A História Continua. escrita por Amizitah


Capítulo 9
Tomoha


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Estou prevendo que mês que vem será muito complicado postar capítulos por aqui. Por esse motivo estou agilizando a construção da história enquanto tenho tempo sobrando, he he.
Espero que gostem da aparição nova neste capítulo! Ela será muitíssimo importante!
Ami ~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716250/chapter/9

O grisalho andava por entre alguns destroços da mais recente vila a ser atacada. Todas eram vilas pequenas e aquela mal devia ter 1,000 habitantes. No lugar com algumas casas e comércio, o que sobrou foram sinais de luta e um vazio dominante.

Kakashi caminhava com as mãos enfiadas nos bolsos e um tanto desesperançado de achar mais coisas além das que lera no relatório, mas decidira ir mesmo assim. Queria ver por si mesmo, investigar aqueles que buscavam ameaçar seu lar outra vez. Então seus passos se interrompem, agora a visão se desviando da área ao seu redor para a boneca de pano suja no chão a sua frente.

Kakashi se agacha, pegando a boneca com a delicadeza que pegaria um filhote. Então um suspiro escapa pesadamente.

— Você está sozinha agora, não é? – Murmurou, imaginando a criança que era dona daquele brinquedo e que provavelmente se fora.

Um som quebra o silêncio.

A boneca cai ao chão. Kakashi deixara sua posição pensativa para assumir uma postura ofensiva, segurando firmemente uma kunai em direção ao barulho que ouvira numa das casas – um destroço se movera do lugar. Seu único olho exposto se apertou, levantando devagar.

— Eu sei que está aí – Falou, a voz grave – Saia.

A capa ao redor do shinobi flamulou mais algumas vezes antes de uma sombra surgir atrás da moldura onde antes havia uma porta. Primeiro apareceram seus pés, descalços, e então o restante do corpo.

Kakashi se movimentou involuntariamente, observando.

Uma mulher jovem e pálida estava de pé vestindo roupas sujas e em frangalhos. Seus cabelos castanho bem claros e curtos balançavam ao sabor do vento gelado enquanto seus olhos (da mesma cor e tom) o olhavam com um resquício de vitalidade. Absolutamente nada nela representava perigo e nada disse durante o período que Hatake e ela se olhavam, a não ser por uma coisa:

— Por favor, me ajude.

E desmaiou.

Os braços de Kakashi a envolveram antes que seu corpo tocasse a neve endurecida. O shinobi se ergueu preocupando-se em aproxima-la o máximo possível do si, cobrindo-a com sua capa – principalmente ao ver as marcas dos machucados e da neve nas extremidades de seu corpo.

***

— Como não perceberam que haviam sobreviventes?! 

Osaki estava visivelmente abalado e pela expressão de Andreas aquilo devia ser algo raro. Contudo, Kakashi permanecia encostado a sua cadeira, silencioso.

— Eu conferi tudo pessoalmente, Osaki-sama – Começou Andreas – E por isso que posso garantir não havia nada lá além de cadáveres e destroços.

— E como explica a presença dessa mulher? O estado que ela se encontra é claramente consequência da invasão daquela vila!

— Na verdade, ainda precisamos da confirmação dos médicos que a estão examinando – Os dois homens deram atenção ao shinobi que desde o início da discussão fizera nada além de silenciar-se. Seu olho negro pousou em Osaki, paciente – A vila foi invadida há quase um mês e com o frio deste inverno, mesmo que alguém tivesse sobrevivido aos invasores, teria morrido. E eu não acho que shinobis do calibre dos seus deixariam uma coisa assim passar.

E Kakashi não dizia isso por bajulação. Os shinobis mais especializados em investigação da vila oculta da folha estavam concentrados naquela vila, prestando excelente serviço à clientes de todo o País do Fogo.

Osaki soltou o ar ruidosamente, juntando as mãos a frente do rosto. Andreas permanecia de pé, inalterado.

— Tudo bem – Declarou o líder, por fim - Dispenso novos comentários até que tenhamos os resultados dos exames.

Passou-se bastante tempo, o suficiente para os três jantarem e receberem um bule fumegante de chá. As mãos cobertas de Hatake-san fechavam-se em volta de seu copo, aproveitando o calor e o aroma para continuar preso as suas próprias divagações. Estas logo interrompidas pela porta que abara de se abrir, atraindo rapidamente a atenção dos três homens na sala.

Era uma enfermeira.

— Licença senhores, Dr. Hakubo pede pela presença de vocês.

Os homens seguiram a mulher até uma área isolada de um hospital. Entraram numa sala não muito grande onde várias cadeiras estavam viradas para uma janela retangular que permitia observar outro quarto (igual a qualquer quarto de hospital privativo). Na cama deste, a mulher que há várias horas Kakashi resgatou dormia acompanhada apenas da máquina que monitorava a regular frequência cardíaca.

— Senhores... – O médico, há pouco sentado numa das cadeiras, levantou para apertar as mãos dos três convidados – Desculpe-me por fazê-lo vir até aqui Osaki-sama, mas achei que devia oferecer os devidos esclarecimentos na presença da paciente.

— Não se incomode com isso, Dr. Hakubo. Estamos aqui para ouvi-lo.

— Pois bem... – O homem olhou em direção a janela – Primeiramente, a mulher que resgataram hoje está fora de maiores riscos. Encontramos sinais de anemia; peso um pouco abaixo do normal (mas nada grave); exaustão física e, provavelmente, mental; escoriações e queimaduras provocadas pela neve. Mas tem nenhum osso quebrado, hemorragia ou outro trauma mais grave. Ela esteve inconsciente a maior parte dos exames, mas nada que indicasse problemas neurológicos. Ou seja: Está bem, fisiologicamente falando.

Osaki observou o médico, provavelmente fazendo a mesma pergunta que todos.

— Você consegue nos dizer se ela é uma das vítimas daquela invasão, Dr. Hakubo?

O homem demorou um pouco, observando o rosto dos três a sua frente.

— Sinceramente, não consigo dizer com certeza – Admitiu, parecendo um pouco incomodado por não saber – Os sinais físicos não apontam que ela estivesse exposta a neve e privações há tanto tempo, mas não posso dizer o mesmo sobre seu estado psicológico. Nos momentos que esteve acordada ela recusou contato verbal e visual com todos da equipe. Não fez nada além de comer o mínimo e se hidratar. Está apática. Mesmo estando fora de minha especialidade, consigo afirmar que estes são sinais de quem passou por um grande estresse mental.

Kakashi observou o movimento de sobe e desce do cobertor que a cobria, lembrando-se claramente que quando ela surgiu naquele lugar seus olhos estavam fixamente fitando os seus – mesmo que a energia que depositassem fosse quase inexistente.

—... Contudo, não foi por essas observações que pedi para que viessem vê-la. Falo isso mais especificamente para Hatake-san – O grisalho tirou os olhos do vidro para encontrar o olhar grave do médico. Os outros também observaram o grisalho, mas interrogativamente – Estou ciente que você é pertencente ao seu atual Clã por causa de sua união com sua esposa, a líder dele. Por isso suas características não correspondem a de um Terasu regular...

— E qual a importância dessa observação? – Perguntou Hatake.

— A importância é que, assim como você, foi identificada nessa mulher a presença do chakra violeta, mesmo que suas características físicas não se correspondam em nada com a de um Terasu.

Todos os três homens tiveram suas expressões transformadas imediatamente após esta declaração.

Andreas deu um passo adiante.

— Ela... Teve o chakra violeta transferido para si?!

O médico assentiu.

— É o que tudo indica – Então ele voltou a Kakashi, o shinobi petrificado – Mas antes de afirmar com absoluta certeza, gostaria de pedir que você confirmasse a presença do chakra pessoalmente, Hatake-san. Poderia fazer isso?

O grisalho parecia perdido em como proceder naquilo, mas obedeceu ao que seu bom-senso o dizia – coisa que geralmente funcionava bem diante dessas situações – e aceitou o pedido.

Além do vidro espelhado (onde sabia que cada movimento seu era observado) ele se dirigiu até ficar ao lado do leito onde a mulher ressonava. Retirou a luva de sua mão direita e estendeu a mão grande até onde a da mulher estava, apertando-a de leve – bastava um sutil toque para que o formigamento se espraiasse, isso se a hipótese fosse verdadeira.

Então, logo Hatake se viu obrigado a abrir cada vez mais seus olhos.

Uma exclamação escapou dos lábios da mulher que, depois do toque, acordou imediatamente. Os dois se encararam pela segunda vez aquele dia, mas desta vez cada um sentiu nitidamente o fluxo veloz daquele que inegavelmente era o chakra violeta. A energia dela e a energia dele passavam tal como correntes elétricas pelos dois corpos, cada um sentindo a intensidade da surpresa que havia no coração de ambos.

Antes que a energia pudesse se espalhar até se organizar numa só chama em volta dos dois, Kakashi largou sua mão afastando-se dois passos dela. A mulher se sentou, erguendo a mão que a pouco ele soltara.

— Quem é você? – Perguntou ela, exaltada – Você é igual a mim. Eu senti.

— Sou Hatake Kakashi – Falou, impossivelmente sem desviar do rosto dela – Sou do Clã Terasu, de Konoha. O Clã que originou seu chakra.

Ela se calou, olhando para a palma de sua mão como se aquilo não pertencesse a ela.

E aquilo não pertencia mesmo a ela — Pensou Kakashi. Desta vez sentira-se verdadeiramente atingido pela ação daqueles inimigos, visualizando a infinita gravidade do fato que se revelava diante de seus olhos.

— Como você conseguiu este chakra?

— Eu... – Ela fechou sua mão, voltando a encará-lo desta vez com um rosto verdadeiramente aflito – Eu não sei.

— Como assim?!

— Eu não me lembro – Concluiu, veemente – A única coisa que posso dizer é que eu senti que naquele momento eu deveria ir até você – Diante daquilo o shinobi nada disse – Foi você o homem que eu vi, não foi?

— Foi... – Então a conversa se interrompe com a entrada de Osaki-sama, Andreas e Dr. Hakubo.

Os olhares dos quatro se encontram, mas a mulher desviou o seu para o cobertor sobre suas pernas.

— Impressionante – Exclamou Osaki – Tenho certeza que nenhum de nós foi capaz de entender 1% do que vocês dois sentiram, mas a expressão de vocês disse tudo que precisávamos para saber que o médico não havia errado.

Andreas também estava impressionado, mas naquele momento só o médico lhe importava.

— Quando teremos permissão para interroga-la? – Perguntou a Hakubo.

— Ela precisa repousar, então provavelmente amanhã à tarde. Mas não se preocupe, mandarei uma notificação assim que puder vê-la.

— Andreas-san, espero que juntem todas as perguntas que precisarem para a investigação quando a verem amanhã – Hatake leu a incompreensão em sua expressão. Justificou – Amanhã à noite estarei voltando para Konoha e não sairei daqui sem leva-la comigo.

— Hatake-san...

— O chakra dela é propriedade de meu Clã. Em mãos erradas pode causar estragos maiores, além dos que já estão sendo feitos. E também... – Kakashi voltou-se a ela – Nós temos nossas próprias perguntas para fazer.

— Tudo bem – Osaki-san ergueu as duas mãos, compreensivo – Não seremos empecilho para seu Clã, Hatake-san. Estamos aqui para ajuda-los, somente isso.

O grisalho assentiu, baixando a cabeça.

— Obrigado, Osaki-sama.

***

Nevava suavemente durante a tarde. Saori normalmente estaria iniciando mais uma sessão de treinos de Ninjutsu ou Taijutsu (era melhor nessa última habilidade) e ao cair do dia iria sair com um de seus colegas seja para beber ou comer – a não ser quando preferia simplesmente ler em casa até pegar no sono. Contudo seguiu outro caminho, dirigindo-se diretamente ao hospital do Clã após comer seu almoço – E desta vez, não por alguma criança.

Abrindo a porta do quarto encontrou Risa sentada perto da janela, como já era habitual. As vezes ela cochilava, descascava uma fruta, lia ou simplesmente fitava o rosto do homem que dormia com longos cabelos soltos – ao invés da costumeira trança cumprida.

Saori verificou o curativo no nariz de sua velha amiga, além do corte grande e roxeado em seu lábio superior. Segundo ela, tinham surgido do soco mais potente que recebera na vida.

— Risa-chan, boa tarde!

— Saori! – Apesar do rosto maltratado, seu sorriso surgiu amável como sempre.

Saori colocou sua bolsa em cima da mesa ao lado do leito, reparando nos vários curativos cobrindo todo o peito de Kentaro.

— Como vai nosso bravíssimo guerreiro, hm?

— Estável. Mas qualquer coisa é melhor que o estado em que ele chegou.

Saori balançou a cabeça.

Estava completando três dias que ele chegou ao hospital, um depois de Risa. Naquele dia ele havia chegado semiacordado e agonizando de dor. A equipe da missão dele e de Risa haviam preparado alguns paliativos para ele se manter vivo até chegar em Konoha e aquilo aparentemente salvara sua vida. Desde então os médicos decidiram mantê-lo o mais desacordado possível tanto para acelerar a recuperação quanto para priva-lo da dor.

Felizmente estava tudo funcionando. Sem falar que a própria natureza do chakra violeta colaborava para a recuperação dele - mesmo assim, não chegava a operar milagres.

— Yuki esteve aqui mais cedo – Risa começou, aproveitando a distração para arrancar uma informação de sua amiga. – Ele me disse algo muito interessante.

— Huh? É mesmo?

A garota ergueu as sobrancelhas, sem acreditar que apesar de tudo Saori não admitia o que pretendia.

— Você ao menos cogitou me contar que hoje participaria da seleção para ser parceira dele?

O rosto de Saori inesperadamente enrubesceu.

— P-Parceira?! Cuidado com as palavras que você usa! – Cruzou os braços, embaraçada – Eu pretendo ser guarda-costas dele! Parceira é outra coisa...

Risa fingiu não perceber para que lado ela tinha levado a conversa

— Na verdade Yuki me disse que essa denominação era a mais apropriada. Acho que meu irmão não gosta do termo guarda-costas.

Vendo que Saori não deixaria a conversa ir mais longe graças ao seu silêncio, Risa continuou falando sozinha.

—... Contudo, fiquei pensando por que você decidiu isso tão do nada. Não tinha ouvido você comentar sobre nada disso até eu voltar da minha missão.

Os olhos claros de Saori pousaram na janela, pensando antes de falar.

— Eu decidi sair da zona de conforto. Desejei... Ter uma objetivo real.

— Proteger meu irmão?

— Proteger o Clã! – Desconversou.

Por que ela está na defensiva? — Risa se questionou, identificando um ponto sensível.

—... E parece que não havia época melhor para eu tomar essa decisão – Os dedos de Saori apertaram seu braço um pouco mais forte – Nosso Clã está começando uma fase complicada, você com certeza sabe sobre isso.

Risa assentiu.

— Eu vi as medidas protetivas que meu irmão estabeleceu, mas ele ainda não me contou a razão para isso.

— Supostamente tudo será explicado assim que seu pai voltar. Mas podemos deduzir que algo lá fora deve estar nos ameaçando, sem dúvidas.

A vontade de falar cessou durante algum tempo, as memórias da jovem herdeira repassando aquela mulher cujo interesse estava tão focado em si depois de saber sua linhagem, a maneira doentia sobre como aquilo a excitou. Se não fosse por Kentaro naquele momento crucial, ela teria sido levada inconscientemente por aquela mulher para sabe-se lá onde e com qual objetivo.

Risa balançou a cabeça para os lados.

Não seja inocente. Relembre-se do único e maior motivo que levam inúmeras pessoas a quererem encostar as mãos em um Terasu, baka.

— Mas mesmo que eu não passe e seu irmão esteja com outro ninja ao seu lado, eu continuarei atrás do lugar onde serei útil – Um sorriso começou a crescer em seu rosto – Sabe? Não importa quão grande seja essa ameaça lá fora, eu estarei feliz enquanto eu for uma shinobi capaz de lutar ao lado de meus camaradas.

Olhando para o rosto bobamente alegre e determinado de Saori, não houve outra opção a não ser dar uma boa risada. A garota fitou Risa sem entender muito bem a razão do riso.

— Sabe, Saori-san – A garota colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, seu humor melhorado depois da injeção de bom animo que a outra sequer desconfiava ter gerado – Ouvir você falar de maneira tão bonita sobre seus camaradas me deixou com saudades do meu pai – Suspirou – Onde será que ele está agora?

— Seja onde estiver, não tenho dúvidas que ele está a caminho de casa.

— Seus pressentimentos hoje estão bem assertivos, sabia?

Ela deu uma risadinha.

— É que hoje eu sinto que as coisas estarão finalmente ao meu favor.

***

— Yukiyo-san.

O jovem levantou o rosto do trabalho que fazia, visualizando a cabeça de seu tio aparecer pela brecha da porta.

— Yuuto-Ojisan... O que foi?

— Seu pai... Ele chegou mais cedo. O Clã todo está se reunindo no salão.

O jovem largou a caneta sobre a mesa.

— E por que eu estou sendo o último a saber disso?

— Penúltimo, na verdade. Preciso avisar Risa-chan também – Yuuto abriu um sorriso de desculpas, mas seu sobrinho apenas revirou os olhos.

— Entendi. Estou indo agora, acho que sou eu quem deve introduzir essa repentina reunião, certo?

— Sim. Na verdade você deve aproveitar a oportunidade para dar os devidos esclarecimentos sobre o que exatamente estará mudando por aqui. Pedi para levarem o roteiro que preparamos juntos.

— Ótimo. Obrigada, oji-san.

— Volte a me chamar de Yuuto-san, esse tratamento me cai melhor – E deu um último sorriso, desaparecendo.

O jovem esticou os braços, travado depois de passar a manhã toda sentado. Seus cabelos estavam uma desordem, mas decidiu ir assim mesmo. Ninguém mandou seu pai pegá-lo de surpresa.

***

O Salão de Reuniões do Clã era enorme, mais que suficiente para todos os adultos e jovens poderem se reunir para as declarações eventuais. Ele estava cheio quando Yuuto e Risa chegaram, sentando-se nos lugares reservados perto do palco – Saori já estava participando da seleção naquela hora, com certeza esperaria as notícias através de Risa.

As mãos da jovem se apertaram sobre as pernas ao ver seu pai atrás do púlpito, conversando com Yukiyo e um homem uniformizado. Percebeu que as duas semanas foram mais que suficientes para ficar com saudades dele e claro que seu tio, observador, percebeu essa reação.

— Ele deve chamar vocês dois quando isso acabar – Disse perto dela, tentando se fazer ser ouvido além do burburinho crescente do salão.

— Eu sei. Mas admito que tenho ciúmes do contato maior que ele e Yuki tem tido desde que ele se tornou o chefe.

Yuuto achou graça.

— Você ainda é a favorita dele, ainda mais sendo tão parecida com sua mãe. Kakashi sempre depositou grandes expectativas em você.

Foi a vez de Risa rir, apreciando a maneira como seu tio cuidava dela.

— Você está me fazendo sentir que tenho menos de dezesseis anos, Yuuto-san.

— É melhor se acostumar então. Quando olho para você não consigo deixar de ver minha pequena e doce sobrinha – Sua mão toca o alto de sua cabeça, abrindo seu largo e brilhante sorriso.

— Oras...

O som do microfone sendo ligado interrompeu tio e sobrinha, atraindo diversos olhares do preto ao cinza claros até o púlpito.

Lá estava Yuki, sério e jovem.

— Boa Tarde a todos. Agradeço a presença dos membros do Clã que puderam comparecer apesar da chamada repentina – Yuki organizou alguma coisa no púlpito, continuando – A pretensão deste encontro é dar os devidos esclarecimentos sobre a situação emergencial fora do Clã, além das mudanças que já foram e ainda serão aplicadas aqui em diante. Deixarei a palavra com meu pai e segundo líder do Clã, Hatake Kakashi.

Yuki deixou o púlpito apertando o ombro do homem (sua cópia mais jovem quase idêntica) que tomava seu lugar. Kakashi organizou suas anotações sobre o espaço limitado e observou o enorme público.

— Boa tarde. Como Yukiyo já fez o favor de introduzir esta reunião, vamos direto ao que interessa... – Então Hatake-san introduziu a situação acerca dos inimigos novos, resumindo-se ao necessário para que os não-shinobis não estrassem em pânico desmedido. Mesmo assim, várias foram as vezes que um dos auxiliares uniformizados precisou mitigar a agitação dos presentes.

No fim do anúncio Risa sentia-se transtornada, visualizando que tipo de coisas seu pai deve ter passado naqueles últimos dias – bem, o sulco debaixo de seu olho exposto resumia tudo.

— Bem, imagino que tenham muitas perguntas agora... – Começou Kakashi, cansado só de imaginar aquilo – Infelizmente não temos muito tempo sobrando, então responderei apenas 6 perguntas. Podem começar.

Uma enxurrada de vozes tomou o espaço, então Kakashi (não sem alguma ajuda) respondeu perguntas do tipo:

— Vai haver uma guerra? 

— Não permitiremos que haja uma.

— Como saberemos diferenciar pessoas do nosso Clã e os forasteiros, caso se infiltrem?!

— Sugiro que passem a falar mais com seus vizinhos e decorar seus nomes e rostos. Não tomem atitudes precipitadas: Procurem um shinobi imediatamente para que Yukiyo e nossa equipe tomemos a melhor decisão.

— Ouvi um boato que apenas um grupo de nós poderá sair da vila. Como vamos nos manter dessa forma?! Vai haver racionamento?

— Isso é verdade e mentira, cuidado com os boatos. Yukiyo explicará as mudanças melhor, mas... posso adiantar isso – Kakashi ergueu seu indicador – Primeiro de tudo: realmente limitaremos as saídas para fora da vila muito rigorosamente – Ergueu outro dedo – O grupo cuja saída é permitida será apenas de shinobis e kunoichis chunnins ou acima disso, sem exceções – Mais outro – Os ninjas a saírem só o farão se forem executar missões previamente aprovadas pelo conselho do Clã e o Hokage – E mais outro – E por fim, um novo grupo de ninjas será sorteado todas as vezes que o ultimo grupo retornar. O restante se limitará a missões dentro da vila ou do próprio Clã. E não se preocupem com racionamentos, não serão necessários.

— Haverão punições?

— Certamente que sim. Yukiyo explicará cada uma delas.

O restante foram perguntas sem muita importância cujas respostas foram bastante resumidas. Quando finalmente terminaram Yukiyo voltou ao púlpito, iniciando uma lista revisada e aprovada pelo conselho e o Hokage com todas as providencias, proibições e punições.

Então, depois do que pareceu uma eternidade, a reunião se encerra e todos são liberados noite afora. Risa aproveitou a primeira oportunidade para subir no palco e abraçar seu pai com força. Kakashi foi pego totalmente desprevenido, demorando segundos até reconhecer sua filha e passar os braços a sua volta. Um sorriso surgiu no rosto de ambos – no caso de Kakashi, o primeiro depois de duas semanas.

— É bom vê-la bem, Risa – Murmurou ele, pouco antes de soltarem-se do abraço – Digo, mesmo com esses novos curativos em seu rosto.

— Ah, sim... – Ela deu um sorriso sem graça – Isso foi para ter algumas lembranças antes de ficar tanto tempo sem deixar a vila.

— Saíram-se bem?

— Sim, fomos bem-sucedidos, mas... – O olhar dela escapou para outra direção – Quase tivemos uma perda no fim da missão.

Kakashi ficou um pouco preocupado, mas infelizmente não era o momento para ouvir devidamente as preocupações de Risa. Havia algo mais importante antes. Voltou-se ao restante de sua família, Yuuto e Yukiyo parados ali perto.

— Preciso mostrar algo importante a vocês.

Kakashi fez um sinal com a cabeça para um dos homens uniformizados, este se retirando rapidamente para os fundos do palco. A porta do salão foi repentinamente fechada, provocando uma troca de olhares entre os membros restantes.

Eis que o homem finalmente retorna, mas agora acompanhado de uma mulher adulta completamente desconhecida cujas mãos estavam de frente para seu corpo.

— Esta mulher é Kuri Tomoha-san. É uma estrangeira que sobreviveu a um dos ataques feitos às vilas que mencionei. Depois de ser examinada pediram para eu verificar a hipótese dela ter nosso chakra – Yuuto encarou Kakashi, este lhe retribuindo a atenção – E ela o possui, com certeza.

— E está viva?! – Yuki instintivamente se aproximou dela, mas a mulher se afastou imediatamente. Parecia uma gata assustada.

— Há muitas perguntas que precisam ser respondidas – Falou Kakashi – Enquanto a investigamos, a melhor opção é mantermos ela em nossa casa.

— Kakashi...! – Yuuto foi interrompido antes que terminasse.

— Garantir que ela faça nada será a missão de vocês, especialmente Risa – Kakashi tocou o ombro da filha, tensa – Use o tempo que ficar no Clã para ficar de olho em Tomoha. É o único favor que quero lhe pedir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A História Continua." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.