I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 38
Capítulo 38 - Desculpa não é Bom o Bastante




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Eu não consigo parar, eu não consigo parar de amar você

Você é uma sonhadora e sonhar é o que você faz

Eu não começarei a acreditar que esse é o fim

Deve ter outro jeito

Porque eu não poderia aguentar o pensamento de você indo embora

    (Sorry's Not Good Enough)

 

POV Thomas 

Sento-me no sofá de casa ao lado de minha mãe, nós dois vestindo pijamas confortáveis. Já faz alguns dias que ela chegou, mas não tivemos muito tempo para conversar. Agora que as provas acabaram oficialmente, posso finalmente fazer isso. 

—Conte-me então o por que dessa sua carinha triste. –Ela diz afagando meus cabelos. 

—É por causa de Isa. 

Os olhos dela brilham quando eu falo o nome da garota. Minha mãe gosta tanto dela quanto eu. E isso é triste. 

—O que tem ela?  

—Nós terminamos.  

Ela franze a testa e olha em choque para mim. –Terminaram? Por que?  

—Ela terminou comigo na verdade. Porque eu sou um idiota. 

—Oh, não! Eu sinto muito. –Ela me abraça e eu suspiro. –Como você está?  

—Péssimo. Principalmente porque eu sei que a culpa foi minha. Fiz uma coisa que eu não devia ter feito e... Estraguei tudo.  

Cubro os olhos com as mãos. 

—Eu gosto muito dela, mãe. –Eu confesso.  

—Eu sei, querido. Posso ver nos seus olhos. –Ela sorri. –Se ela gostar de você tanto quanto você gosta dela, tudo vai se encaixar.

É irônico que minha mãe diga isso. Não sei o que ela sentia por meu pai e o que ele mesmo sentia por ela, mas eles não terminaram juntos. Ele está com uma outra mulher e ela ficou sozinha. O que ela sabe sobre finais felizes? 

 

Giro o lápis na mão e olho para baixo, para a prova. Os professores já começaram a entregar os resultados das provas e essa é a semana do terror. Oito e meio em física. Está bom para mim. Razoável. 

—Acho que tem algum erro no sistema. –Alex diz atrás de mim, mexendo no celular discretamente. –Tá falando que eu tirei dois em artes. 

Seguro uma risada. –Acho que o erro está em você. 

—Ah, foda-se. Quem precisa de nota em artes? Olha essa belezinha. –Ele joga a prova de física corrigida na minha mesa. Seis. Bom.  

—Parabéns. –Eu falo, me virando para entregar a prova de volta para ele. 

—Valeu. Sério, eu já passei em física. Deitei. 

Trocamos um toquinho. Alex não pode pegar mais que três recuperações agora, então cada nota alta (ou na média) é uma conquista e tanto. E eu estou feliz por ele. Me viro para frente de novo, onde o professor ainda faz a entediante correção de prova. Nessa hora, vejo Isa passando no corredor pelo vidrinho da porta. Ela anda de modo tão confiante que me machuca. E é tão linda. Ela está segurando um pedaço de papel e me pergunto se ela se meteu em alguma encrenca na diretoria. Provavelmente não. Não é esse tipo de garota. Ela é o tipo de garota que não serve para mim. E mesmo assim, é a única que eu quero. 

O sinal toca, indicando o curto intervalo entre as aulas. Enfio a prova de física na mochila e alguém se senta na minha carteira. 

—O que você quer? –Pergunto para Vanessa. Olho para ela do modo mais frio possível, evitando olhar para as pernas da garota. 

—Você e Isadora terminaram, não é? –Ela estoura uma bola de chiclete rosa na boca e enrola uma mecha de cabelo. Tão superficial. 

—Te interessa?  

—Você sabe que sim. Agora que estamos livres por que não marcamos de sair algum dia desses?  

—Por que você não sai da minha mesa? Essa é uma visão que eu quero evitar. 

Ela faz um bico e sai de cima da carteira, mas continua ao meu lado. –Que tal um jantar?  

—Não quero sair com você. –Faço uma careta para ela.  

—Tem certeza? A gente podia se divertir que nem quando a gente namorava... Aposto que Isadora não era como eu. 

Estreito os olhos. –Ela é bem melhor, de fato.  

Ela abre a boca para falar alguma coisa, mas Evey aparece perto de nós e diz: 

—Nossa, achei que tinha que estar vestido para entrar na escola. 

Vanessa olha para o vestido curtíssimo que está usando e dá de ombros, como se não ligasse. –Eu estou vestida.

Evey segura uma risada e mostra o dedo do meio para ela. –Sai daqui, piranha.

Vanessa estreita os olhos para ela, e eu sei que se fosse qualquer outra garota ela sairia no tapa. Mas ninguém tem tantos neurônios faltando (nem mesmo Vanessa) para entrar em uma briga com Evey. A ruiva não é a mais forte de todas as garotas, mas é uma que já fez mais de cinco tipos de luta diferentes. E cara, nem eu gostaria de deixar Evey irritada. Então Vanessa abaixa o rabinho e vai embora.

Alex cai na gargalhada. –Você é demais. –Ele beija a testa de Evey, que franze os lábios. Eu acho que o relacionamento dos dois já está voltando ao normal, o que é bom. Principalmente porque eu não preciso mais ficar escutando as lamúrias de Alex sobre como ele estava perdendo a namorada por minha causa. Caralho, eu perdi mesmo a namorada! Do que ele está reclamando? 

—Eu preciso falar com Thomas. –Ela diz. Eu e Alex a olhamos com cara de interrogação. –Alex, por que você não vai comprar bala pra mim?  -Ela diz e o garoto sai da sala cabisbaixo.

—Fala. –Eu digo assim que ele sai. Coloco os pés na mesa e as mãos atrás da cabeça. Não sei se posso dizer que estou recuperado do término do namoro. Passei da fase de semi-depressão e aceitação. Agora eu só quero reconquistá-la. Simples assim.

—Isa me prometeu que eu não iria falar pra você. Tipo, me fez jurar mesmo. –Ela morde o lábio inferior, mostrando que está nervosa. –Mas eu não posso não contar isso pra você. Você foi o mais idiota dos caras, mas sei que gosta mesmo dela. E se eu não te falar, você não vai poder fazer nada e vai acabar perdendo ela de vez.

Olho para ela alarmado. –O que é agora?  Os pais dela marcaram o casamento de vez com algum mauricinho filho de papai? 

—Não. Mas... Isa vai embora.

Franzo a testa e demoro para entender. -Embora? Da onde? 

—Não embora definitivamente. Mas ela vai viajar para os Estados Unidos durante toda as férias. Vai ficar na casa de Luke.

—Ela vai ficar com Luke por dois meses? Você está brincando.

—Não estou. –Ela diz irritada. –Ela vai semana que vem.

—E as aulas? 

—Já liberaram dela. Isa gabaritou quase todas as provas. Ela não vai repetir. Nem por falta. Ela vai voltar pra cursar o terceiro ano, mas isso vai ser daqui a quase três meses. Você acha que ela ainda vai estar na sua depois de três meses? 

—Eu espero que sim. O que você quer que eu faça?  Ela não me escuta!

—Sei lá! Mande uma mensagem, uma carta, faça uma música! Se você quer ela de volta, tem uma semana para conseguir.

 *****

POV Isa

—Vai ser demais, Isa. Vou te levar para todos os lugares legais. Ei, você vai passar o natal aqui também? 

—Vou, Luke. Vou ficar até fevereiro.

—Cacete! Legal!

Dou uma risada. Ele parece animado.

—Quando é seu voo? 

—Segunda. Chego às três da tarde. Você vai me buscar? 

—Hum... Vou estar em aula. Mas vou mandar meu chofer... Ai! Meu... Amigo te buscar.

—Alô?  Quem está aí? 

—Meu colega de quarto tá aqui do lado. Ele vai te buscar. O nome dele é Felipe. Ele é mais alto que eu, você vai saber que é ele assim que o vir.

—Desculpe, não vou não.

—Vai sim. Relaxa. Mas a gente se vê quando você chegar aqui. Vai querer um quarto só pra você, imagino.

—Seria bom.

—Tem um quarto de casal e um quarto de solteiro. Eu durmo no de casal e Felipe no de solteiro, mas acho que eu e ele vamos ter que dormir juntos. –Ele ri. –Não que a gente não faça isso de vez em quando... Para de me bater, porra!

—Beleza.

—Mas por que você decidiu me visitar assim de repente?

—Eu... Falo depois.

—Tudo bem. –Ele faz uma pausa e acrescenta: -Se tem a ver com Thomas, considere-o um homem morto.

—Vou desligar, Luke. Eu te mando uma mensagem.

—Ah, ok. Beijo.

Guardo o celular na bolsa e bufo. Não estou ansiosa para conversar com Luke sobre isso. Nem um pouco. Esparramo-me na cama de Evey enquanto espero ela sair do banheiro.

—E aí? Falou com ele? –Ela pergunta e se senta na cama ao meu lado.

—Falei. Ele está animado.

—Sério que você vai me deixar sozinha nas férias?

—Você tem Alex.

—E daí? Alex não é você.

—Não quero passar as férias inteiras aqui perto de Thomas.

Ela morde o lábio e prende uma mecha de cabelo atrás da orelha. –Thomas não é tão ruim. Você não quer nem mesmo escutar o que ele tem a dizer?

Encaro Evey chocada. –Você mudou de lado?

—Não mudei de lado coisa nenhuma! Mas... Ele está tão triste...

—Estava triste. Eu vi Vanessa dando em cima dele quando estava voltando da sala do diretor.

—Eu também vi isso. Ela é nojenta. Mas ele não quer nada com ela. Acho que só quer alguma coisa com você.

—O que ele quer não importa. –Dou um peteleco em uma das almofadas da cama de Evey e ela afaga meus cabelos.

—Tudo bem se você não quiser dar uma chance para ele. Tudo bem até se você não quiser perdoá-lo. Mas Thomas não merece esse tratamento. Você é melhor que isso, Isa. Você tratou Luke assim quando foi a fez dele de fazer cagada?

—Não, mas eu ainda estava gostando de Luke. Mesmo com a cagada.

—E você não gosta mais de Thomas? –Ela pega algumas mechas do meu cabelo e começa a fazer uma trança.

—Não é que eu não goste mais de Thomas. Tipo, eu não parei de gostar dele de uma hora para outra. Mas ele quebrou toda a confiança que existia entre nós.

—Faz meses que a aposta aconteceu.

—Ele continuou levando a aposta adiante.

—Então não tem nenhuma chance de você voltar com ele?

—Eu não sei. Preciso me afastar um pouco para descobrir. Por isso vou fazer essa viajem. Um pouco mais de dois meses fora do país vai me mostrar se eu ainda sou apaixonada por Thomas ou... Se eu consigo esquecê-lo de vez.

—Eu me sinto culpada. Fui eu que fiz você se aproximar de Thomas. –Ela revela e prende a traça com um elástico de cabelo.

—Não foi você que jogou a merda no ventilador. Você só achou que seria super maneiro se eu saísse com o garoto mais bonito da escola. Thomas, por outro lado, achou que seria super maneiro apostar a minha virgindade.

—Também não é assim. Você sabe que ele está arrependido. Talvez nada do que ele fale mude o que aconteceu, mas você foi a única garota para quem ele entregou o coração.

—Como que eu poderia saber? Ele poderia estar mentindo todo esse tempo para ganhar a aposta.

—Fala sério! Nem Thomas é tão cruel assim. Você sabe que é verdade. Não acha que está tomando uma atitude muito precipitada em viajar assim, por tanto tempo?

Dou de ombros. –Parece legal. É uma maneira de eu me divertir um pouco e tentar esquecer Thomas.

—Com esquecer você quer dizer que vai ficar com outros garotos americanos? –Ela pisca para mim. Onde está a garota que estava torcendo por Thomas cinco segundos atrás?

—Sei lá. Provavelmente não. Quero distância de qualquer pessoa que tenha um membro entre as pernas.

Evey dá uma risada.

—Você vai se despedir de mim no aeroporto? –Eu pergunto.

—Claro! Vou estar lá segurando minhas lágrimas. Aliás, você não vai contar para Nath que vai viajar? Ela vai ficar uma fera quando souber.

—Quando ela descobrir, já vou estar a alguns muitos quilômetros daqui. Eu queria contar a ela, mas tem muito mais chance de Thomas ficar sabendo assim. E tipo, a última coisa que eu quero é que Thomas apareça para se despedir de mim.

Evey arregala os olhos e desvia o olhar. Suspeito. Muito suspeito.

 


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Notas finais do capítulo

HAHA Oi pessoal! Sei que vocês estavam torcendo para não ser verdade, mas é, Isa vai ver Luke de novo... Eu disse que ele ia aparecer de novo na história. Espero que tenham gostado, beijinhos.



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