Kettering - Fred & Hermione escrita por IsaMultiboooks


Capítulo 5
O Desenho


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEEEEM! Sim, eu sei que demorei pra postar e pra responder os comentários.... Sinto muito muito muito, mas tinham algumas coisas que eu precisava fazer em casa, fora que tão ameaçando levar meus cachorros pra longe... Sério, que inferno. Enfim, espero que gostem desse capítulo, ele não tem tanta coisa de ação, mas é importante para entender o que tá acontecendo e tal.



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              - Pode entrar, Hermione. – Lacey chamou quando sua paciente bateu na madeira escura da porta. – Como foi?

              - Ótimo, muito obrigada pela chance, Dra. Minnington. – Hermione respondeu com um sorriso que preenchia todo o seu rosto. – Realmente estava com saudades dos meus amigos.

              - Que bom! Fico feliz por você. – A doutora sorriu, indicando a cadeira em frente à sua mesa.  – Sente-se, sente-se. Bom, hoje você terá sua primeira atividade.

              - Posso perguntar qual?

              - Aulas de artes. – A jovem médica respondeu com um sorriso modesto, sem deixar o cenho franzido de Hermione passar despercebido. – Não é feito para aqueles que sabem desenhar, mas sim para aqueles que querem se expressar, sabia?

              - De que adianta? Não sei nada mais do que palitinhos! – Hermione protestou, logo percebendo que tinha se excedido. Por mais que a doutora se esforçasse para manter uma relação mais informal, estava enraizado na garota o costume da formalidade com médicos. – D-Desculpe, Dra. Minnington. Eu acho que não é meu tipo de hobby.

              - Dê uma chance. Ah, e não estranhe se recolherem seu trabalho, eu quero olhar depois. – Lacey informou, sem se constranger. – Ah, e lembre-se que hoje seu almoço é na área comunitária.

              - Sobre isso, por que o café não foi servido lá também? – A paciente perguntou, curiosa. Lembrou-se que, quando acordou e viu o prato do café, pensara que Lacey tinha dado para trás no combinado de comer com outras pessoas.

              - Um passo de cada vez. Achei melhor ir devagar. Agora, vá antes que se atrase. É logo no final desse corredor.

              Hermione segui as instruções, e se deparou com uma sala já bem cheia de vários grupos isolados em mesas dispersas por todo o cômodo. Ainda que tivesse aberto a porta da maneira mais cautelosa que conseguira, algumas pessoas olharam, e esses alguns chamaram outros até que todos estavam encarando a garota parada na frente.

              - Oh, achei que não viria! Pessoal, deem boas-vindas à Srta. Granger! – O monitor da sala, um homem de meia idade e pele escura, sorriu abertamente para a recém chegada, quase com admiração. Era estranho para ela, mas era melhor do que os sussurros.

              - Obrigada. Onde posso sentar? – Ela cochichou para o moço, que indicou um lugar ao lado de uma senhora de idade que Hermione nunca vira na vida. A idosa tinha grossas bandagens cobrindo seus braços e parte de seu rosto, o que Hermione deduziu como um caso de queimadura, provavelmente derivada de uma das inúmeras explosões no castelo.

              - Não são machucados tão bonitos para você olhar desse jeito. – A velhinha disse com um sorriso amigável. Hermione rapidamente desviou o olhar para o papel, se sobressaltando com o puxão de orelha diante da sua falta de educação e corando instantaneamente. – Estava brincando. Eu também olho para eles bastante.

              - Por quê? – Hermione indagou, curiosa com a personalidade inusitada da senhora.

              - Não sei... Parece que não são meus, então olho pelo mesmo motivo que você.

              - O que temos para hoje, Srta. Granger? – O funcionário veio até mim, e me encolhi cada vez mais com sua aproximação, e a crescente atenção dos outros presentes na sala.

              - Não sei desenhar, então não sei ainda o que farei por aqui. – Hermione disse com sinceridade.

              - Não precisa ser representativo, pode ser abstrato, o que quiser. Tem todos os materiais que possa precisar por aqui. Aliás, meu nome é Craig.

              - Ele não vai sair do seu pé até desenhar algo. – A senhora sussurrou no ouvido da jovem, que riu da maneira que a idosa falava.

              - Certo... – Murmurou Hermione para si mesma, depois olhando para Craig, que esperava uma resposta com um ar esperançoso. – Tive uma ideia. Muito obrigada.

              - Disponha.

              Hermione queria muito ter o que fazer durante os dias, mas quando fez o pedido para a médica, não era exatamente aquilo que tinha em mente. Esperava algo mais condizente com sua personalidade, e não via como aquilo teria qualquer efeito a curto ou longo prazo, ainda mais sabendo que seus talentos artísticos eram nulos. Então, se apenas desenhasse algo simples, como os rabiscos que fazia enquanto falava ao telefone, se livraria dessa atividade. Teria a tarde livre para explorar todo o hospital, decorar seus caminhos e quem sabe ouvir alguma conversa de utilidade. E quem sabe visitar Fred, Harry ou Luna. Ou receber uma visita.

              Hermione não podia escapar de algo que a visitava frequentemente em sua mente. O beijo com Ron fora... Certamente algo. Uma coisa que sempre estivera no meio da relação dos dois era a imaturidade do garoto, sempre explodindo, ou esfregando seu relacionamento com Lilá em Hermione e julgando-a por seu envolvimento com Viktor Krum. No entanto, quando ele ofereceu para ir até a cozinha libertar os elfos domésticos, foi um ato cheio de significado para Hermione. Significava que Ron não apenas finalmente reconhecia e apoiava as metas de Granger, mas também priorizava-as em meio à Guerra.

              - O que temos aqui, Srta. Granger? – Craig interrompeu os devaneios de Hermione, levantando a folha de papel da mesa. – Está ótimo para um primeiro desenho... São mãos dadas, não? E vários rabiscos ao redor...

              - São. – Hermione respondeu, constrangida. – Na verdade, os rabiscos vieram porque não sabia o que desenhar.

              - Bom, acho que está livre. De qualquer forma, já está quase na hora do almoço, então pode ir para o refeitório.

              Fred se levantou um pouco na cama com as palavras de George.

              - Merlin George... – Fred riu alto, com um sorriso que ia de orelha à orelha por finalmente conseguir falar alto, rir, e ouvir sem dor. – Ela é amiga do nosso irmão caçula, parece... Errado falar dela desse jeito, não parece?

              - Que nada! – George retrucou, feliz como nunca. A quase perda do irmão tinha o atingido como um trem, e vê-lo alegre e risonho daquele jeito fez tudo valer a pena. – Eu vi o jeito que vocês se olham, fora que a puberdade caiu muitíssimo bem nela.

              - George, é a Hermione.

              - Exatamente! Hermione, que salvou nosso mundinho! – Contestou o irmão, sabendo que o sentido que ele tinha dito o nome da garota era completamente diferente.

              - Tá, e o Ronald? – Fred inquiriu, com dúvida na voz.

              - Bom... Tem ele, né? – George riu, constrangido. – Se eles não derem certo você parte pra cima, tigrão!

              - Tigrão?

              - Sim.

              - Fred Weasley? – Uma enfermeira entrou, interrompendo a conversa leve dos dois. – Dr. Higgins quer falar com você.

              - E eu... Vou até lá? – Fred perguntou devagar e com uma sobrancelha erguida, acostumado com visitas no quarto.

              - Não, ele está vindo... – Ela riu discretamente e levemente constrangida, passando a mão pelos cabelos castanhos.

              - Não sabia que o vovô precisava de introduções solenes. – George riu divertidamente, acompanhado por Fred. A enfermeira, no entanto, não estava tão acostumada com o humor dos dois, e tentou esconder seu constrangimento de toda forma que pode.

              - Olá, meninos! – Walter cumprimentou, entrando no quarto de seu paciente alegremente, humor que não apresentava há muito tempo.

              - Boas notícias, vovô? – Os gêmeos perguntaram em uníssono, esperançosos.

              - Creio que sim, ainda que um tanto inconclusivas.... Vejam, rapazes, nunca tive um caso assim antes. E temo que qualquer erro ao testar poções possa ser fatal. – O médico começou, coçando a nuca. – Então vamos devagar, testando curas fracas para que, mesmo que deem errado, os efeitos não serão tão graves.

              - Então vamos testar várias bandagens coloridas até acharmos a minha cor? – Fred caçoou, sarcástico.

              - Fred... Peço que tente entender. Seu quadro é complicado, e se eu fizer algo errado... Não seria capaz de perdoar a mim mesmo. – O homem suspirou, deixando seu peso cair em uma das cadeiras no quarto. Fred se sentiu mal por ele, e se arrependeu de ter deixado sua amargura transparecer. Ele queria sair, cuidar da loja, comer a comida de sua mãe, jogar Quadribol no quintal... Coisas que não podia fazer deitado em uma cama de hospital.

              - Certo... Foi mal, vovô. O que tem pra hoje?

              - Uma simples poção de cura Otterwald. Só para testar, não espero que vá surtir algum efeito. Um passo de cada vez, não é mesmo? – Higgins sorriu, dando a colher para Fred, que botou o remédio para dentro com cara de nojo. – Não tem o melhor gosto do mundo, sinto muito.

              - E aí? – Fred perguntou, curioso, enquanto virava a cabeça para mostrar o calombo.

              - Fred! Merlin! Acho que teve um efeito colateral sério! Merlin! – George exasperou, com as mãos na cabeça.

              - O quê? O que houve? – Fred se afobou, procurando um espelho.

              - Você... Você está a cara do Snape... – George murmurou de forma teatral, cobrindo a boca com a mão.

              - Otário... – O irmão revirou os olhos, percebendo a brincadeira. – Mas o Kevin ainda está aí?

              - Suponho que Kevin é o nome do seu calombo? – Higgins perguntou rindo, e recebeu um sinal de positivo de cada um dos gêmeos.

              - Acho que ele está um pouco menor... O que acha, vovô? – George quase encostou o nariz na pequena montanha crescendo na lateral da cabeça do irmão, analisando-a como se fosse um cientista.

              - Nada significativo. Não desanimem, meninos. Vamos continuar tentando até conseguirmos.

              - Vovô, você acha que posso começar a comer no refeitório? – Fred pediu, inspirado por Hermione. Se ela podia, por que ele não? Além disso, não era legal ficar de fora dos privilégios. – Eu já consigo andar, e mesmo se não conseguir, George pode vir junto.

              - Claro! Mas se tivermos qualquer problema, já sabem... – O médico apontou para seus olhos e depois para os dois, sinal que os gêmeos já estavam acostumados a receber.

              - Alguma vez nós já causamos problemas, Fred?

              - Não me lembro de nenhum incidente em particular, George. Somos perfeitos anjinhos.

              Dr. Higgins foi embora, e logo o horário de visitas chegara ao fim, deixando Fred sozinho enquanto a noite chegava lentamente. Felizmente, não foi deixado com seus pensamentos por muito tempo. Fred nunca foi muito fã da monotonia.

              - Fred? – Hermione sussurrou, abrindo a porta do quarto.

              - Veio cedo hoje. – Ele sorriu para a menina que entrava em seu quarto, pensando nas palavras de George. Ela estava certamente diferente da menininha que falava com fervor sobre regras e elfos domésticos.

              - Vim aqui primeiro. – Ela respondeu, corando levemente. Começava a formar uma frase, mas foi interrompida no momento em que abriu a boca.

              - Se você perguntar “Como está?” eu vou me jogar da janela.

              - Alguém está de mau humor hoje...

              - Se você ouvisse tantos “Como está?” quanto eu, também odiaria a pergunta. – Fred retrucou, com um sorriso brincalhão que contrastava com sua expressão dramática de puro enfado. – É pergunta que só fazem para doente.

              - Claro que não! É uma pergunta que pessoas educadas fazem. – Hermione rebateu.

              - Mas a entonação é diferente para doentes. E usam a entonação de doente comigo! – Ele riu da discussão.

              - Fred, ninguém chegaria para uma pessoa doente e falaria “Não me importo se você está bem ou não, só pergunto por educação”.

              - Bom, seria sincero. – O ruivo sorriu com travessura, convencido de estar retrucando com sucesso todos os argumentos de Hermione.

              - Suponho que já que o doente aqui é você, você saiba por experiência própria o que é melhor. – Hermione alfinetou, jogando as mãos para cima em sinal de rendição brincalhão.

              - Ai, essa doeu! – Fred dramatizou, colocando a mão no coração. – E aí, como foi o seu dia de saídas, festas e baladas?

              - Como se sair do quarto fosse tão emocionante... – Hermione riu. – Bom, eu tive uma atividade de desenho em grupo.

              - Não sabia que você desenhava!

              - E não desenho. Mas não podia sair de lá até ter feito alguma coisa, então foi isso. E o almoço no refeitório não foi tão ruim.

— O que houve? – Fred indagou, vendo pelo tom de voz da garota que o tal almoço também não tinha sido lá a melhor coisa do mundo.

— Bom... Acho que você sabe que me relacionei principalmente com Ron e Harry durante todo o meu ensino. Ainda que Neville, Luna, Gina e mais alguns também fossem uma enorme parte da minha vida, ninguém estava lá. Fiquei meio... Sozinha. – Hermione suspirou, sem querer admitir que o que estivera esperando durante muito tempo fora um fracasso. – E é difícil ouvir os sussurros quando estou sozinha. Ficavam imperceptíveis quando estava com Ron e Harry.

— Ninguém vinha te cumprimentar por... Sei lá, salvar o mundo bruxo? – Fred ironizou como se não fosse nada.

— As pessoas vinham, sorriam para mim... Mas é tudo um tanto quanto distante, entende? Acho que alguns estranham que eu esteja aqui, e talvez a maioria nem saiba que Harry também está. Não quero nem saber os rumores que vão começar...

— Pode se alegrar então, Mione. – Fred se ajeitou na cama com um sobressalto, recebendo um olhar inquisidor de Hermione. – O vovô me liberou para comer no refeitório.

— Que ótimo, Fred! – Hermione exclamou, segurando a mão do garoto. Estava feliz não somente por Fred, mas por si mesma também. Era o fim dos almoços solitários, mesmo que eles tivessem acabado de começar.

Fred sorriu genuinamente, o calor das mãos de Hermione presentes no fundo da sua mente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Se tiverem qualquer tipo de crítica, opinião, previsão ou sugestão, por favor deixem ali nos comentários que lerei e responderei tudo com muito carinho! Se estiverem gostando da fic, cliquem em favoritar e acompanhar! E se quiserem, recomendem! É isso por hoje, até a próxima pessoal!