Kettering - Fred & Hermione escrita por IsaMultiboooks


Capítulo 3
O Erro


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi! Como vocês tão? Gente, eu decidi que vou tentar regular minhas postagens, então vou começar postando capítulo de 2 em 2 dias, tudo bem? Bom, espero que gostem desse ♥ Não esqueçam de comentar, por favorzinho!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716786/chapter/3

               - Hermione, hoje quero analisar um aspecto central da sua estadia por aqui, tudo bem? – Lacey começou depois dos cumprimentos de praxe. A paciente assentiu com a cabeça, cautelosa. – É pequeno, mas acho que afeta bastante. Vamos falar sobre seu quarto.

              - Meu... Quarto? – Hermione ergueu uma sobrancelha, repetindo lentamente as palavras de forma cética. Era algo tão insignificante. Se estavam mantendo-a ali, podiam pelo menos gastar seu tempo de forma útil, mas ali estava, prestes a debater sobre o quarto.

              - É sério! – A médica riu. – Olhe ao seu redor. É aqui onde você vai ficar esse tempo todo, e eu acredito profundamente que o exterior influencia o interior. Vou te fazer algumas perguntas, responda como desejar, certo?

              - Tudo bem....

              - Certo, vamos começar com sua centralização. Você acha que o espaço é suficiente para acomodar todos os seus familiares? – Lacey checou sua prancheta, preparando sua pena.

              - Sim, ainda que vocês estejam me proibindo de recebê-los. – Hermione alfinetou. Era hora de receber respostas, ainda mais depois das informações que recebera de Harry.

              - Uau... Bom, uma hora ou outra você iria notar. – A doutora suspirou, esfregando as têmporas. – Eu não sabia se você estava pronta para receber visitas, muito menos o tipo de reação psicológica que eles acarretariam em você, Hermione. Veja, por vezes, ligamos todo um período a uma pessoa ou um grupo, e temo que você ligue a Guerra aos que estiveram do seu lado.

              - Então eles me entenderiam melhor do que ninguém. – Retrucou a jovem com firmeza, desestabilizando os argumentos da médica.

              - Tudo bem. Determinaremos um horário de visitação, e faremos um teste. Se você está pronta, por mim tudo bem. – Lacey sorriu fracamente, e Hermione se surpreendeu com a facilidade com que chegaram em um acordo. – Certo, você acha que tem informações suficientes disponíveis sobre cuidados com a saúde, incluindo seu caso?

              - Bom... – Hermione ponderou. – Acho que não. Seria bom ter uma visão completa do meu caso disponível.

              - Entendo. Há sinais claros para sua orientação dentro das unidades do hospital?

              - Definitivamente não! – A jovem respondeu muito depressa, lembrando das dificuldades da noite anterior. Logo percebeu sua indiscrição, assim como Lacey, mas tentou logo corrigir seu erro. – Quero dizer, não. Um mapa seria útil.

              Depois de muitas perguntas sobre ventilação, saneamento, iluminação, cores e outros aspectos do alojamento, a sessão acabou. Hermione tentou ver pelo lado positivo. Lacey estava cuidando até mesmo dos mínimos detalhes de sua estadia. Porém, se estavam personalizando o quarto, isso podia significar que seu tempo ali estava longe de acabar, e isso simplesmente estava fora de questão.

              - Doutora Minnington? – Hermione chamou antes que a moça saísse do quarto. – Posso fazer um pedido?

              - Claro, Hermione. – Lacey parecia aberta, convidativa.

              - O confinamento é horrível. Eu gostaria de poder sair do quarto, ter horários de lazer ou algo do tipo, comer no refeitório com os outros... Entende? Não acho que meu quarto seja grave o suficiente para ficar aqui trancafiada. Não sou um perigo para os outros.

              - Eu estive considerando isso, mas quero que veja o obstáculo que eu vejo. – Lacey sentou-se na cadeira novamente. – Hermione, você foi uma peça central da Guerra Bruxa. E aqui, temos gente de todo o tipo, e você não conhece todos. Então vai atrair olhares, nem sempre bons, e quero saber se você está pronta para enfrentá-los.

              - Eu convivi com eles a minha vida toda. – Hermione sorriu junto com a doutora, sabendo que tinha conseguido mais uma concessão.

              - Então é melhor eu começar a trabalhar em uma grade horária para você. Amanhã já podemos colocar em prática nosso plano, incluindo as visitas. Alguém que eu precise notificar em especial? – Lacey indagou, levantando-se.

              - Os Weasley.

              - E os seus pais? – A loira franziu o cenho, e Hermione percebeu que a doutora não sabia tanto assim.

              - Eles não sabem quem eu sou, no momento. – Hermione abaixou a cabeça, sem conseguir sustentar o olhar que recebia. – Doutora, você sabe quem está cuidando de Luna Lovegood?

              - Mudança de assunto, não? – Lacey sorriu com compaixão, tomando uma rápida anotação na sua prancheta já lotada. – Se eu não me engano, é Robert Malphite. Por quê?

              - Você não ouve? – A jovem perguntou, escandalizada. A única hipótese era que a médica usava algum tipo de tampão nos ouvidos para dormir. – Ela grita todas as noites. O que estão fazendo com ela?

              - Hermione, é complicado. Às vezes, as coisas pioram antes de melhorarem. Assim é o tratamento para inúmeras doenças. – Ela tentou explicar, desconfortável, mas sabia que Hermione não acreditou em nada do que dizia. – Olhe, eu não gosto muito do Malphite. Mas pelo que ele anda dizendo, essa garota é o “pote de ouro” que ele vinha esperando para ganhar reconhecimento. Segundo ele, Lovegood tem tantos problemas que se ele conseguir normalizá-la, virará uma lenda.

              - Isso é desumano! Estão tratando Luna como um prêmio, um objeto! Ela é incomum, mas quem não é? Lacey, você tem que fazer alguma coisa! – Hermione se levantou, exasperada com as informações que recebia.

              - Hermione, chega. Você não tem o direito de me culpar por algo que eu não fiz, e está fora do meu alcance intervir. Eu verei o que posso fazer, mas é isso. – Lacey subitamente ficou firme, colocando um limite na liberdade que a paciente estava começando a tomar. Ela já tinha recebido reclamações por se aproximar de quem não devia, e temia que acontecesse novamente. – Por mais que eu queira que me veja como uma amiga, Hermione, eu sou sua médica em primeiro lugar.

              - Eu posso sair do quarto hoje? – Hermione perguntou antes que ela fosse embora, com o clima ainda tenso. Não queria necessariamente desviar a atenção do conflito, simplesmente precisava da informação.

              - Somente até às oito da noite.

              Era o suficiente.

              Fred, no entanto, mesmo que quisesse, não conseguiria sair do quarto, ao menos não sozinho. Ele, George e seu médico, doutor Higgins, tentaram andar durante a manhã, mas a tontura era grande demais para o garoto conseguir se concentrar em andar reto.

              - Ei, não se preocupe. Tentaremos de novo amanhã. – O médico já velho sorriu calorosamente. – É assim com o corpo. Temos que ouvi-lo, se não ele nunca irá nos ouvir. Vamos com calma.

              - Se é o que diz, vovô... – Fred brincou, formulando uma frase simples, mas completa. Isso o deixou mais feliz do que nunca, e era um enorme sinal de progresso.

              - Certo, agora deixe-me ver esse machucado. – Walter Higgins riu, alcançando a cabeça do jovem e desenrolando as bandagens, com uma expressão de crescente confusão e angústia em seu rosto enrugado.

              - O que foi, vovô? – George perguntou, aflito. Os gêmeos já tinham apelidado carinhosamente o médico designado para Fred. – Tem algo errado?

              - Fred, você se lembra quem te deu o Esquelesce? – Higgins perguntou, coçando a barba.

              - Não... – O paciente murmurou em resposta, confuso. – O que houve?

              - Houve algum erro na dosagem. O osso cresceu demais. Merlin.... – O homem tentou manter a compostura, mas sua preocupação transparecia. Ele não podia deixar de gostar dos garotos, e sentia-se mal por ter deixado um erro desses passar. Sabia que não tinha sido ele, mas ainda assim....

              - E... E agora? – Fred indagou. Sabia que não podia ser bom, mas ao mesmo tempo, sentia que estava melhorando aos poucos, apesar do calombo estranho na lateral da cabeça.

              - Não é nada grave pelo que vejo, mas nunca vi um caso assim. Eu... Eu vou ver o que posso fazer, rapazes. Sinto muito. – O peso da culpa pareceu fisicamente recair sobre os ombros e cabeça do médico, que abaixou-os ao sair pela porta.

              - Bom, o que nos resta é confiar no velho. – George deu de ombros, com um riso fraco. – Mas quer dizer que Fredoca andou recebendo visitas?

              - Você não conta. – Fred sorriu, correndo os dedos por sua pequena montanha na cabeça.

              - Bom, não fui eu quem te encheu de toalhinhas... – O irmão sorriu marotamente, como quem sabe de tudo. – Acho que sei por que a enfermeira confundiu suas doses...

              - Quem dera. Foi Hermione. – Ele respondeu de forma simples. – Bom.

              - Ah, é? Quem diria... – George riu um tanto alto demais, mas logo se desculpou quando viu a sobrancelha franzida do irmão. Agora ele conseguia ouvir conversas normais sem tanta dor, mas o zumbido não o tinha deixado ainda. – Que saudades de quando eu podia usar minha orelha para conseguir garotas...

              - Trocaria de lugar com você a qualquer hora. – Fred murmurou.

              - Temos que deixar você em forma logo, então. – George ponderou, colocando um dedo no queixo dramaticamente. – Ou bem pior, você decide. Os dois funcionam.

              - Quero andar.

              - Tá aí uma meta atingível.

              Hermione andou pelos corredores, tentando se ambientar no hospital o máximo possível. Foi até o balcão do seu andar, e conseguiu pergaminhos novos e um mapa do hospital. Anotou tudo o que sabia sobre o médico de Luna para não esquecer de contar a Harry de noite. Colocou os nomes dos pacientes nos quartos em que estavam, ainda que duvidasse muito que fosse esquecer qualquer número. Nisso, foi-se sua tarde, e finalmente passou um dia sem estar completamente entediada.

              - Ficar ocupada... Isso! – Hermione murmurou consigo mesma enquanto ouviu as luzes sendo apagadas em todo o hospital para a hora de dormir. Tinha percebido como afastar as memórias. Se ela se mantivesse acordada, não lembraria dos cadáveres no Grande Salão e espalhados pelos corredores de Hogwarts. Não lembraria da sensação de perigo constante, de ser caçada. Não lembraria, a não ser que olhasse para a cicatriz escrita em seu pulso, dos terrores da Mansão Malfoy. O passado vinha em flashes. Curtos, rápidos, mas o suficiente para fazê-la estremecer. Querendo ou não, os gritos de Luna sempre ativavam suas piores memórias.

              Deitada na cama, Hermione esperou calmamente por alguns minutos até que sentisse que todos estavam dormindo. Decidiu ir para Luna primeiro, já que seus gritos estavam especialmente altos naquela noite, e planejava cumprir sua promessa até o fim de seu período naquele lugar.

              - Luna? – Sussurrou, fechando a porta atrás de si. A garota ainda não tinha tomado banho, o que era bem notável, e nem mudado de roupa.

              - Hermione? Achou uma saída? – Luna levantou-se correndo, agarrando as mãos de Hermione com euforia e desespero, ofegante.

              - Não, mas achei algumas informações sobre seu médico. – Hermione informou rapidamente, puxando suas anotações do bolso do seu cardigã. – Ele se chama Robert Malphite, e acha que, com o seu caso, ganhará fama e reconhecimento. – Leu, sem saber como dizer de maneira gentil que a cura da esquisitice de Luna seria a chave do sucesso do médico.

              - Preciso sair daqui. – Luna murmurou. Subitamente, seu rosto se iluminou com uma chama de esperança.  – Hermione, os Dáutilos mostram o caminho para quem precisa. Eu não consigo vê-los nesse estado, mas você pode.

              - Luna, eu já estou trabalhando em um plano... – A garota coçou seus cabelos armados, não querendo ser rude ao dizer que não acreditava nesse tipo de coisa.

              - Você tem que tentar, Hermione. Meu pai dizia que para vê-los, é só acender uma vela e chamar por eles. – Ela sussurrou, como se temesse que algum funcionário fosse ouvir seu plano.

              - Certo... Vou tentar. – Hermione disse, não necessariamente de forma verdadeira, mas de forma que a confortasse. – Mas antes você tem que tomar banho.

              - Você sabe que a água de hospitais carrega as doenças dos pacientes, não? – Retrucou a garota loira como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

              - Isso é completamente absurdo. A água daqui não é contaminada, e água que usamos vai para o esgoto.

              Essas discussões acabavam acontecendo quase involuntariamente quando colocava-se o extremo do racional de frente com o extremo do imaginativo. No entanto, Luna acabou cedendo aos pedidos de Hermione e finalmente tomou banho, mesmo que tivesse saído do chuveiro conferindo cada pedaço de seu corpo.

              Fred deitava em sua cama, contando pela milésima vez os quadrados do teto e do chão enquanto aguardava o sono chegar. Em vez do sono, foi Hermione quem entrou, silenciosamente.

              - Hermione? – Ele sussurrou, surpreso. Fred gostava de como as visitas de Hermione pareciam proibidas, secretas. O fazia sentir de volta à Hogwarts, pregando peças com seu irmão e fugindo de Filch. Ele adorava a sensação de quebrar algumas regras.

              - Oi, Fred. – A garota respondeu com um sorriso. – Como você está?

              - Não sei dizer... – Fred suspirou com sinceridade. – Sinto que melhorei, mas o médico... Aconteceu algo. 

              - Você definitivamente está falando melhor. Mas o que houve?

              - Esquelesce demais.

              Hermione virou a cabeça para tentar ver o machucado, e Fred apenas colocou-o à mostra. Realmente, havia um calombo grande e duro por baixo das bandagens.

              - Eles já sabem o que vão fazer? – Ela indagou, interessada.

              - Não, acho. Eu até queria dar um mapa pro vovô, de tão perdido. – Fred brincou, fazendo-a rir. Ele gostava da risada dela, principalmente quando ele mesmo era a causa. Na verdade, Fred gostava muito de risos em geral, entretanto, o de Hermione sempre era verdadeiro, alegre.  – Mas consigo andar, mais ou menos.

              - Quer tentar? – Hermione ofereceu, já de prontidão para ajudá-lo a levantar. Fred não estava tão seguro, afinal, se caísse, era pesado demais para a garota mirrada segurá-lo. De qualquer forma, o médico disse que andar logo seria fácil, e a tontura passaria rápido. Já Hermione queria ajudá-lo com todo o coração.

              - Certo... – Ele segurou as mãos pequenas de Hermione e se pôs de pé. Fred bamboleou nos pés, tonto com a mudança súbita de posição. Apoiado no ombro dela, ele deu alguns passos inseguros, mas sem nenhuma queda. Hermione fez um movimento com as mãos e sussurrou algumas palavras, apontando para os pés de Fred. – O que você fez?

              - Um feitiço. – Hermione sorriu. – É bem simples, ainda que pouco conhecido. Impede você de cair.

              Fred sorriu, e soltou dos ombros de Hermione. Ele andou, conseguindo dar uma volta lenta e levemente cambaleante pelo quarto. Mas sem cair, nem mesmo uma vez. Quando voltou para comemorar com a garota, tropeçou e, ao tentar se apoiar em Hermione, levou os dois ao chão.

              - Não tinha feitiço nenhum, tinha? – Fred riu, apoiado com uma mão de cada lado da cabeça de Hermione para que seu peso não a esmagasse.

              - Funcionou, não funcionou? – Ela sussurrou em resposta, sorridente.

              - Se o que você queria era eu em cima de você, diria que sim. – Retrucou o ruivo, com um leve tom de malícia em seu olhar risonho, o qual a garota sustentou com firmeza. Ficaram assim pelo que pareceram incontáveis minutos, iluminados pela luz da lua que vinha da janela.

              - Daqui a pouco você vai cair em cima de mim. – Hermione quebrou a bolha que os envolvia quando notou os braços de Fred fraquejarem, mesmo com toda a força que costumavam ter. Os músculos estavam lá, mas não prontos para serem usados.

              - Você gostaria disso? – Sorriu Fred, com uma piscadela, enquanto levantava com certa dificuldade.

              - Você tem respostas para tudo, não tem?

              - Só para você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que siim ♥ COMENTEEEEM! Desculpa, é que eu gosto de comentários hahahaha Enfim, comentem, favoritem, acompanhem e (só vou pedir porque tô acostumada, mas sei que tá cedo) recomendem se estiverem gostando da fic! Beijosss, e até dois dias!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kettering - Fred & Hermione" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.