Sem Necessidade de Mega Sagas. escrita por Abraxas


Capítulo 4
Capítulo 4: Sem necessidade de jogos mentais.


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior, os nossos heróis foram colocados em um mundo de sonhos imposto pela mutante Yugui. Mesmo ajudando o grupo contra o poder maligno de Kagato, a caprichosa criança queria que a princesa Sasami fosse viver no seu mundo perfeito para sempre, mas como houve a recusa da sua amiga, Yugui achou que tinha o direito de puni-los.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716500/chapter/4

           O sábio herdeiro de Jurai, Yosho, tenta entender o motivo que o levou a estar neste planeta. Será que sua mente provocou uma peça? Quem, ou o que, seria capaz de provocar tamanha incoerência neste planeta? Aqui é o planeta sagrado de Jurai. Se aqui é o coração do poder de Jurai, por que não o sinto?

           Neste momento, uma espécie de luz clareia a sua mente e percebe que tudo ali é uma grande ilusão. O homem lembra-se do ocorrido no seu lar e da comemoração pela derrota de Kagato. Recorda-se, também, de uma convidada em especial chamada Yugui e daquilo que é capaz de fazer quando é contrariada.

           -          Sasami deveria ser mais cuidadosa com aquilo que diz. - diz Katsuhiro Masaki a si mesmo. Principalmente, quando se tratam de crianças demônios.

           Súbito, a realidade ao seu redor começa alterar e tudo fica indefinido. A Luz começa a decompor e formar matrizes coloridas como num interior de um cristal. Logo, o idoso herdeiro de Jurai começa a ver as grades de sua prisão e sente que tudo aquilo que passou é fruto da magia doentia de Yugui.

           Agora que a verdade foi estabelecida, uma nova pergunta surge na mente do homem. "Como vou sair daqui?" Fugir de uma prisão de cristal não deve ser das tarefas mais fáceis, mas como existe um ditado que diz: "Tudo que entra tem que sair de uma forma ou de outra." O avô de Tenchi sabe que foi a magia de Yugui que o colocou nesta situação e vai ser a mesma magia que vai tirá-lo.

           Suas lembranças o levam para o passado e lembra-se de suas conversas com o seu sogro a respeito dos conceitos filosóficos da religião Xintoísta, suas práticas e preceitos.

           -          Senhor meu pai... - diz Yosho há muito tempo atras. Como posso acreditar em uma religião que venera um imperador que leva os seus súditos a escravizar e matar outros povos? Se essa tal prática, chamada religião, tem o objetivo de ligar o homem a sua essência mística e a Deus é uma pratica pacifica. Por que os homens matam e morrem por ela?

          O velho o olha com os seus olhos sábios e diz:

          -          A verdade tem várias faces e entre elas a mentira. O caminho que leva a Deus e o mesmo caminho que leva a verdade. Porém, quando se desvia do caminho, o homem se afasta da verdade, mas não de Deus. Porque a Luz que emana de Deus cega, mas a da verdade clareia.

          O alienígena fica surpreso com tamanha sabedoria daquele pequeno homem e diz:

         -          Procurar Deus é mau?

         -          Não. - diz categoricamente o velho. Porque a procura de Deus é o que nos faz humanos. Seja o bom ou o mau. Por mais estranho que seja, a Verdade é Deus e vice-versa. 

         -          Senhor meu pai, este tal Deus existe? Se ele existe, por que ele não manifesta?

         -          Você comete o mesmo erro de todos os outros que acha que Deus pode manifestar ao mero capricho dos homens. Tudo que vê é obra dele. E ainda duvida de sua existência? A essência do Xintoísmo é entender as suas palavras através de seus Entes e nossas orações são as nossas respostas as suas perguntas.

         -          Senhor, da onde vem, o poder é o centro de todo sistema de crenças. Este poder manifesta em todas as coisas e provocam fenômenos fantásticos aos poucos escolhidos, mas todos vêem as suas ações na natureza. Já a sua filosofia, tem conotações metafísicas e não tem demonstrações físicas. Por que acha que devo acreditar em uma coisa tão vaga?

         -          E quem disse que você é obrigado acreditar em alguma coisa? - responde o sacerdote. A fé é algo muito frágil, basta algumas palavras que ela se desmanche em palavras sem sentido, mas ela é mais poderosa que todos os tufões que atingiram a nossa pequena ilha. Com a fé é capaz derrotar os mais poderosos, invencíveis e onipotentes seres do Universo, basta apenas acreditar. A fé só não vence a natureza, pois elas têm a mesma essência.

         -          Não importa o ser que a fé o derrotará? E se eu quiser o matar, a tua fé é capaz de me deter?

         -          Sim. Sabe por quê? A minha fé é que a sua tem os mesmos objetivos. Jamais um homem justo mataria outro para satisfazer a sua vaidade ou curiosidade.

         -          Por acaso, se eu não tivesse a mesma fé que a sua? Ou se fosse um assassino e louco?

         -          Ainda assim acharia que não o faria. Se fosse, já teria feito.

         Derrotado, Yosho comenta:

         -          Acho que sua fé tem as suas estranhas lógicas.

         -          A fé tem o seu poder. Basta acreditar que você será o que quiser e todo Poder do Universo conspirará ao seu favor.

         Ao lembrar-se de sua conversa com o seu sogro, Katsihiro Masaki lembra que o poder de Jurai é servo da fé e não contrario. E por isso, o sacerdote começa a pensar em seu neto e manifesta todo o seu desejo de estar ao seu lado.

         Súbito, o homem começa a desaparecer de sua prisão de cristal e reaparece na residência do clã Masaki. O homem olha para a casa e nota algumas diferenças na decoração. Quando sente um pequeno puxar em sua calça e ao olhar para saber o que acontece, tem uma pequena surpresa. Uma criança que nunca viu.

         -          Oi, vôzinho! - diz a criança.

         -          Quem é você? - pergunta o sacerdote surpreso.

         -          O meu nome é Mayuka! Sou sua neta. - responde inocentemente. 

         Katsuhiro Masaki fica um pouco chocado e seu olhar demonstra desconfiança. Em seguida, uma mulher surge na sala e causa mais surpresa ao velho.

         -          Sakuya! - exclama Katsuhiro. Mas como?

         Com um olhar curioso, a mulher estava vestida de executiva, uma maleta e falando num celular. Depois de falar com quem quer que seja, pergunta ao avô do Tenchi:

         -          Olá, vovô! O que foi? Que cara é essa?

         Sem reação, ele balbucia.

         -          Deixa para lá! Olha, eu tenho uma reunião muito importante e o Tenchi está na faculdade. O senhor não poderia cuidar de sua neta?

         Novamente, ele balbucia.

         -          Perfeito! Sabia que podia contar com o senhor. - e dá um beijo no seu rosto. A mamadeira está na geladeira é só botar para ferver, tá legal. Tchau!

         Ela parte e deixa o senhor sem ação. Ao seu lado, a criança comenta:

         -          Mamãe é assim mesmo, vôzinho.

         Depois de controlar as suas emoções, o senhor do templo Masaki pergunta para a sua suposta neta:

         -          Quantos anos você tem?

         A garota mostra quarto dedos da mão direita.

         -          Você não acha que é muito mocinha para ainda comer de mamadeira?

         Com uma carinha de anjo, ela responde:

         -          Mas eu gosto.

         Com o cair da tarde, Tenchi retorna ao seu lar em seu carro conversível, presente de seu pai, e ansioso para ver a sua adorável filha. A sua alegria é evidente quando a menina corre em direção de seus braços. Um longo abraço apertado é a prova desse amor incondicional.

         -          Papai, o vôzinho tá aí! - comenta a criança distraída com um brinquedo que Tenchi lhe deu.

.. - divaga Tenchi. Ele não deveria estar num congresso em Osaka?

         O sacerdote do templo Masaki aguarda pacientemente a chegada de seu neto em sua residência e fica evidente o clima de tensão quando o seu neto entra na sala. Katsihiro Masaki vê um homem, não mais um garoto, dos seus vinte e um anos, cabelos compridos e presos, com os seus traços, quando era jovem, e com um olhar desconfiado.

         -          Como vai meu neto? Sempre imaginei que seria assim quando ficasse mais velho.

         -          O senhor não deveria estar num congresso?

         -          Bem, Tenchi... Creio que você esteja feliz neste lugar perfeito. Creio que seja homem que tem todos os seus objetivos realizados e uma família constituída e feliz. Mas, infelizmente, tudo isso que você viveu é uma ilusão provocada por Yugui.

         Tenchi fica calado.

         -          Todos nós fomos iludidos pelo poder místico daquela criança e preciso de sua ajuda para ajudar os outros. O poder de Jurai é capaz de nos levar para onde estão as garotas. Vamos pegue a minha mão e iremos sair daqui.

         O seu neto olha bem nos olhos do sacerdote e diz:

         -          Que história maluca é essa? O que houve? O seu médico te deu remédios demais?

         -          Tenchi! - diz Katsihiro chocado. Mais respeito com o seu avô! Sou um homem experiente e que te ensinou tudo que sabe.

         -          Ensinou o que? A rezar? A pedir aos Deuses que me dê tudo que preciso? Olhe, avô... Eu tenho muito respeito e carinho pelo senhor, mas suas fantasias espirituais estão passando dos limites. A realidade é tudo que importa e não este mundo de fantasias sem sentido que o senhor prega. Sua fé é patética.

         Ao ouvir isto, o seu avô bate no rosto de seu neto.

         -          Escute, seu idiota! - diz o sacerdote. Você esqueceu-se do poder de Jurai e tudo que representa?

         -          Do que está falando? Por que me bate? Que insanidade é essa de "poder de Jurai"?

         "Droga!" Pensa o velho. "A maldita está manipulando a mente do garoto. Ela sabe que o poder de Jurai é forte nele e por isso é fundamental que deixe de acreditar nele."

         -          Papai, por que o vôzinho bateu no senhor? - pergunta Mayuka.

         Carinhosamente, Tenchi responde a sua filha:

         -          O seu avô está com problemas. Vá agora para o seu quarto é fique lá, entendeu?

         -          Fique bom logo, vôzinho! Até breve a todos! - e sai da sala.

         Com um olhar de tranqüilidade, Tenchi diz ao seu avô:

         -          O que aconteceu naquele congresso que te deixou desse jeito? Fizeram lavagem cerebral?

         O sacerdote o olha com um misto de surpresa e raiva.

         -          Escute, Tenchi! Se eu provar que tudo isso é uma ilusão, irás acreditar em mim?

         -          Por acaso vai usar truque para me impressionar? Sabe que está parecendo... Coisa daquele filme americano, o tal do Matrix. Será que naquele congresso que foi ficaram doutrinando-o neste tema absurdo?

         O gesto de Katsihiro foi rápido. A sua espada mística surge em suas mãos e corta a parede. Em seguida, como um papel de parede, a realidade cai no chão revelando o fundo cristalino.

         -          Que insanidade é essa? - diz Tenchi estarrecido.

         -          A verdade!

         -          Depois me diz que diabo de congresso foi esse que quero ir também.

         -          Tenchi... - o seu avô toca o rosto de seu neto com as mãos. Concentre... Lembre-se dos fatos anteriores a sua vinda a este local... Recorde-se da festa na nossa casa, da Yugui e suas ameaças...

         Os olhos do jovem fecham e uma luz corta a escuridão.

         -          Avô! Eu me lembro! Foi igual daquela vez em Tóquio. Maldita, Yugui!

         Neste momento, a sua aparência é alterada e revela o Tenchi que conhecemos.

         -          Meu Deus! Dessa vez a ilusão dela foi muito mais complexa. Parecia real.

         -          E poderia ser real. - diz uma voz.

         -          Sakuya!

         A aparência dela é a mesma quando os dois conheceram-se. A bela colegial parecida com a princesa Ayeka e com um sorriso nos lábios. 

         -          Que bom que descobriu a verdade, Tenchi. Quero te pedir perdão por não ter revelado a verdade antes, mas precisava saber como seria a nossa vida. Se tivesse uma chance de ficarmos juntos e quer saber de uma coisa? Eu adorei! Fomos muito felizes, não foi?

         Com lágrimas nos olhos, Tenchi responde:

         -          Sim! Seriam os momentos mais felizes de nossas vidas.

         -          Eu te dei uma bela filha. Quer dar adeus a ela?

         -          N-não! Não é necessário...

         -          Rá! Continua o mesmo péssimo mentiroso, Tenchi! Será que tenho que te lembrar que o seu nariz treme quando mente?

         O jovem toca, com as pontas dos dedos, o seu nariz e diz:

         -          Não dá para te enganar, Sakuya.

         Uma voz infantil corta o local que é agora um gigantesco prisma multi-colorido.

         -          Papai!!!

         -          Meu pedacinho de céu! - e se abraçam.

         -          Tenho medo! - diz chorosa. Sinto que você vai embora. Por favor, não faz isso!

         -          Mayuka, minha filha... Sua vida, suas lembranças e seu amor estarão sempre comigo. Não importa o quão distante esteja. - os dois entregam-se a emoção.

         -          Filha, deixe o seu pai em paz. Ele tem que ir.

         Os dois separam-se.

         -          Tenchi... Lembre sempre de nosso amor e nós estaremos em seu coração.

         Um beijo longo e apaixonado foi a resposta do jovem herdeiro de Jurai.

         -          Tenchi! - diz o seu avô interrompendo o momento mágico. Temos que ir.

         Os dois separam-se e as lágrimas escorrem na antiga família Masaki e aos poucos a mulher e sua filha desaparecem no nada.

         -          Você é um homem de sorte.

         -          Por que, vovô?

         -          Poucos são aqueles que têm a chance de despedir de seus sonhos.

         -          É muita dor...

         -          Mas é assim que somos formados. De sofrimento e esperança.

         Ao dizer isto, os dois desaparecem.

         Os herdeiros da casa de Jurai aparecem em um corredor escuro como fosse num interior de uma nave e é de fato. Em seguida, o corredor fica iluminado e por causa disso os dois ficam apreensivos, mas Tenchi lembra-se de alguma coisa que o tranqüiliza.

         -          Vovô! Esta nave é a Yagami!

         -          É a nave daquelas garotas policiais?

         -          Isso mesmo! Será que estamos no sonho delas?

         -          Não sei... Mas tem um meio de descobrir. Temos que usar o poder de Jurai para conhecer o senhor ou a senhora deste sonho.

         Súbito, a nave começa a tremer e nossos heróis caem no chão. As luzes começam a piscar e tocar uma estridente sirene. Os dois gritam, mas correm daquele local. Tenchi diz ao seu avô:

         -          Eu sei onde é sala de controle. Deve ser lá que fica o piloto da nave.

         -          Sim, Tenchi! Acho que simbolicamente deve ser a pessoa que está presa neste mundo de ilusão. Vamos lá!

         Minutos depois, diante a porta que separa o corredor da sala de controle, os nossos heróis ficam batendo na porta metálica e ficam sem reposta.

         -          Mas que droga! Como podemos entrar? - reclama Tenchi.

         -          Deve ter algum tipo de senha. - divaga Katsihiro.

         -          A sala fica selada quando estamos em combate... - diz uma velha voz feminina conhecida.

         Os dois viram-se e vêem uma mulher mal vestida, suja e cheirando mal. Chocados, ambos gritam o mesmo nome:

         -          AYEKA!?!

         -          Saudações, Lorde Tenchi! Saudações, irmão Yosho! - diz com toda vergonha do mundo. Peço desculpas pela minha aparência, mas a minha ama exige que trabalhe dessa maneira.

         Com uma expressão de ódio, Tenchi descobre quem é a senhora de mundo de ilusão e grita o seu nome:

         -          RYOKO!!! Saia dessa sala, agora!!! - diz esmurrando a porta metálica.

         E como um passe de mágica, a porta se abre e revela as duas poltronas, a qual uma delas ocupadas por uma mulher de cabelos arrepiados. Ao virar, revela que, esta mesma mulher, dá um sorriso irônico e o seu destacado vestido decotado.

         -          Oi, Tenchi! - diz com sua voz sensual. Puxa, parece que estamos irritados hoje? Vem que a sua titia Ryoko vai acalmá-lo rapidinho.

         A pirata espacial salta para os braços do rapaz.

         -          Nada melhor que um beijinho para curar as doenças do coração. - e faz biquinho.

         -          Pare, Ryoko! - diz Tenchi virando o rosto. Que história é essa de fazer isto com a Ayeka? - e aponta a ex - princesa de Jurai.

         -          Ora, Tenchi... Deu-me vontade. Afinal, se não a comprasse, certamente teria um destino pior... Talvez, uma prostituta, quem sabe? Que tal esquecermos essa aí e irmos para a nossa cama quentinha? Essa perseguição toda me deixou toda excitada...

         -          Isto é uma covardia! - exclama o jovem. São estes os seus sonhos? Usar-me e humilhar a Ayeka? Que mulher mesquinha que você é, Ryoko. É assim que diz que é me amar? Eu tenho nojo de você!

         Ao dizer estas palavras, a pirata sente uma pontada no coração e tenta consertar a situação.

         -          Tenchi... Eu... Bah!!! Será que você não me entende? Sou uma vitima deste Universo, não tive berço de ouro, ou a educação da Ayeka. Fui abandonada e jogada para o crime. Não é porque quero, mas pelo destino. A vida ensinou a ser uma pirata espacial e tomar tudo que me negaram. Porém, o meu amor por você é verdadeiro e é a única coisa pura que tenho. Por favor, não me tire isso de mim.

         Ao dizer estas palavras, uma lágrima escorre no rosto da pirata.

         -           Ryoko, deixe de melodrama e vamos embora daqui. - diz Tenchi fingindo que as palavras da pirata não o tocaram em seus sentimentos. Este é um mundo de ilusão criado pela Yugui e foi feito para nos punir.

         A mulher fica intrigada, não pela história, mas pelo fato que o seu garoto não caiu em sua lábia. Afinal, anteriormente, ele caia em todas suas desculpas esfarrapadas que contava. Agora, ele que conta uma história que não faz nenhum sentido.

         -           Tenchi? O que você está dizendo? Mundo de ilusão?

         -           Isso mesmo, Ryoko! - exclama o avô de Tenchi. Tudo que viveu nestes últimos tempos são frutos de sua imaginação e dos seus desejos. E Yugui tornou tudo isto em realidade, precisa libertar-se disto, garota.

         O olhar de Ryoko revela a sua incredulidade. Ela esperava este tipo de teoria da Mihoshi, mas não do senhor Katsihiro Masaki. O sacerdote que ela aprendeu a respeitar.

         -           Vocês estão loucos! Yugui está hibernando, desde eventos de Tóquio e o próprio Tenchi a deteve. Lembra?

         -           Sasami a libertou para deter Kagato. - diz Tenchi. Só que ela fez um acordo que não podia cumprir. Por isso, ela vingou-se na gente e nos prendeu em cristais místicos que realizam todos os nossos sonhos.

         -           Que história fantástica! - ironiza Ryoko. Só que vocês esqueceram-se da coisa mais importante, provas! Provem que o que dizem é verdade.

         O velho puxa a espada de Luz e corta a "realidade" diante da estarrecida pirata.

         -           Que diabo de truque é esse?

         -           O da verdade. - responde Katsihiro Masaki.

         É um dia de inverno no castelo imperial de Jurai, a neve cai naquele local e os guardas ficam atentos diante de uma terrível notícia. A terrível, a diabólica, a criminosa, a vingativa, Ryoko fugiu do asteróide - prisão de Wagon para matar a atual imperatriz de Jurai. O planeta inteiro está em alerta máximo.

         No interior das paredes frias do castelo, a imperatriz Ayeka teme de medo diante da possibilidade de enfrentar a sua maior inimiga. Afinal, a sua filha e seu marido são alvos de sua vingança. O mal em forma de uma mulher demônio que jurou a sua morte.

         -          Eu não tenho medo de você, sua maldita! - grita Ayeka diante um retrato da pirata Ryoko. (Convenhamos, a foto é muito simpática.) Quando a capturarem, terei o prazer de conduzir para sua cela. Vou instalar um sistema de vídeo que te vigiar o tempo todo.

         A imperatriz anda de um lado para outro como um animal enjaulado.

         -          Por que não a matei quando tive chance?

         -          Pode ser pelo fato que você me queria viva... - diz uma no fundo corredor.

         Um arrepio atravessa a espinha da imperatriz de Jurai.

         -          Quem está aí? - pergunta.

         -          A sua velha amiga... Nossa como você envelheceu, Ayeka! A sua vida como imperatriz acabou com você... Que coisa!

         -          É você, Ryoko? Eu não te vendo. - e Ayeka aperta um botão oculto em sua cintura. Venha para Luz.

         -          Acha que sou uma otária, princesa? Pensa que não sei que você chamou os seus guardas? Assim ofende a minha inteligência.     

         -           E quem disse que chamei os guardas? - diz Ayeka. Eu isolei o local e você não poderá sair. Estamos presas, Ryoko!

         Neste momento, a pirata aparece das sombras e com o seu vestido colorido e decotado.

         -           Não mudou nada... Nem parece que esteve numa prisão.

         -           Pena que não possa dizer o mesmo de você.

         Ryoko olha para a imperatriz e percebe o quanto mente. A imperatriz ficou muito mais bonita com o passar do tempo, tornou-se uma sensual mulher madura e atraente.

         -           Posso ter ficado mais velha, mas continuo linda. - diz a imperatriz.

         -           Eu poderia contar as minhas vantagens sobre você, mas quero saber o porquê de colocar-me numa cela contigo.

         -           Para saber a sensação de estar presa com a minha maior inimiga.

         -           E qual é a sensação?

         -           Eu estou feliz. Primeira na minha vida pode dizer o que realmente sinto e sem as obrigações de ser a primeira princesa de Jurai. Não preciso mais mentir para mim mesma. - e Ayeka aproxima de Ryoko.

         -           Qual é, princesa? Que papo é esse?

         -           Não precisa reprimir-se. Estamos sozinhas. - diz a imperatriz cada vez mais próxima.

         -           Por acaso, virou lésbica depois de velha?

         -           Talvez... Mas uma coisa tem certeza, nunca senti atraída por outras mulheres. Exceto por você. - e neste momento a princesa agarra a pirata.

         -           Me solta, Ayeka.

         -           Diga-me, Ryoko. Por que o seu coração está acelerado? - diz abraçada. Sabia que você parece um rapazinho.

         -           Você está doente. Larga-me, Ayeka.

         -           Posso contar uma coisa. Sabe o porquê que não fica intangível? Porque você sente o mesmo que sinto. Por acaso, alguma vez não sonhou fazendo amor comigo?

         Ryoko lembra que da vez que torturou a princesa sexualmente e sentiu mais prazer com Ayeka do que a primeira noite de amor com Tenchi.

         -           Nunca! - mente Ryoko. Eu sou mulher. Gosto de homens!

         -           Eu também gosto de homens. - diz a imperatriz. Mas o que sinto é muito forte, talvez seja pelo fato que reprimi isso. Eu a odiava, mas com o tempo este sentimento transformou-se em amor. Você não faz idéia com isso me alivia o meu coração ao dizer isto para você...

         -           Sapatona... - diz quase sem forças e suando. Eu não quero sentir isso... É errado! Eu amo o Tenchi!

         -           Eu também amo o Tenchi! - diz Ayeka. Porém, ele não está aqui... Estamos sozinhas, Ryoko. Vem...

         Neste momento, os lábios aproximam-se.

         Súbito, a parede explode e que faz as duas mulheres separarem uma em cada canto da cela. Quando a poeira abaixa, revelam os senhores Katsihiro e Tenchi Masaki que perguntam as duas mulheres:

         -           Vocês estão bem?

         Sem muito empenho, respondem que sim.

         -            Nunca vi o cristal resistir tanto... - especula Tenchi. Ryoko, contou tudo para a Ayeka?

         Um olhar cúmplice de duas mulheres é a senha para Ryoko dizer que elas estavam brigando e não tiveram tempo para contar o que está acontecendo. Em seguida, depois de contar a verdade, todos partem daquele mundo de cristal. Porém, um detalhe deve ser descrito, as duas mulheres saíram de mãos dadas e sem que os outros percebam.

          Nos jardins do templo Masaki, o quarteto fica admirado pela beleza e tranqüilidade do local.

         -            De quem é este sonho? - pergunta Tenchi. É tão calmo aqui...

         -            É o que vamos descobrir. - comenta Katsihiro.  Que tal procurarmos? 

         -            Boa idéia! - exclama Ryoko. Que tal separamos? Eu e Ayeka. O senhor e Tenchi. Assim teremos mais chance de encontrar o responsável deste sonho. O que acha, Ayeka?

         -            Acho uma ótima idéia! - concorda a princesa.

         Desconfiado, o sacerdote aprova a idéia de Ryoko e as duplas separam-se. Depois de alguns minutos, o avô de Tenchi comenta para o neto:

         -            Aconteceu alguma coisa naquele castelo...

         -            Como assim, vovô?

         -            É uma coisa que só elas têm que resolver sozinhas, meu neto. Vamos procurar...

         O seu neto cogita sobre o comentário de seu avô. "Ele tem razão, normalmente, elas estariam brigando para ficar ao meu lado. O que aconteceu com aquelas doidas?"

         No extremo oposto, as duas mulheres caminham mudas e cabisbaixas. Até que Ryoko quebra o gelo e diz:

         -            E... Puxa, princesa! Você é vulcão! Eu não sabia que te despertava desejos tão intensos...

         -            Ryoko... Eu... Gostaria que isto ficasse como um segredo entre nós. Eu não sei o que me deu. Parecia que algo me empurrava a você. Era algo fora do meu controle, não era eu, entende?

         -            Pode ser que seja um sistema de defesa do cristal da Yugui. - especula a pirata. Ou seja, os seus desejos reprimidos... Seja o que for, aquilo me balançou...

         -            Ryoko, eu sou uma mulher. Tenho as minhas fantasias e, por um momento, aquilo aflorou naquele mundo, mas está dentro de mim. Não tenho como fugir disso. No fundo, apesar de detestá-la, nutro muito carinho por você.

         -            Sua presença insuportável me causa sentimentos estranhos... Mas, Ayeka, também tenho um carinho muito grande. Sabe, se fossemos irmãs... Talvez tudo fosse diferente.

         A princesa pega a mão da pirata e olha em seus olhos. O gesto é repetido por Ryoko e as duas abraçam-se. Uma lágrima escorre no rosto de ambas.

         -            Eu não acredito! - diz uma voz infantil. Vocês fizeram as pazes?!

         No mesmo instante, as duas separam-se e secam os seus olhos.

         -            Sasami! - exclama Ayeka. Estava desesperada procurando por você e Ryoko estava me consolando...

         -            É verdade! - confirma Ryoko. Ela estava me contando uma história da infância dela que me deixou emocionada. Porém, mesmo sendo uma criatura digna de pena...

         -            Espere aí! - exclama Ayeka. "Digna de pena" é o escambau! Eu não preciso de piedade de uma criminosa procurada. Afinal, sou a primeira princesa de Jurai e a minha beleza é lendária em todo o império!

         -            Beleza lendária? Só se for de monstro mitológico...

         -            Ah, é? Quem é que tem o apelido de demônio de Hashomon? Sabe como é aparência dos demônios. - e ela dá a sua famosa risada.

         -            Sabe, Sasami? Quando abracei a sua irmã senti uma coisa debaixo das roupas dela. Sabe o que era? Escamas! Aí percebi que estava abraçando uma cobra bem escamosa. Ou um lagarto. Ou será um peixe bem fedorento?

         Nisto, Ayeka, irritada, começa invocar os seus pequenos bastões de energia e parte para a briga com a Ryoko que responde com artilharia pesada. Sasami desapontada comenta a si mesma:

         -            E eu pensei que elas tinham mudado...

         Minutos depois, Tenchi e seu avô chegam ao local do combate. Com paciência e determinação todos, pelo menos, os sãos calmam os ânimos e explicam a pequena princesa de Jurai o que esta acontecendo. Em seguida, todos partem daquele mundo de cristal. 

         (Caro leitor, gostaria de informar que a parte que nossos heróis resgatam Ryo-ohki é muito complexa e levaria muitas páginas, ou capítulos, para ser concluída. Por isso, peço, meu caro leitor, que tenha paciência e aguarde o próximo fanfic que tratará do resgate da nossa mascote favorita. Desde já, muito obrigado!)

         Os nossos heróis conseguem, finalmente, sair do mundo de Ryo-ohki. Todos estavam esgotados, mas faltavam ainda Mihoshi, Kiyone, Washu e Nobuyuki. Sasami e seus amigos estavam no interior da nave - cabbit e navegavam a deriva no meio do espaço.

         -            Onde estamos? - pergunta Sasami confusa.

         -            Em algum lugar no meio do espaço. - responde Ryoko. Bem, pelo menos, a Luz das estrelas está na cor correta. Estamos fora do cristal! Eu não acredito!

         Todos comemoram.

         -            Calma, pessoal! - diz Katsihiro Masaki. Nós saímos de um cristal para outro. Ainda não sabemos quem é a pessoa responsável por este mundo. Por isso...

         Antes que o sacerdote pudesse dizer mais uma palavra, a nave é interceptada pela viatura da polícia galáctica e seus tripulantes escutam uma voz muito conhecida.

         -            Atenção, suspeitos! Aqui é a detetive de primeira classe Mihoshi e sua parceira, a detetive de primeira classe Kiyone. Pedimos autorização para a nossa entrada para inspeção, pois sua nave está fora de registro nos arquivos da polícia galáctica.

         -            Os nossos problemas estão apenas começando... - comenta Ayeka. Caímos no mundo da maior desmiolada do Universo.

         -            Bem que podíamos deixá-la neste mundo de sonho. - diz Ryoko. Seria um bem para todas as formas de vida.

         As duas mulheres começam a rir.

         -            Parem com isso, as duas! - repreende Tenchi. Ryoko, autorize a entrada da Mihoshi na nossa nave. Aqui, nós poderemos convencê-la a abandonar este mundo de ilusão.

         -            Ah, vai ser difícil para ela entender... - alfineta Ayeka.

         -            Afinal, uma ostra, perto dela, é um gênio! - conclui Ryoko.

         Após a piada, as duas mulheres gargalham.

         -            Ryoko... Ayeka... - diz Tenchi desapontado.

         Apesar das expectativas contraías, Mihoshi até que entendeu e aceitou bem o que foi dito. Depois de repetir umas vinte vezes a mesma história.

         Todos ficaram contentes que tudo está ocorrendo bem, ou pelo menos, na medida do possível. Com o desfecho da história da Mihoshi, os nossos heróis saltam daquele mundo e param em outro, ou para ser mais exato, na estação orbital da polícia galáctica.

         -            Não é preciso ser muito inteligente para perceber que esse é mundo de Kiyone. - diz Ryoko.

         -            Do jeito que ela é organizada. Deve ser um mundo perfeito. - comenta Ayeka.

         -            Preste atenção, Ryoko. - alerta Tenchi. Estamos entrando no quartel general da polícia galáctica. Lembre-se que você é uma criminosa procurada.

         -            Confie em mim, Tenchi! Com a minha garota aqui nós estamos seguros, não é, Ryo-ohki?

         Os ruídos de aprovação são ouvidos no interior da nave.

         Os nossos heróis recebem a autorização para pousar e, em seguida, a entrada no interior da imensa estação orbital. Todos vão para o centro de informações e perguntam para a responsável onde pode encontrar a detetive de primeira classe Kiyone. Qual não é a surpresa que todos recebem, quando a informante diz onde está a ex - detetive de primeira classe.

         -            Atualmente, ela é a presidente executiva da polícia galáctica. Vocês têm hora marcada?

         Antes que alguém pudesse responder, uma voz bastante conhecida interrompe o processo de criatividade do grupo e ao vê-la todos ficam surpresos.

         -            Eles estão comigo! - diz a mulher. Vou levá-los até lá.

         A policial responde afirmativamente.

         -            Olá, pessoal!

         Em coro, todos gritam:

         -            WASHU!?!

         -            E vocês achavam que estes cristais iam enganar a maior cientista de todo Universo? - e ri.

         -            Impressionante! - exclama Ryoko. Como você soube...

         -            Tudo que é demais enoja! - responde a cientista. Além do mais, eu também libertei o Nobuyuki e está na sala de espera da nossa querida presidente desta maravilhosa instituição. Eu iria libertá-la deste mundo de ilusão sozinha, mas como vocês chegaram... Acho que posso contar com a ajuda de vocês.

         Enquanto conversam, todos caminham em direção da sala presidência.

         -            Puxa, você é tão inteligente, Washu! - elogia Mihoshi.

         -            Quem foi o responsável de libertar este animal de zoológico? Não era melhor deixa-la onde estava?

         -            Eu avisei, mas o Tenchi exigiu que ela viesse conosco. - diz Ryoko.

         -            Esperava mais de você, Tenchi... - conclui Washu. 

         -            Aí! Eu não sabia que vocês gostam tanto assim de mim. - mia Mihoshi. Estou emocionada!

         Em coro, todos dizem:

         -            Nós também!!!   

         Ao chegar à sala de espera, Washu pede a todos que enquanto estiver conversando com Kiyone não deixar de jeito nenhum que a idiota da Mihoshi entre na sala. Todos concordam, exceto Mihoshi, que ficou distraída vendo as várias fotos e medalhas de sua amiga Kiyone. É óbvio que ficou vibrando com as conquistas da amiga.

         No interior da sala da presidência, a cientista observa uma parede de monitores e uma mesa imensa com uma grande poltrona de costas. Atrás do acento, uma voz feminina dizendo as seguintes palavras:

         -            Eu sei toda a verdade, Washu!

         -            Qual verdade, Kiyone?

         -            Do mundo de cristal... - responde ainda oculta pelo acento. Do mundo criado pela Yugui que nos dá tudo aquilo que desejamos.

         -            Sabe também que estamos te esperando para sairmos daqui. Este mundo não é muito sadio, se você ficar aqui a sua mente vai perder total noção da realidade e cérebro vai sobrecarregar... Não é preciso dizer que isto vai te enlouquecer.

        Neste momento, Kiyone vira à poltrona e revela o seu belo rosto. Ao que parece, a mulher não mudou nada, continua jovem e bonita. Mas o olhar, este sim, mudou e muito.

         -           Por acaso, quer que eu volte para aquela casa na Terra e viva a minha vida simples ao lado daquela garota?

        Washu engole em seco e responde:

         -           Sei que a Mihoshi é uma idiota, mas ela precisa de você. Se visse o mundo de cristal dela, ela te considera uma Deusa! Uma heroína que nunca irá ser.

         -           E você sabe do que preciso? - pergunta secamente.

         A cientista fica sem palavras.

         -           Você diz que irei morrer se ficar aqui, mas eu não morrei da mesma forma se voltar para realidade? Lá, eu não sou ninguém, aqui eu sou uma rainha!

         -           Aqui é um mundo de fantasia, Kiyone!

         -           Na Terra, li um livro que condiz tudo que estou passando na minha vida. O nome do livro é o Paraíso Perdido de Jonh Milton. Ele era cego, mas tinha uma visão muito maior que a sua, Washu. No seu livro, existe uma citação que é minha resposta para você e diz o seguinte: "É melhor reinar o inferno que servir o céu."

         -           Kiyone... Por quê?

         -           Porque o Universo inteiro foi injusto comigo. Tudo que queria em minha vida era crescer e ser alguém. Eu tinha uma carreira e aquela idiota arruinou tudo. E o que vocês fizeram por meus sonhos? Nada! Só este mundo de cristal me mostrou o que poderia ter sido e o Universo me negou. Por isso, o cristal me pediu um pequeno favor e vou atender.

         -           Qual favor?

         -           Não é óbvio! Vou matá-los! - e sorri.

                                        Fim do capítulo quatro.

        


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, a ambição de Kiyone chegou ao ponto máximo e ao ponto da policial da PG (Policia Galáctica) trair o grupo por seus sonhos. Que farão os nossos heróis diante tamanha adversidade? Não perca o próximo capítulo, com o título:

Sem necessidade de policiais psicopatas.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sem Necessidade de Mega Sagas." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.