Apesar de ter começado de maneira dura, o dia estava terminando maravilhosamente. Carlisle tinha ido visita-la e ainda revelou algo que a deixou ainda mais animada. Sentia-se renovada depois de tudo.  

Quando entrou em casa, viu a avó sentada em sua poltrona com uma xícara em mãos. Deliciava-se com seu chá quente, assistindo um programa de entrevistas. A Sr. ª Bree, tinha poucos cabelos brancos, usava óculos e olhou por cima de suas lentes a neta entrar.

— Ah, que bom que chegou. – Sorrindo, Bella beijou a avó na testa. – Deve estar cansada. Aqueça um pouco da sopa e depois vá dormir.

— Na verdade, vó, eu comi algo no trabalho.

— Para suportar a sua nova rotina, deve alimentar-se melhor. Não acha que está um pouco fraquinha?

— Entendi, vó. – Bella sentou aos pés da avó. – Carlisle foi ao café hoje. – Ela sorriu de orelha a orelha. Sua avó sabia a importância daquele homem na vida de Bella, por isso não discutia.

— E você está toda boba.

— Ele me disse que a garota que estuda na mesma sala que eu, a Mary Alice Brandon, é a minha prima. Não é legal?

— Isso é ótimo. – Sua avó pensou um pouco. – Mas não é perigoso?

— Ela não saberá de nada. Guardarei para mim. O mais legal é que ela vem me recebendo tão bem e até me convidou para tocar na banda dela. Eu aceitei.

 - Você não toca a tanto tempo, mas você gostava tanto.

— Estou mesmo enferrujada.

— Me deixa mais tranquila saber que está indo bem. – Bella também não falaria para a avó sobre as garotas que implicaram com ela. – Agora, vá para o quarto e descanse.

Ela foi para o quarto, mas sentada no chão com as costas apoiadas na cama, abriu a sua mochila e tirou de dentro uma pasta que havia comprado mais cedo ao lado do trabalho. Faria a mesma coisa que as garotas fizeram com ela. Talvez assim elas aprendessem a não mexer com o que estava quieto.

Bella também pegou alguns livros e antes de preparar-se para dormir, ainda estudou um pouco. Faria Carlisle e a avó terem orgulho dela. Eles se importavam muito com ela, não poderia decepcioná-los, jamais.

***

— Bom dia!

— Bom dia, querida. Preparei seu café da manhã, farei a minha caminhada matinal. E depois tenho que preparar alguns doces de encomenda. Tenha boa aula. – A Sr.ª Bree soltou um beijo para Bella enquanto dirigia-se para a porta a fora completamente animada. Bella achava a sua avó incrível.

Aproveitou bem o seu desjejum delicioso e depois de lavar a louça foi para a escola. Esperou Alice na porta de entrada da sala, queria saber a sala das líderes de torcida. Porém, não deixou de se sentir emocionada ao vê-la agora sabendo que eram primas.

— Eu não só vou mostrar onde fica a sala delas, como também faço questão de participar da revanche. E não discuta comigo. – Avisou.

As duas, mau esperaram o sinal soar e correram a ficarem de espreita no corredor perto da sala das líderes que saíram em seguida. Elas se esconderam e as seguiram, conversando alegres as líderes entraram em um banheiro. Bella aproximou-se e tentou ouvi-las, elas pareciam ter entrado nos boxes, então chamou Alice para entrar.

Bella olhou por debaixo das portas dos boxes, elas estavam lá. Rapidamente com a ajuda de Alice, espalhou um pouco da pasta escorregadia no chão. Uma aluna tentou entrar e Alice a interceptou e pediu para ela ir em outro banheiro, pois aquele estava “interditado”.  Com os celulares a postos, as amigas esperaram as líderes saírem dos boxes.

A primeira foi Jessica, que sapateou e esborrachou-se no chão, ao ouvir o tombo da amiga, Irina e Emily saíram ao mesmo tempo e também caíram uma por cima da outra. Elas estavam assustadas e histéricas. Bella e Alice tanto riam como fotografavam. Logo mandavam para todas as redes sociais que tinham.

— Eu vou matar você, sua piranha! – Irina vociferou.

— Só estou esperando você tentar. – Bella respondeu e saiu com a amiga para o refeitório.

— Meu Deus, a cara delas! – Alice ainda falava ao se aproximar do namorado na fila para o almoço.

— Estão animadas. – Jasper abraçou a namorada pelos ombros.

— Jas, você nem faz ideia de como a vingança é divertida. – Ele teve que rir da carinha sapeca da namorada. – Olha em volta, estão todos vendo as fotos. – Jasper pegou seu celular e logo entendeu do que ela falava.

— Sério.... Vocês estão loucas. Elas podem revidar.

— Assim ficará cansativo. - Bella pensou.

— Não se preocupa, Jas, alguém tem que quebrar esse ciclo delas.

— Nada vai tirar isso da sua cabeça, então só tenha cuidado e se precisar de mim pode me chamar a qualquer momento. – Alice deu um selinho nele agradecida. 

As líderes de torcida não almoçaram por lá, Bella estava se sentindo vitoriosa. Pelo menos a implicância das garotas teria um fim, mas ela ainda tinha vontade de grudar chiclete no cabelo de cada uma. Deixaria isso passar, se contentaria apenas com as fotos constrangedoras.

Jacob Black, Edward Cullen e alguns dos garotos que Bella estava começando a identificar como o time de basquete sentaram-se a algumas mesas adiante deles. Ela agradeceu por aquilo, não suportaria estar tão próximo do filho de Carlisle e com aquela impressão forte de que ele sabia de algo e não a aprovava. Mas ele não tinha que aprová-la.

Naquele dia teria aula de música, Bella correu atrás de entrar para a turma e no mesmo dia pôde participar da aula. O professor era agradável e atencioso e mais uma vez descobriu que tinha feito uma boa escolha. Estava caminhando nos corredores com Alice, Jasper e Embry, conversando sobre a banda. Bella estava animada.

— Isabella Swan? - Embry parou diante de um quadro de avisos. – Há algo sobre você aqui. – Todos eles se aproximaram para ver e tinha vários recortes difamando Bella.

“A garota nova transferida é uma vadia, por isso foi expulsa da outra escola. ”

“Isabella Swan sai com vários garotos ao mesmo tempo. ”

“Isabella Swan deve ir embora. ”

“Swan lixo! ”

“Ela já praticou aborto. De quem era o filho? Nem ela mesma sabia. ”

“Isabella Swan é suja. ”

Os olhos de Bella encheram-se de lagrimas de raiva. Ela cerrou os punhos, outros alunos aproximavam-se e ficavam também espantados. Bella começou a retirar aqueles recortes sobre ela. Seus amigos a ajudaram, ela foi para outro quadro de avisos e como imaginou, havia tantos outros falando dela. Os alunos já tinham lido, estavam olhando para ela. Seguiu com toda a banda quadro por quadro e limpou tudo que havia sobre si. Jogou no lixo, não antes de rasgar nervosamente os papéis.

— Tudo bem, isso não foi nada. Só algo novamente infantil. – Alice tentou consolá-la.

— Elas estão tentando arruinar a minha reputação. – Falou entredentes. – O que elas têm contra mim?

— Só são recalcadas, Bella. São apenas garotas idiotas.

— Alice, não são apenas garotas. – Embry começou e ficou meio sem jeito quando todos olharam para ele.

— O que quer dizer, Embry? - Jasper perguntou.

— Eu ouvi ontem à noite, Edward e Jacob conversando.... Parece que foi ideia do Edward fazer as meninas implicarem com você. – Tudo pareceu fazer sentido para Bella. Ele tinha ido no bairro em que morava porque já sabia e olhava para ela daquela forma porque estava com raiva. Mas o que ele achava que se passava entre ela e Carlisle para ele agir daquela forma? Ou ele sabia de tudo e estava com ciúmes do pai?

— Porque ele faria isso? - Alice perguntou e todos estavam internamente se fazendo a mesma pergunta.

***

— O Dr. Kim me falou sobre a cirurgia que auxiliou. – Carlisle estava orgulhoso da filha. Pensou que Bella deveria conviver com ela, seria uma boa influência, mas sabia como fazer aquilo.

— Fiquei bem nervosa, no entanto, aprendi bastante. – Rose estava sentada ao lado da mãe, debruçou a cabeça no ombro dela que a afagou.

— Ainda não se recuperou do plantão? - Esme ofereceu um pouco de salada para ela em um garfo. Rosie aceitou e voltou a pôr a cabeça no ombro da mãe.

— Não.

— Coma um pouco. – Rosie ergueu-se e começou a servir-se.

— Que milagre Ed aqui no jantar. – Rosie alfinetou.

— Não começa, Rosie. – Esme pediu.

— Não saiu com nenhum amigo ou garota. – Ela continuou.

— Não. – Ele respondeu.

— O que deu em você?

— E garota... A tal Isabella, como está indo? - Carlisle tentou soar tranquilo, mas para Edward foi fácil lê-lo.

— Ela sai com homens mais velhos.

— Ela sai com homens mais velhos? - Carlisle sentiu o desdém direcionado a ele.

— Você sairia com uma garota dessa idade, pai? - Carlisle ficou em choque pela pergunta direta.

— Porque razão eu sairia com uma garota de qualquer idade sendo casado? - Edward riu sem humor. Ele não acreditava no pai, acreditava no que já tinha visto. Ele e Isabella juntos. O seu pai era mesmo muito cara de pau.

— E você, mãe, aceitaria se o seu marido saísse com uma garota dessas? - Novamente a mesa ficou em silêncio.

— Porque está fazendo esse tipo de pergunta, Edward? - Esme estava com uma sensação ruim sobre aquilo. Era visível a amargura do filho e aquelas perguntas a assustaram.

— Estou apenas curioso.

— Curioso uma ova! Você está tentando plantar a discórdia nessa casa, garoto? - Rosie agora estava totalmente desperta pela malícia do irmão.

— Ah, Rosie, não seria eu a plantar a discórdia nessa casa. – Edward levantou-se.

— Sente-se e vamos conversar sobre isso. Explique-se. – Carlisle exigiu.

— Não tenho nada a explicar. – Edward foi para o seu quarto, mas seu pai chegou em seguida.

— Está achando que eu ando tendo um caso? É esse todo o seu problema, é a causa da sua rebeldia?

— E se for assim? - Rebateu enfim explodindo.

— Eu posso aliviar essa tensão, digo que pode voltar a ser o bom garoto e bom aluno. Porque isso não é real, não ando tendo caso com ninguém.

— Você ainda diz que não. – Edward chutou a cadeira do seu quarto.

— Contenha-se, Edward!

— Porque deveria? - Carlisle aproximou-se do filho, ele entendia tudo agora.

— Bella não é a minha amante. – Falou baixo. E Edward horrorizou-se ao ouvi-lo chamando daquela forma.

— Eu não quero ouvir você.

— Eu garanto que ela não é minha amante. Espere um pouco mais e explicarei tudo. Não faça a sua mãe sofrer à toa.

— É você quem está fazendo isso.

— Não Edward, é você. Você acabou de fazer isso plantando essa dúvida no coração dela. Eu explicarei o que Bella é para mim, mas antes, contenha-se.

— Não pode me pedir isso.

— Então continue fazendo a sua mãe sofrer, mas não jogue a culpa para mim. – Carlisle deixou o filho furioso e foi agora conversar com a esposa.

Esme estava um tanto apreensiva, mas resolveu escutar o marido que disse que o filho só fez aquilo para irritá-los. Carlisle declarou-se mais uma vez para a esposa e ela tentou deixar aquele acontecimento de lado já que o marido nunca a fez duvidar do seu amor.

***

No dia seguinte, Bella procurou Edward. Ele estava caminhando para a sua sala com Jacob quando parou diante dele com as mãos na cintura de modo desafiador.

— Garoto, se você tem algo contra mim, seria mais honroso dizer na minha cara do que enviar criancinhas mimadas para tentar perturbar a minha paz. – Falou em alto e bom som. Edward olhou em volta, não queria ninguém vendo aquela garota falar com ele, ainda mais naquele tom. O que ela achava que era? Ela só era uma garota que o pai transava. – Não vai dizer nada? - Jacob estava ali assistindo a cena calado, na verdade muito concentrado nela. Ele nunca mais tinha parado de pensar em Bella desde o momento em que se esbarraram.

— Eu não verbalizo com pessoas do seu nível.

— O que você disse?! – Não era possível que Edward fosse filho do Carlisle.

— Saia da minha frente. – Ordenou e Bella bateu pé diante dele mostrando que não iria sair.

— Porque você não cresce, Edward Cullen?

— Sua cretina... – Edward deu um passo ameaçador na direção dela, mas Jacob o segurou.

— Edward, fica frio. – Pediu.

— Você me chamou de que? Covarde estúpido!

— Realmente não é o lugar para isso. – Jacob ficou entre os dois. Virou para o amigo. – Vamos entrar. Se controla. – Jacob puxou o amigo para dentro da sala. Uma Bella insatisfeita foi para a sua própria sala.

Edward Cullen não saia de sua mente, ela queria desesperadamente dar o troco, mesmo sabendo que poderia ser arrepender depois, sendo ele filho do Carlisle. Mas que tudo fosse para os ares, ele era filho, não o próprio Carlisle, de jeito nenhum aquele cretino poderia se igualar ao pai.

Quando viu Edward conversando com as líderes, Bella viu a sua oportunidade. Ela pegou apenas dois grandes copos de refresco da lanchonete. Sem dizer nada para os amigos que a seguiam com o olhar, Bella fingiu tropeçar ao lado da mesa onde seus inimigos estavam e derrubou todo o líquido em Edward e Irina que levantaram xingando ela de todos os nomes possíveis.

— Ah, eu sinto muito. Mas todos estão de prova que eu tropecei. – Falou cínica.

— Você vai se arrepender por isso. – Edward saiu tentando conter a vontade de estapear aquela garota. Iriana ainda a empurrou antes de sair e Bella sorriu vitoriosa. – Covarde!

***

— Dois dias seguidos, isso é tão bom. – Bella recebeu Carlisle com o costumeiro bom-humor. Todas as adversidades da escola ficavam para trás quando o via. Eles se abraçaram longamente cada um querendo um consolo.

— Vim leva-la para casa. Já está terminando, não é? - Carlisle olhou para o relógio. Bella assentiu e correu para pegar a sua mochila. Despediu-se de todos, pois já tinha finalizado tudo e caminhou com Carlisle até o seu carro.

— Veio por algum motivo?

— Sim. – Ele ligou o carro e dirigiu calado até a casa dela. Não demorava nada, já que era alguns quarteirões. Carlisle desafivelou o cinto e direcionou-se para Bella. – Edward sabe sobre você.

— Imaginei, mas o que ele sabe?

— Ele pensa que somos amantes. – Bella abriu a boca e então percebeu o óbvio.

— Por isso ele me trata daquela forma. – Calou-se antes que falasse demais. Carlisle não merecia saber que o filho era um mau caráter que se unia com diabólicas líderes de torcida para acabar com a vida alheia. – O que disse a ele?

— Disse que não era assim, mas não pude falar mais nada. Só pedi um tempo a ele, claro que ele está arredio. No entanto, não posso falar para ele, nem para o resto das pessoas sem falar com a Esme primeiro. E não posso falar com a Esme sem antes falar com você.

— Carlisle, eu posso lidar com isso. – Ele acariciou o queixo dela com carinho.

— Convidarei a Esme para ir à praia esse final de semana. Voltamos no domingo à tarde. Falarei tudo a ela.

— É o melhor a fazer.