I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 39
Capítulo 39 - O Coração Nunca Mente


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Primeiramente eu queria agradecer à Pandinha, BellaZuuh e Carina Darlly pelos reviews. Também já vou avisar que semana que vem eu vou estar em semana de provas, então só vou conseguir postar de novo quinta ou sexta. Aproveitem esse capítulo então e beijinhos ♥



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No dia que você cair,

Eu estarei bem atrás de você

Para recolher os pedaços

Se você não acredita em mim,

Olhe dentro dos meus olhos

Porque o coração nunca mente 

    (The Neart Never Lies)

 

POV Evey 

Eu estava nervosa. Muito nervosa. Havia prometido à Isa que não ia contar para Thomas da viagem. Mas o que eu poderia ter feito? Eu não podia simplesmente esconder isso. Entretanto...  

—Não vai dar certo, Thomas. Sério. Ela vai me matar quando descobrir. 

—Não vai não, Evey. Relaxa. Mas você precisa me ajudar! –Ele pede, juntando as mãos. –Pelo amor de Deus. 

—O que você vai fazer? Explica de uma vez! 

—Assim. –Ele coça o queixo e olha para um ponto fixo, como se estivesse organizando os pensamentos. –Não vou impedir ela de viajar. Mas quero que ela pelo menos me escute. 

—Você vai aparecer no aeroporto? Ela vai fugir. Você sabe. Vai embarcar mais cedo e tchau-tchau. 

—Nada disso. Eu preciso que você leve um negócio meu. Só isso. 

Estreito os olhos. O que ele está tramando agora? –Só isso? 

—Bem, aí antes de ela embarcar você entrega para ela. Fala que é um presente seu, sei lá. Eu vou fazer uma carta. Só quero que ela saiba o que eu sinto. 

—Você vai mesmo fazer uma carta? –Esqueço o perigo de vida que estou correndo e dou uma risadinha. 

—Vou. Não me olhe assim. É romântico, não é? Aí eu te entrego o pacote e você entrega para ela. Simples assim. 

—Não vai querer se despedir dela? 

—Claro que quero! Mas você mesma disse que não dá. Isa tem me evitado há semanas e isso está me enlouquecendo. 

Não gosto, mas confesso que tenho pena de Thomas. Sei que eu deveria ter pena de Isa (e eu tenho!), mas qual é? TODO mundo sabe que Thomas é realmente apaixonado por ela. Isa também gosta (ou gostava) muito dele e tudo mais, mas ele está fazendo o maior esforço para ter ela de volta. Respiro fundo. 

—Ela vai ficar tão brava quando eu ajudei você. Tipo, você não tem noção.

Ele me olha com expectativa e eu suspiro. -Tudo bem. Vou fazer isso para você. 

Ele pula da cadeira e comemora. –Obrigado. Você é a melhor de todas, Evey. Sério. 

—Eu sei. Mas só vou fazer isso porque... Porque não sei, estava tão na cara que vocês foram feitos um para o outro. 

—Eu to ligado! –Ele diz. –Você vai ver, Evey. Eu sou o cara certo para Isa. 

  

—Gente, como vocês foram em biologia? –Nath pergunta para mim e Isa. Estamos no shopping agora. Isa não quis falar para Nath da viagem, e agora que só faltam dois dias para isso acontecer, ela quis sair com a loirinha uma última vez, afinal vamos ficar um bom tempo sem ver Isa. 

—Nove e meio. –Isa diz, rejeitando uma lambida no meu sorvete de cereja. Algo sério a destacar aqui: eu acho que Isa está emagrecendo. Eu sei que tem alguma coisa errada com ela. Entre o período em que Luke terminou com ela e que Thomas começou a dar sinais que estava interessado, ela já havia perdido um bom peso. Isa sempre foi magra, mas depois que resolveu começar a posar como modelo as coisas meio que saíram do controle. Pedi várias vezes para ela ir a algum nutricionista ou algo do tipo, mas ela ficava brava e dizia que estava tudo bem com ela. Parei de encher o saco quando ela engatou o namoro com Thomas pois as coisas meio que estabilizaram (eu via que ela comia pouco, mas ela pelo menos comia!). Sei que Thomas fazia ela comer, e agora isso meio que não está acontecendo mais.  

—Eu tirei sete. –Eu falo, lançando um olhar desconfiado à Isa. Nath mordisca a casquinha de chocolate. 

—O que vocês querem fazer agora? –Isa pergunta. 

—Eu preciso de um sapato. De salto alto. –Nath diz.  

—Algum evento especial? –Eu pergunto. 

—Bem, eu queria manter segredo, mas estou tão empolgada que preciso contar para alguém! –Nath diz, dando saltinhos de animação. –Marcos e a família vão para Curitiba nas férias e eu fui convidada! E não é só uma viagem de férias tipo  isso. Vão ter vários jantares de negócios e essas coisas importantes, e Marcos vai me apresentar como namorada dele de verdade! 

Levanto uma sobrancelha, confusa. –Mas Marcos já não fazia isso?

Ela abaixa a cabeça, triste. –Bem, não. Já faz uns cinco anos que nós namoramos, mas eu nem conheço a família dele direito. Marcos vai fazer dezoito anos daqui a pouco, então acho que ele vai começar a fazer essas coisas de casal. 

—Que legal! –Isa diz, com um sorriso. –Vai ser demais! Vamos te ajudar a comprar um sapato. E roupas! Roupas sociais lindíssimas. 

Começo a ficar animada com elas. Mesmo parecendo estranho que Marcos não tenha feito essas coisas ainda, nunca é tarde, não é? Um garoto conhecido passa por mim e eu levanto a cabeça, tentando reconhecê-lo. De fato, é um garoto com o cabelo raspado e alguns piercings que era amigo de Luke. Max, acho. Ele pisca discretamente para Isa, que dá um sorriso pequeno. Sei que esse garoto levou Isa para casa quando ela descobriu da aposta e tudo mais. Ele é bem másculo, sexy. Isa sempre se mete com garotos que não tem nada a ver com ela. Incrível. 

Então, quando estávamos indo para uma loja de sapatos maravilhosa, algo acontece. Isa aperta a barriga e coloca uma das mãos na cabeça. Então, ela desaba. 

  

Fecho os olhos com força e me encolho na cadeira da sala de espera do hospital. Eu sabia que tinha alguma coisa errada. Claro que tinha alguma coisa errada. Nath, ao meu lado, segura minha mão e murmura algumas palavras para si. Consigo ouvir, ao fundo, a voz de Max falando no telefone. 

—Ela desmaiou. Não sei! Eu as trouxe para o hospital. Estamos esperando. –Uma pausa. –Tentamos ligar para os pais e nenhum deles atendeu. Os dois irmãos mais novos já estão sabendo, mas não podem vir aqui. Ainda não sei, porra! Pare de gritar! Acho que ela está bem. Luke, fique calmo, você está me deixando mais nervoso. Eu te ligo se souber de mais alguma coisa. O médico chegou. Cale a boca!  

Ele desliga o celular e eu abro os olhos. Um homem na casa dos cinquenta anos, vestindo um jaleco branco e com uma prancheta nas mãos para na nossa frente. 

—Vocês trouxeram Isadora Ferrarz?  

—Sim! –Eu falo, e a voz quase não sai. –Como ela está? Podemos vê-la?  

O homem arruma os óculos no nariz. –Ela está bem. Desmaiou de fome. Várias horas sem comer dá nisso. Vocês podem entrar, ela vai acordar daqui a pouco. 

Eu me levanto rapidamente e começo a andar em direção ao quarto, mas um vulto passa por mim e para na minha frente. Thomas, suado e com o cabelo bagunçado, se apoia nos joelhos, ofegante. 

—Como ela está? Ela está bem? –Ele pergunta rapidamente. 

—Está. Ela vai ficar, pelo menos. –O médico diz. –Se comer.  

—Se comer? Ela desmaiou de fome? Ah, meu Deus. –Ele respira fundo várias vezes. –Eu quero vê-la. –Ele diz.  

Não sei quem foi que chamou Thomas. Não fui eu, então deve ter sido Nath. Não sei se foi uma ideia boa ou ruim. Mas mesmo assim, deixamos ele passe na nossa frente e voltamos a nos sentar nas cadeiras em silêncio. 

 

POV Thomas  

Passo o dedo pelo rosto de Isa, sentindo um leve calor se espalhar pelo meu corpo. Fiquei alguns dias sem tocá-la, sem tê-la de perto, e agora tudo parece mil vezes melhor. Tirando fato de ela estar desmaiada na minha frente. De fato, isso não é nada bom. Max me ligou assim que chegou ao hospital. Não sei como ele conseguiu meu número, mas foram poucas palavras: Isa desmaiou. Venha para o hospital. E eu vim. Devo ter levado uma multa no caminho, mas não importa. Enquanto Isa namorava comigo, eu achava que estava fazendo um bom trabalho em convencê-la a comer, mas não sei quem está responsável por isso agora que terminamos. Aparentemente, ninguém.  

Aproximo a cadeira da cama em que ela está deitada e pressiono meus lábios nas costas da mão de Isa. Meu celular começa a tocar e eu vejo o visor, transtornado. Ótimo. Era o que me faltava. 

—O que você quer?  

—Sério, o que está acontecendo? Max não me atende. É bom alguém me falar se Dora está bem. 

—Ela desmaiou de fome. –Falo pausadamente. E acrescento, a contragosto: -É bom você se certificar de que ela vai comer direito enquanto estiver nos EUA. 

—O que? De fome? Tem certeza?  

—Tenho, porra. Agora me deixa em paz. 

—Você está com e... 

Desligo o celular no meio da frase e aperto a mão de Isa. Ela parece mais branca que o normal, o cabelo castanho constatando com o tom da pele. Está vestindo uma camisola do hospital, mas uma coberta branca a cobre até o busto. Então ela acorda. Abre os olhos e eu resisto ao impulso de me jogar em cima dela e enchê-la de beijos. É algo que eu faria algumas semanas atrás. Agora não posso mais. Ao invés disso, continuo segurando sua mão. 

—O que aconteceu? –Ela pergunta baixinho. 

—Você desmaiou. Mas esta bem agora. –Eu sorrio para ela que olha confusa para mim. Tenta soltar a mão, mas eu não deixo. –Você precisa se cuidar Isa. Comer. Sabe? Comer.  

Ela desvia o olhar. –Eu estou comendo. 

—Não minta. Você desmaiou no shopping porque não comeu. As meninas ficaram desesperadas.

Ela franze os lábios e finalmente puxa a mão com violência. –Você me trouxe aqui?

—Hum... Não. Max trouxe. Ele me ligou. Como você está?

—Bem. Estou bem. –Ela diz com irritação. Joga o cobertor para o lado e encara o fio que liga seu braço em um equipamento ao lado da cama. –Eu quero ir embora.

Seguro a mão dela, impedindo-a de tirar a agulha do braço. –O que você está fazendo? Não pode sair.

—Eu não posso ficar aqui.

Levanto-me e tento acomodá-la na cama do melhor jeito possível. –Se sair agora vai desmaiar de novo. Vai poder sair depois de comer e repousar um pouco.

Ela morde o lábio inferior e evita me olhar nos olhos. -Onde estão Evey e Nath?

—Esperando na sala de espera.  Quer que eu as chame?

—Não. Quero ficar sozinha.

Ignoro o pedido e me jogo na cadeira ao lado da cama. –Não dá.

—Vou repetir de outro jeito: quero que vá embora.

—Vou repetir do mesmo jeito: não dá.

Ela estreita os olhos para mim e eu sustento o olhar com um sorriso. Então ela desvia o rosto e acho que fica um pouco vermelha.

—Não quero ficar sozinha com você. Chame os outros então.

—Tudo bem, senhora.

Levanto-me e abro a porta do quarto. Deparo-me com Evey e Nath agachadas e coladas na porta, e Max de costas para as duas, como se não quisesse ser relacionado com as lunáticas.

—Que porra é essa? –Pergunto.

—Finalmente abriu. Achei que ia nos deixar esperando até amanhã. –Evey fala entrando no quarto. Nath mostra a língua para mim e entra atrás da ruiva. Max entra depois com a cabeça baixa, envergonhado.

—Estava esperando ela acordar. –Eu falo e fecho a porta.

—Como você está? –Nath pergunta para Isa, que começou a rir.

—Isadora, sua maluca! Sério, não acredito que você fez isso! Quase me matou do coração. –Exclama Evey, que pula em cima da amiga.

—Eu estou bem, gente. Sério. Só um pouco fraca.

—Um pouco fraca? Evey já me contou tudo. Achou que podia esconder as coisas da gente? Minha irmã também é modelo. Anorexia mata. –Nath diz pegando na mão de Isa.

—Não estou com anorexia.

—Fala sério! Jura? Então você vai ter que comer agora. Eu vou te obrigar a comer. –Evey diz e Nath concorda.

—É, tipo, você pode ter uma anemia e começar a perder cabelo se parar de comer. –Nath acrescenta.

—Parem com o drama. –Isa diz revirando os olhos.

—Não é drama! –Nath diz. Suspiro e olho ao redor do quarto, identificando o banheiro. Ando até lá e fecho a porta. Enquanto faço meu xixi de todo dia, penso se isso é tão sério assim. Tipo, eu não quero que Isa morra. Acho que é a primeira vez que ela desmaia, mas e se acontecer mais vezes?

—Você não pode viajar se não comer direito. –Evey diz e ocorre um momento de silêncio.

—Viajar para onde? –Nath pergunta.

—Eu... Vou para os Estados Unidos. Mas eu falo sobre isso depois. –E acrescenta mais baixo: -Thomas não sabe.

Consigo escutar de dentro do banheiro e fecho os olhos. Eu já sei da viagem. E não posso fazer nada a respeito.


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