Nerve escrita por LustForJohn


Capítulo 16
Dedo-duro se machuca


Notas iniciais do capítulo

Primeirissimamente, eu gostaria de agradecer à leitora Lyra Girl, por deixar uma linda e comovente recomendação ♥ além de ter me motivado pacas, ela resumiu a história sem spoiler algum :3 alguém mais quer depositar sua recomendação? ¯ _ (ツ) _ / ¯

Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716091/chapter/16

Aproveito que todos mantêm a atenção no armário verde e me aproximo da porta de saída. Quando encosto na maçaneta, o olhar de Nick encontra o meu.

— Shawn?

Sua voz é o suficiente para chamar a atenção de todo mundo. Martin me alcança em três longos passos. Seu aperto é forte e machuca meu braço.

— Para onde você pensa que está indo, arrombado? — Ele me aperta mais forte, me fazendo gemer de dor em protesto.

Agarro a maçaneta e balanço meu braço com a esperança de que ele me solte.

— Você pensa que eu sou idiota? — Minha ironia é gritante. — Esse papo de vítima misturado com armas vai sobrar pra mim.

Nick puxa Martin pelas costas, fazendo-o me apertar mais ainda.

— Solta ele agora!

Ele me aperta tanto que posso sentir minha circulação sanguínea parar.

— Ai! — grito alto. — Me solta, merda!

— Nem fodendo que eu vou deixar o medrosinho acabar com tudo!

Com os olhos semicerrados, vejo Charli e Zayn puxando Nick de cima de Martin. Mas Nick também não se solta. Parece que estamos em uma orgia grega, só que sem os deuses. Consigo sair de dentro da minha camisa azul, fazendo Martin cair por cima de Nick e todo o resto.

Ele se levanta, segurando minha camisa com a mesma mão que aponta um dedo para mim, mas ele não fala nada. Em vez disto, ele pula em mim como um lobo selvagem. É tão rápido que não consigo desviar, e nós dois caímos no chão. Martin senta em cima da minha barriga, segurando meus braços contra o carpete de borracha. Ele permanece respirando fundo como um touro furioso, depois sorri.

— Você deve adorar ficar nesta posição.

Ele viu imagens dos meus Sete Minutos no Paraíso com Nick?

— Sai de cima de mim, seu maluco.

Posso ver Zayn e Charli segurando Nick, que faz esforço para se livrar. Martin, com seu sorriso histérico, se inclina e chega bem perto do meu rosto. Seu hálito cheira a cerveja e chocolate.

— Só se me prometer que vai ficar quietinho e esperar a merda do jogo acabar.

Me esperneio abaixo dele, mas sua pegada é rígida e seu peso me prende.

— Nem fodendo. Vou acabar levando um tiro.

Tento chutar suas costas com meus joelhos, mas sou fraco demais e ele apenas ri.

Na sala começa a tocar uma música eletrônica e agitada, trilha sonora perfeita para um filme de ficção adolescente. Este é o meu filme? Minhas últimas 24 horas pareceram ser extremamente roteirizadas.

Queria que Gigi ou Bella dessem sossega-leão em Martin, mas duvido que elas sejam fortes o suficiente. Porém, Gigi implora para que Zayn pare. Foi a distração perfeita para que Nick consiga se livrar dele, prendendo-o contra a porta do banheiro. Ele é cavalheiro demais para dar um jeito em Charli, que o enche de socos e pontapés por trás.

Está começando a ficar difícil de respirar com Martin em cima de mim. Seu rosto próximo ao meu lembra uma cena de filme romântico, exceto que ele quer me estrangular em vez de me beijar. E ele está cheio de raiva, em vez de cheio de amor. Martin não é tão forte quanto Nick, mas ele consegue prender muito bem meus braços no chão.

Cansado das pancadas de Charli e dos gritos de Gigi, Nick gira Zayn para trás e o empurra com força, fazendo o tropeçar no carpete e arrancar a saia de Charli enquanto procurava algo para se segurar. Em resposta, ela grita e estala alto uma forte bofetada no rosto de Zayn. Bella ri com a cena, eu também riria, mas o peso de Martin leva embora todo o meu folego. Finalmente livre, Nick corre até a porta com a esperança de dar no pé assim como eu tentei e acabar com esta palhaçada. Ainda bem que ele conseguiu captar meu pensamento.

Todavia, o único fio de esperança desaparece quando a porta se recusa a abrir.

— Interessante — ouço Charli falar. Sua saia já está no devido lugar.

Martin, como se tivesse se arrependido de seus atos instantaneamente, sai de cima de mim em um salto. Eu me levanto de imediato e curvo minhas costas para trás, liberando um estralo. Martin empurra Nick para o lado e tenta abrir a porta com mais força que Nick, mas o resultado é o mesmo.

Bella me entrega minha camiseta azul, que estava jogada perto da porta dos armários, e eu visto-a de volta. Chego atrás de Nick e ficamos observando Martin arrebentar com a porta. Meu castigo está se tornando realidade: me trancaram numa sala com malucos e armas.

Nick olha para mim e balança a cabeça, como se dissesse fica tranquilo. Eu balanço de volta, respondendo tô lascado. Zayn entra na frente de Martin e bate na porta enquanto olha para uma câmera com um semblante irônico.

— A porta está trancada! — ele fala bem alto.

Bella cruza os braços em protesto.

— Li em um artigo de revista que quando você é trancado contra a sua vontade, significa que você está sendo sequestrado, e isso é crime. — Bella é inteligente, mas ela não assusta os administradores dos jogos e a porta permanece trancada. — O caso piora quando sequestram menores de 21 anos. Eu só tenho 19.

— Tenho 18 anos — digo bem alto e ríspido. Quanto maior a chance de me tirarem daqui, mais vou apelar.

Em resposta, Martin olha para mim e sorri com os dentes. Talvez associando meu medo à minha idade.

— Tenho 20 — ele diz, enquanto anda pela sala.

É sério que ele ainda é quatro anos mais novo que Nick, que acredito ser o mais velho aqui? Talvez não mais que Charli, que ri e abraça Martin.

— Você só tem 20? E nunca me contou! — Apesar da reação, ela o beija na boca.

— Eu tenho 21 anos — anuncia Gigi, cruzando os braços e revirando os olhos.

Nick caminha até o centro da sala e dá um giro de braços abertos, olhando para as quatro câmeras nos cantos do teto.

— Temos um total de quatro menores de idade aqui dentro — ele declara, com um ar autoritário. — Vão destrancar a porta ou preferem resolver na justiça?

A música para e dá lugar a um som de efeito de corrida maluca. Os painéis acendem e uma mensagem surge com clicks, como se fosse digitada em tempo real.

A PORTA DEVE ESTAR EMPERRADA.

VAMOS MANDAR UM MARCENEIRO

O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL.

Emperrada? Me poupe, eu não engulo essa. É obvio que trancaram a gente aqui dentro. Não acredito que isso está acontecendo. Por que os Observadores não nos ajudam? Será que eles estão vendo uma versão editada do jogo para parecer que não tem nada fora do controle, ou realmente gostam de ver o circo pegar fogo? Bem, eu não.

Tiro rapidamente meu celular do bolso e tento ligar para a polícia, mas é inútil, minha linha continua bloqueada. Da mesma forma, eu não consigo desinstalar o aplicativo que baixei do jogo. A palavra “ERRO” preenche a tela. Não consigo nem desligar meu celular.

O painel reproduz um bip alto, seguido por um texto com gifs de facas e pistolas:

DEDO-DURO SE MACHUCA.

Agora estou sendo ameaçado pelo jogo? As risadas de Zayn e Martin só me causam mais náuseas e dor de cabeça. Minhas pernas não param quietas. Volto para meu assento e Nick me segue. Gigi e Bella também voltam a se sentar ao redor da mesa suspensa, o resto pega mais uma cerveja antes de retornarem.

Zayn brinca com o vai e vem da mesa enquanto Martin não tira os olhos furiosos de mim. Eu o encaro de volta sem nenhuma expressão no meu rosto.

Zayn pigarreia.

— Você acha mesmo que vamos atirar um nos outros? — Indaga ele sem olhar para ninguém, mas todos sabem que a pergunta foi direcionada para mim. — Isso só faz parte da encenação.

Levanto uma sobrancelha.

— Isso não parece nada com um palco teatral.

Coço a cabeça com força e abraço a mim mesmo, tremendo de frio. Mordo meu próprio dedo e olho ao redor da sala. Estou com fome, mas nada naquele armário vermelho vai me saciar, e agora tenho medo de chegar perto por causa das pistolas em exposição.

Meu braço começa a coçar perseverantemente. Noto que a manga da minha camisa azul está rasgada, e quando a levanto vejo hematomas vermelhos circulando pequenos arranhões. Olho para Martin com desgosto e descubro que ele já estava olhando para mim com um sorriso malévolo. Deve ter rasgado quando me soltei dele, e me machucou enquanto me prendia contra o chão com suas garras sujas.

— Estou machucado — anuncio em voz alta.

Martin junta os lábios e assopra na minha direção.

— Vou dar um beijinho para passar.

Em resposta, uma frase aparece na tela.

HÁ ITENS DE PRIMEIROS SOCORROS

NO ARMÁRIO AMARELO.

Martin se levanta antes de qualquer um.

— Deixa que eu trago para o príncipe.

Ele não sabe que está me fazendo um favor, mas prefiro ficar quietinho esperando que ele aja como meu mordomo sem perceber. Martin deve pensar que eu vou pegar uma arma e tentar algum truque de cinema ou ameaçar alguém. Este papel é o dele.

Além de uma bolsa vermelha de emergência, Martin coloca um chocolate meio amargo em cima da minha perna. Olho para ele franzindo o cenho e ele revira os olhos.

— Só aceita e pronto. Foi mal pelo machucado, era isso que queria ouvir? Porra.

Ele realmente se sente arrependido? Bem que Charli disse mais cedo que às vezes ele pode ser um doce. Está mais para agridoce.

Aceito o chocolate, mas permaneço com uma pulga atrás da orelha. Ele volta marchando para sua namoradeira e desaba. Não sei se acredito nessa história de arrependimento, mas quanto menor for nossa rivalidade, melhor.

Nick dá de ombros e vasculha o que tem dentro do kit. Mastigo meu chocolate enquanto deixo Nick brincar de enfermeiro comigo, mas faço cara feia quando um líquido arde minhas feridas.

— Ai.

Após terminar de fazer um curativo construtivo, Nick beija minha bochecha, fazendo com que queime estrelas.

— Você sobrevive.

Olho novamente para o armário das armas — está fechado. Martin deve ter fechado depois de pegar a bolsa para mim. Espero que ele não tenha roubado nenhuma arma — não duvido que ele atiraria em mim se NERVE mandasse. Porém, ele está ocupado demais beijando Charli.

Zayn abaixa a cabeça com os olhos fechados, sonolento. Gigi faz beiço enquanto encara seu enorme celular. Nick estrala os dedos, depois segura minha mão, fazendo carinho. Em seguida, ele leva até sua boca e dá um beijinho carinhoso e romântico. Talvez eu já tenha o perdoado pelo lance da montanha-russa. Bella está de braços e pernas cruzadas, entediada.

Há uma pausa quando a música atual se encerra, tocando altas notas de xilofone.

VAMOS PROSSEGUIR PARA

A PRÓXIMA ETAPA, JOGADORES.

Sinto falta de Guy e Gayle. Receber ordens de um telão é bem 1984 com o “Grande Irmão” controlando a população. Apesar de nossos anfitriões não terem sido tão amigáveis comigo, prefiro eles do que ser controlado por um texto padronizado.

Mas o que vem a seguir é mais assustador ainda:

BELLA, PONHA AS ARMAS EM CIMA DA MESA.

UMA NA FRENTE DE CADA JOGADOR.

Concluo que eu não sairei vivo daqui hoje.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gosssstaram???? Espero que sim! ♥ Não esqueça de deixar seu comentário! o/////

xxxooo até o próximo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nerve" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.