Kettering - Fred & Hermione escrita por IsaMultiboooks


Capítulo 6
O Toque


Notas iniciais do capítulo

FELIZ ANO NOVOOOO! Como passaram as festas de vocês? Espero que bem ♥ Desculpem pela demorinha, é que esse capítulo deu um pouco de trabalho hahahahah Espero que gostem!



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 - Tudo aqui é deprimente demais! – Fred resmungou de forma brincalhona e teatral, depois que as mãos de Hermione recuaram e deixaram um vazio em suas palmas. – Olha. Isso.

 - Bom... Pense em coisas mais alegres. – Hermione sugeriu, ainda arrependida de ter enlaçado seus dedos nos dele anteriormente. – Por exemplo... O que você quer fazer quando sair daqui?

 - Sério? – Ele riu, deixando-a sem entender o que estava acontecendo. – Bom, doutora, eu sou o tipo de cara que aprecia as coisas simples da vida. – Fred formalizou de brincadeira. Ele se aproximou cada vez mais de Hermione, como se fosse contar um segredo. – Sabe o que eu mais quero em todo o mundo? – Ele sussurrou com seriedade.

 - O-O quê? – Hermione murmurou, tensa com a proximidade que ela não necessariamente desgostava (ainda que jamais admitiria isso).

 - Tomar banho sem alguém esperar do lado de fora. – Fred riu, divertindo-se com a cara de Hermione, que provavelmente esperava uma séria revelação. – A não ser que essa pessoa seja você. – Emendou com uma piscadela brincalhona.

 - Fred! – Hermione repreendeu com uma risada discreta que tentava segurar. – Estou falando sério!

 - Eu também! – Fred riu. – Além disso, quem iria querer sair desse ótimo lugar?

 - Realmente...

 - E você? – Ele inquiriu de súbito.

 - Voltar para Hogwarts, acho. Depois, arrumar um...

 - Calma aí. Voltar para Hogwarts? É sério? – Fred agia como se Hermione tivesse acabado de dizer que largaria tudo para virar uma desgnomizadora profissional.

 - Fred, eu não terminei meu último ano. E de qualquer forma, acho que Hogwarts se tornou um lar para todo mundo que passou por lá, então não vai ser um grande sacrifício. – Hermione explicou com um misto de nostalgia, alegria e esperança no olhar, tornando a tarefa de não encará-la difícil para Fred.

 - Bom, eu não terminei o meu último ano. – Fred falou de uma forma estranha, fazendo os olhos de Hermione se erguerem. – Mas não é um grande peso na consciência.

 - Não sei o que esperava de você...

 - Ah, Mione, você sabe que eu tô brincando. – Disse ele, colocando a mão em seu ombro quando percebeu que a piada a deixou um pouco triste. – Eu volto para lá com você, se quiser.

 Fred dissera isso de forma casual, como se fosse um pedido de desculpas pela piada, e trataria como isso se Hermione recusasse. Mas Hogwarts não era tão ruim assim, e se ele ficasse com Hermione um pouco... Bom, seria um bônus.

 - Fred, eu já não sei mais diferenciar quando você está brincando e quando você não está. – Hermione riu consigo mesma, sem querer demonstrar esperanças caso fosse uma brincadeira da parte dele. A verdade é que Hermione se sentiria sozinha lá e, ainda que isso não fosse interferir em sua educação, seria um incômodo, no mínimo. Ela conhecia Harry e Ron o suficiente para saber que não tinham vontade de voltar para lá enquanto tinham o futuro com mil portas abertas, ainda que provavelmente o fariam se fosse importante para ela.

 Mas se Fred fosse de boa vontade... Era bom demais para recusar.

 - Aí depende da sua resposta.

 - Bem... Nesse caso, companhia nunca é demais. – Hermione confessou, dando de ombros de leve. - M-Mas você que sabe, não estou em posição de decidir nada para ninguém, e com certeza não posso te obrigar a-

 - Então está decidido. – Fred levantou com uma pose dramática. – Bela donzela, eu te acompanharei na sua jornada aventureira e terrivelmente perigosa.

 -Já que você diz... Obrigada, nobre cavalheiro. – Ela sorriu, brincando junto com Fred, que cutucou-a com seu ombro de leve, alegre.

 - Olhe só, alguém já está aprendendo. – Riu ele, e enquanto sua risada ia embora, um pensamento ocorreu a ele. – Mas você sabe que não precisa fazer coisas brilhantes e maravilhosas logo que sair daqui, né?

 - Como assim?

 - Bom... – Fred ponderou enquanto tamborilava os dedos no queixo, pensando na forma certa de organizar seus pensamentos em palavras. – Hermione, posso ser sincero?

 - Com certeza.

 - Se as pessoas daqui querem te liberar quando você superar totalmente a guerra, vão te dar alta quando você tiver quarenta anos e um time de Quadribol de filhos. Essas coisas levam tempo.

 - Faz sentido. Mas acho que meu cérebro funciona melhor quando está ocupado. – Hermione respondeu, ainda pensativa.

 - É mais fácil fugir dos problemas assim, não é?

 Hermione fez uma pausa, pensando em um argumento. As palavras de Fred, ainda que ditas como se fossem coisas tão mundanas como comentar o tempo, acertaram em cheio.

 - É. – Ela suspirou com um sorriso vencido. – Ou é mais fácil de estudá-los.

 - Só se eles forem um problema de Aritmancia.

 Para isso, Hermione não tinha uma resposta que defendesse seus métodos. Mais do que isso, estava surpresa consigo mesma por estar tendo uma conversa tão surpreendentemente profunda de forma tão leve com Fred Weasley.

 - Já acharam alguma solução para a sua cabeça? – Hermione perguntou depois de um tempo imersa em pensamentos sobre o assunto anterior.

 - Mais respeito com o calombo. O nome dele é Kevin, sua insensível! – Fred dramatizou, fingindo choro para um milésimo de segundo depois estar de cara normal novamente. – Mas não, não acharam. O vovô vem me dando umas coisas mais fracas que suco de abóbora.

 - Fred, eu acho bom acharem uma solução rápido. – A maneira com que ela disse estava subitamente diferente, como alguém que diz uma coisa muito ruim, deixando Fred intrigado.

 - Diga isso para o vovô...

 - É sério, Fred. – Hermione raciocinou. – Eu tenho olhos, e eu vejo que parece que você vem ficando cada vez mais pálido, e o ca... Kevin, vem ficando cada vez mais inchado. O seu médico tem que agir, e agir rápido.

 - Hermione, é melhor isso do que morrer de cabeça explodida por uma poção que não deu certo. – Fred comentou com humor. – Vai dar tudo certo.

 - Tem um jeito. Você não vai gostar muito no começo, mas tem um jeito. – Hermione tentou, apreensiva. Ela sabia qual seria a resposta de basicamente todos, à exceção de Harry e Arthur, talvez.

 - Eu tenho a leve impressão que você vai sugerir tentar um feitiço novo que esteve testando...?

 - Fred, a medicina trouxa se desenvolveu enormemente. Temos tecnologias inimagináveis, que mesmo que não sejam tão rápidas quanto um feitiço, são tão efetivas quanto. Meus pais são dentistas, por isso cresci conhecendo vários amigos médicos dos meus pais, e já ouvi histórias inacreditáveis. – Hermione falou rápido, como se quisesse dar todos os argumentos de uma vez, sobressaltando o garoto a sua frente com tantas informações de uma vez só. – Além disso, a formação de um médico trouxa especializado em uma área é muito mais longa que a de um bruxo, e tam...

 - Você confia neles? – Fred perguntou, com sinceridade.

 - Confio.

 - Então vale a pena tentar. – Ele deu de ombros com simplicidade, como se estivesse em busca de alguém para passar algumas bandagens.

 - Simples assim? – Indagou Hermione, incrédula. Depois de anos como amiga de cabeças-duras como Ron e Harry, a atitude de Fred a deixou sem reação.

 - Bom, conseguir a confiança e admiração de Hermione Granger... É uma tarefa para poucos.

 - Obrigada, Fred.

 - Deixa eu ver se eu entendi. Você arruma uma solução para o meu problema e agradece? – Fred riu.

 - Nesse caso, de nada, Fred.

 - Melhor assim.

 Eles estavam próximos. Casualmente, mas próximos. A proximidade, ainda que tenha sido gradual, não passou despercebida por nenhum dos dois durante o momento de silêncio que se instaurou. O calor que emanava de cada um também não. Muito menos o toque de joelhos e dedos.

 - Então, Hermione

 - É, eu já vou indo. Vou ver como estão Harry e Luna. – Hermione interrompeu a frase que Fred mal começara, querendo desesperadamente se livrar da confusão que enevoava seus pensamentos e do calor que aquecia cada área que estava em contato com Fred.

 - Então eu descobri a fraqueza de Hermione Granger... – Fred falou com os dedos no queixo, sorrindo maliciosamente.

 - E.. Q-Qual seria?

 - Contato. – Ele sussurrou como se fosse um espião secreto. Hermione foi logo surpreendida por um ataque de cócegas que a deixou quase sem ar. Apesar de não ser a maior fã de cócegas, foi a primeira vez que ficou grata de ser um alvo, já que Fred aliviara a tensão com muito sucesso.

— Certo... Fred! Pare-pare-pare-pare! – Hermione exclamava entre risos até que Fred parasse. – Agora é sério, eu realmente tenho que checar como os dois estão. O confinamento é horrível, fora que eu prometi a Luna que iria visitá-la todas as noites.

 - Quer um mapa?

 - Para ir aos quartos? Não, eu sei os números... – Hermione começou a explicar, e Fred riu consigo mesmo.

 - Pra você não se perder no meu olhar. – Os dois riram. – Desculpe, foi o único jeito de encaixar uma cantada na conversa. Geralmente quem se perderia sou eu.

 - Merlin, Fred...

 A garota já ia se distanciando quando Fred agarrou sua mão e a puxou para perto da cama com um ar brincalhão, apontando para sua bochecha cheia de sardas.

 - Meu beijo de boa noite. – Ele sorriu, conquistador e divertido ao mesmo tempo.

 - Você não tem conserto mesmo, Fred Weasley. – Respondeu Hermione, revirando os olhos divertidamente, encostando seus lábios na bochecha de Fred de forma casta. Ainda que estivesse corada e um tanto sem ar, agradeceu a Merlin por não ter sido nada demais. Quando Fred a puxou daquele jeito, uma parte boba de si pensou que ia puxá-la para um beijo.

 Já não sabia se estava grata por isso ou não.

 Hermione riu nervosamente e se despediu do garoto ruivo sorridente deitado na cama, fechando a porta atrás de si e encostando as costas contra a madeira fria. Suspirou e tirou todo e qualquer pensamento que ocupasse sua mente, se dirigindo com rapidez para o quarto de Harry. Estava pronta para enfeitiçar a fechadura trancada quando ouviu soluços fortes vindo de dentro.

 - Harry? Harry, o que houve? – Hermione disse logo após magicamente destrancar a porta.

 - Hermione... – Ele murmurou, tentando se recompor rapidamente enquanto colocava os óculos. – Chegou tarde hoje.

 - Harry... Você está bem? – Tentou ela com cautela. – Eu ouvi você chorando.

 - Hermione, eu... Eu estive pensando. – Harry começou, estremecendo conforme um calafrio percorria seu corpo. – Por que eu sobrevivi? Dentre todas aquelas pessoas... Todos morreram e o sangue deles está nas minhas mãos. E eu sobrevivi... Mesmo quando até Dumbledore pensava que era meu destino... Tanto sangue... E é tudo minha culpa, Hermione. Tudo minha culpa...

  - Harry, o sangue de todos os que morreram está nas mãos de Voldemort e seus Comensais, ninguém mais. Todos os que lutaram foram até a batalha voluntariamente, e sabiam das consequências. Sabiam pelo que estavam lutando.

 - Pelo menino que sobreviveu. E quantos tiveram que morrer por mim?

 - Morreram para salvar o mundo que conhecemos. – Hermione disse, resoluta. – Eu também tenho esses sonhos, esses pensamentos. Talvez não tão ruins quanto os seus, mas conheço o sentimento.

 - Hermione, você podia ter morrido. Por minha causa. – Ele argumentou com raiva de si mesmo.

 - E o teria feito com prazer se significasse salvar tantas gerações por vir.

 - E Teddy? Teddy vai crescer sem pai, sem mãe. Sozinho, Hermione, e eu sei bem como isso é horrível. E ele provavelmente não é o único! – Harry levantou-se, as memórias de Lupin e Tonks assombrando sua mente torturada.

 - Harry... Teddy Lupin vai crescer com uma família maior do que qualquer outra. – Hermione explicou com um sorriso. – Todos nós vamos cuidar dele, e ele vai saber muito bem quem foram seus pais e o quanto eles o amavam. E vai ficar tudo bem.

 Os dois ficaram em silêncio, agora inclusive Hermione tinha lágrimas dos olhos causadas pelas imagens flutuando em suas mentes de pessoas que jamais voltariam. Harry suspirou, não necessariamente melhor, mas reconfortado. Os sonhos não iriam embora cedo, muito menos as memórias. Mas Hermione sempre estaria lá para derrotar seus argumentos para odiar a si mesmo.

 - Obrigado, Hermione. – Foi a única coisa que disse, sua voz abafada pelo ombro de Hermione no abraço em que foi envolvido.

 - Sempre, Harry. Sempre.

 Hermione saiu logo em seguida para visitar Luna, coisa que correu como a maioria transcorria. Mas Luna parecia estar se adaptando pouco a pouco com sua situação, ainda que não se conformasse e sempre perguntava sobre o plano de Hermione. Ela dispensou o assunto rapidamente, envergonhada de admitir que não fazia a mínima ideia de como tirar todos daquele lugar.

 Voltando para seu quarto, Hermione ponderou sobre o que Lacey teria preparado para o dia seguinte, e se quem sabe sua médica já teria desistido da tal ideia de aulas de pintura. Pensou se algum dia Ron finalmente arrumaria tempo para visitá-la, ainda que ultimamente a loja provavelmente andava mais cheia do que nunca com pessoas querendo dar presentes divertidos para seus parentes doentes ou simplesmente querendo descontrair depois de tempos tão pesados.

 Sabendo de como a rotina de Ron estava cansativa, Hermione ficou ainda mais feliz de vê-lo em seu quarto no dia seguinte durante o horário de visitas.

 - Hermione! – Falou Ron, coçando a nuca com constrangimento, sem conseguir esconder a alegria por vê-la bem. – Você está ótima, Mione! Confesso que esperei algo totalmente diferente quando disseram que você estava internada na área psiquiátrica...

 - Ron! Estou tão feliz em te ver! – Hermione sorriu, indo abraçá-lo. Foi constrangedor, no entanto, já que depois do beijo no castelo, nenhum deles sabia muito bem como estava a relação dos dois, e ficaram travados como robôs com falhas.

 - Acho... Acho que temos muito o que conversar, pelo jeito. – Ron riu, constrangido.

 - Realmente. – Hermione riu nervosamente junto com o amigo. – Como você esteve?

 - Bem, na verdade. Eu acho que achei algo no que sou bom de verdade, entende? A loja vem estado uma loucura, mas eu gosto. – Ele respondeu com animação. – E você?

 - Na medida do possível, bem. Não tem como ficar lá muito bem aqui.

 - Eu imagino. Como está Harry, falando nisso? – Ele perguntou, mudando o tom de voz e com uma expressão preocupada. Ron queria estar perto de seu amigo, e sabia que era o que Harry mais precisava.

 - Só o tempo dirá, suponho. Não esperava que ele ficasse bem cedo, e mantenho minhas expectativas. – Hermione suspirou, cruzando os braços com nervosismo. – Ron, eu estive pensando...

 - Eu também quero. – Ele respondeu de súbito, como se Hermione tivesse terminado uma frase que só existiu na imaginação do ruivo.

 - O quê?

 - Ah... Esquece, continue.

 - Certo.... – Hermione riu baixinho. – Ron, eu não estou pronta para um relacionamento no momento, e acho que você também não está. Principalmente enquanto estou em um hospital e você lá fora. E ainda que sua atitude no castelo de libertar os elfos tenha mostrado maturidade, eu preciso ter certeza de que você está pronto para algo assim, mesmo depois de tantos anos brigando. – Ela falou tudo quase com uma respirada só, e suspirou fundo quando terminou, encarando um Ron embasbacado e ainda sem saber muito o que dizer depois de tanta informação de uma vez só. – Diga algo, Ronald!

 - Certo, então... Por enquanto, é.... Amigos? – Ron estendeu a mão com relutância e um sorriso um tanto quanto constrangido.

 - Amigos. – Hermione respondeu enquanto apertava a mão dele.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que siim ♥ ♥ Deixe suas dúvidas, críticas, opiniões, previsões ou sugestões ali nos comentários, e responderei todos com muuuito carinho! Não esqueçam de favoritar e acompanhar a fic, e se quiserem, recomendem! É isso por hoje, muito obrigada e até a próxima!



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