Um ladrão em nossas vidas escrita por Gabriel Lucena, matheus153854


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Fala aí pessoal, é o Matheus novamente com mais um capitulo, espero que gostem!



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—A vencedora é... Nachita! - apontou Seu Otávio, fazendo todos aplaudirem, até Marcelina também que parecia aliviada.

—Muito obrigada por me escolher Seu Otávio, garanto que esse prédio será muito bem cuidado. - sorriu Nachita.

—Assim espero viu? - riu ele.

Logo todos sorriram e eu fiquei encolhido num canto, emburrado. Meu plano de fazer com que a Nachita não ganhasse a votação falhou e agora ela irá assumir o posto de ficar atrás do balcão onde ficava o telefone de porteira, Seu Otávio mostrou à ela como que ele funciona e ela logo aprendeu, mas ao mesmo tempo fiquei bastante aliviado porque nem eu, nem o Botijão fomos suspeitos nem capturados pela polícia.

Mas engana-se quem pensa que isso tudo estava sendo tão fácil.

Uma semana se passou e eu continuei seguindo minha vida como sempre segui, toda manhã Mário saía pra trabalhar e a Marcelina saía pra tentar conseguir emprego, até aí tudo bem, mas eu tinha muito medo de chegar na portaria por causa da Nachita, que sempre me parava.

—Oi Chaveco, lindo dia não? - sorriu ela me segurando bem de frente para a porta.

—É mesmo, por isso vou aproveitá-lo. - respondi a olhando.

—E aonde está indo? - perguntava ela apoiando os cotovelos na bancada e o rosto nas mãos.

—Ah, vou sair pra resolver uns negócios, mas não demoro. - menti disfarçando.

—Nossa, você virou um homem de negócios, todo dia sai pra resolver um negócio. - sorriu ela com a mão no peito.

—Sim sim, tenho que achar meu lugar no mundo né? Agora preciso ir.

—Claro, pode ir bonitão, homem de negócios como eu gosto. - ela riu e piscou pra mim, que saí rapidamente pelas ruas.

Era todo dia assim, estava seriamente pensando em começar a sair mais cedo para que pudesse sair junto da Marcelina ou do Mário e quando saísse na rua, tomássemos nosso rumo. Até que um dia, enquanto estava saindo para ir no parque encontrar uma gatona como sempre fazia, antes que eu saísse ouvi Marcelina me chamar.

—Chaveco, o meu afilhado Jackson está vindo para cá passar uns dias, só que o Mário não poderá sair mais cedo do trabalho e eu não posso sair daqui porque não sei quanto tempo vou levar lá, então será que você pode ir buscar ele na estação rodoviária pra mim? 

—Quem? Jackson? - perguntei confuso.

—Sim, o meu afilhado, ele vai vir morar aqui um tempo e já deve estar chegando, até você chegar lá o ônibus dele já chegou, pode me fazer esse favor? 

—Mas por quê você não pode ir lá? - perguntei curioso.

—É que eu tenho uma entrevista de emprego hoje e o horário da entrevista bate com o horário de chegada do ônibus do Jackson, mas eu não posso faltar, é uma chance que eu não posso desperdiçar de jeito nenhum. - disse ela e eu assenti, não podia realmente deixar ela perder essa chance. Então rapidamente saí do apartamento e comecei a caminhar em direção ao elevador.

—Chaveco, aonde você vai? - perguntou Chimoltrufia, aparecendo no corredor.

—A Marcelina pediu pra eu ir buscar o afilhado dela na rodoviária e o ônibus pode chegar a qualquer momento. - respondi apertando o botão do elevador.

—Ah, tudo bem, é melhor ir rápido porque imagina um garoto perdido no meio da rodovia. 

—Na verdade é rodoviária Chimoltrufia!

—Tá tanto faz, vamos... eu vou com você, do jeito que você é abestalhado, vai que se perde lá.

—Mas e o Botijão? 

—O Botijão tá dormindo e sabe que nessas horas ele dificilmente acorda e você sabe que ele não gosta nenhum pouco de ser acordado.

—Tá bom, então vamos lá.

Rapidamente saímos do elevador e fomos em direção à portaria, onde Nachita me olhava.

—Chaveco, vai levar a Chimoltrufia para seus negócios hoje ou só está a acompanhando? - perguntou ela sorrindo.

—Nem lá nem cá Nachita, tenho que pegar uma pessoa na rodoviária.

—Ah sim, cuidado para não se perder viu Chavequinho?

—Exatamente por isso que vou com ele, para ele não se perder viu? Até depois Nachita. - disse Chimoltrufia me empurrando pra fora da recepção.

—Ah, Chaveco, que bom que te encontrei, preciso que me dê algumas informações sobre a conduta do ex-porteiro que está preso. - disse o Sargento Refúgio, aparecendo do nada.

—Eu... não sei Sargento, desde que o antigo porteiro foi preso que eu não recebi mais nenhuma notícia dele. Nem eu nem qualquer outro morador. - respondi.

—Que estranho, o ex-porteiro foi pego ao mesmo tempo que apareceram várias queixas contra ele lá na delegacia, logo assim que o prendemos.

—Imagina Sargento, eu não conhecia nada desse porteiro, tanto que quando comecei a morar lá no prédio eu nem falava direito com ele. - respondi um pouco nervoso por estar sendo interrogado pelo Sargento, estaria ele desconfiado de algo?

—Chaveco, não temos que ir pra rodovia? - perguntou Chimoltrufia, novamente.

—É rodoviária... E sim, nós temos. Até mais Sargento. - falei me afastando levando Chimoltrufia comigo, o Sargento Refúgio nos olhou por uns instantes, mas nos deixou pegar o ônibus. Sentei-me na janela e a Chimoltrufia no banco do corredor, não estava muito cheio, então se o trânsito estivesse bom, chegaríamos a tempo na rodoviária.

Em certo momento o ônibus parou, mas eu pensei que fosse pra embarcar ou desembarcar alguém, ou por sinal, mas logo vi que ele não estava tremendo nem fazendo qualquer ruído.

—Ei motorista, o que houve? - perguntou um passageiro.

—Acho que o ônibus quebrou, vou dar uma olhada no motor. - disse o motorista, encostei a cabeça na janela, não podia me atrasar e se o ônibus quebrasse, me atrasaria muito pra buscar o garoto. 

—Sim, o motor do ônibus pifou, sinto muito pessoal! - informou o motorista e todos os passageiros tiveram que descer.

—Ah, meu sacrossanto sapato! - berrou Chimoltrufia ao sair do ônibus.

—O que foi? - perguntei.

—O motorista tinha que parar justamente ao lado de uma poça d'água? Agora eu me molhei toda ao pisar nessa poça.

—Calma Chimoltrufia, nem dá pra ver, o problema maior agora é saber como vamos chegar na rodoviária! 

—Muito simples, está a dois quarteirões daqui, vamos andando! - disse ela me puxando.

 Depois de alguns minutos, entramos na rodoviária e começamos a procurar o garoto.

—Aonde tá o tal afilhado? - perguntou Chimoltrufia.

—Não sei, a Marcelina não me disse o lugar que o ônibus ia parar. - respondi.

—Mas como é o garoto? Talvez se vermos a foto dele podemos procurá-lo e achar por aqui. - sugeriu e foi aí que eu me toquei.

—Ai caramba, eu esqueci de pedir pra Marcelina uma foto do garoto para que eu pudesse o reconhecer quando chegasse aqui. - confessei com a mão na testa.

—Ai Chaveco, como você é burro, agora teremos que procurar na rodoviária inteira um garoto que não conhecemos sem ao menos saber se ele chegou! - bufou ela.

—E agora? Onde tá esse menino? - falei pra mim mesmo desesperado enquanto olhava em volta.

Procuramos então pela área de desembarque, pela lanchonete, no banheiro, mas não o achamos. Sentei num banco que tinha lá bem desesperado, se Mário e Marcelina descobrissem que eu não encontrei o garoto, iriam arrancar o meu pescoço na certa. Eu havia assinado minha sentença de morte ao esquecer de perguntar pra Marcelina como era esse garoto.

—Ai Chaveco, pára de se lamentar, aqui tem telefone público e eu tenho uma moeda aqui no bolso, é só ligar para a  Marcelina e perguntar como é o garoto! - disse Chimoltrufia depois de um tempo.

—Boa ideia Chimoltrufia, vamos, me dê a moeda que eu vou ligar! - pedi e ela me entregou a moeda, quando levantei para ir ao telefone, ouvi uma voz jovem atrás de mim.

—Chaveco, tô aqui! - disse a voz jovem e eu me virei, logo encontrei um garoto a uns metros atrás com uma bagagem nas mãos.

—Como sabe quem sou eu? - perguntei curioso.

—Porque minha madrinha mostrou uma foto sua no meu Whatsapp. - disse ele me mostrando o celular.

—Wat o quê? - franzi o cenho.

—Whatsapp, não conhece esse aplicativo? 

—Não, nem celular sequer eu tenho. - respondi.

—Pede pro meu padrinho te comprar um, aí eu te ensino a mexer, você vai viciar como eu viciei! - riu ele.

—Ah, eu posso conseguir facilmente rou... - eu ia quase dizendo "roubar" mas não queria causar má impressão na frente dele - Quer dizer, pedi para alguém me emprestar e mostrar como funciona.

—Ok, minha madrinha tinha dito que você era solteiro, mas pelo visto ela estava enganada, pois você veio com a sua namorada. - disse o garoto e eu gargalhei.

—Deus me livre, garoto! - ri alto e logo vi Chimoltrufia me olhar de um jeito ameaçador cerrando os punhos - Bom, quer dizer, você é casada e eu não sou homem que fica com mulher casada. 

—Hm, assim está bem! - disse Chimoltrufia.

—Mas nossa garoto, eu e a Chimoltrufia estávamos aqui desesperados por não saber como você era e ainda por cima por você ter demorado tanto...

—Pera aí, Chimol... o quê?. - disse o Jackson curioso.

—Chimoltrufia, é assim que chamamos ela. - digo e ele começa a rir.

—Olha senhora, vai deixar ele te xingar dessa forma?. - diz o Jackson ainda rindo.

—Mas não é xingamento, esse é o meu apelido de carinho. - disse a Chimoltrufia um pouco constrangida.

—Bota carinho nisso hein? . - disse Jackson de forma irônica e ela não entende.

—Bom, o que eu tava dizendo é que faz uma hora que eu devia ter te encontrado aqui! 

—Ainda bem que você se perdeu e se atrasou, porque meu ônibus teve um pneu furado durante a viagem, ou seja, se você tivesse vindo no momento certo iria ficar esperando muito mais tempo! - riu ele.

—Ah sim, menos mal. Vamos logo que a sua madrinha deve estar louca pra te ver. - sorri ajudando ele com a bagagem. 

Quando eu estava indo pro ponto de ônibus, Chimoltrufia me puxou para o estacionamento de táxis.

—As malas do garoto não vão caber no ônibus. - disse ela.

—Mas Chimoltrufia, eu não tenho dinheiro suficiente pra pagar o táxi. - reclamei.

—Eu tenho aqui o resto, podem deixar comigo!. - disse Jackson, então entramos e fomos rumo ao prédio, ao chegarmos já me deparo com o último imprevisto.

—Olá Chaveco, pelo visto a missão de pegar o afilhado saiu bem!. - Disse a Nachita se aproximando de mim. Aí meu deus, quando essa senhora vai largar do meu pé.

—Sim sim, agora com licença que temos que ir pro apartamento logo. - digo desviando rapidamente dela e vejo a Chimoltrufia e o Jackson se segurando pra não rirem.

—Eu hein, que senhora mais atirada hein?. - diz o Jackson rindo e eu tenho que concordar.

—Fazer o quê, quando é assim, quer dizer que o homem é bem requisito pelas mulheres. - digo me achando um pouco.

—No seu caso Chaveco, só as velhas feias hein?. - diz a Chimoltrufia rindo.

—Não é verdade, pois saiba que a dona da farmácia aí da esquina... - tento explicar, mas a Chimoltrufia não me deixa terminar.

—Ta tá, não quero saber histórias de garanhão, bom já pegamos o garoto na rodovia, então nos vemos depois Chaveco e seja bem-vindo Jackson. - diz a Chimoltrufia se retirando.

—Obrigado Chimoltrufia, foi um prazer! - riu Jackson acenando.

Logo o elevador chegou e saímos dele entrando no apartamento. Para minha surpresa, Marcelina estava na sala, assistindo televisão.

—Demoraram hein Chaveco? - disse ela, estranhando.

—Ah sim Marcelina, é que tivemos uns contratempos. - respondi carregando as bagagens do garoto.

—É madrinha, o meu ônibus teve um pneu furado e também parece que o ônibus dele quebrou também. - disse Jackson, abraçando Marcelina.

—Pois é, quebrou o motor e tivemos que andar a pé, sorte que quebrou perto da rodoviária. Ainda a Nachita me barrando na hora que eu fui buscá-lo. 

—Puxa, que sorte que não foi só você quem teve contratempos Chaveco, porque imagina ele sozinho na rodoviária te esperando? - disse ela.

—Pois é. E aí, como foi lá na entrevista? - perguntei tentando esquecer o assunto.

—Ah, foi ótimo, parece que gostaram de mim e disseram que eu tenho chances de ser contratada. - sorriu ela.

—Que bom madrinha, tenho certeza que vai ser contratada sim. - sorriu Jackson.

—Então vamos pra cozinha querido, deve estar com fome. Chaveco, coloca as malas dele no quarto enquanto eu faço algo pra ele comer.

—Pode deixar Marcelina. - assenti levando as malas pro quarto.

Umas meia-hora depois, eles voltam.

—E aí Jackson, espero que goste de viver aqui. - digo eu.

—Assim espero. - diz ele animado.

—Olha Chaveco, porquê você não leva ele pra conhecer um pouco o bairro. - sugere Marcelina, eu assenti e logo saímos.

—Espero que a porteira não esteja lá pra te barrar denovo. - diz Jackson me lembrando e nós damos uma olhada antes de passar por ela e vimos que ela não está.

—Ufa, ainda bem que ele não está aqui. - digo aliviado.

—Mas é melhor sairmos logo antes que ela volte. - disse o Jackson e nós saímos apressadamente.

—E aí garoto, tem alguma namorada?. - digo eu tentando puxar asssunto com o que eu sei de melhor.

—Não, ainda n... - estava dizendo até que parou.

—O quê foi?. - digo eu estranhando e vendo onde o olhar dele, já percebo porque ele parou, vejo que tem uma garota da mesma idade dele sentada num banco da quadra que fica ao lado do prédio. - Pelo visto vc não tem namorada, mas logo terá uma!. - digo eu um pouco malicioso.

—Que isso Chaveco? Não conheço essa garota não faz nem dois minutos. - disse Jackson me repreendendo.

—Mas olhou pra ela né?. - digo eu tentando encoraja-lo a ir até ela.

—Sim, não dá pra negar que ela é bonita. - diz ele suspirando. Sabia que ele não me negava. - mas de qualquer jeito, nem sei se ela mora por aqui.

—Não se preocupe, ela mora também no prédio, mas vai lá tentar conversar com ela. - digo ele.

—Eu não, ela está com uns amigos dela e eu não posso chegar assim, vou te confessar uma coisa, eu sou meio tímido nesses assuntos sobre garota. - diz ele falando a última parte no meu ouvido.

—Tá bom, quer tomar um sorvete. - pergunto a ele.

—Sim, está um pouco de calor. - diz ele e eu dou dinheiro e ele vai na sorveteria do lado, então eu aproveito que os amigos da garota estão distraídos descansando e sem perceber, eu pego a bola de futebol dele e jogo bem longe, pois desse jeito, fará com que eles vão atrás da bola e o Jackson posso tentar se aproximar da garota e o plano começa a dar certo pois os garotos percebem que a bola sumiu e logo vão atrás.

—Toma aí seu sorvete e o troco, Chaveco. - diz Jackson voltando e me entregando o troco.

—Seu dia de sorte chegou garanhão, os amigos da garota saíram e ela está lá sozinha, vai lá. - digo o encorajando.

—Você tem certeza?.  - diz ele meio inseguro

—Claro, afinal ela vai gostar que você seja o primeiro a tomar iniciativa. - digo ele.

—Então tá, me espera aí. - diz ele indo em direção a garota cautelosamente com um pouco de receio, e o Botijão aparece ali derrepente.

—Oi Chaveco. - disse o Botijão um pouco nervoso.

—Oi Botijão, o que foi, você parece nervoso?. - pergunto curioso.

—Sim, jogaram essa bola e quebraram o vidro da minha janela, eu vim saber quem foi?. -diz o Botijão mostrando a mesma bola que eu havia jogado longe, aí meu deus, o Botijão não pode nem sonhar que fui eu que joguei a bola.

— E e-eu vou lá saber? . - digo tentando não gaguejar pra ele não desconfiar.

—Tem certeza que você não viu? Minha janela está a centímetros daqui. - disse ele meio desconfiado.

—Ah Botijão, acho que já sei quem pode ter sido... - falei tendo uma ideia.

—Então fala, vou atrás do sujeito agora mesmo.

—Então, à poucos minutos atrás, estava ali um grupo de amigos que jogavam bola aqui nessa quadra, mas acho que eles foram embora depois que um deles jogou a bola bem longe de tão forte que chutou, então pode ter sido um deles que jogou. 

—Pra onde esses moleques foram? - perguntou ele cerrando os punhos.

—Pra lá, naquela direção ali ó. - apontei para a direção que a turma havia ido ao correr atrás da bola.

—Obrigado Chaveco, pois agora eles vão ver. - disse ele e saiu correndo atrás dos garotos enquanto eu respirava aliviado por me livrar de uma surra, mas também me veio uma enorme curiosidade, queria muito ver o circo pegar fogo, vale lembrar que o Botijão já levou alguém pro hospital por dar em cima da Chimoltrufia, imagina agora que quebraram a janela do quarto dele.

—Jackson, vou ali e já volto ok? - falei acenando pra ele.

—Não precisa, eu vou com você. - disse ele meio triste e eu fiquei preocupado.

—O que aconteceu? Não deu certo a aproximação com a garota?

—Não, eu estava com as pernas meio bambas quando me aproximei e na hora de dizer "oi" acabei tropeçando e ela ficou rindo. Então eu desisti, melhor que passar vergonha né? 

—Tudo bem então, vamos indo rápido, o Botijão está furioso por terem quebrado a janela dele. 

E então, fomos até o Botijão e encontramos ele não muito longe dali, com a bola nas mãos.

—... o barulho do vidro da janela me acordou, e se tem uma coisa que eu detesto e me deixa com raiva é quando me acordam! - reclamou ele.

—É claro, as baleias só sabem comer e dormir! - caçoou um deles e todos riram.

—O que disse? - perguntou Botijão, furioso.

—Nada importante, pode devolver nossa bola? 

—Não, primeiro vocês pagam o conserto da janela e depois eu devolvo a bola! 

—Como é que é? - disse outro garoto.

—Isso mesmo, exijo que vocês paguem pelos danos ou vou contar para os pais de vocês e nunca mais devolvo a bola! - ameaçou.

—Então fica com ela, faz de conta que é seu filho recém-nascido!

Jackson e eu tampamos a boca pra não rir alto, mas o Botijão não levou numa boa, dando um cascudo no garoto.

—O que está acontecendo aqui?.  - disse um senhor.

—Pai, esse senhor me deu um cascudo. - disse o mesmo garoto.

—Acontece que seu filho e os amiguinhos dele quebraram os vidros da minha janela. - disse o Botijão furioso.

—Ah, se é assim, toma aqui o dinheiro pra pagar o conserto.  - disse o homem furioso entregando o dinheiro ao Botijão e ele vai embora junto com os garotos, dando uma bronca enorme, depois disso então voltamos a andar pelo resto do bairro, ainda tinha muita coisa pra mostrar à ele. 

—E aí, gostou do nosso bairro? 

—Sim, muito bonito e aparentemente calmo, apesar do barraco de agora pouco sobre a bola de futebol rsrs, mas fora isso, é diferente de lá, movimentado e barulhento. - sorriu ele.

Sorri e logo voltamos pra casa, quando cheguei na porta, vi a mesma garota de antes sentada num sofá que ficava na portaria e acenando pra ele.

—É sua chance garotão, vai lá. - falei e corri pra subir as escadas antes que ele me dissesse algo.

Jackson...

Quando ia protestar, o Chaveco subiu as escadas me deixando sozinho com a garota, justo a garota que eu não queria ver, não depois da vergonha que passei com ela, espero que ela não fique zoando de mim agora.

—Oi... - disse meio corado.

—Oi, eu sou Ramona e você? - sorriu ela me estendendo a mão.

—Me chamo Jackson, prazer.

—O que aquele homem é seu?

—Amigo dos meus padrinhos, vim passar uma temporada com eles.

—Ah, que legal... fiquei feliz de te conhecer viu?

—Como soube onde eu moro? - perguntei curioso.

—Foi simples, vim procurar saber com quem você está vivendo e quanto tempo faz e a porteira me disse, aí fiquei te esperando aqui. - sorriu ela.

—Sério? Eu achei que você não viria me procurar, afinal, você ficou rindo de mim quando eu tropecei, aí eu meio que fiquei com vergonha e achei que você não iria mais atrás de mim.

—Não, eu fui atrás de você porque já reparei que você tava morando aqui no prédio porque te vi saindo com esse senhor e eu já vi ele no prédio ocasionalmente numa festa à fantasia que teve aqui uns dias atrás.

—Ah tá, agora eu entendi. - sorri e me sentei ao seu lado.

Ficamos conversando por muito tempo, ela era bem inteligente e engraçada, eu até me perdi no tempo, esqueci da vergonha que tinha passado quando tropecei na quadra assim que fui falar com ela. E quem diria que logo no primeiro dia lá eu já faria uma amizade tão fácil, espero que continue tudo indo assim.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é só pessoal, até breve!



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