Kettering - Fred & Hermione escrita por IsaMultiboooks


Capítulo 2
A Noite


Notas iniciais do capítulo

Ooooi! Meu Deusss, desculpem pela a demora! Eu viajei, e acabei ficando sem internet, daí só consegui escrever ontem. Mas aqui estou! Aliás, viram a capa nova da fic? Eu ameeei! Pra quem estiver precisando de capa, sei que é difícil achar sites ativos, e recomendo bastante o Fuck Desings! ♥ Desculpem se os caps não estão tão longos, mas a história já já engrena e eu pego a manha hahahahaha Enfim, espero que gostem desse aqui!



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              Fred odiava a imobilidade. Odiava o barulho, a luz e os zumbidos. Ainda que soubesse que todos os que tentavam falar com ele o faziam de bom coração, as vozes causavam tanto desconforto. Mas a noite, ah, as noite. Essa era insuperável. O Esquelesce queimava a garganta, e era como se várias lascas se alojassem na lateral de sua cabeça, e aparentemente, não podiam dosar em grandes quantidades para que a fratura se recuperasse corretamente.

              Hermione também odiava a noite, mas odiava os dias da mesma forma. As poucas folhas de pergaminho que lhes foram oferecidas já tinham acabado. Algumas com rabiscos e desenhos, outras com riscos de quantos dias já se passaram, e últimas com anotações de tudo que sabia sobre seu quadro. Todos completos com migalhas para matar o tédio. Para piorar, a comida lhe era servida no quarto, e até agora não visitara ninguém. Por outro lado, também não recebera visitas.

              - Alohomora — Tentou Hermione, com um movimento rápido dos dedos. Surpreendentemente, funcionou.

              A garota pensou por um segundo. Não sabia o número do quarto de nenhum de seus amigos, e provavelmente seria rapidamente descoberta se simplesmente fosse até a recepção para tentar descobrir alguma coisa. Todas as portas estavam com algum tipo de flor depositada, mas depois de alguns passos furtivos, encontrou uma anormalmente abarrotada com demonstrações de respeito. Só poderia ser o de Harry. Hermione tentou a fechadura manual, sem sucesso. Porém, com o mesmo movimento de sua mão, conseguiu entrar.

              - Quem está aí? – Harry ofegou, acordando de súbito. Ele tateou no escuro, em vão, em busca de sua varinha. Quando entrou sob a luz da lua que vinha da janela, Hermione não deixou de perceber como estava suado e pálido.

              - Sou eu Harry. Hermione. – Ela sussurrou, correndo para abraçá-lo. – Como você esteve?

              - Não sei. É difícil dormir.

              - Para mim também. – Hermione confessou, rindo baixinho.

              Eles ficaram em silêncio. Talvez porque nenhum tinha algo a dizer que já não fora dito antes. Perguntar sobre remédios não adiantaria, e ambos sabiam que, se ainda estavam internados, obviamente não estavam tão bem.

              - Alguém veio te visitar? – Perguntou a menina, subitamente.

              - Não... Mas acho que Ron e mais alguém tentou, eu ouvi. – Harry murmurou, relembrando os eventos de alguns dias atrás. – Meu médico não os deixou entrar.

              - Por quê? Você acha que a minha médica fez o mesmo?

              - Não sei, mas é possível. O meu disse que estava testando uma terapia alternativa, “me isolando de tudo que me lembrasse da Guerra” – Harry simbolizou as aspas com os dedos, revirando os olhos. – Não sei como isso vai me ajudar se todo mundo que eu conheço participou

              - Você sabe quem mais está internado? – Hermione indagou.

              - Fred, Luna e o irmão do Colin. – O moreno contou. – Pelo menos que eu sei. Luna está perto de nós, parece que ouço sua voz às vezes, e Fred está no 806, se não me engano. É tudo que eu sei.

              - Já é bem mais que eu. Só me contaram que Fred está acordado, mas duvido que esteja muito bem. – Hermione comentou.

              Depois de mais alguns minutos de silêncio, Hermione decidiu ir embora. Não havia muito o que falar, e parecia que ele estava com sono.

              - Qualquer coisa, meu quarto é o 702. – Foi o que ela disse antes de ir embora.

              Guiada apenas pela luz que entrava pelas janelas, Hermione saiu em busca do tal quarto 806. Não podia ser muito longe, provavelmente no mesmo andar. Era surpreendente o quão baixa a vigilância era. Bruxos não usavam câmeras, então isso estava fora de questão. Quem sabe com tantos pacientes, muitos em condição gravíssima, era difícil prestar atenção nos detalhes.

              - Quem? – Hermione ouviu a voz de Fred murmurar quando ela entrou em seu quarto. – Se veio dar um papo motivacional... Pode sair.

              - Não se preocupe com isso. – Ela riu baixinho, se aproximando com cuidado de sua cama.

              - .... Mione? – Ela concordou com um sussurro, fazendo-o sorrir. Ele tinha feito mais barulho que ela nessa visita, o que o deixou muito satisfeito. Finalmente alguém silencioso. – Você tá bem?

              - Melhor que você, provavelmente. – Hermione falou no tom mais baixo que conseguiu, a ponto de Fred quase ter dificuldade para ouvir.

              - Sem barulho... Gostei. – Ele riu.          

              - Som dói?

              - Muito. Luz também. – Hermione percebeu que eles pareciam crianças que aprenderam a falar, já que tentavam economizar palavras ao máximo para minimizar o som, fazendo-a rir baixinho.             

              - Ainda te faço rir. – Fred murmurou com um sorriso maroto. – Não perdi a manha.

              - Como você está? – Ela mudou de assunto, segurando sua mão enquanto sentava na beirada do colchão, ao lado do quadril do ruivo.

              - Melhorando. Falo melhor. - O ruivo não foi totalmente sincero. Não contou que sentia um calombo esquisito crescendo no lugar coberto pela bandagem, ou da dor. Também não se abriu sobre como os gritos que ouvia dos outros quartos machucavam seus ouvidos, ou dos líquidos que saíam do nariz e do ouvido. Nem dos enjoos.

              Mas Hermione logo tomou conhecimento desses últimos.

              - Desculpe. Acontece mais... Você imagina. – Fred resmungou quando vomitou praticamente em todo o seu lençol.

              - Eu entendo. – Hermione sorriu com compaixão. – Toalhas?

              - Criado. Segunda gaveta.

              Rapidamente, ela alcançou-as, e foi até o banheiro do ruivo para molhar algumas. Não pode deixar de notar a bagunça, ou o banquinho no box do chuveiro. Fred estava pior do que ela imaginara. Hermione logo estava de volta, trocando com eficácia o lençol e limpando os restos de fluido de Fred.

              - O quê...? – Ele perguntou quando Hermione cuidadosamente colocou os dedos atrás do pescoço de Fred para levantá-lo, tratando-o como se fosse de vidro.

              - Febre. Levante pouco. – A garota colocou uma toalha com água morna na nuca dele, repetindo o processo em sua testa e embaixo de seus braços.

              - Cócegas. – Fred riu baixinho quando ela colocou os panos em suas axilas. – Agh.... – Ele resmungou quando ouviram um grito vindo de outro quarto.

              - Posso tentar uma coisa? – Ela perguntou, completamente incerta se aquilo ia melhorar ou piorar o quadro do garoto.

              - Não tem... Piorar, né? – Fred jurava que tinha dito ‘como’ no meio da frase, mas era frequente que esquecesse as palavras.

              - Ok... Não sei ao certo... – Hermione murmurou, mas decidiu seguir seu instinto. – Abaffiato. — Mirou no ruivo a sua frente, cada vez melhor em fazer feitiços sem a varinha.

              Fred, apertando a mão de Hermione com força, soltou um grunhido gutural próximo de um grito, provando que não tinha sido uma boa ideia. Hermione sabia que o feitiço que jogara causava zumbido no ouvido, mas não tinha ideia que o garoto já sofria com isso antes da suposta intervenção.

              - Finite! Finite! Finite Incantatem! – Hermione ofegou, acabando com o encanto. – Merlin, Fred, eu sinto muito... Não vai acontecer de novo. – Ela beijou sua testa, afobada, alisando os cabelos suados do menino. Ela não sabia como compensar seu erro, e não sabia o grau da dor que ele sentia.

              - Nada... – Fred conseguiu sorrir depois de algumas respirações pesadas. – Pelo menos... Ganhei beijo.

              - Só você mesmo... – Ela sorriu, ainda correndo as mãos pelo cabelo do garoto a sua frente. Ele foi caindo no sono, os dedos suaves da garota o empurrando ainda mais com seu carinho para o sonho. Hermione continuou acariciando seus cabelos, até que sentiu os dedos que enlaçavam os seus afrouxarem seu aperto. Ele tinha dormido. Ela trocou as toalhas que já tinham esquentado novamente, e tirou as meias dos pés dele, para que a febre não piorasse durante a noite.

              Hermione saiu tão silenciosamente que ninguém no mundo conseguiria a ter notado. Se as noites já eram ruins para ela, não podia imaginar o quão terríveis eram para Fred. Só podia esperar que tivesse amenizado uma delas, ainda com o erro que cometera com o feitiço.

              No caminho de seu quarto, ouviu o grito de novo. Era a terceira vez que ouvia esse mesmo grito, e finalmente o reconheceu. Era Luna, e se já era agonizante de longe, era muito pior de perto. Seguiu o barulho até que encontrou a porta correta, número 704.

              - Não, não, de novo não. Sem remédios, por favor! – Luna berrou ao mero sinal do destrancar da porta. – Me deixe sair daqui!

              - Luna! Sou eu, Hermione! – A morena sussurrou o mais alto que conseguiu, se aproximando da garota. – Merlin, o que fizeram com você?

              - Hermione... Me tire daqui. Por favor.... – A loira murmurou, voltando para a cama encurvada e frágil. Ao sentar no colchão, abraçou os joelhos.

              - Eu não posso... Não sei como sair daqui. – Ela confessou. – Luna, o que houve? Fale comigo.

              - Remédios. Tudo é cinza, tudo é escuro. Não vejo meu pai faz tanto tempo... – Luna respondeu, sua voz suave já rouca de tanto gritar. Hermione conseguiu reparar no estado da garota. Seus cabelos loiros estavam sujos, embaraçados e armados, seus braços estavam cobertos de poeira e suas unhas sangravam. Ela tentara arranhar a porta de madeira para sair.

              - Luna, você tem que resistir. Não tente sair, deixe isso comigo. Eu virei toda noite, eu prometo. Assim que conseguir achar uma saída, nos tirarei daqui. – Hermione abraçou-a, sem resposta. Ela tinha simplesmente caído no sono. – Merlin, Luna... – Ela disse, mas olhou para o estado da garota. Não podia deixá-la assim. Pegou algumas toalhas e as molhou com água morna, limpando os braços da menina e suas pernas. – Episkey. – Mirou o feitiço nos dedos de Luna, mas só obteve sucesso na segunda tentativa. Cobriu-a com o lençol, e foi embora.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Por favorzinhooo, comentem o que vocês acharam desse capítulo, e se tiverem qualquer tipo de crítica ou sugestão, sou só ouvidos! Se quiserem ser notificados quando um capítulo novo sair, favorite e clique em Acompanhar! Enfim, muito obrigada, e até a próxima!