— Sente-se bem depois de ter acabado com uma amizade de berço? – Irina emparelhou com ela no corredor a caminho da aula. Bella tinha sido cuidadosa apenas em não encontrar com os dois garotos, mas foi pega de surpresa pela líder de torcida.

— Então é você a pessoa que continua circulando boatos sobre mim?

— Eu não preciso mais fazer isso, tem muitas testemunhas agora. Como quer ficar com os dois amigos e não querer que as pessoas falem sobre isso? Fique esperta, não é uma boa reputação.

Bella não queria absorver nada do que ela tinha falado, mas ela estava certeza em um ponto. Não era uma boa reputação. Além de tudo, Edward a fez parecer uma garota fácil que pode se envolver com dois amigos de uma vez. Irritada, ela foi para a sala de aula.

***

— Oi. – Bella foi descoberta em seu esconderijo.

Aquela semana tinha sido a pior desde que entrara naquela escola. Ela tinha suportado o bullying, mas o que veio depois estava começando a lhe deixar com os nervos em frangalhos. Bella ergueu a cabeça em direção ao seu interlocutor. Estava sentada no corredor da última fileira da biblioteca terminando uma pesquisa.

— Oi.

— Tudo bem aí? - Jasper perguntou sem poder disfarçar um sorriso simpático ao falar em um quase sussurro para ela.

— Sim.

— Parece que está escondida. – Bella ergueu um pouco a mão mostrando os dedos, indicador e polegar unidos em sinal de pouco. Jasper riu mais largamente. - Edward e Jacob estão procurando por você. – Ela fez uma careta para a informação. Mesmo dispensando os dois não tinha obtido sucesso em seu feito. Também tinha o fato de que os boatos da escola estavam bem próximos da verdade naquele momento.

— Como posso me livrar deles?

— Abdicou de um namorado para manter a amizade antiga dos dois.

— Foi assim que entenderam? Eu só estava querendo me livrar de problema. – A piada os fez rir ainda mais.

— De qualquer forma, isso parece ter tornado tudo mais interessante para aqueles dois.

— Alice sugeriu dar um gelo, mas eles não entendem isso. Eles continuam me ligando e me procurando.

— Ainda está meio cedo para eles cederem se considerarmos a personalidade deles. Ah sim, Edward está gastando toda a sua energia para espalhar para todos que você não deu bola para ele, mas sim, ele se esta afim de você. Está sendo um pouco constrangedor para ele, mas está suportando bem.

— Ele o que?! – Bella estava tentando imaginar aquilo, mas era tão inacreditável que ela simplesmente não compreendeu.

— Jacob que está um pouco chateado com isso, mas parece que no fundo ele esta entendendo o que Edward esta fazendo. Por isso esta se mantendo neutro. – Eles ouviram o chamado para a próxima aula. Jasper devolveu o livro que estava segurando para a estante. – Não fique escondida por muito tempo. Espere mais 2 minutos e vá para a aula. Acredito que já será seguro.

— Obrigada.

Bella seguiu o conselho de Jasper e saiu do seu esconderijo depois de 2 minutos passados.

— Seu celular agora virou enfeite? - Alice a repreendeu quando ela sentou em sua cadeira.

— Estava evitando aqueles dois.

— Assim não vai dar. Temos que nos comunicar de alguma forma. Só se passaram dois dias e parece que você vai pirar.

— A única coisa que me deixa mais feliz é saber que amanhã é o dia em que nos apresentaremos pela primeira vez.

— Isso me deixa feliz também. – Alice tamborilou os dedos na mesa e percebendo que o professor ainda se organizava, resolveu aproveitar a deixa. – Mas você pensou bem mesmo, sobre os garotos? Você parecia estar gostando do Jacob.

— Eu ainda sinto uma queda por ele. – Admitiu.

— Para ser franca, eu meio que torço por ele. Sabe, ele foi o primeiro a mostrar interesse e nunca fez nada contra você. Já o Edward, ele foi um tanto cretino no início.

— Ele foi mesmo um cretino. – Bella pensou alto.

— Isso, você está dando muita consideração neste caso. Era para apenas ignorá-lo e continuar com seu romance com o Jacob.

— Mas Alice, Edward parecia estar disposto a interferir. A coisa toda poderia virar uma bagunça.

— Ai, ai... Pelo menos você conseguiu tirar uma casquinha do Jacob. – Bella não respondeu, mas imaginou que poderia ter aproveitado mais.

***

Bella esperou no banheiro alguns minutos antes de se dirigir para fora da escola. Ela teria que um dia criar coragem e andar normalmente como antes, mas sentia-se apreensiva sempre que imaginava ter que encarar aqueles dois. Ainda mais quando eles pareciam ainda tão obstinados, insistindo em ligações, mensagens e recados. Foi com alívio que atravessou os corredores sem vê-los e estava quase sorrindo por conta da sua sorte quando alcançou a parte externa.

Seu sorriso desmoronou quando viu Edward parado diante da entrada parecendo esperar alguém. Quando ele finalmente a viu, todo o seu corpo reagiu abertamente e ela soube que o alguém que ele esperava era ela. Bella caminhou pegando a tangente fingindo que não o tinha visto e que seu coração não sofreu um pequeno abalo naquele momento.

— Deve ser cansativo ficar se esgueirando por aí. Essa atitude não é de quem tem culpa geralmente? - Ele falou alto para que ela pudesse ouvir. Ela parou e olhou para ele um pouco incomodada com suas palavras desdenhosas. – Só precisei esperar um pouco para ver essa cena lamentável. Não pode ficar chateada se eu achar um pouco engraçado. – Ela pôs as mãos na cintura agora ficando ofendida. Bella quis responder, mas mordeu o lábio. Não adiantaria nada retrucar e ele só se sentiria vitorioso se ela perdesse a cabeça. – Como podemos estar atrás de uma garota tão covarde é um grande mistério.

— O que disse? - Bella se aproximou dele, achando que tivesse ouvido errado.

— Eu disse que você é uma grande covarde. Fugiu no primeiro sinal de problema.

— Eu não me importo com o que você pensa.

— Deveria se importar, porque eu penso seriamente em não desistir da minha chance. Eu aceito o fato de você ser rancorosa, de ser covarde e até de ter saído com o meu amigo. – Bella decidiu novamente dar as costas a ele e ir embora. – Espere. – Ele pediu. – Porque aquilo a fez parar novamente? Ela deveria continuar andando ou até mesmo correr para longe dele. – Esme pediu para te dar uma carona.

— Porque ela insiste em fazer você me dar recados e caronas? - Ele apertou os lábios em um sorriso e se calou.

— Você desligou o celular e a deixou um pouco preocupada. Deve se desculpar por isso.

— Tanto faz. – Deu de ombros pedindo que a sua interpretação de pouco caso o convencesse. – Vamos. -  Bella se virou determinada para ele e caminhou em direção ao seu carro estacionado a alguns metros. Edward não deixou de ficar admirado pela fácil aceitação.

 - Até quando continuará ignorando a nós dois?

— Até que vocês desistam. – Edward achou a expressão fechada dela muito bonita.

— Não somos bons o suficiente para você?

— Eu não pretendo ficar parada aqui falando com você sobre isso. – Edward pôs o cinto e deu partida no carro.

— Agora não estamos parados. Não somos bons o suficiente para você? – Insistiu com humor, mas atento a resposta que viria.

— Edward, por favor. – Bella tentou manter a calma e pôs os fones de ouvido.

— Covarde. – Não se importou quando ela lhe lançou um olhar mortal. Bella parecia prestes a esbofeteá-lo. – Ainda consegue me ouvir? – Ele apontou para o próprio ouvido. Ela nunca tinha visto tanto aquela expressão brincalhona no rosto dele a não ser quando ele foi até o seu trabalho da última vez. – Eu quase não consigo dormir esses últimos dias. Você simplesmente não sai da minha cabeça.

— Você é tão descarado... – Foi a vez dele dar de ombros.

— Uma vez que consegui te dizer como me sinto, não me importo mais de repetir.

— Quanto mais você fala, mais parece que está no meio de uma brincadeirinha sua.

— Já resolvemos essa parte, sabemos que não é brincadeira.

— Você sabe que não tem nenhuma chance. – Ela voltou-se para frente, determinada a ignorá-lo dali em diante.

— Olha só você sendo maldosa. Eu adoraria que meu pai visse esse seu lado nada boa moça.

— Ele não pode, está muito ocupado supervisionando o seu filho idiota.

— Céus! – Edward gargalhou. – Quando você aguentou bem todas as coisas que aprontamos para você, não estou aqui me gabando por ter feito aquilo. – Explicou-se. – Percebi que você tinha garra e depois quando começou a revidar foi incrível, mas nada supera quando você usa as palavras. Estou cada dia mais apaixonado. – Ele riu ainda mais alto fazendo-a suspeitar da sua sanidade. – Sabe que eu nunca durante a escola me apaixonei?

— Você está usando drogas?

— Eu resolvi levar na esportiva. Não sei quanto ao Jacob, mas eu vou aproveitar a chance que tive de sentir isso.

— Você consegue dormir depois de ter estragado um possível namoro entre mim e o Jacob?

— Ei! Foi você quem terminou, com nós dois!

— Não havia nada entre... O meu Deus, eu acho mesmo que está usando drogas!

— Se você quisesse mesmo ficar com o Jacob, você simplesmente não ficaria? Isso está me dando muito no que pensar.

— Ah... agora você pensa... – Desdenhou. -  Edward, eu gostava mais de quando não falava muito. Você pensa tanta bobagem que esta super justificado.

— Admita que sente algo por mim também.

— Vai sonhando.

— Você sente algo, por isso não quis escolher. Está confusa.

— Talvez você não entenda o valor de uma amizade porque sempre teve um amigo, mas para o resto das pessoas é muito difícil ter esse tipo de relacionamento. Confiar, ter alguém com que realmente contar. Não estava nenhum pouco afim de estragar isso. Então não conte comigo para experimentar seja lá o que defina isso. E se continuar agindo assim eu juro que nunca mais troco uma palavra com você.

— Tão radical...

Edward a deixou em sua casa e Esme já a estava esperando. Tinha que admitir que ficar com a Esme e com a Rosie como naquele dia estava começando a preencher a sua vida de uma maneira boa.

— Você provavelmente vai começar a desconfiar quando eu te chamar aqui, mas eu juro que isso vai acabar.

— Vai parar de me convidar? – Bella fingiu estar triste.

— Não, claro que não. Primeiro porque você não precisa de convite e segundo porque sempre vou te querer aqui.

— Já posso ficar com ciúmes? – Rosie abraçou a mãe.

— Boba. – Esme acariciou os cabelos da filha antes que ela voltasse ao seu lugar. – Carlisle está ocupado no hospital esses dias como você sabe e então ele me pediu para te passar a informação. A data da leitura do testamento foi marcado para a semana que vem. O antigo advogado do seu pai se encontrará com vocês na antiga casa dele.

— Porque lá?

— Jane pediu que fosse lá. Ela não quer se incomodar em ter que se deslocar. – Rose bufou ao lado delas.

— O juiz já confirmou o testamento com as testemunhas do seu pai. Isso é só uma formalidade e a Jane está mal-humorada. Falando nisso, ela não te procurou, não é mesmo?

— Não.

— Se isso acontecer nos diga imediatamente.

— Se ela não fez algo até agora, acha que ela poderia aprontar alguma? E o que ela poderia fazer? – Edward que estava calado todo o tempo, de repente se pronunciou.

— O Charlie escondeu o que pôde informações sobre a Bella e isso foi por causa da Jane. Se ele não tinha segurança sobre isso, acho que o mínimo de devemos fazer é nos manter atentos.

— Pode deixar, eu ficarei. – Todas as três olharam para ele surpresas. – O que foi?

— Você não precisa ficar atento a mim. – Bella garantiu.

— Ownnn... Vocês ficam bem juntos. – Rosie opinou depois de se recompor. – Ficam mesmo bem juntos.

—  Rose, não. – Bella pediu, mas Edward já estava com a sua autoconfiança nas alturas.

***

 - Boa noite, seja bem-vinda. O que deseja? – Bella ergueu-se do seu banco para atender a cliente bem elegante a sua frente.

— Um expresso, por favor. – A voz dela era arrastada e analisava a garota a sua frente milimetricamente.

A colega de Bella preparou a bebida enquanto Bella concluía o pagamento.

— Aproveite. – Ela lhe entregou a nota e o café. Antes de pegar a bebida, a mulher lhe deu uma última olhada acompanhado por um sorriso de desdém no canto da boca. Bella percebeu aquilo, mas fingiu não ver enquanto a elegante senhora sentava-se em uma das mesas.

— É impressão minha, ou aquela mulher está te encarando? – A colega de Bella cantarolou em sussurro ao seu lado. Bella ergueu o olhar em direção a mesa ocupada e deparou-se com um incomodo olhar de superioridade da mulher sentada.

Não demorou muito a senhora ergueu a mão delicadamente para chamar Bella com os dedos. Pensou um pouco antes de seguir até a senhora que parecia não ter gostado muito dela, mas a sua colega lhe deu um discreto empurrão para que ela seguisse. Bella aproximou-se da mesa, estava quase ficando sem jeito com a obstinação dela em examiná-la.

— Sim? – Tentou soar o mais delicada e ingênua possível.

— Sente-se um pouco comigo. – Apesar de ser um pedido, pareceu mais como uma ordem.

— Desculpe-me, estou em horário de serviço. – Bella viu com o seu campo de visão lateral Jacob entrando na loja. Eles se olharam por um instante até ele se decidir caminhar até o caixa e pedir algo.

— Será breve.

— Senhora, se algo a desagradou, por favor, diga-me e ouvirei.

— Ficarei satisfeita em trocar algumas palavras com você quando sentar. Não me faça insistir mais, essas coisas cansam ao extremo. Vamos gastar a nossa energia apenas falando as coisas certas. – Jacob estava com o seu pedido em mãos e caminhou até Bella que para fugir dele apenas sentou de frente para a mulher. Jacob frustrado sentou em algumas mesas a diante. – Você parece muito gentil, mas é serviçal demais. Não deve ter herdado essa característica dele.

— Do que está falando? – Bella tentava concentrar-se na pessoa a sua frente e não em Jacob que parecia disposto a esperar o tempo que fosse.

— Tem algo que claramente você herdou dele além dos cabelos escuros, a capacidade de se envolver com duas pessoas ao mesmo tempo. – Bella arregalou os olhos para aquela mulher emanando soberba. – Você tem que me desculpar, eu dei uma pesquisada sobre você.

— E porque? Porque fez isso e depois veio aqui me dizer essas coisas?

— Sou a viúva do Charlie Swan. O grande médico conceituado, Presidente do Centro Médico Orleans, um investidor nato na área médica. E é claro, infiel. – Ela cruzou os braços a sua frente, ainda mais confiante com o desconcerto de Bella.

— O que você quer?

— Sou uma mulher cheia de desejos. Não deveria fazer esse tipo de pergunta tão levianamente. – Ela respirou fundo sorrindo um pouco. – Serei objetiva então. Sinto-me um pouco em desvantagem. É óbvio que o seu pai não se arrependeu do que fez e ainda teve uma filha que escondeu de mim. Agora ele quer deixar a maior parte de tudo para você. Ele continua injusto comigo até depois da morte, aquele canalha.

— Eu ainda não sei o que você quer.

— Já que quer saber. Eu quero que você renuncie ao testamento. Você está quase se tornando uma mulher adulta e viveu bem com seus recursos. Eu quero que você continue vivendo bem onde estava. – Ela se levantou segurando com delicadeza a sua bolsa. – É claro que terá uma semana para pensar.

— Estou curiosa. – Bella disse. – Se eu não renunciar, o que vai acontecer?

— Vou tornar a sua vida um inferno, até que não seja mais uma vida. – Bella gargalhou e bateu palmas. Estava um pouco assustada, mas aprendeu que deveria não demonstrar estar intimidada.

— Parece um gângster falando. – Bella também se levantou, uma sobrancelha erguida revelava que estava de mal humor. – Você pode ter feito a sua pesquisa sobre mim, mas não significa que me conheça. A partir de agora não se aproxime de mim. E antes que pergunte o que farei se não se aproximar, eu posso lhe afirmar que conheço também muitas palavras ameaçadoras.

— A diferença de nós duas é que eu costumo agir. Espere só. – Jane saiu mantendo a altivez de quando entrou, mas Bella jogou-se na cadeira sentindo enfim as pernas tremerem.

— Aquela não era a Jane Swan? – Jacob sentou onde antes Jane estava.

— Era sim. – Respondeu sentindo o coração sair pela boca.

— Isso foi ruim?

— Um pouco, mas nada que eu não possa superar.

— Eu sei. – Ele afirmou, mas ainda olhava para ela preocupado. – O que ela queria? – Não acreditava que mal um drama estava saindo pela porta e outro aparecia a sua frente.

— Jacob, o que esta fazendo aqui? – Perguntou percebendo o carinho com que ele a admirava.

— Vim vê-la, conversar com você. De repente você não atende meus telefonemas, nem ao menos visualiza as mensagens. Você evaporou da escola.

— Não foi de repente. Eu te falei sobre a minha decisão.

— Eu não consigo aceitar. Para mim, as coisas estavam indo bem entre nós dois. Estávamos nos entendendo. Poderíamos superar.... – Ele pareceu procurar as palavras certas. – Poderíamos lidar com uma terceira pessoa, já que não tem interesse nela.

— Mas essa pessoa é o seu melhor amigo. Mal ele falou aquelas coisas e vocês já se atracaram feito selvagens dentro da escola. O que isso traria de bom para nós? Jacob, você não se sentiria bem.

— Eu cuido dos meus sentimentos, Bella. Só preciso que você seja honesta como sempre foi. Você estava gostando de mim? – Bella mordeu o lábio, não queria ter que responder aquilo. – Gostava?

— Sim. – Ele insistiria até que ela dissesse. Jacob pareceu um pouco mais resplandecente depois da resposta dela.

— E sente algo por Edward?

— Não! Porque estão todos assim comigo hoje?

— Ótimo. – Ele parecia ainda mais aliviado. – Vou fazer com que o Edward desista de você. Assim tudo pode voltar a forma original e não se sentirá incomodada em sair comigo. – Ele garantiu. – Ela não quis saber muito sobre aquilo, só queria que os problemas parassem de aparecer. Aquele dia tinha sido confrontada desde o início e estava exausta.