— O que? – Edward sentou pesadamente na cadeira vaga. Estava tarde e ele não queria se meter em mais problemas. Seus pais não estavam tão tolerantes como antes e permaneciam de olho naquela história dele com a Bella desde que confessou a sua paixão.

— Aqui. – Jacob pegou a garrafa de cerveja e serviu o amigo. Edward bebeu, aceitando a oferta como se nunca tivessem saído na mão na escola a dois dias.

— Porque me chamou?

— Precisamos discutir um assunto. – Jacob tinha ligado para o amigo assim que saiu da presença de Bella. Marcou com o amigo em um bar nas imediações de onde ele morava.

— Bella? Pensei que já tivéssemos discutido. Você a quer, eu a quero, não vamos desistir. Está fulo da vida comigo, mas eu acho que vai superar e continuaremos amigos.

— Ei, idiota. Porque acha que vou superar?

— Você é assim, é uma ótima pessoa.

— Porque estou me sentindo ofendido com isso? – Edward sorriu para o amigo. – Olha só, eu não vou desistir mesmo e tenho todo o direito porque eu comecei a sair com ela antes e você a odiava no inicio.

— Você está exagerando. – Negou prontamente e recebeu como resposta um olhar julgador do amigo. - Isso não vai adiantar, cara. Eu tentei esquecê-la. Já não quero mais falar sobre me afastar, não vai dar. Está gastando saliva a toa.

— Ela gosta de mim, só está fazendo isso para não brigarmos como naquele dia.

— Ela disse que gosta de você?

— Disse. – Confirmou rápido demais. – Disse que estava gostando de mim. – Corrigiu-se. Seu senso deveria ser mais afiado.

— Ainda quero que ela saiba que gosto dela e estou esperando. Sempre que for possível demonstrarei isso.  

— Você já demonstrou o bastante quando a conheceu! – Jacob perdia a cabeça novamente mesmo tendo feito um mantra anteriormente para manter-se sã.

— Aquilo foi uma porcaria e estou arrependido. – Jacob resolveu ignorar aquilo. – Dá para parar de voltar ao inicio? – Jacob não se importou com o que ele disse, mas não voltou a mencionar o fato de Edward ter aprontado com Bella quando a conheceu.

— Estava trocando mensagem com a Dina, eu consegui o numero dela hoje com as suas amigas.

— Porque raios você estaria trocando mensagem com ela? – Edward entrou no modo desconfiado.

— Por nossa amizade. Ela quer sair com você enfim. Eu tive que usar todo o meu charme e poder de persuasão, mas provavelmente os boatos de você estar apaixonado pode ter dado um empurrão. Você sabe como são as garotas.

— Está tentando me fazer perder o foco da Bella?

— Não era a Dina que você queria antes? Ela nunca quis te dar uma chance porque você era bem galinha. Então agora... – Jacob pegou o seu celular. Seus dedos agiam rápido na tela. – Te enviei o número dela. Ela está esperando você ligar. – Edward sentiu o seu aparelho vibrar no bolso assim que Jacob guardou o dele.

— Não era como se eu não pudesse conseguir o numero dela. Era apenas porque ela me disse não.

— Bella também te disse não. – Revidou.

— Mas é diferente. E ela também te disse não, pela sua lógica você deveria desistir também. Céus! Nós só falamos disso agora. – Edward bebeu um pouco mais da cerveja e comeu o aperitivo a sua frente. – Até o treinamento foi afetado e você disse que queria que nos superássemos este ano.

— Tem razão, mas isso é uma droga, cara. Eu gosto dela.

— Eu também gosto dela.

— Se você desistir ela volta para mim. Falei com ela hoje e é assim. Apenas saia com todas as garotas que quiser como antes e me deixe com a minha garota.

— Vocês se viram? – Edward não gostou de saber aquilo.

— Sim.

— Eu não estou pronto para desistir. – Admitiu.

— Sair com alguém pode ajudar. – Disse sinceramente.

— Não quero sair com ninguém que não seja ela. Já deu por hoje. – Edward levantou-se e foi embora. De alguma forma estava muito incomodado com o fato de Bella ter visto Jacob aquele dia.

***

— Acha que estou atrapalhando os dois insistindo em ter uma chance com ela? Será que eles se gostavam profundamente para que a minha confissão, a briga com Jacob e toda a minha insistência tenha sido uma grande bosta na vida deles? Porque estou pensando tanto novamente? – Edward estava em frente a sua casa conversando com uma gata que tinha se aproximado dele enquanto pensava sobre Bella. Ela veio caminhando preguiçosamente e se aninhou em seus pés. Ele agachou e acariciou a sua cabeça enquanto desabafava.

— Você com certeza está muito ferrado. – Rosie apareceu ao seu lado achando engraçado aquele monologo do irmão.

— Sem comentários, Rosie.

— Ok, então eu não preciso dizer que irei vê-la agora. Sabe... a garota de quem você estava falando com a seu amigo felino.

— É uma amiga, é uma fêmea. – Ele a corrigiu.

— Que seja. Bella está tocando hoje em público. Ela não quer que nem o pai e nem a mãe lá. Está insegura, então eu prometi que não falaria.  

— Espere por mim. – Edward pediu já entrando em casa. Ele correu e se trocou rapidamente, passou os dedos nos cabelos tentando controlá-los um pouco. E voltou para a entrada de casa já tendo gritado para a mãe que iria com a Rose.

— Essa foi rápida. – Rosie estava achando divertido ver seu irmão apaixonado.

— Vamos, Rose. – Edward entrou no carro, sentando no banco do carona.

Eles chegaram ao grande shopping e foram direto para o teatro que havia nele. Como a banda era formada por membros com idade menor, um ambiente cultural era o lugar certo para tocarem.

As cadeiras da frente já estavam ocupadas, por isso sentaram no centro. Ele viu toda a banda preparando os instrumentos e o som. Edward estava ansioso para ver Bella brilhando, queria que ela fosse muito bem sucedida aquela noite.

De alguma forma, assim que posicionou-se e depois de inalar e soltar o ar algumas vezes de forma notável, Bella o encontrou sentado entre colegas de escola e conhecidos dessas pessoas. Desconfortavelmente ela desviou o olhar, mas voltou a encará-lo em seguida. Ela tinha um vinco proeminente na testa e continuou encarando-o de forma interrogatória.

— Bella! – Rosie gritou notando que ela olhava na direção deles. Bella desfez a expressão concentrada de antes e sorriu acenando para a irmã de Edward.

Algumas cadeiras à frente ele notou alguém virar-se na direção de onde estava. Era Jacob e parecia chateado ao vê-lo ali também. Edward perguntou-se se Bella já tinha notado a presença do amigo ali e se o tinha indagado em silêncio como fez anteriormente com ele. Jacob virou-se para frente novamente e Jasper tomou a atenção de toda a banda falando entre eles.

— Boa noite – Um homem mais velho posicionou-se ao microfone. – Agradeço a presença de todos vocês hoje. Veremos esta noite três jovens bandas. Acredito que a maioria deles estejam na escola ainda. É muito bom ver jovens talentosos e engajados. Fiquem com a Sweet Charlotte. – Todos aplaudiram.

— Sweet Charlotte? – Rosie perguntou ao irmão.

— É, parece que é o nome da banda.

A banda que parecia um pouco nervosa da primeira canção, entregou-se e embalou o público nas músicas seguintes. Rosie estava agitada ao lado do irmão e até mesmo ele aplaudiu várias vezes. Ele gostou assim como os outros da pegada da banda, duas das músicas foram composição própria e que também agradou.

Bella e seus amigos sumiram do palco para dar lugar as outras bandas. Edward queria sair e encontrar com ela, mas Rosie queria ver todas as apresentações. Esticou-se para ver se o seu amigo permanecia no mesmo lugar e ficou apreensivo quando percebeu que ele já não estava lá.

— Volto logo. – Avisou a irmã e ao caminhar para o fundo encontrou Alice, Jasper e Embry de pé apreciando o show.

— Vocês foram fantásticos. Aquilo foi demais! – Edward bateu no ombro de Jasper.

— Valeu. – Aceitou o elogiou.

— Onde está a Bella?

— Jacob a levou.

— Para onde? – Seu amigo sempre estava um passo a sua frente.

***

— Você não vai dizer nada? – Bella estava calada a alguns minutos. Bebia o suco que haviam comprado no caminho. Ela olhava para o copo enquanto girava-o em sua mão. – Acho que precisa responder. – Insistiu nada tranquilo. Seus lábios tremeram um pouco, Jacob percebia o perigo. Era tarde para arrepender-se.

— Você disse que faria tudo para sermos namorados. Perguntou se eu gostaria que fosse até a  minha avó, padrinho e se apresentasse formalmente. Se eu gostaria de ir até a sua casa conhecer seus pais. Você até mesmo sugeriu romper com Edward e dedicar-se a mim e insiste que eu responda. Eu não sei o que você quer ouvir. Se você realmente considerou tudo isso e faria mesmo qualquer coisa ou se espera que eu decline e alivie o seu coração, mas aceite você.

— Parece loucura, é totalmente impulsivo. – Ele balbuciou ao seu lado dando-se conta de tudo.

— É. Desde quando isso se tornou uma competição?

— Não entenda assim, Bella. – Jacob inquietou-se, pôs o seu copo ao lado no banco. Ele agradecia por terem ido aquele jardim interno no shopping e sentado em um dos bancos mais reservados, assim ele e a sua vergonha por ter dito tudo aquilo estavam resguardados de olhares externos. – Desculpe-me se pareceu que eu toparia tudo para ganhar do Edward. Ele é meu amigo e eu o considero apesar dessa situação e eu sei que ele também. Acredito que ele esteja apaixonado de verdade para ter seguido com isso.

— Eu nunca quis isso. – Agora ela parecia não apenas chateada, mas amargurada. – Nunca criei expectativas com garotos, mas gostei de sair com você. Foi o meu primeiro beijo e poderia ter sido meu primeiro namorado. – Ela bebericou o suco. – Edward me odiando era terrível, ele se desculpando foi difícil, mas Edward gostando de mim também... Devo admitir, é como ele mesmo falou. Estou sendo covarde. Posso ser se eu quiser, não é? Não quero problemas na minha vida. Acredito que se podemos evitar, devemos. Vamos parar por aqui já que nem começamos.

— Isso é pior do que pensei. – Ele respondeu. – Eu devo dizer que se é assim que você quer... – Sorriu triste.

***

Edward saiu sem destino, apenas com o objetivo de encontrá-los naquele shopping enorme. Passava atento pelos corredores e vasculhava cada loja em busca deles. Não os encontrou por mais que procurasse. Decidiu atormentar o amigo ligando para ele. Jacob simplesmente ignorou cada chamada. Decidiu voltar para a frente do Teatro e quando estava ligando novamente os viu aproximando-se lentamente.

— Vejo você por aí. – Bella cerrou os lábios como se estivesse sem jeito. Sua expressão era tão deslocada e triste quanto a do seu amigo.

— Tá. – Ele disse. Bella o olhou brevemente e voltou para dentro. Mesmo querendo ir atrás dela, teve que deter-se. Seu amigo não parecia tão bem.

— O que aconteceu? – Por um segundo, Edward pensou que ele responderia, mas apenas um esgar perpassou pela face do amigo. Ele virou-se e começou a distanciar-se. – Jacob! O que aconteceu? – Edward segurou o seu ombro puxando-o para olhá-lo.

— Vou embora.

— Que diabos aconteceu entre vocês? – Edward estava a cada momento mais preocupado com o amigo cabisbaixo.

— Eu levei o maior fora da minha vida e aceitei. – Jacob afastou-se novamente. Edward olhou em direção ao caminho percorrido por Bella, novamente com vontade de segui-la, mas seguiu o amigo.

Edward entrou no carro de Jacob, mesmo ele dizendo que não iria para casa. Acabaram comprando cervejas, muitas. Jacob dirigiu até a orla. Sentados na areia da praia, eles beberam. Jacob entregou-se a bebida como nunca enquanto Edward se refreava. Ele estava atento ao amigo e resolvido a segurar a barra. Se ele precisasse ser levado para casa, ele o faria.

— E eu falei tanta besteira para ela. – Disse já com a voz enrolada. – Tanta besteira. Uma nova personalidade se infiltrou em mim. Ela nunca mais vai querer saber de mim... e nem de você.

— Você tem tanta certeza.

— Você não a viu. – Jacob falou ríspido.

— Sempre se apaixona demais e sofre demais. Você é muito dramático.

— Você nunca se apaixonou.

— Estou apaixonado. Lembra? – Jacob deu um tapa na orelha de Edward e desequilibrou-se. Edward estava segurando o local atingido com irritação. - Você quer morrer?

— Se não está sofrendo por ela então não deve estar apaixonado.

— A diferença é que eu não perdi as esperanças.

— A culpa é sua. – Edward rolou os olhos. – Você começou com essa história. Não poderia ter gostado dela em segredo como estava fazendo antes? – E Edward viu o amigo fazer uma coisa que nunca fez por outra garota. Jacob Black chorou. Edward foi pego de surpresa. Esperou que ele se recompusesse. Jacob começou a rir. – Que idiota. Eu chorei?

— Você fez isso.

— Acho que a amo.

— O que? – Edward perguntou não porque não tivesse entendido, mas para verificar a veracidade da informação.

— Eu a amo.

Edward sentiu o aperto em seu peito sufocá-lo. E seus próprios olhos lacrimejaram, por pouco também não chorou. Deu-se conta que naquele momento havia aberto mão de Bella.

***

— Agora você tem que ir procurá-lo. – Alice disse novamente. Diria até que fosse.

— Porque mesmo?

— Bella você ficou deprimida o final de semana todo, suspirando por Jacob. Falando sobre os olhos tristes dele e etc. Garota você deve ainda estar muito afim, então vá procurá-lo.

— Eu deveria?

— Vai logo, Bella. – Ordenou Alice.

Bella afastou-se da amiga e apressada dirigiu-se até a sala de Jacob, mas não precisou avançar muito. Ele estava diante do seu armário com uma garota enroscada nele. A menina parecia derretida e suspendeu o corpo ficando nas pontas dos pé para dar-lhe um selinho.

— Te vejo depois. – Ela se afastou de Jacob e Bella girou para voltar pelo caminho que veio, tonta com a cena. Deu de cara com Edward, o que a fez voltar um pouco ao eixo.

— Precisamos conversar.

— Não. – Bella tentou sair da sua frente, mas ele a acompanhou.

— Eu quero dizer que lamento muito ter ficado entre você e o Jacob.

— Jacob? – Bella piscou algumas vezes, queria sair daquele lugar antes que Jacob a visse. Jacob que estava abraçado a outra.

— Esqueça tudo o que falei sobre estar apaixonado, eu estava um pouco louco. Jacob é o cara certo, ele realmente gosta de você.

— O que está fazendo? – Bella cerrou os olhos, Edward novamente estava em seu caminho e a fazia passar por dificuldades novamente.

— Acho que concertando as coisas. – Edward respondeu a Jacob.

— Isso é inútil. Ela não quer estar comigo. – Bella que tinha ido até ali pedir desculpas pela covardia e convidá-lo para sair, parecia perdida diante dos dois. Ela abriu caminho com força entre eles e voltou para a sua sala correndo. Antes de entrar limpou os olhos e percebeu lágrimas. Ela tinha chorado.