Cokei. escrita por Bakuch


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Em comparação com o capítulo anterior, acredito que dessa vez vocês terão bastante pra ler. Vou apresentar pra vocês nesse capítulo, Natan Cokei.
Ignorem qualquer erro, por favor, muitos beijos e boa leitura ♡♡



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CAPÍTULO III
O mundo aos olhos de Natan Cokei.

Café. Chocolate quente. Blusas brancas.
 Prazer, esse sou eu, este é meu pequeno vocabulário.
 Sou um estudante do terceiro ano, pretendo cursar gastronomia e tenho um dom bastante peculiar para virar panquecas. Sobre a minha vida? Nada muito interessante. Meus pais são divorciados, vivo com a minha mãe na maior parte do tempo, meu pai é simplesmente um ingrato e fico feliz por não ter que o ver o tempo todo. Minhas tias, Alice e Fabiana Cokei, são os meus maiores amores, as duas moram juntas na Itália, elas pagam passagem pra mim durante as férias, eu daria tudo para deixar minha mãe problemática vivendo junto com o meu padrasto igualmente problemático e ir morar com ambas. Infelizmente, eu sou pessimista, chato, preguiçoso e nem um pouco sonhador, não tenho esperanças que algum dia eu realmente vá morar na Itália, espero aprender a fazer macarrão caso isso aconteça um dia.
  Pra mim, esse mundo é lixo e eu sou simples poeira.
  Tenho dificuldade em Geografia, História e Matemática. E, honestamente? Não ligo muito pra isso, não me considero esforçado e muito menos inteligente.
  A professora Judy de Geografia é uma vaca, o professor Nicolas de matemática é simplesmente uma anta ambulante, e o professor Abel de História é a vadia mais séria e interessante que eu já tive a oportunidade de conhecer. Os três me odeiam e eu odeio os três.
Passo a maior parte do meu dia trancado em uma sala de aula, simplesmente porque eu acredito que algum dia talvez eu possa dar condições melhores pra minha mãe, e que isso a torne mais feliz. Quem sabe algum dia, ir pra Itália com ela. Isso é o que me motiva aturar tudo de ruim, inclusive meus professores.
O que eu estou fazendo agora? Curioso você. Eu estou com o celular na mão, no meio da aula de história? escrevendo um pouco enquanto vejo o relógio e espero pelo sinal.
—Senhor Cokei, preciso falar com você, venha até minha mesa para buscar seu teste.
Mas claro que, o sossego não dura muito dentro dessa sala de aula, se não é por parte dos alunos, é por parte dos professores, e sabe qual o pior? Sua voz me assusta, sempre calma e suave, eu admiro a maneira que o professor Abel consegue colocar pressão em você sem ao menos tentar.
Tive que passar um longo período que parecia interminável para parar de me torturar com suas poses sugestivas que dão certo com a maioria dos alunos e acima disso, a sua voz. Ele me irrita profundamente.
 Me levantei com a mesma velocidade que anda meu ânimo, me direcionei até a mesa dele só pra ver seu sorriso e chatice em falar comigo.
 - Professor.
 Cumprimentei ele enquanto pegava o meu teste e eu pude o meu deprimente "CRA".
— O senhor está satisfeito com a sua nota nessa prova?
 A arrogância dele é simplesmente torturante, durante muito tempo eu quis pendurá-lo no ventilador, mas não é culpa dele as minhas notas ruins em história, eu queria que fosse.
 - Não, professor.
 - Pois bem, eu pretendo começar a dar umas aulas de reforço obrigatórias na Quarta-feira, das 14h até as 16h, conto com a sua presença lá.
  Fiquei inconformado assim que soube das aulas de reforço, grande oportunidade, claro, duas horas extras com o professor de História. E, como você já deve imaginar, isso era um problema que eu não precisava. Eu em minha inocência, precisava tentar inutilmente reverter a triste situação.
— Perdão professor, mas eu realmente acredito que eu possa ocupar meu tempo com algo um pouco mais interessante que história. Veja bem, prometo uma nota maior no próximo teste, assim o senhor não precisa se preocupar comigo, sabe?
Naquele instante ele franziu o cenho e logo depois levantou uma de suas sobrancelhas, como quem havia achado tudo um grande absurdo.
— Claro, sim, sei. Acontece que não estou fazendo isso apenas pelo senhor, Natan. Sua nota particularmente não me importa, se o senhor quiser continuar sendo ignorante na minha matéria eu acredito que o problema seja seu, a ignorância é uma bênção, não é mesmo? Porém você deve aceitar a ajuda quando ela vem até você. Por isso eu vou intensificar as coisas, - Ele elevou a voz - ou você comparece ao reforço, ou eu diminuo a sua nota de uma maneira que você só vai conseguir recuperar nos seus melhores sonhos.
Arrogante, péssimo e arrogante. Por um tempo eu cogitei a ideia de jogar o teste na cara dele, assim como senti vontade de dizer para ele que se ele levasse as aulas mais a sério, as coisas seriam diferentes. É tão ruim se sentir indignado e saber que não tem razão, eu poderia explodir de raiva.
— Muito gentil da sua parte me obrigar a fazer algo que eu não me sinto confortável em fazer. Realmente professor, obrigado pela incrível oportunidade de estragar minha quarta-feira.
— O senhor está se sentindo no clima de assinar uma ocorrência por desrespeito?
Fechei meu punho e respirei fundo. Calma, já estou acostumado.
— Não professor, perdão pela atitude grosseira.
Eu realmente não me arrependo do que eu disse, porém enquanto eu for um aluno não há nada que eu possa fazer.
Ele riu levemente.
— Tudo bem, você ainda vai me agradecer algum dia.
 O sinal bateu, e eu só pude agradecer por finalmente sair da escola, e praguejar por ter que ir para a casa.
 Enquanto o professor acabava de entregar as provas e parava rapidamente na porta, eu me movi lentamente até ela.
— Até amanhã senhor Cokei.
Ignorei todas as vozes ao meu redor, principalmente a do professor Abel.
 Ele estava lá.
 Pra mim o mundo sempre pareceu algo ruim, o ar sempre pareceu poluído de melancolia e de algo parecido com a agonia dos barulhos altos que preenchem o meu ouvido. Durante dois segundos me senti feliz e desesperado. Me perguntei se havia deixado algo embaixo da minha mesa, talvez meu desânimo e minha solidão. Rezei por isso durante muito tempo.
 Bastava eu vê-lo que eu sentia como se o mundo fosse diferente, como se de repente eu importasse ao menos um pouco.
No fundo eu sabia que tudo aquilo era ilusão e que ele não ligava pra mim.
  Aí vai um segredo sobre mim: Estou nutrindo uma paixão de longos 3 dias por Luca Cândea.
  Tosco? Talvez. Porém acredite, nenhuma paixão minha durou mais do que isso. Simplesmente porque eu não demoro a ver os defeitos das pessoas.
  Jéssica era chocolátra, nada ruim até aí, a não ser pelo fato que ela gosta de chocolate ao leite e eu, 70% cacau.
 Bon tinha a mania de cheirar sua própria axila, e o Caíque não gostava de Breaking Bad.
 As pessoas são toscas, eu também sou.
 Acredito que essa paixão vem durando tanto porque não sei muito sobre Luca, nada além de fatos nem tão concretos.
 Ele é sensível, gosta de cachorrinhos e prefere dias ensolarados.
Dias ensolarados. Isso é um problema.
 Ignorando isso, acredito que eu não saiba muito, fora o que as pessoas me contam.
  Não que eu acredite que essa paixão vai terminar em algo, porém eu gosto de admirar as pessoas enquanto elas ainda são bonitas.
 Depois de o ver eu diminui o ritmo até a saída da escola, fui observando-o andar, até que fui surpreo por um cheiro forte de perfume caro e agradável que pertencia a Abel, passar pelo meu lado na direção de Luca.
  Se você jogasse uma pedra em mim eu poderia me sentir um pouco melhor do que estou me sentindo agora.
 Ouvi uns ruídos baixinhos e não consegui realmente ouvir aobre o assunto do qual falavam. Depois de insistir um pouco eu desisti, não queria realmente que alguém me notasse ali, principalmente Abel.
 O vi se afastar lentamente, enquanto o professor voltava para a sala.
 Já faz um tempo que eu venho notando coisas sobre os dois, professor Abel tem um interesse bastante peculiar em Luca, sempre o vejo por perto quando ele é o assunto, o mesmo acontece na sala de aula, Abel olha para Luca como se tentasse decifrar algo.
  Como eu sei de todas essas coisas? Observação.
  Conforme eu tento descobrir algo sobre Cândea, sempre noto o professor Connor ao redor. Isso me incomoda bastante, seria hipocrisia? Acredito que todos nós somos curiosos.
 
  Decidi deixar isso tudo de lado, ignorar e acreditar que aquilo não era nada além de um diálogo entre aluno e professor, e fui até a biblioteca retirar uma porção de livros de História e Artes, depois disso, fui até o Estacionamento, inutilmente, é claro. Óbvio que na minha idade e condição financeira mesmo se eu tivesse carteira, eu jamais teria um carro, talvez uma moto, mas eu nunca realmente aprendi a andar de bicicleta, quem dirá algo do gênero.
 Minha casa fica perto da escola, então normalmente vou apé.
 Dois simples andares, dois quartos pequenos e um banheiro no andar de cima, um quarto e outro banheiro no de baixo. Uma cozinha com um tamanho razoável e uma sala um pouco grande em relação aos outros cômodos da casa. Temos uma mesa de jantar pequena e sem graça, assim como a cozinha e a maioria dos outros cômodos, que fica em frente à escada. Fora isso nós temos uma garagem com espaço para um carro e uma lavanderia minúscula por puro capricho por parte de minha mãe. Apesar de não ter uma casa ruim, eu odeio aquele lugar. Odeio o clima pesado, e meu lugar favorito fica em outra cidade.
 Acima de tudo, eu gosto de lá durante a noite, sem nenhum barulho, livre de poluição sonora e gritos. Apenas eu, eu, e eu. E música, claro.
 Temo todos os dias que o tempo algum dia me deixe louco, anseio pela minha própria casa.
Ah, eu durmo no andar de cima e minha mãe no andar de baixo.
 
 Depois de ir até o Estacionamento para matar um pouco do meu grande inimigo, o tempo, uma chuvinha fina apareceu.
 Não demorou muito até que ela começasse lentamente a ficar mais grossa, e o estacionamento, mais frio.
  Odeio chegar molhado em casa, isso altera meu humor de ruim para muito ruim, consequentemente eu não me controlo e acabo causando discussões desnecessárias em casa, mais gritos, menos paciência.
Foi aí, reparando na chuva, que eu ouvi uma voz baixa e abafada pelo barulho das gotas caindo nos carros e nas bicicletas.
 -Cokei, Cokei!
 Sem nem me virar, e sem nem reconhecer a voz, não pensei duas vezes enquanto guardava os livros e organizava minha mochila.
 -Quantas vezes eu terei que dizer que meu nome é Natan, e não gosto que me chamem de Cokei? Se eu quisesse ser chamado assim eu mudaria meu nome para Cokei Cokei. Mas adivinhe? Não mudei, justamente porque tenho esperança que vocês do secundário deixem de ser uns otários!
 Nesse momento eu me virei, e já molhado, notei a cara de surpresa do professor Abel, seguida por um sorriso de canto e com o cabelo castanho de altura média molhado com pequenas gotas de chuva.
 Corei e baixei a cabeça na esperança que ele não notasse.
 -Perdão professor, não queria falar desse jeito com o senhor, mas é porque agora está chovendo, meu humor vai de ruim até pior e eu só causo problemas. Vou ir andando e perdão novamente!
 Me virei e saí apressado, querendo evitar a vergonha, querendo evitar o fato que provavelmente agora ele me odeia ainda mais do que antes. Ouvi passos.
 -Espere!
Senti uma mão leve no meu ombro.
 -O que foi?
 -Eu ia lhe oferecer carona, já andei debaixo da chuva durante muito tempo nessa vida. Você mora no caminho do meu apartamento, eu não vou me importar se você quiser.
Professores podem sequer dar carona aos alunos?
—Não precisa se preocupar, eu vou ir apé.
 As vezes eu me pergunto o tipo de pessoa que o professor Abel realmente é. Algum tipo de fissurado por alunos do terceiro ano? Patético.
 A partir daí, a chuva ficou grossa de repente, e apesar de não crer em religião alguma, eu revirei os olhos e rezei para que se algum deus qualquer tivesse feito isso comigo, ele pudesse desfazer.
 Abel riu de assim que me viu revirar os olhos.
 -Última oferta.
 -Tá bem, eu vou com o senhor.


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Notas finais do capítulo

Olá de novo! Espero que tenha gostado do capítulo e que perdoe meus erros. Também espero que os capítulos daqui em diante não se tornem muito confusos, já que pretendo mostrar duas visões nessa história haha
Obrigada por ler ♡



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