- escrita por Blue Butterfly


Capítulo 28
Vinte e oito




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Dinheiro que corre na família por gerações, foi o que Jane pensou quando estacionou o carro na frente da casa de Maura. Mansão talvez fosse o termo mais apropriado para descrever o lugar em que a loira morava. Eram quase seis horas da noite e ela estava sozinha, sua única companhia sendo as sacolas de mercado, resultado da lista imensa de coisas que Maura tinha escrito num pedaço de papel. Ela estava muito perto de perder a cabeça naquela manhã por conta da visita dos pais, e Jane logo concluiu que a escolha mais lógica era ajudá-la a se organizar. A loira tinha dito então o plano principal. Ela ligaria para uma empresa para contratar o serviço de limpeza - sua casa estava suja há meses! - e então ela e Angela iriam as compras, ao salão de beleza e Jane deixou de ouvir logo ali. Ela não se interessava por aquilo.

'Desde que minha mãe te entregue viva as seis em ponto, na tua casa.' Ela tinha dito para as duas antes de elas sairem.

Maura parecia mais feliz com a companhia de Angela, e antes de partirem ela orientou Jane para que comprasse comida apenas no Whole Foods* onde ela poderia encontrar a melhor seleção de alimentos orgânicos. A morena pouco se importava com o que comia, mas quando se tratava de Maura a história era diferente. Com ela, Jane se importava, logo atendia todos os seus pedidos.

Agora, com o carro parado na entrada da garagem, a morena começava a se perguntar quanto de drama era real ou imaginário na vida de Maura. A considerar pelo tamanho da casa, o quanto deveria custar... Ela julgou que ser uma Isles deveria trazer tanto benefícios como restrições. Ela desceu do carro e agarrou as sacolas, achando um pouco difícil carregar tudo sozinha. Colocou-as no chão da varanda e tocou a campainha. Um instante depois, Maura estava lá. Sorrindo para ela.

'Você achou!' Ela disse feliz, se referindo à casa.

'Ah é, foi meio complicado, sabe? Fiquei meio perdida entre o castelo da direita e o da esquerda. Quer dizer, quase não dava pra notar tua cabana entre eles.' Ela provocou e Maura franziu o cenho. Jane revirou os olhos. 'Isso é sarcasmo, Maur.' Ela riu baixinho em seguida.

A loira revirou os olhos também, pegou metade das sacolas e sinalizou com a cabeça para que ela entrasse. A casa por dentro, Jane calculou, cabia três apartamentos dela. Na parte de baixo. Ela olhava impressionada para as paredes cobertas de quadros, como se fossem parte de um museu. Máscaras e esculturas enfeitavam mesas, armários. Os móveis, ela não tinha dúvida, eram feitos da madeira mais cara. Aquela casa inteira, com tudo o que tinha dentro, custava mais do que ela poderia fazer em quinze anos de trabalho como detetive. Aquela casa em Beacon Hill, o bairro mais caro de Boston, deveria custar em torno de um milhão. Apenas a casa. Ela nem conseguia calcular as roupas, o carro, droga... Todo o resto.

'Jane?' Maura piscava os olhos para ela, intrigada. 'Há algo de errado?'

A morena quase riu com a pergunta inocente dela. 'Nada, Maura. Eu só estava me perguntando quantas pessoas levam para limpar sua casa dentro de quatro horas.'

'Três.' Ela disse simplesmente, como se diz bom dia.

Jane olhou admirada para ela, balançou a cabeça em não. 'Maura...' Ela ergueu os braços, depois de se desfazer das sacolas, apontando para o ambiente. 'Você ficou mesmo na minha casa sabendo que tinha isso tudo aqui?'

A loira encostou-se na mesa da sala de jantar, mordeu o lábio inferior e cruzou as mãos na frente do corpo. 'Jane, eu passei um mês morando em um porão sob condições que não correspondem ao mínimo do que deve ser garantido a um ser humano. Você acha mesmo que era do tamanho da minha casa que eu sentia falta?'

'Não.' Ela chacoalhou a cabeça. 'Não foi isso que eu quis dizer.' Ela se explicou, se sentindo mal agora. Ela não queria dar a entender que Maura era fútil e só se importava com conforto e status. Não era nada daquilo, mas era o que tinha soado aos ouvidos da outra, e a julgar pelo modo magoado como ela olhava para Jane, a morena sabia que custaria a consertar.

'Eu entendo que isso tudo pode causar... desconforto.' Ela abaixou os olhos e Jane jurou que sua próxima ação seria se desculpar por ter tanto dinheiro. 'Mas isso não define quem eu sou, como trato as pessoas e, definitivamente, não coloca uma barreira entre mim e elas. Há tanto mais importante no mundo, e você ficaria surpresa em ouvir o quanto já perdi por ter sido medida pelo que tenho.'

Jane abriu bem os olhos, impressionada com quantas palavras Maura podia falar em apenas dez segundos. Ela entendeu, também, que tinha muito sobre a vida da outra que ela não sabia. Se Maura dizia que dinheiro tinha sido um peso, ela acreditava. Ela esticou os braços para a loira e se desculpou. 'Eu não estava te julgando nem nada. E eu não vou tentar explicar o que eu sugeri, porque antes de tudo você precisa me deixar por dentro do que aconteceu entre você, sua família e o que quer que você tenha mencionado que te causou problema. Mas...' Ela correu a mão pelo cabelo da mulher. Estava mais curto agora, um pouco abaixo dos ombros, mais loiro nas pontas do que fora antes. Suas unhas estavam pintaram de vermelho, as sobrancelhas perfeitamente desenhadas. 'Antes disso, e essa é a primeira coisa que eu deveria ter dito hoje, você está linda.' Ela sorriu, se inclinou para frente e beijou os lábios de Maura.

'Você só está dizendo isso para fugir do assunto.' A loira resmungou.

'Não, não estou. Eu gostei do cabelo novo. E do seu perfume novo.' Ela estreitou os olhos e se inclinou para tentar sua teoria, cheirando o pescoço da mulher. Ela beijou delicadamente a pele perfumada. Maura riu levemente e passou os braços em torno do pescoço dela.

'Você gosta? É meu favorito.'

Jane sorriu e concordou com a cabeça. 'Chanel?' Ela arriscou das marcas famosas e caras, a que lhe era mais conhecida.

'Prada.' Maura respondeu, achando graça.

'Bem, eu sei que agora é o meu perfume favorito.' Ela encostou o nariz no pescoço da loira e a cheirou mais uma vez, e outra, fazendo Maura rir.

'Obrigada por em ajudar com tudo hoje, Jane. Eu temo encontrar meus pais amanhã. Quer dizer, eu espero honestamente que eles estejam cansados demais para pararem aqui hoje.'

'Não por isso. Me escuta, por que você não relaxa um pouco? Tome um banho de banheira. Eu sei que nessa casa imensa você deve ter pelo menos duas.' Ela provocou.

'Jane.' Maura a corrigiu.

'Três?' Ela continuou, e quando Maura larguei dela e começou a andar para a escada, ela gritou. 'Não me diga que são quatro!'

'Eu vou estar no meu banheiro, Jane. Na segunda porta à direita, no corredor de cima.'

'De qual das torres , minha rainha?' Ela brincou.

'Jane!' Ela ouviu Maura repreendê-la, já fora do alcance de sua vista, e riu sozinha. Ela iria pagar por aquilo, mas ela não conseguia evitar.

...

A morena dedicou-se a organizar a compra de comida que havia feito e tinha sido esquecida durante os minutos que ela e Maura passaram conversando. Ela abriu cada porta do armário, gaveta, a geladeira. Se ela fosse passar um tempo naquela cozinha imensa, ela deveria também saber onde tudo se encontrava. Ela jogou restos de comida guardados da geladeira. Colocou a louça suja na lava-louças. Picou em pedaços um queijo, serviu um copo de vinho. Maura provavelmente deveria estar na banheira ainda, e Jane não poderia perder a oportunidade de conhecer a suíte da mulher. Com queijo em um refratário pequeno de vrido e taça de vinho nas mãos, ela fez seu caminho até o segundo piso da casa.

Ela não ficou nenhum pouco impressionada ao descobrir que o quarto da loira era como o restante da casa: quadros na parede, uma cama imensa, livros, muitas almofadas e, de quebra, um sofá no estilo francês antigo encostado em uma das paredes. Tudo aquilo gritava à Maura. Elegante, fino, sútil. Eram traços da personalidade da loira que Jane sabia reconhecer bem, e não importava onde estivesse, o que vestisse. Aquelas características eram tão particulares e gritantes dela. Aparentemente, Maura tinha sido criada com a educação que as crianças da realeza recebiam.

E por falar em realeza... 'Senhorita Isles, tenho uma taça de vinho para você. Vossa rainha gostaria de bebê-lo agora, ou quem sabe depois do banho?' Jane provocou, quase rindo.

'Jane, já faz mais de trinta minutos. Nesse ponto já perdeu a graça.' Ela retrucou do banheiro, cansada.'

'Eu posso entrar?' A morena perguntou, sabendo que agora era arriscar a sorte. Ninguém mandou continuar com a provocação. Ela sabia que estava irritando Maura, de verdade.

'Pode.' A loira disse sem hesitar, para seu alívio.

Ela empurrou com o pé a porta que estava entreaberta, tentou não manifestar nenhuma reação de surpresa com o tamanho do banheiro e sorriu, depois, ao ver Maura sentada na banheira - alta o suficiente para a água cobrir seu peito, grande o suficiente para duas pessoas.

'Eu não mencionei o queijo porque não sei se ele combina com esse vinho.' Ela deu de ombros e sorriu para Maura. 'O vinho é sempre mais importante. O queijo a gente pode deixar para depois.'

Maura abriu um sorriso, sua mão brincando na superfície cheia de espuma. 'Obrigada. Onde está a tua taça, entretanto?'

Jane deu de ombro. 'Prefiro cerveja, o que eu comprei, mas honestamente? Vou salvar para mais tarde.'

'Certo.' A loira disse.

Jane se aproximou e se sentou no chão, ao lado dela. Passou a taça em suas mãos, em seguida colocou um pedaço de queijo em sua boca. 'Meu Deus, você está certa. Eu estou te mimando demais.'

'Minhas mãos estão cheias de sabão, Jane.' Ela justificou.

'Bem, eu não tô reclamando. Só observei.' Ela riu baixinho e entregou outro pedaço na boca de Maura. A loira sorriu, experimentou o vinho.

'Hm, boa escolha.' Ela disse, passou a taça para Jane depois de bebericar uma segunda vez.

A morena pousou a taça no chão, apoiou seu queixo na beirada da banheira. Maura encontrou seus lábios com o dela e beijou com carinho.

'Você é a melhor coisa que me aconteceu na vida.' Ela fez uma pausa. 'E olha que eu tenho quatro banheiras dessa.' Jane arregalou os olhos, Maura riu alto. 'Apenas uma, Jane.' Ela revelou, divertida com a reação da morena.

'Ah. Você me pegou.' Jane segurou e beijou sua mão.

Maura observou-a por um minuto, acariciou seu rosto. 'Você quer entrar aqui comigo?' Suas bochechas coraram antes mesmo de terminar de falar. 'Quer dizer... Se você não achar estranho.'

Jane sorriu gentilmente para ela, nunca soltando de sua mão. 'Maura, você tá sem roupa. Eu estaria sem roupa. Não é estranho, é só que é... tentador demais.' Porque era. Era diferente de estar deitada na cama com ela, com camadas de roupas separando as duas. Ali, na banheira, não havia o que fosse impedir o contato de pele com pele, não havia espaço suficiente para que ficassem longe, evitando o atrito.

'É só que...' Ela abaixou o olhar. Jane apertou sua mão de leve para que continuasse falando. 'Eu pensei que talvez fosse um pouco mais fácil se... Você sabe, a gente entrasse em contato primeiro sem ter o compromisso de... bem...' Ela divagou. Para alguém tão bem articulada, ela estava tendo dificuldades em encontrar as palavras.

'Você acha que você vai se sentir mais a vontade se eu entrar aí com você, te segurar um pouquinho até que você esteja familiarizada com esse tipo de contato físico de novo?' Jane tentou.

'Isso.' Ela disse balançando a cabeça em positivo. 'Se não for muito estranho.' Ela adicionou, de novo.

Jane riu baixinho e se levantou. 'Feche os olhos, porque se eu não posso ver, você também não pode.' Ela brincou, entretando já estava tirando a camiseta. Maura atendeu ao pedido, e também se afastou da borda. Uma vez sem roupa, Jane pisou com cuidado para dentro, atrás do corpo de Maura. Ela se sentou, passando cada uma das pernas ao lado do corpo pequeno da outra. A água quente se movimentava lentamente por causa dela. 'Eu posso te abraçar?' Ela perguntou, hesitando em passar os braços na cintura da outra sem permissão por essa situação nova.

'Pode.' Maura murmurou. Seu corpo se tensionou com o contato das mãos de Jane, mas a morena abraçou mesmo assim, beijando sua nuca exposta e trazendo gentilmente o corpo magro contra o seu.

Maura respirou lentamente. Jane se divertia ao ver a pele dela arrepiando toda vez que sua respiração atingia seu pescoço. Ela beijou o ombro salpicado de sardas, duas vezes. A loira então virou o rosto para ela, incerta.

'Ei.' Jane disse.

Ela sorriu. 'Oi.'

'Como você se sente?' A morena perguntou depois de beijar sua bochecha.

Ela deu de ombros. 'Eu não sei. É estranho.' Ela murmurou, encostou-se em Jane.

'Você consegue me dizer o por quê?' A morena apertou de levinho os braços em torno dela, e Maura apoiou os seus sobre eles. Enquanto esperava pela resposta, Jane estudava o perfil de Maura. O contorno de sua boca, seus olhos verdes. Tão perfeitamente desenhados.

Ela encolheu as pernas. Se remexeu. Brincou com a espuma perto dos joelhos.

'Maura.' Jane pressionou um pouquinho, pensando que ela não fosse falar. 'Escuta, se você não quiser trabalhar nisso agora, eu disse que tudo bem, Maur. Você não precisa se adiantar, nós estamos bem assim. Eu vou esperar. Mas se você quer tentar, querida, você precisa me falar o que tá sentindo, eu preciso entender o que está acontecendo com você. Só assim eu posso te ajudar.' Ela disse e beijou a cabeça da loira. Ela entendia o quão difícil aquilo era, principalmente depois de ser pregada no chão por Hoyt. Os traumas se misturavam com outros conflitos, questões.

A loira permaneceu em silêncio, ponderando as palavras. Jane não disse mais nada, sabendo que aquele tempo era necessário. Ela só esperou. Ela se segurou para não acariciar sua cintura, não sabendo se o toque seria bem-vindo. Manteve os braços e mãos em lugar seguro, os sentimentos sobre controle.

Então, Maura se manifestou. 'Eu me sinto um tanto quanto... Um brinquedo estragado.'

As palavras atingiram Jane com força. Ela sabia exatamente o que aquilo significava. Porém, em vez de verbalizar o que sentia, continuou ouvindo.

'E porque eu me sinto assim, é um pouco difícil de aceitar ou entender os motivos de você querer se envolver comigo. Sexualmente, quero dizer.'

Jane nunca ouvira Maura confessar algo tão íntimo e frágil assim. Ela poderia ser agora uma bolhão de sabão. Se Jane a tocasse com apenas a ponta do dedo, ela se acabaria em gotas minúsculas. Um tanto quanto quebrada, ela própria, depois de ouvir a confissão da mais baixa, Jane beijou carinhosamente seu ombro, sua nuca e pé do ouvido com reverência. 'Você não é nenhum brinquedo quebrado, Maura. Você não é nem mesmo um brinquedo. Você é um ser humano, uma mulher, e deve ser tratada com devido respeito. Alguém te machucou, te fez pensar que você é menor do que realmente é. Por isso que é chamado abuso, querida, porque ele fez uso incorreto do poder dele, Maura. Isso não significa que você é inferior, que você está exposta para consumo - seja para que fins ele for.'

A outra permanecia imóvel, apenas ouvindo, exceto pela mão que tinha levado à boca para morder a ponta dos dedos enquanto pensava. Jane revirou os olhos, afastou a mão de lá - apenas porque estava cheia de sabão - e continuou falando.

'Você não merece ser reduzida a um brinquedo. Eu te respeito, te admiro, te desejo pela mulher que você é. Eu tenho orgulho de estar com você. Eu jamais vou machucar, brincar com você porque, de novo, você não é um objeto.' Ela beijou mais uma vez o ombro da outra. 'Sexo não é sobre usar outra pessoa para prazer próprio, Maura. Sexo é uma troca íntima, respeitosa, permitida. É cuidar da outra pessoa quando ela está no momento mais vulnerável. É se dispor a conhecer a pessoa tão minuciosamente bem, afim de oferecer prazer por ter aprendido onde tocar, o que dizer - e isso também é cumplicidade. Sexo não é vergonhoso, ruim, não quando se tem respeito. Qualquer pessoa que invade seu espaço pessoal afim de conseguir prazer próprio, por qualquer meio, não entende nada disso. Não entende de respeito, de cumplicidade, de amor.'

Por muito tempo Maura não disse nada, ela ficou em silêncio analisando o que Jane dissera. Seus dedos fisgavam os da morena, um por um até que estivessem todos dentro de sua mão. Então ela apertava gentilmente eles juntos, e num processo invertido soltava cada um deles, como se eles estivessem numerando seus pensamentos. O que lhe era útil, ela agarrava, o que era descartável, ela deixava para lá. Jane achou que ela fosse simplesmente mudar de assunto depois de um tempo, mas então, quando Jane se remexeu para ajeitar sua postura, a voz de Maura veio.

'Eu confio em você.' Ela murmurou.

A morena esperou por algo mais, inclinou a cabeça para olhá-la. 'Você confia em mim.' Ela repetiu quando se deu conta de que era aquilo. Uma observação retirada entre tantas outras, dita em volta alta.

Maura meneu a cabeça leve mas firmemente. 'Eu só preciso de um tempo para superar... essas marcas.' Ela murmurou a última parte.

Jane suspirou. Ela honestamente achava que a obsessão de Maura por causa das cicatrizes beirava à loucura. Ela sabia que a loira se referia às cicatrizes da barriga, de quando escapara e se cortara no vidro, porque seus braços e pernas e costas não carregavam nenhuma. E, ela sabia também, porque vira os cortes na noite em que entrara no banheiro, semanas atrás, afim de ampará-la. Mais do que isso, ela sabia que as marcas eram apenas simbólicas. O que vinha delas era o significado da razão de estarem ali, como a loira interpretava aquela representação. Se apegando nessa idéia, ela abraçou Maura um pouquinho mais forte e beijou sua nuca.

'O que você vai contar? Sobre como conseguiu suas cicatrizes, eu quero dizer. Que história você vai contar?' Ela encostou o queixo no ombro da menor, seus olhos estudando o rosto tão perto do seu.

Maura levou os dedos nos lábios de novo, Jane revirou os olhos e afastou a mão mais uma vez. 'Pelo amor de Deus, Maura. Por mais rica que você seja, duvido que seu sabonete tenha um gosto bom.' Ela resmungou.

A loira franziu o cenho para ela, mas deixou para lá. Apertou os lábios entre os dentes, e ignorou Jane por um instante.

'Você ainda tem que me responder.' Ela a lembrou.

'Eu não elaborei minha resposta ainda.. Ela devolveu.

'Bem, eu só consigo imaginar duas opções para como você encara isso. Não agora, mas quando você estiver pronta eu vou perguntar de novo. E eu vou, Maura. Pense sobre isso.' Ela plantou um beijo no seu pescoço, se perguntando desde quando ela não conseguia manter seus lábios longe da loira, e cheirou sua pele. Era um perfume doce, sofisticado. Poderia ser uma mistura de flores e aveia, um pingo de mel. Sabonete caros deveriam mesmo valer a pena, ela riu baixinho com o pensamento, contente em saber que agora também tinha o mesmo cheiro que Maura. 

'O que?' A loira virou o rosto para ela, estudando-a em curiosidade.

'Nada.' Jane disse, beijou sua bochecha. 'Só para você não esquecer, eu sempre vou estar aqui com você.' E você sempre comigo, mesmo que seja nessa tentativa desesperada em ter algo de você em mim, como o teu cheiro - tão pobre se comparado ao ter você realmente aqui.

'Vamos ver se você vai dizer o mesmo após conhecer meus pais.' Ela riu com amargura, suspirando com angustia no final.

'Eu não sei o que acontece entre vocês, mas a gente sempre pode fugir e mudar nossos nomes. Ninguém mais vai nos encontrar assim.' Jane brincou, Maura riu e se virou um pouquinho para ela, beijando seu rosto.

'Não parece uma idéia tão ruim quando você coloca assim.'

'Considere isso seriamente. Eu sou policial e sei como essas coisas funcionam.' Ela adicionou com seriedade. Maura riu mais uma vez, virou-se de lado e laçou sua cintura.

'Você acha que consegue fazer isso ainda essa noite?' Maura brincou também.

'Absolutamente.'


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Notas finais do capítulo

Whole Foods é uma cadeia de mercados nos EUA que vende apenas comidas saudáveis e orgânicas. Não vejo Maura comprando comida, senão lá. hahaha



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