Start Over escrita por MBS


Capítulo 15
Verdades à tona - Parte 2




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— Abby, aqui não é lugar pra você – Ele disse acalmando a voz, notando que as pessoas ao nosso redor estavam prestando atenção na possível briga que ia surgir. Olhei ao redor e notei Bianca saindo do carro de Gui, mas ela estava no banco do motorista e dando um selinho em meu irmão, ok, definitivamente essa noite está sendo mais louca que o normal. Balancei a cabeça e voltei a encarar Bernardo.

— Não é lugar pra mim? Pra mim? – pedi sadicamente. – Eu sou a irmã do atual rei, você diz que esse não é lugar pra mim Bernardo? – respondi o encarando.

— Abby... – Ele tentou segurar meu braço delicadamente, e logo o puxei para longe dele.

— Não, não me venha com Abby. Você mais do que ninguém sabe o quanto que eu odeio rachas, não porque não acho divertido, porque eu acho, mas odeio o fato das pessoas que eu gosto estarem correndo nele, e que se algo acontecer eu.não.vou.poder.fazer.nada pra impedir. – Falei dando de dedo em seu peito e falando as últimas palavras pausadamente – Quer saber, tô indo pra casa, antes que nosso papo piore. – Virei meu corpo e notei Gabriel me encarando boquiaberto, puxei seu pulso até seu carro e entrei no banco do carona.

Sem precisar falar mais nada ele ligou o carro e nos tirou dali, não antes que eu escutar Bernardo chamando meu nome. Graças a Deus Gabriel não falou nada, fiquei apenas escutando o ronco do carro, de alguma forma inexplicável aquilo me acalmava. Quando paramos na frente da minha casa, Gabriel apenas me puxou, dando-me um abraço e um beijo demorado na testa.

— Desculpa por hoje – Ele disse encabulado.

— Não tem do que se desculpar, seu amigo que fez merda, se não a noite teria sido ótima. – Cruzei os braços e revirei os olhos bufando.

— Abs, ele só quis te proteger. – Tentou defender.

— Não defenda ele Bear, se não nós dois também vamos acabar brigando, e eu não quero isso. – Eu disse sorrindo envergonhada e saindo do carro.

Senti meu celular vibrar no momento em que pisei dentro de casa, tranquei a porta e fui em direção ao meu quarto.

Prince: Precisamos conversar.

A: Agora você quer conversar Bernardo?

Prince: Abby...

Prince: Não seja assim...

A: Assim como?

Prince: Fria, você não é mais assim... eu sei disso *carinha triste*

A: Bem, pois essa sempre fui eu...

A: Só não entendo

A: Por que escondeu de mim?

A: Achei que confiava em mim...

Prince: E eu confio Abby...

Prince: É só que eu imaginava que você iria ficar puta  quando descobrisse...

A: E IMAGINA COMO EU ESTOU AGORA!!!

Sentei na cama suspirando, meu celular vibrou novamente, com diversas mensagens de Bernardo, uma seguida da outra, resolvi não abri-las e mandar mensagem para outra pessoa, alguém que tinha se tornado um ótimo amigo, mesmo que no inicio tenha demonstrado ter outros interesses, romanticamente falando, comigo.

Prince: Abby? Não me ignore...

Prince: Amor?

Não abri sua conversa e abri com o Anônimo.

A: Hey sumido

A: Pode conversar agora?

Anônimo: Oi loirinha

Anônimo: Claro que posso

Anônimo: O que houve?

A: Minha vida houve...

Anônimo: E isso não é bom? Hahaha

A: É, em partes...

A: Mas é complicada, descobri hoje um segredo que meu namorado estava guardando de mim *carinha triste*

Anônimo: Quer conversar sobre?

A: Sim...

A: Eu me senti traída de certa forma... Ele corre em rachas, assim como meu irmão, e ele não me contou isso... Mas hoje acidentalmente eu fui com meu melhor amigo, ele também corre e eu fui pra ver como funcionava e tal, ai quando terminamos a corrida eu encontrei meu namorado lá, e começamos a discutir. Na verdade estamos até agora *carinha revirando os olhos*

Prince: Desculpa

Prince: Abigail

Prince: Se você não me responder eu vou ir ai para conversarmos...

A: Se você vier aqui Bernardo pode se considerar um cara morto.

A: Eu não quero ver sua cara na minha frente hoje

A: Você sabia o quão mal eu ficava só de imaginar o Gui correndo

A: Aí descubro assim

A: Que meu namorado também corre

A: Que ironia...

A: *carinha revirando os olhos*

Fechei sua conversa e abri novamente a do Anônimo.

Anônimo: Mas você tentou já pedir pra ele o porquê dele esconder?

A: Ele disse que foi porque não sabia qual ia ser minha reação, no caso, seria a que eu tive hoje, quem sabe pior...

Anônimo: E por que não chama ele pra conversar? Pra ir ai ou sei lá, liga pra ele?

A: Porque se eu conversar pessoalmente com ele ou ligar, vamos acabar brigando e eu não quero isso...

Anônimo: Entendi, mas sei lá Abby...

Anônimo: Você gosta dele?

A: Sinceramente?

A: Eu amo ele, mas não sei como falar isso...

A: Por isso fiquei tão mal em saber que ele corre também...

A: Achei que Bernardo ia em partes me tirar desse mundo dos rachas, mas bem no fim acabou que ele também faz parte

A: Que ironia...

Anônimo: Então, bem, acha um jeito de conversar com ele... sem brigas

Anônimo: Deixa ele se explicar...

A: Eu não sei, sei que hoje não tô pra papo com ele

A: Vamos acabar brigando mais e eu fazendo idiotice...

A: Vou ir jantar...

A: Nos falamos, beijo.

Anônimo: Se cuida loirinha, beijo.

Fechei sua conversa e abri novamente a de Bernardo.

Prince: Eu sei amor...

Prince: Desculpa

Prince: Eu não gosto de brigar com você

Prince: E eu sei que você tá puta da cara comigo

Prince: Mas eu estava esperando uma outra hora te contar

Prince: Mas imagina como eu fiquei quando te vi no carro do Gabriel

Prince: Abby...

Prince: Tenta entender meu lado também

A: Que hora Bernardo?

A: Quando sofresse um acidente?

A: E que lado?

A: Bernardo

A: Você mais do que ninguém sabe que eu o Gabriel somos apenas amigos... sério? Ciúmes? Do meu amigo e SEU amigo?

A: Por favor *carinha revirando o olho*

A: Eu tô cansada amor, vou ir fazer a janta que o Gui e a Bia já tão quase chegando... Preciso conversar com eles.

Prince: Estamos brigados ainda então?

A: Amanhã nos falamos Bernardo. Dorme bem.

Soltei meu celular na cama e fui em direção à cozinha, comecei a preparar a janta, ainda estava cedo apesar de tudo. Escutei o barulho do carro de Guilherme parar na garagem de casa e logo ele e Bia entrarem pela porta da cozinha.

— Hey – falaram uníssimos e eu apenas respondi com um aceno de cabeça continuando a cozinhar.

Os dois subiram para o andar de cima da casa, agora eu entendia a proximidade dos dois, eles estavam juntos. Como você é burra Abigail, bem embaixo do seu nariz! Pensei comigo mesma enquanto terminava de arrumar a salada.

— O jantar está pronto – gritei na porta da cozinha. Logo ouvi passos vindo em direção a cozinha e meu irmão surgindo pegando os pratos e terminando de arrumar a mesa, enquanto Bianca arrumava os talheres. Coloquei as travessas sobre a mesa e comemos em silêncio. Quando terminei meu jantar, levantei-me e soltei minhas coisas na pia, continuei encostada sobre ela de costas aos dois. – Quando iam me contar que estão juntos? – Pedi sem rodeios.

Escutei os talheres de Guilherme sendo soltados no prato e Bianca engasgando.

— Abby... – Gui começou, ele estava me encarando quando o olhei.

— Não, parece que hoje foi o dia premiado para eu descobrir tudo o que estão escondendo de mim – Falei sentindo as lágrimas brotarem e logo as sequei.

— Não é tudo como você está pensando Abby – Bianca revirou os olhos e voltou a tomar o suco.

— Eu vi vocês dois se beijando, tenho testemunhas o bastante para confirmarem que EU não estou ficando louca – Ambos me encararam.

— Abby... – Gui ia começar

— Nem vem, minha vez de falar... – respirei fundo – Eu entendi, vocês dois tem um caso e não queriam me contar, por medo, da minha reação ou sei lá. Mas primeira coisa, eu já falei pra ambos que eu quero a felicidade de vocês, e se vocês dois estão se proporcionando isso... eu seria a última coisa que “deveriam temer”. – falei sorrindo de canto e os encarei – Segundo, o fato dos chupões nos pescoços... eu tô tentando me controlar pra não te dar um sermão Guilherme, mas... – olhei diretamente pros seus olhos – Só cuida da Maria tá bom? Ela é minha melhor amiga e eu te mataria se algo acontecesse com ela.

— Nunca deixaria algo acontecer pra minha rainha – ele me respondeu sorrindo e a olhou, que abaixou a cabeça envergonhada. Rainha, aquela palavra, então era dela que estavam chamando, ela era a rainha da zona sul.

— Calma aí – falei erguendo os braços como se estivesse me rendendo – Você é a Rainha, Bia? Você corre também?

Notei que Bianca me encarou meio pálida, não tão branca como a ex-ficante do Guilherme, sabia que quando ela arrumou a postura ela ia me dar uma desculpa qualquer.

— Abby, você deve estar confundindo as coisas... – ela respondeu dando de ombros.

— Confundir as coisas? SÉRIO MARIA? Para de tentar me enganar. Cara como eu sou burra, tudo embaixo do meu nariz por tanto tempo... e simplesmente hoje tudo isso acontece.

— Você está exagerando – ela respondeu. A encarei de testa baixa e reprimindo a boca.

Logo escutei a campainha tocando e os encarei levantando o dedo.

— Nosso papo ainda não acabou. – ambos reviraram os olhos para mim enquanto eu caminhava em direção à porta da frente. Quando a abri logo veio à surpresa. Sophie estava com duas caixas, uma mala grande ao seu lado, uma mochila nas costas e uma bolsa de mão em sua mão, com um enorme sorriso no rosto. Logo senti Guilherme atrás de mim com a mão em meu ombro e um sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido.

— Baixinha, tá fazendo o que aqui essas horas? E com toda essa mudança? – Ele perguntou.

— Exatamente, essa mudança é porque estou vindo morar com vocês – ela falou em um tom como se fosse à coisa mais natural do mundo, meu queixo simplesmente caiu, Guilherme ficou tenso e Sophie estava como se fosse sair pulando de felicidade a qualquer momento.

— Certo – Guilherme falou me empurrando levemente para o lado pegando uma das caixas enquanto Bianca vinha e pegava a outra – Nós vamos levar isso pra sala, Abby você vai conversando com ela enquanto isso?

— Bianca, nem ouse fugir – falei a encarando e puxando Sophie para dentro de caso até o andar de cima. – Eu amo você, mas o que você está fazendo aqui Sophie?

— Não foi um bom momento não é? – ela disse meio decepcionada.

— Na verdade não... Mas ainda não me respondeu a minha pergunta – Falei cruzando os braços e descendo as escadas com minha irmã logo atrás de mim.

— O meu problema pode esperar – Ela disse e escutamos a porta da garagem ser aberta e um carro sair queimando pneu.

Cheguei a garagem e Guilherme esta com as mãos na cabeça.

— O que aconteceu? – perguntei – Ela fugiu? Sério? Não consegue encarar as consequências de suas próprias mentiras – acabei aumentando uma oitava de minha voz e ganhei um olhar emputecido do Guilherme.

— Você não sabe da missa a metade – ele falou em um resmungo e logo alterou seu olhar para Sophie – Olha Sophie, eu não sei porque está aqui e nem sei se pode ficar. Mas você é minha irmã, essa é minha casa e você é bem-vinda. Pode ficar o tempo que quiser e tomar o quarto que já deixei separado para você – Notei que Sophie só faltou sair pulando e levar meu braço junto, visto que estava se segurando nele. Olhei abismada para Guilherme. Com todos os nosso problemas o retardado aceitava ter mais um.

— Guilherme, ela precisa ir pra casa! – acabei falando alterada, Sophie bufou ao meu lado.

— Ela obviamente não quer mais estar em casa e eu não vou obrigá-la a ficar onde não quer – ele me retrucou arqueando as sobrancelhas – Agora dá licença que preciso impedir que a retardada da sua amiga se machuque seriamente, se mate ou mate alguém.

Meu corpo agiu mais rápido que meu cérebro, que ainda estava tentando processar toda aquela informação que meu irmão havia me jogado. Tomei as chaves do seu carro em minhas mãos e ele me olhou furioso.

— Bianca não está aqui, ótimo, precisamos falar sobre assunto de família – respondi segurando as chaves com mais força em minha mão. Senti as lágrimas surgindo e Guilherme segurou meus ombros falando calmamente.

— Abigail, – lá vem a merda, ele nunca me chama de Abigail, a menos que esteja muito puto comigo – não importa o que Bianca escondeu de você ou o quanto está puta com ela, mas ela teve seus motivos, que são piores do que você imagina  e por mais merda que seja ela sempre esconder tudo, ela não está bem hoje e parte disso é minha culpa.

— O que você fez? – falei em tom acusatório, mas minha voz era quase inexistente.

— Não importa agora, eu vou explicar tudo, mas Bia está indo para as lutas ilegais, e se ela pisar lá eu tenho medo das consequências – ele disse em tom preocupado. Meu cérebro tantava processar todas aquelas informações.

— Ah sério, além de correr ela também vai nessas merdas? Ótimo, e ainda quer ser juíza – falei em deboche, logo depois notando as merdas que eu estava falando.

— Ela não vai, mas já pensou em ir. Já assistiu algumas lutas de quando eu ia – ele disse naturalmente e eu apenas arregrarei os olhos – Mas ela nunca subiu no ringue porque achava aquilo contra toda a honra das artes marciais, eu posso estar errado, mas eu conheço aquele olhar. É igual o que eu tive antes de ir na minha primeira luta, ou primeira corrida, ou na primeira vez que usei drogas – meu mundo estava prestes a cair, minha vontade era de gritar com Guilherme, o quão babaca ele era por ter feito tudo isso, mas eu apenas consegui ficar estática e sem reação nenhuma. Notei que ele estava chorando no momento em que ele pegou as chaves da minha mão e secou as lágrimas dos seus olhos.

— Eu vou junto – falei entrando no banco do carona e Sophie entrou no banco de trás. Não falamos nada no carro. Cada um com seus pensamentos para si. Logo chegamos ao local e Guilherme saiu correndo do carro puxando Bianca para perto de si, dando uma chave de braço quando ela tentou dar um soco em meu irmão.

Eu coloquei uma das mãos sobre a boca enquanto Sophie segurava a outra. Minha irmã estava prestes a chorar. Notei que os dois conversavam até que Guilherme me joga as chaves do seu carro. – Você sabe o caminho pra casa.

Assenti e logo eles saíram, Sophie foi pro banco do carona e eu me recostei na frente do carro, puxando o ar pros meus pulmões me acalmando. Nem havia notado que eu estava tremendo. Fui até o banco do motorista e segui para o caminho de casa. Chagando lá sai correndo a procura de Guilherme, que sentou no sofá.

— O que diabos? – gritei e ele apenas me encarou como se mandasse eu abaixar o tom de voz.

— Bianca é minha melhor amiga, Abby. Eu a conheço o suficiente pra saber como ela vai reagir há muitas coisas – bufei  – Mas ela é sua melhor amiga também, eu sei, mas assim como tem muitas coisas que você esconde dela por não conseguir compartilhar, mas fala com Bernardo, ela também tem. – Senti como se meu irmão me atirasse diversas facas em meu peito, a culpa estava recaindo sobre mim.

Abri e fechei minha boca diversas vezes, até que Sophie se manifestou.

— Mas logo você, Gui? E sendo só amigo? – ela cruzou os braços sobre o peito – Você quer mesmo que a gente acredite nisso? – encarei Sophie com sua pergunta como se mandasse ela calar a boca, que apenas me deu de ombros.

— Olha, vocês acreditam no que quiserem – ele respondeu grosso – Amanhã de manhã precisamos conversar, mas por hoje eu não aguento mais – ele levantou indo em direção das escadas. Notei que ele me encarou e esperei ele falar algo – E você não devia ter pego tao pesado com Bernardo, eu teria ficado puto se visse minha namorada no racha no carro de um ex, mais por ciúme do que por qualquer outra coisa – franzi o cenho segurando para me manter forte – E ele escondeu que corria porque quando você quer ser dura com algo, você julga demais, ouve de menos e se afasta. As pessoas tem medo de perder você, Abby, por isso escondem. – dito isso ele subiu as escadas e senti os braços de Sophie por cima de meus ombros, eu estava tendo dificuldade de respirar, sabia que eu tinha isso pouco antes de me cortar.

Subi os degraus em direção ao quarto de Guilherme, queria ver como Bia estava.

— Cadê a Bianca? – pedi assim que abri a porta e ganhei meu irmão me dando de ombros. – Qual é Guilherme!

— Ela se trancou no banheiro – ele resmungou – E sei que não vai abrir, ela está em estado de fuga – ele disse suspirando frustrado. Mesmo eu estando puta com meu irmão eu tive vontade de abraça-lo quando notei seu olhar. – E sim, a culpa é sua, grato.

Meu olhar o fuzilou.

— Como eu ia saber que a Bia ia ficar assim? – aumentei minha voz ganhando um olhar bravo de meu irmão.

— Qual é Abby, vá dizer que nunca notou as cicatrizes ou as mãos machucadas? – Bianca sempre me deu desculpas sobre tudo isso, eu o encarei confusa, mas ao mesmo tempo pasma – E os roxos que ela às vezes tem nas costas? – merda, era só isso que eu conseguia pensar.

— Você está me fazendo me sentir uma péssima amiga agora – respondi segurando a barra e indo até a porta do banheiro, onde bati e logo foi aberto por uma Bianca sorrindo, com uma camisa maior que ela.

— Você não é uma péssima amiga, Abby – ela disse suspirando – Eu que sou a otária. Desculpem por isso, eu vou pra casa e vou deixar vocês... Já incomodei demais.

— Sempre tem um quarto pra você aqui – segurei seu pulso e logo notei ela se encolhendo de leve. Ela havia se cortado.

— Sophie está aqui – ela respondeu dando de ombros.

— Dorme com o Guilherme. Vou fazer um chá de erva doce e você vai deitar, parece prestes a desmaiar – Bianca me olhou confusa e eu sai do quarto em direção a cozinha. Entreguei chocolate para Sophie, a qual estava confusa com tudo e pedi pra levar pro quarto e logo subi com o chá, que entreguei para Bianca e fiquei conversando com ela sobre assuntos aleatórios até ela terminar o chá e dormir.

— Isso acontece com frequência? – pedi para Guilherme que negou com a cabeça – Eu nunca havia a visto assim.

— Ela parece tão durona – Sophie falou calmamente.

— Bianca segura muita coisa e as vezes entra em colapso – ele respondeu – Vocês duas deviam ir dormir, amanhã conversamos.

— Isso não muda o fato que vocês me devem explicações – Notei Guilherme concordando, mas revirando os olhos enquanto eu saia.

Após sair do quarto de Guilherme arrumei algumas roupas de cama e levei para Sophie em seu quarto. Após ajuda-la a organizar a cama do dela dei boa noite e fui para o meu quarto. Nem notei quando entrei em meu quarto que meu rosto estava banhado de lágrimas. Tranquei a porta e deslizei meu corpo atrás dela, abraçando meu próprio corpo.

Como eu era estúpida. Descontei minha raiva na pessoa que mais me protegia, em ambas as pessoas na verdade, e agora quem estava cuidando da minha melhor amiga era meu irmão, eu era uma péssima amiga. Levantei meio arrastada e tirei minha roupa, ficando apenas de calcinha e sutiã no quarto. Fui andando ainda chorando até o banheiro e abri a gaveta, procurando uma caixinha que estava escondida em seu fundo... Aquela caixa, parecia que fazia tanto tempo que não a via.

Abri sua tampa e lá estavam minhas três lâminas, pegando uma delas na mão e fiquei brincando, até deslizar meu corpo encostado na parede até o chão. Minhas lágrimas voltaram com força e eu apenas senti a pele da minha coxa sendo rasgadas três vezes. Uma por ter magoado pessoas demais hoje; A segunda por ser uma péssima amiga e irmã; A terceira, como Guilherme havia me jogado na cara, por escutar de menos e julgar de mais. Soltei a lâmina ao meu lado, deixando gotas de sangue no chão, assim como em meus dedos.

Após o sangue parar de escorrer por cima coxa fui para um banho, coloquei uma calça de pijama frouxa e deitei na cama, mas não consegui dormir. Fiquei me virando na mesma até escutar a porta do quarto de Guilherme sendo aberta, e seus passos indo até o andar de baixo. Sai do meu quarto e fui atrás dele.


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