Kettering - Fred & Hermione escrita por IsaMultiboooks


Capítulo 1
O Despertar


Notas iniciais do capítulo

Muito prazer! Bom, a maioria de vocês deve ter vindo da minha outra fic Fremione, então, oi de novo! ♥ Pra você que tava no tédio e achou essa aqui, oi! Enfim, se tem uma coisa que eu não gostei tanto nos livros de HP é que não mostraram os efeitos de uma guerra em pessoas, ainda mais em gente tão nova... Então tive essa ideia, e combinei com o melhor ship do MUNDO, Fremione! Espero que gostem!



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              Fred abriu os olhos uma, duas vezes. A forte luz branca machucava, mas logo seis sombras de cabeças a cobriram com euforia.

              - Céus, ele acordou, acordou, acordou... – Molly Weasley murmurou ininteligivelmente entre lágrimas enquanto segurava a mão do filho com força, beijando sua testa com igual intensidade e mãos tremelicantes. 

              - Chame George. Merlin, ele vai ficar tão bravo... – Arthur sinalizou com um sorriso para que Gina chamasse o gêmeo do garoto deitado na maca, que saíra depois de muita pressão da família quando a vontade de ir ao banheiro era insuportável.

              - Fred, como se sente? – Percy perguntou, ajeitando seus óculos de tartaruga enquanto tentava limpar rapidamente suas lágrimas.

              O paciente, no entanto, não poderia estar pior. As vozes machucavam seus ouvidos que zumbiam, assim como a luz que o fazia querer explodir as lâmpadas. Não sabia onde estava, e somente depois de vários minutos conseguiu reconhecer as pessoas que o cercavam como sua família apesar da visão turva de seus olhos cansados e inchados. Sua cabeça parecia prestes a explodir, e ao tatear a lateral, percebeu uma estranha protuberância coberta por bandagens grossas.

              - Luz. Sem luz. – Fred murmurou, tentando fazer qualquer coisa para minimizar suas dores. Não sabia onde colocar as mãos: nos olhos, nos ouvidos ou na cabeça. Logo, o quarto se escureceu, reduzindo ao menos uma de suas dores.

              - Fred? – uma voz familiar feriu seus tímpanos novamente. Mas, se era para ouvir alguma voz, a de George era uma boa. – Eu avisei vocês, falei que ele podia acordar a qualquer momento! Por que me fizeram sair? Eu aguentava mais algum tempo, sabem... – George se virou, sussurrando com força para a família. – E eu achando que ia receber toda a atenção para sempre... Que pena. – ele se voltou para seu gêmeo novamente e brincou, com voz fraca.

              Fred não conseguiu responder. Seu gêmeo subitamente o envolveu em um abraço forte que o colocou sentado bruscamente. George sentiu um líquido quente escorrendo por suas costas quando Fred vomitou.  

              - Eu sei que não foi minha melhor ideia, mas um beijinho teria sido suficiente. – George sorriu para o irmão com compaixão, a voz tremendo levemente. No entanto, George sabia que toda aquela choradeira não era muito a praia de Fred.

              - Sozinho. Som... Machuca. – Fred apontou para os ouvidos, limpando a boca. A náusea não o deixaria tão fácil. – Não lembro...

              - Posso? – George indagou, e todos sutilmente concordaram com a cabeça. Molly ficou contrariada, mas acabou aceitando quando Arthur colocou a mão em seu ombro de forma reconfortante. – Merlin, Fred... Agora eu sem dúvida sou o gêmeo mais bonito. – ele riu baixinho, tentando aliviar o clima, enquanto observava o irmão. Ele estava pálido, transpirando, com uma espécie de fluído transparente que saía de seu nariz e da orelha esquerda coberta pela bandagem ao redor de sua cabeça, já molhada de sangue no local do trauma. George tirou a camiseta suja, revirando a bancada branca do quarto de Fred em busca de uma muda de roupas, e acabou colocando uma blusa de paciente.

              - O que acon...teceu? – Fred lutou para lembrar a palavra correta.

              - Você quase bateu as botas, isso que aconteceu. – George murmurou, rindo o mais baixo que conseguiu, mas não era sua risada alegre e habitual, como se fosse doloroso lembrar daquilo. Mas quando olhou para seu irmão acordado, ainda que detonado, seu sorriso mal cabia no rosto, e ele tinha vontade de sair gritando e saltitando por todo o hospital. – Você estava do lado de fora de uma explosão na Sala Precisa. E assim que você conseguiu esse machucadinho de nada e quase matou todo mundo do coração.

              - Onde estamos? – Fred tentou olhar ao redor, mas sua cabeça já parecia estar desestabilizada pela tontura.

              - St. Mungo`s, onde mais estaríamos?

              - Quem... Mais? – O ruivo balbuciou, tentando coçar a pele da testa debaixo das bandagens incômodas. Fred só queria voltar ao normal. Ainda que sua memória do acidente falhasse, ele sabia de todo o resto. Como era antes de ter todas essas sensações ao mesmo tempo e de uma vez só. Ele queria pregar peças com George e ter forças para retrucar as brincadeiras de seu irmão. Mas aqui estava ele, deitado como um inútil. Fred sempre adorou tirar uma boa soneca, mas não desse jeito, não naquele lugar.

              - Bom, tem os feridos, como você, e os pirados. – George começou, sorrindo. – A maioria foi para a ala psiquiátrica por obrigação para um check-up, acho, mas Hermione e Harry estão lá até agora.

O hospital St. Mungo`s estava transbordando de pessoas, mas ainda assim cada uma tinha seu próprio quarto graças à expansão mágica da instituição. Praticamente todos foram inicialmente internados na ala psiquiátrica de início, mas a maioria recebeu alta na hora, incluindo Ron. Hermione, Harry, Parvati Patil e muitos outros, no entanto, tiveram de ficar. Harry estava, de longe, em pior situação. Ainda que se sentisse bem, era óbvio o efeito imediato do luto e do trauma em seu sono, quando gritava nomes de suas perdas, e até mesmo em cada enxaqueca, que provocavam ansiedade.

— Senhorita Granger? – a nova psiquiatra entrou no quarto monocromático da menina que aguardava sentada em sua cama, olhando pela janela. – Sou Lacey Minnington, sua psiquiatra. Muito prazer.

O quarto de Hermione era como o de qualquer um no hospital. Uma cama um tanto desconfortável, uma bancada e um criado, todos brancos. Hermione já estava ali há dois dias, e só agora estava sendo atendida, ainda que achasse que não era necessário. Por mais que o hospital pudesse expandir, não podia criar mais médicos. Havia também a decisão publicitária do St. Mungo`s de divulgar que estavam tratando todos da mesma maneira, independentemente do papel dos pacientes na guerra. “Até parece,” pensava a jovem bruxa. Ela sabia que Harry teria regalias, enquanto outros, como Draco, não teriam a mesma sorte.

              - O prazer é todo meu. – Hermione se levantou, retribuindo o cumprimento de mão da médica. – Eu acho que houve um engano, doutora.

              - Um engano? – a moça checou sua prancheta, pensativa. – Não, está tudo certo. O que leva a senhorita a pensar o contrário?

              - Eu deveria receber alta, como Ronald. Estou bem, doutora, e há muitos, muitos pacientes pelo que pude ver. Eles precisam da sua ajuda muito mais do que eu. – a garota se explicou, gesticulando com educação.

              - Deixe que da situação do hospital nós cuidamos. – Lacey sorriu calorosamente, sentando-se na cama e sinalizando para que sua paciente fizesse o mesmo. – Hermione, posso chamá-la assim? – após um sinal de cabeça da garota, a médica prosseguiu. – Há um motivo pelo qual você está aqui, e isso tudo é para o seu bem. Espero que consiga me ver como uma amiga aqui dentro, uma confidente. Preciso que saiba que tudo que você disser em nossas sessões ficará em segredo, e que eu estou autorizada a prescrever remédios mesmo que contra a sua vontade. Tudo certo?

              - Remédios? – Hermione ergueu as sobrancelhas, incrédula. – Doutora Minnington, com todo o respeito, duvido muito que isso será necessário.

              - Somente se for necessário, Hermione. Decidiremos isso depois de duas ou três sessões, quem sabe mais. Hoje, gostaria de fazer uma coisa básica.

              - O quê?

              - Aqui. – a jovem loira tirou um papel da prancheta. – Preciso que marque todas as características que você acredita possuir.

              Hermione analisou a atividade. Era um papel com um círculo dividido em quatro partes, com as palavras Colérico, Sanguíneo, Melancólico e Fleumático escritas na ponta das linhas. Haviam adjetivos na parte de dentro e de fora, todos organizados, e a bruxa reconheceu aquilo como alguma espécie de teste de personalidade, mas mais complicado.

              - Só isso? – Granger indagou, curiosa.

              - Por enquanto, sim. Estale os dedos quando terminar, e voltarei.

              Quando estava prestes a sair, no entanto, a garota a chamou.

              - Doutora Minnington?

              - Pode me chamar de Lacey. – Ela sorriu, já no batente da porta.

              - Lacey. Você pode me dizer como estão meus amigos? – a preocupação era visível no olhar da garota, que tinha os cabelos desalinhados e a roupa do hospital já consideravelmente amassada.

              - Todos menos o sr. Potter receberam alta, e fiquei sabendo que Fred Weasley acordou hoje.

              - Obrigada, Lacey. – ela sorriu. Fred estava vivo, e a família Weasley estava intacta. Percy estava de volta, e tudo ficaria melhor.

              Ao fechar da porta, Hermione começou a marcar as palavras, mas era interrompida. Um grito de dor, um calafrio. Um grunhido, uma virada de pescoço. Passos no corredor, atenção dobrada. Erra irracional, incontrolável, e Hermione odiava aquela sensação. “Vamos, use a cabeça. Nada vai acontecer,” ela tentava pensar. Porém, seu lado racional só complicava sua situação. “Ainda há Comensais, ainda que seu líder tenha morrido. Ninguém é insubstituível, e logo alguém emergirá para tomar seu lugar. Harry está desprotegido, e qualquer um das trevas pode alegar um ferimento para ter uma brecha para matá-lo em vingança pelo que meu amigo fez,” refletiu, já com a testa suada e mãos tremendo.

              - Controle-se. Você tem que sair daqui. – Hermione murmurou para si mesma, terminando de assinalar os últimos adjetivos do círculo. – Teste imprestável, de que isso me serve? Mesmo se eu tivesse algo, se eu quisesse um teste de personalidade eu leria revistas. – concluiu, estalando os dedos.

              - Tudo pronto? – Lacey aparatou, sobressaltando a garota e arrancando-lhe um grito. – Hermione, o hospital é seguro. É normal que você tenha ansiedade, mas quero que saiba que esse é um dos motivos pela sua permanência aqui. Enfim, vejamos o seu resultado. – mudando de assunto subitamente, a moça tomou o papel de Hermione em mãos, murmurando números enquanto contava as marcações. – Bom, você é predominantemente colérica.

              - O que isso quer dizer? Eu não sou uma pessoa raivosa! – Hermione exclamou, guiada pelo significado literal do nome.

              - Não é nada disso, Hermione. – Lacey riu. – Quer dizer que você é prática, eficiente, com vontade forte, decisiva, independente e autossuficiente. No entanto, seu emocional é pouco desenvolvido. Claro, isso é só a superfície de um colérico puro, mas preciso saber disso para entender as implicações que traumas psicológicos causam em você. Pelo que pude ver, você tende ao estresse, o que, depois de uma guerra como essa, pode se manifestar pelo medo, pânico e ansiedade... Estou te bombardeando, não estou?

              - Estou acompanhando. – Hermione assegurou, intrigada.

              - Eu imaginei. Bom, você tem algumas características do tipo melancólico, por isso a depressão também é uma possibilidade. Mas não se assuste, tudo que estamos discutindo hoje são possibilidades, entende? Nada disso é certo, ainda tenho que fazer um diagnóstico melhor para podermos lidar com tudo isso. – Lacey parou, subitamente séria. - Hermione, quero que preste atenção. Eu só posso te ajudar até certo ponto, por isso preciso de sua cooperação. Assim que você aceitar que nem tudo está tão bem como imagina, você terá que contar comigo para contar tudo o que sente. Estamos entendidas?

              - Sim... Por quanto tempo terei que ficar aqui? – ela não desistiria tão fácil de sair daquele lugar.

              - Isso só eu posso decidir. Mas no mínimo uma semana ou duas. – Lacey ponderou, percebendo as intenções da garota. – Parece que nosso tempo acabou por hoje. Espero que acabe gostando daqui, Hermione.

              - Obrigada, Lacey.


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Notas finais do capítulo

Capítulo curtinho para situar! Espero que tenham gostado ♥ Comentem o que acharam, suas ideias, sugestões, críticas e opiniões! Clique em Acompanhar para receber notificações sempre que tiver cap novo, e aproveite pra favoritar a fic! Obrigada, e até a próxima!