago imediatamente para você.

— E se algo der errado?

— Nada vai dar errado. Não se preocupe.

Encarei os olhos de Eduardo, eles me transmitiam confiança e determinação. Ele não ia sair daquele apart-hotel sem o filho, disso eu tinha certeza. Mas ainda assim, fiquei me perguntando por que estava com tanto medo e angustiada. Tudo que eu queria era subir com ele, ter certeza que tudo estava bem com Diego, mas senti medo de acabar atrapalhando. 

— Tudo bem. Confio em você.

Ele esboçou um pequeno sorriso. Olhou profundamente dentro dos meus olhos, segurou meu rosto e deu um beijo demorado na minha testa, então seguiu junto com Anderson e outros três policiais para dentro do prédio. Encostei-me ao carro, ainda angustiada e comecei a pedir para Diego voltar bem. 

Alguns minutos se passaram e eles serviram apenas para me deixar mais inquieta. Só conseguia pensar em coisas ruins. Nada estava acontecendo, ninguém saia e ninguém entrava, tudo estava tão quieto, até que não consegui mais resistir, atravessei a rua e já na calçada notei um carro preto saindo da garagem do apart-hotel. As janelas eram escuras, mas eu tinha certeza que quem estava dentro era Beatriz, pois era aquele mesmo carro que Anderson achou pelas câmeras da escola.

Senti um calafrio percorrer minha espinha. Ela não devia estar sozinha dentro daquele carro, Diego poderia estar com ela. E se Beatriz conseguisse fugir com ele, talvez nunca mais o encontrássemos, e foi por esse medo que voltei para o carro, Eduardo havia deixado à chave na ignição. Arranquei e pisei fundo no acelerador.

Beatriz estava dirigindo rápido demais e eu tentei manter a calma para conseguir alcança-la, se entrasse em pânico não ia conseguir. Entramos em uma rua calma, de algum bairro da cidade que não tinha muito movimento. Ela acabou notando a perseguição e aumentou a velocidade. Acabei pisando fundo no acelerador, o carro de Eduardo é potente e quase encostei na traseira dela. Tinha que pensar direito, não podia causar um acidente, não com Diego lá dentro.

Quando notei estávamos entrando em uma estrada agrícola e a essa altura eu já havia entrado em pânico. Tinha medo que Beatriz perdesse o controle da direção e algo ruim acontecesse com Diego. E eu nem sabia se ele estava com ela, estava dando um tiro no escuro. Comecei a pensar em várias formas de fazê-la parar, e acabei encontrando uma, era suicida, mas precisava funcionar.

A estrada era estreita e cabiam dois carros. Dava até de fazer uma versão de velozes e furiosos. Aumentei a velocidade. Consegui alcançar Beatriz e continuei pressionando até abrir vantagem dela e quando estava a uma boa distancia, virei o volante para o lado, o carro fez uma curva e parou, ficando virado horizontalmente na estrada. Fechei os olhos quando percebi que o veiculo de Beatriz se aproximava, era outro tiro no escuro e esse valia a minha vida.

Escutei o carro derrapando. Apertei os olhos com mais força e juntei minhas mãos. Naqueles breves segundos muita coisa passou pela minha cabeça, as pessoas que fazem parte da minha vida, todas elas, cada rosto, cada sorriso, cada concelho da minha mãe. E tinha certeza que ela me mandaria arriscar, como fiz agora.

E quando tudo ficou um silêncio ensurdecedor eu abri os olhos e vi a poeira que tanto meu carro, quanto o de Beatriz haviam levantado. Pude perceber que seu veiculo havia parado a uma pequena distancia, o máximo para eu conseguir abrir a porta e saltar para fora do carro. Puxei a porta do carro de Beatriz com tanta força, ela se abriu e eu pude ver a desgraçada desmaiada e com o nariz arrebentado.

— Naná. — a voz de Diego. Ele estava ali, no banco de trás, ele estava aos prantos, com o rostinho marcado de lágrimas, meu peito doeu por vê-lo naquele estado, mas eu me sentia aliviada também.

— Graças a Deus.

Puxei o banco do carona para frente e coloquei metade do meu corpo para dentro. Peguei Diego no colo e o tirei de dentro daquele carro. Sentei-me com ele agarrado em mim, chorando, assustado e com muito medo. Afaguei suas costas e murmurei diversas vezes que estava tudo bem. Quando senti seu corpinho menos tenso o afastei de mim e chequei se estava mesmo tudo bem.

— Ela não te machucou? — Diego negou com a cabeça. Abracei-o novamente. — Vai ficar tudo bem agora.

Fechei meus olhos, dessa vez suspirando aliviada e feliz por Diego estar nos meus braços. Estava mais calma, mas ainda sentia muita raiva e quando notei que Beatriz estava acordando meu sangue ferveu. Coloquei Diego ao meu lado e levantei. Contornei o carro dela e abri a porta do motorista. Ela me encarou, seu rosto estava sujo de sangue por causa do nariz que com certeza ela bateu no volante quando freiou.

— Sua gorda cretina. — cuspiu. Seus olhos estavam cheios de ódio assim como seu tom de voz. — Tudo ia dar certo se não fosse você! — acusou. — Desgraçada.

— Eu devia esquecer tudo que aprendi, que a violência não é o caminho certo, meus princípios e minha educação e te dar uma surra agora, mas não vale a pena, você já está toda ferrada.

Arranquei a chave da ignição do carro e guardei no bolso. Logo a policia ia chegar e levar essa desgraçada para a cadeia. Ela grunhiu de raiva e bateu as mãos no volante. Segurei seu braço e cravei minhas unhas ali com tanta força que logo vi o sangue brotando, então a puxei para fora do veiculo. Ela caiu de bunda no chão. Cruzei os braços e observei-a reclamar de dor.

— Eu não acredito que você estragou tudo. — levantou-se cambaleando. — Vou matar você. — e se jogou na minha direção, desviei e nessa hora esqueci todos os concelhos que meu pai me dava sobre manter a paciência e nunca partir para a violência. Agarrei os cabelos dela e olhei para Diego.

— Amor, pode fechar os olhos? — ele fez que sim com a cabeça e fechou os olhos.

Joguei Beatriz contra o carro e ela virou-se de frente para mim e me encarou com bastante ódio que eu logo retribui com um soco bem dado no seu olho esquerdo arrancando um grito dela que se curvou e aproveitei para dar uma joelhada na sua barriga.

— Para! — ela gritou, se jogando no chão. Agachei-me e agarrei seus cabelos, fiz ela olhar para mim.

— Nunca mais toque em um dos meus meninos. — então soltei sua cabeça e ela ficou reclamando de dor.

Sentei-me ao lado de Diego e segurei sua mão, mostrando que eu sempre o protegeria de tudo.  

Não demorou muito para três viaturas da policia e uma hillux preta com sirene estacionar perto de nós. Até fiquei surpresa com a rapidez. Eduardo desembarcou da caminhonete junto com Anderson, quando ele viu o filho, abriu um enorme sorriso nos lábios e correu até o pequeno que se jogou em seus braços. Anderson veio até mim.

— Está tudo bem com você?

— Sim, tudo. — respondi. — Ela está reclamando de dor. — apontei para Beatriz. — É melhor levá-la cuidar desse ferimento.

Anderson assentiu e falou para dois policiais cuidarem de Beatriz.

— Você fez um ótimo trabalho. Arriscado, mas um ótimo trabalho. — disse.

— Obrigada.

— Nós tivemos um problema no apart-hotel. Parece que Beatriz foi bastante inteligente e ainda contratou dois brutamontes como capanga. Eles estavam armados e atiraram, nós revidamos, e ela conseguiu fugir com Diego. Mas tudo terminou bem, graças a você.

— Eu precisava fazer aquilo.

Anderson assentiu.

— Preciso conversar com os policias. Até breve, Alana.

— Até.

Depois que Anderson se afastou, voltei toda minha atenção na cena de pai e filho, Eduardo abraçava o filho com força e perguntava se estava tudo bem. Diego dizia que sim e abraçava o pai de volta. Ver os dois daquele jeito era reconfortante. Quando eles mataram a saudade, Eduardo caminhou até mim com Diego no colo.

— Você está bem? — perguntou, colocando Diego no chão novamente.

— Sim.

— Você não precisava fazer aquilo. Colocou sua vida em risco.

— Mas eu fiz. E faria tudo de novo.

Eduardo ficou quieto, apenas encarando meu rosto. Um misto de alivio, admiração e algo que não consegui decifrar transbordaram dos seus olhos e ele sorriu.

— Obrigado, Alana. — agradeceu. — Você foi incrível. — sua mão encontrou a minha e ele a apertou. — Se não fosse você... Droga, eu não quero nem pensar. Obrigado; obrigado. — levou minha mão aos lábios e a beijou. — Você é uma mulher incrível. 

Novamente ele beijou minha testa e dessa vez meu coração bateu forte de tanta alegria, coloquei meus braços ao redor da sua barriga e ele me apertou forte num abraço acolhedor e aconchegante, eu ficaria naquele abraço uma eternidade.

— Vamos voltar para casa. Vocês dois precisam descansar.

[...]

Eduardo estava no escritório. O dia foi maior parte corrido e confuso por causa de tudo que aconteceu, mas acabou tudo bem. Beatriz está no hospital por causa do meu momento heroico e de lá vai direto para a prisão, nada aconteceu com Diego, graças a Deus ele sabe o quanto é importante o uso do cinto de segurança, agora ele está dormindo como um anjo, depois que Eduardo contou uma história de ninar para os dois. 

Eu nunca passei por algo como hoje, perseguir alguém em alta velocidade pelas ruas da cidade. Mas ver Beatriz fugindo e pensar na possibilidade de Diego estar junto dela me deixou transtornada, precisava fazer algo. Fiquei furiosa, virei uma mãe urso capaz de fazer tudo por seu filhote, estava no carro e fiz a única coisa ao meu alcance. Corri atrás dele e fiz de tudo para tê-lo em baixo das minhas asas. Naquele momento apenas Diego me importava e eu senti-me uma mãe louca de medo de perder o filhote. 

Graças a minha atitude Diego está em casa novamente, protegido de todo o mal, não me arrependo nenhum minuto do que fiz, e muito menos de ter machucado Beatriz, ela mereceu e seria capaz de fazer pior se aquela vadia tivesse ferido meu menino. 

Agora, depois de tudo o que aconteceu, de tudo que fiz, ainda me acho covarde por não conseguir olhar nos olhos de Eduardo, a gente se beijou mais uma vez e por mais que eu pense que esquecer e ir embora é a melhorar coisa que me resta, ainda não quero, na verdade eu o quero, o desejo de forma quente, intensa e urgente. Mas ainda me sinto uma covarde, e nunca me senti como agora, sempre lidei com meus problemas e contornei a situação como ninguém, no entanto, agora, não estou conseguindo. 

Vamos lá, Alana, respire e bata na porta. 

Respiro uma... Duas... Três vezes, então bato ainda receosa na porta. 

— Entre. — escuto sua voz, que não me demonstra nada. 

Abro a porta, dou dois passos relutantes para dentro e seguro firme a xícara nas mãos. Eduardo está no celular e me olha de cima a baixo, então crava os olhos nos meus. Minha nossa, sinto minhas pernas bambearem e um arrepio gostoso se alastrar sobre minha nuca e se estendendo até minha barriga. 

— Sim. — ele diz, ainda com o celular na orelha. — Quero essa louca o mais longe possível dos meus filhos. — continuou. — Ok, tudo bem. Preciso desligar agora. 

Ele larga o celular sobre a mesa de carvalho e levanta-se graciosamente. Céus, custava ele ter algum defeito? Uma verruga na ponta do nariz ou até mesmo um nariz desproporcional. Mas não, ele é todo perfeito e lindo e maravilhoso.

 Aperto os lábios, impedindo a saliva de descer pelo canto dos meus lábios. Eduardo é demais para mim. Ele mexe completamente comigo e tira todo meu raciocínio. 

— Eu ia mesmo atrás de você. — falou, chegando perto demais. Ele sorri e minhas pernas vacilam, sinto um arrepio pelo corpo e meu coração está a 500 por hora. 

É possível um sorriso causar um ataque cardíaco? 

O que esse homem está fazendo comigo? 

— Trouxe uma xícara de café. — disse, esticando as mãos, o que causou uma grande catástrofe, a xícara chocou-se com Eduardo e virou completamente, e o café penetrou o tecido da camisa fazendo-o soltar um gemido. – Minha nossa. Está quente?

Minhas mãos agiram mais rápido que meus pensamentos e logo eu estava arrancando a camisa do corpo dele e esfregando as palmas no seu abdômen viril e sólido. É tão duro e quente.

 Eduardo solta um suspiro e segura meus pulsos. Percorro meus olhos por seus braços grossos, pelos gomos da barriga até o cós da calça. Perco o ar completamente e quando noto que percebeu o quanto estou abalada tento disfarçar e olho para sua testa. 

— Desculpe. 

— Tudo bem, o café estava quase frio. 

— Oh, droga. Sou muito atrapalhada mesmo. – abaixo-me para juntar a xícara e o pires. – Bom, ao menos não quebrou nada. 

Sinto sua mão no meu ombro, ela desce até meu cotovelo e me puxa, fico em pé, Eduardo tira a xícara das minhas mãos e coloca na cômoda que tem ao nosso lado. 

— Devo admitir que adoro seu lado atrapalhado. – ele encara meus olhos e sorri. – É difícil não adorar esse defeito. 

Minhas bochechas estão vermelhas e desejo estalar os dedos e sumir, mas agradeço por não ter esse super poder. 

Eduardo estica a mão, pousando-a sobre meu queixo. .

— Alana. 

— Sim. — inclino meu rosto a aprecio seu toque.

— Eu vou te beijar. 

Ergo meu rosto e fito seus olhos, cheios de desejo, transbordando luxúria. Já estou perdida, já foram dois beijos mesmo. Que mal tem deixar ele me beijar mais uma, duas ou até três vezes? Não tem mal algum e eu quero ardentemente que ele me beije. 

— E o que está esperando? 

Eduardo solta um suspiro pesado e pressiona os lábios sobre os meus, suas mãos veem de encontro ao meu rosto e sua língua desliza para dentro da minha boca, sinto tantas coisas, mas o mais forte é a volúpia que se apodera do meu corpo.

Interrompo o beijo e mordo de leve seu lábio. 

— Alana. – ele geme. – Se quer que eu me controle não faça mais isso.
E me beija de novo. Seu beijo é tão suave e quente ao mesmo tempo, me deixa atordoada e querendo mais. 

— No momento, controle é o que menos quero. 

— Droga. – diz. Eduardo empurra meu corpo contra a parede e se aperta contra mim. 

Sua mão sai do meu rosto e desce pela lateral da minha barriga até a minha coxa esquerda, ele a segura com força, afundando os dedos na minha carne, causando uma dor gostosa que me faz soltar um grande gemido. 

— Você está me deixando maluco. – diz, erguendo minha coxa ao lado do seu quadril e depois a outra. Nossos corpos se encaixam e juro que senti algo duro e grande pressionar o meio das minhas pernas. Oh céus, ele está excitado, duro como pedra. Eu quero, anseio por tudo isso dentro de mim, entrando e saindo com força, repetidas vezes. 

— Você não sabe o quanto está difícil aqui. 

Ele sorri e beija o canto dos meus lábios, depois meu queixo e então desce beijos quentes e molhados pelo meu pescoço, jogo minha cabeça para o lado, deixando minha pele exposta para ele. Estou excitada, meu corpo arde como brasa. Quero mais toques, caricias, mais beijos, quero menos roupas, quero todo prazer que ele possa me proporcionar.

Seguro seus ombros e suspiro. Okay, é nosso terceiro beijo e eu quero transar loucamente. Mas e daí? Sou dona do meu corpo, faço o que quiser. 

Eduardo segura minha camisa, suas mãos são rápidas, mas eu as detenho na metade do caminho e abaixo a peça de roupa novamente. Ele afasta a cabeça do meu pescoço e me encara. 

Mordo o lábio. Sou uma mulher decidida, uma gordinha que tá pouco se importando para o que as pessoas pensam, mas também tenho meus momentos de insegurança. E agora estou insegura de verdade. 

Quando era adolescente passei a maior parte dela sendo zoada pelos garotos, me apaixonava, porém sabia que me machucaria, porque nem um garoto ia sentir o mesmo por mim. Muitas vezes fui humilhada e isso acabou fazendo com que eu me fechasse e vivesse inteiramente no meu mundinho e agradecia por ter Jen ao meu lado. Nesse momento Fábio entrou na minha vida e me mostrou que era possível um cara bonito se apaixonar por mim e o tempo que passei ao lado dele foi prefeito. 

Mas ainda restou um pouco de receio. Medo de ser humilhada de novo. 

— Alana. – sua voz me traz de volta a vida real. – O que foi? 

— Eu quero isso, Eduardo. Quero mesmo. – digo. – Mas você precisa saber que o que vai encontrar aqui não são ossos e nem uma pele lisa e perfeita. Tem defeitos aqui, não é um corpo perfeito igual 

— Cala a boca, Alana.

Ele diz, deixando-me surpresa. 

— Eu não quero uma Barbie. Quero uma mulher de verdade. – e me beija, de um jeito romântico e voraz que tira todo o meu ar. – Eu quero você. E você é gostosa pra cacete. 

Dessa vez sou eu que o beijo, só que de uma forma bem menos contida, aproveito e exploro sua boca, como se fosse a trilha pra o paraíso e posso dizer que é quase a mesma coisa. 

Ele segura meu pescoço e se afasta. 

— Mas... Preciso admitir que estamos indo rápido demais. 

— O quê?

Eduardo me dá um selinho e um beijo na ponta do nariz. 

— Quero te levar para um encontro. – escuto com atenção. – Um jantar num restaurante incrível. Depois um barzinho. – outro selinho. – E por último, te levarei para minha cama. 

— Sua sanidade esta dizendo isso? – pressiono meu corpo contra o dele, sentindo sua ereção, arrancando um grunhido baixo dele. – Porque não é bem o que seu corpo está querendo. 

Provoco arrancando outro grunhindo dele. 

— Eu só quero fazer o certo. Você merece. – e dá um beijo na minha testa. 
Acabo me derretendo e por mais que a minha vontade seja diferente da dele acabo por seguir o caminho contrário. 

— Tudo bem. – coloco meus pés no chão. – Você venceu. Não vou ser teimosa dessa vez. 

Eduardo sorri. Fico na ponta dos pés e lhe dou um selinho. 

— Gosto de comida italiana. 

Lhe dou as costas e saio andando. 

— Amanhã. Nosso encontro. Às nove horas. 

— Tudo bem. – entro no meu quarto e fico sentada na cama por um tempo, esperando meu corpo voltar ao normal. 

Quando estou mais calma, pego minha bolsa e sigo para fora, quando abro a porta Eduardo está parado no corredor, ele me encara por breves segundos, segura minha cintura e me puxa junto a si. Uma de suas mãos se arrasta até minha nuca e ele puxa minha boca para dele, sua língua é possessiva e parece saber o caminho de cor já. 

Agarro seus ombros e grudo ainda mais nossos corpos. Posso sentir seu coração, ele bate rápido, assim como o meu. Me pergunto se Eduardo está sentindo o mesmo por mim, mas não quero pensar nisso agora, não quando sua mão agarra meu quadril e me puxa com força contra si.

— Eu precisava de mais um desses antes de você ir. — cochicha contra meus lábios. — Porque vai ser difícil dormir essa noite depois de tudo que quase aconteceu no meu escritório.

— Por mim aconteceria bem mais. — ele balança a cabeça sorrindo, segura meu rosto e me dá um selinho. — Ainda pode acontecer.

Ele geme.

— Eu quero, muito, com todas as minhas forças. — sussurra. — Mas eu também quero com calma. Não quero que você se arrependa.

— Eu entendo. — lhe dou mais um beijo. — Agora eu preciso ir.

— Tá bom. — ele beija o canto da minha boca e se afasta.

— Até amanhã, Eduardo.

— Até, Alana.

Lhe dou um último sorriso e saio.

Eu sei, pode ser maluquice me envolver com meu chefe, porém, sempre fui maluca mesmo. E tudo que quero agora é me envolver com meu chefe. Então, não adianta tentar resistir, depois de tudo que aconteceu vai ser impossível, vou fracassar.


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Notas finais do capítulo

Beijooooos e até +



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