Start Over escrita por MBS


Capítulo 29
Início do Caos


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo, a base dele pelo menos, está pronta a pelo menos quase 2 anos, mas eu realmente nunca soube o que eu queria realmente sobre ele, ou como que iria fazer e dar um fecho para ele, até que finalmente eu juntei algumas ideias que eu tinha e deu nisso, espero que gostem.



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Ponto de Vista - Abigail

 

Meus dias estavam assim e cada vez pareciam mais complicados. Eu estava cada vez recebendo mais mensagens de Carter, até o momento em que Guilherme notou isso e pediu não tão discretamente para Marcos grampear meu celular, mas esse não era o maior dos meus problemas em relação ao meu irmão. Notei que ele e Bianca estavam se distanciando, tudo por conta dele mesmo. Eu sabia que Bia estava no meio de toda essa confusão, ela não pediu por isso, mas Guilherme pela pressão que ele mesmo havia colocado ali acabou voltando a usar algum tipo de droga, que em um dos desabafos que acabei forçando com Bianca, ela admitiu ser heroína.

Meu mundo aos poucos ia desabando e notando que tudo o que estava acontecendo era tudo, sem exceção, por conta minha.

Finalmente Bernardo havia saído do hospital, 2 semanas após ter acordado e feito diversas baterias de exames, porém o que era para ser uma boa notícia foi o início do desastre. Bernardo não reagiu muito bem com a quantidade de seguranças que tínhamos nos vigiando e suas perguntas sobre o que estava realmente acontecendo se tornaram incessantes.

Charles – um dos seguranças, o mais novo entre eles, tinha a idade de Guilherme, seu porte físico não era tão avantajado quanto dos demais, por este motivo pedi para meu pai para que ele ficasse comigo, chamava bem menos a atenção das pessoas –, e eu acabamos nos tornando amigos pela convivência diária, ele me acompanhava até a escola, acabava me monitorando pelas câmeras de segurança da escola e no final do período me levava para casa, ou para a residência dos Granemann, onde ele acabava conversando bastante com o pai de Bernardo, e era exatamente onde eu estava nessa tarde de uma sexta-feira.

Enquanto Charles estava no andar de baixo conversando novamente com o pai de Bernardo, eu estava aqui, deitada no puff do quarto de Bernardo jogando videogame, um novo jogo que ele havia comprado, enquanto ele estava terminando de colocar o seu material da escola em dia.

— Abby? - ele me chamou, dei pause no jogo e lhe encarei – Se eu te perguntar uma coisa, me promete que será sincera?

— Claro.

— Tudo isso que está acontecendo tem alguma coisa a ver com aquele seu ex namorado que eu vi no primeiro dia que começamos a realmente conversar chegando com você na escola e pelo jeito te ameaçando? Que quando você viu que estávamos te olhando você praticamente saiu correndo dele?

Aquilo me atingiu como um soco no estômago, pela falta de ar que acabou me gerando. Eu queria fazer como sempre e fugir da resposta, mas sabia que era errado, eu já havia feito isso diversas vezes, então diferente de todas as vezes eu respirei fundo e assenti levemente com a cabeça. Vi Bernardo mudar, ele tinha a mesma expressão que Guilherme criou ao longo desses últimos dias, uma aparência que queria proteger, toda e qualquer ameaça que Carter pudesse causar.

— Eu não ia falar, mas… eu não posso esconder de você o que está acontecendo e em que pé tudo isso está. Mas até onde eu sei, ele não causou mal apenas para mim. - Finalmente encarei seus olhos claros e notei que ele estava em silêncio para que eu prosseguisse – Carter foi o responsável pela morte de Peter, o que ainda é uma ferida aberta, não só pra mim, mas pro Guilherme, pra Bia, pros pais dele, pois ele ainda está solto. Foi também o responsável pelo quase envenenamento da Bianca, em uma festa que a gente foi uma vez e eu e ela acabamos indo dançar e enfim, ele me mandou mensagem dizendo que eu deveria cuidar mais das minhas amigas, e quando eu olhei em direção a Bianca eu vi ele colocando algo na bebida dela. Após isso você me convenceu que eu deveria contar para o Gui e pra Bia o que estava acontecendo, contei e foi ai que o drama começou. Ele também, até onde temos informações, foi o responsável pelo seu acidente, um dia após meu aniversário. E bem, as ameças nunca pararam, até o dia que você acordou e um dos amigos dele começou a perseguir eu e meu pai, e bem, estamos na situação que estamos hoje – Após falar tudo isto senti como se meu coração ficasse mais leve.

— E como eu descobri o que acontecia com você? - Mesmo com tudo o que falei, Bernardo parecia interessado em entender tudo o que lhe faltava na memória.

— Carter me deixava marcas no corpo, isso me gerava a reação de me afastar do meu grupo habitual e até elas sumirem eu ficava afastada das meninas, normalmente inventava doenças e convencia o Guilherme que eu não precisava ir na aula, que eu dava um jeito de repor… até que um dia minha desculpa não funcionou mais e notei que o Guilherme estava começando a ficar desconfiado, então eu fui pra escola e fiquei longe de todo mundo, mas o que pra eles era normal acontecer, pra você tinha algo errado, então em uma das aulas que nós tínhamos junto eu inventei uma desculpa e você me seguiu, me viu sem a blusa gigantesca do Guilherme que eu estava naquele dia e viu as marcas – Vi ele arregalar os olhos pra mim, mas continuei – Você me salvou do monstro, pois naquele dia você impediu que eu voltasse pra ele, ele me ligou e eu terminei com ele, você ficou feliz e me beijou – Sorri com a última parte – Mas decidimos ir devagar com o que quer que a gente estava criando naquele momento, até que finalmente começamos a namorar.

— E ele nesse tempo, manteve ainda algum contato com você?

— Não, nenhum. Até o dia da morte do Peter, que ele me mandou mensagem ameaçando o Guilherme… Fomos até o racha e eu surtei, porque eu tinha pedido para que ele não corresse naquela noite e mesmo assim ele foi, então eu fui atrás do Peter, pra impedir ele. Peter sempre foi o mais inteligente de nós três, então ele conseguiu criar uma distração, eu fui pra casa logo depois disso com você, Carter veio até lá e me contou que havia matado meu irmão, eu entrei em desespero… logo depois a Bia e o Gui chegaram, Bianca me contou que o Peter realmente criou uma distração, mas ele acabou indo correr no lugar do Guilherme, eu me sinto culpada ainda por isso, eu não sabia que o carro do Gui tinha sido modificado, então quando chegou em uma velocidade o carro acabou pegando fogo e explodiu, Peter morreu na hora, e eu e o Guilherme perdemos nosso irmão por conta disso – Não havia notado que eu tinha começado a chorar até Bernardo sentar na minha frente e limpar as lágrimas – Ele sempre foi nosso suporte, mais pro Gui ainda, ele só não ficou pior porque tinha a Bia do lado dele.

— Você sabe que não foi culpa sua não é?

— Peter só correu porque eu pedi.

— E se você não tivesse pedido iria ser o Guilherme no lugar, ou qualquer outra pessoa, de qualquer forma iria gerar uma morte Abby.

Maneei com a cabeça pros lados como se pedisse para mudar de assunto.

— Obrigada por falar sobre isso comigo – Bernardo falou enquanto segurava meu rosto com suas mãos de cada lado – Foi importante pra mim.

— Desculpe por demorar tanto tempo pra criar coragem para compartilhar isso novamente – Acabei falando e dando de ombros. Ele assentiu e me deu um beijo calmo, seguido de um beijo na testa e outros diversos beijos no rosto, até o momento em que eu comecei a rir e pedir para ele parar.

Escutamos batidas leves na porta e Charles me chamando para ir embora que meu pai havia ligado pedindo pela gente, me despedi de Bernardo e de todos, seguindo até o carro. Notei a postura de Charles rígida.

— Quanto você escutou? - Pedi já no caminho para casa.

— O suficiente para saber que depois que prendermos esse cara você precisa se afastar para se curar Abby – Ele disse segurando firme o volante.

— Eu sei – Soltei o ar que eu nem sabia que estava prendendo – Estou pensando em mudar para mais longe, e mudar de curso.

— Pra onde está pensando em ir? - Ele disse me encarando – Dependendo do curso eu posso te ajudar.

— Acho que vou mudar para Direito. Amo Medicina com todo meu coração, mas não sei se aguentaria a barra sabe, e agora com tudo isso, vendo o Gui, lembrando dele e do Peter no escritório, eu acho que combina mais, de alguma forma estranha, mas combina – Acabei rindo.

— Bem, eu sei de uma cidade… é onde um cara que eu sou apaixonado mora, mas isso não vem ao caso, tem um ótimo e muito bem-conceituado curso lá, se quiser posso conversar com ele, tem um apartamento na frente do dele que até onde eu sei está para alugar. - Ele disse dando de ombros, até que me encarou, eu estava com a boca aberta – O que foi?

— Como assim você me escondeu que você estava apaixonado por alguém?! Que ingrato que eu te achei.

— Ele também é apaixonado por mim, mas tive que ir embora, fui convocado e estou aqui… mas eu disse que quando eu voltasse ele teria a minha resposta, que no caso é o sim.

Continuamos até a cada do meu pai conversando sobre o namorado de Charles, que eu descobri ser a pessoa mais maravilhosa, aos olhos dele, que poderia existir. Ele era dono de um pub da cidade deles, acabaram se conhecendo em uma festa e acabaram ficando, James pediu o número dele e ficaram próximos, até o momento atual que James pediu ele em namoro e ele acabou vindo pra cá, com a promessa de voltar. Fiquei feliz por eles, e prometi que íamos reencontrar o seu James logo.

Entrando na casa fui em direção ao escritório, a procura de meu pai, hoje poderia ser chamado de centro de operações. Diversos quadros com mapas estavam espalhados pela sala, fotos de Carter, seus amigos, casas, tudo o que eu sabia e conhecia estavam espalhados por aqueles quadros. Acenei para meu pai que logo me entregou uma xícara de café, tinha um homem desconhecido ao seu lado.

— Você deve ser a Abigail? - Assenti e estendi minha mão em cumprimento – Sou o delegado Mendes, seu pai me explicou tudo o que está acontecendo aqui, queria saber se estas são todas as informações que você sabe?

— Sim, eu tenho certeza. – Acenei com a cabeça – Aqueles são os amigos dele, pelo menos os que eu conheço, aquelas são as casas que ele tinha ou que, pelo menos, ia com frequência, os pontos de racha que ele mais frequentava... está tudo ai senhor – respondi enquanto ajeitava minha postura na cadeira e largava a xícara em cima da mesa.

— Mas ainda não faz sentido – meu pai se manifestou indo para o lado do delegado. – Aonde ele guarda todos esses carros então? – me encarou e eu apenas joguei os braços para cima como resposta que eu também não sabia.

— Era só isso? Posso ir agora? – pedi esperando resposta do meu pai que acenou com a cabeça.

— Direto pra casa Abby – seu tom era autoritário e preocupado.

— Sim Major, direto pra casa – respondi enquanto colocava minha jaqueta e pegava minha bolsa que havia soltado na sala logo que entrei. Charles estava a minha espera com um sorriso em direção ao celular, fiquei na ponta dos pés para ver com quem ele conversava, era James.

Pedi se poderia ir dirigindo até em casa e ele assentiu, mesmo meio receoso. Eu sentia falta da liberdade de fazer isso sozinha, no caso, sem seguranças vigiando cada passo que eu dava, não que a presença de Charles fosse ruim, mas eu sabia que eu estava sendo um fardo para ele naquele momento. Combinamos de sair hoje a noite para ele comprar um presente para mandar para James, e eu sair mais um pouco daquela turbulência.

Chegamos em casa, Charles ficou na cozinha preparando algo para comer e eu fui na sala, Soph estava no sofá com a TV ligada, mas prestava atenção apenas no celular

— Hey – ela cumprimentou ao me ver, soltei minha bolsa no aparador de entrada e sentei nas costas do sofá sorrindo para ela.

— Oi, tava pensando em sair agora a noite, dar uma volta pelo shopping, quer ir junto? – Perguntei e ela apenas negou.

— Stavo vai vir aqui daqui a pouco, ele estava no treino e vem direto pra cá – ela respondeu dando de ombros.

— Hm – dei um sorriso maroto para ela – Ok, diz pra ele que mandei um oi. Vou lá me arrumar. – Subi até meu quarto, indo para o banheiro e tomando uma ducha rápida, logo terminando de me arrumar e voltando ao andar de baixo. – Tem certeza que não quer ir comigo? – parei no batente da porta e ela apenas negou com a cabeça.

— Se divirta como se eu estivesse junto – ela respondeu sorrindo – Traz aquele vestido que nós olhamos esses tempos atrás... e um livro.

— Interesseira – cantarolei e dei um beijo na sua testa.

— Se cuide.

— Sempre me cuido.

— Hey Soph – gritei para minha irmã – Usem proteção, não quero sobrinhos tão cedo.

— ABIGAIL.

Fui até a cozinha e Charles estava me esperando com a chave do carro já em mãos, mandei mensagem para meu pai avisando onde estávamos indo e que não iriamos demorar. Coloquei alguma música na rádio do carro e notei que Charles estava mais leve. O centro da cidade estava agitado, mais que o normal, mas logo conseguimos chegar no shopping, antes que anoitecesse.

Notei que meu celular vibrou, mas no momento em que vi quem havia mandado a mensagem eu preferia não ter visto.

Com saudades docinho? Logo estou chegando. Xx

Aconteceu alguma coisa Abby? - Charles pediu enquanto estacionava o carro, neguei com a cabeça e guardei o celular rapidamente.

Calma Abby, tá tudo bem. Você está em um shopping, muita gente, lugar público, você tem o Charles com você ai, ele não pode fazer nada contra você.

Mesmo assim, peguei minha bolsa e me certifiquei de colocar o relógio que Gui havia me dado, o coitado estava ainda jogado ali, coloquei ele em meu pulso e me acalmei um pouco. Eu conhecia a família que tinha, e sabia que quando meu irmão queria ser protetor ele iria colocar um rastreador em cada fio de cabelo meu. Não estranhei quando ele veio com esse relógio de presente dizendo que sempre deveria estar comigo.

Se algo me acontecer, pelo menos o Gui vai saber aonde eu to. Tá tudo bem Abigail, você consegue. Não pode ter medo até da sua sombra. Respira, tá tudo certo.

Sai do carro acompanhada de Charles, andei confiante e fomos primeiro em uma loja de sapatos, escolhi um tênis novo, dois sapatos de salto, sendo eles um nude e um vinho, convenci Charles de olhar coisas pra ele também. Quando que eu iria usar eles? Não sei, mas eu gostei deles. Fui até o caixa e os paguei. Continuamos andando até uma loja de joias que eu sempre vinha com a Soph, escolhi um colar prata com uma pedrinha delicada verde para Jéss, três anéis anelares para Alice, e outro anel para Bianca.

— Era só isso Abby? – Carolina, uma garota simpática que trabalhava na joalheria me pediu.

— Não, quero que reserve esses aqui. – Falei apontando para o balcão – Vou mandar uma mensagem pro Gui vir buscar.

— Deixa eu adivinhar, você está escolhendo um presente pra ele dar para a namorada? – ela riu sem graça e eu concordei.

— Sei que ela vai adorar, e além das irmãs dele, sei que ela também adora ganhar presentes... então – dei de ombros e ela concordou. Entreguei meu cartão e logo o recebi de volta.

— Você não vai ter braços até o fim dessas comprar Abby – Charles falou dando risada.

Mostrei a língua para ele fomos até uma loja de roupas ainda, ele pegou algumas coisas novas pra ele e pro James, peguei o vestido da Soph e uma camisa social nova pro Gui. Após isto fomos ao último lugar que eu queria, o melhor lugar de todos, a livraria.

A livraria era da família da Bia, a dona na verdade era ela própria. Bia trabalha aqui, mas hoje pelo visto estava de folga. As atendentes vieram já avisando dos livros novos que haviam chego e alguns que a Bianca já havia deixado separado para mim.

Depois de todas as comprar, fomos até a lanchonete do shopping, mandei mensagem no grupo das meninas com fotos das comprar, logo recebi resposta de Jéss e Alice pedindo para ver seus presentes. Já Bianca me mandou uma mensagem no privado pedindo se eu estava acompanhada, como resposta enviei uma foto do Charles com a bochecha lambuzada de ketchup, por causa do seu lanche.

Conversei bastante com Charles, James estava ligando para ele e eu disse que ia até o guichê do estacionamento para acertar, que já poderíamos ir, Charles concordou, pegando a maior parte das sacolas com uma mão enquanto segurava o celular com a outra mão próximo ao ouvido. Peguei as demais sacolas e caminhei em direção ao guichê, eu estava tranquila, pois sabia que do local que eu estava Charles não estava tão longe, e tinha visão minha.

Fui até o guichê e paguei nosso estacionamento, fui calmamente caminhando novamente até Charles, desviando de uma aglomero de crianças em volta de um brinquedo que havia ali, senti meu corpo ser puxado para trás, escutei bater em uma porta e logo esta ser aberta, quando fui gritar uma mão com um pano parou sobre minha boca e nariz, tentei me desvincilhar daquilo, eu reconheci o toque. Deus queira que Charles tenha visto ele fazendo isto e esteja aqui para me livrar dele.

— Calma docinho, tá tudo bem – Carter falou no meu ouvido, apertando ainda mais o pano sobre meu nariz e boca, me impedindo de tomar fôlego. – Não seja uma má garota Abby, tudo vai ficar bem. – Eu sabia o que era aquilo, ele estava me apagando.

Senti minhas pernas fraquejarem e eu desmaiar em seus braços.


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Notas finais do capítulo

Sejam sinceros com o que acharam dele, por favor. E lembrem-se, sejam gentis.



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