I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 35
Capítulo 35 - Todo Mundo Sabe


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Como vocês estão? Então, esse é um capítulo que todos sabiam que chegaria... Ele vai alternar algumas vezes entre Isa e Alex, mas está entendível. Não sei se vocês vão gostar, mas espero que pelo menos aproveitem a leitura. Beijinhos.



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Agora corações estão sendo quebrados

Mas eu acho que isso é o que eles chamam de crescer

    (Everybody Knows)

 

POV Isa 

Acordo com o barulho de uma porta se abrindo e passos soando. Abro os olhos e tento me situar. Estou no quarto de Thomas na casa de Christopher. O dia depois da noite mais importante da minha vida. Mas Thomas não está aqui. Sento-me sonolenta e olho ao redor, procurando-o. Acho apenas pedaço de papel preso na mesinha ao lado da cama. Na caligrafia de Thomas: 

“Fui para o turno do trabalho. Saio às duas da tarde. Encontre-me em frente à loja de sapatos e vamos almoçar juntos.  

PS: eu ia te acordar antes de sair, mas você fica absurdamente linda enquanto dorme. 

—Thomas”  

Sorrio para a tira de papel e fecho os olhos, relembrando os momentos da noite anterior. Thomas sempre sabia o que fazer e foi atencioso e carinhoso ao extremo. Ouço algumas batidas na porta e Marissa enfia a cabeça dentro do quarto. Ela sorri ao me ver. 

—Oi Isa. -Ela cumprimenta, simpática. 

—Bom dia, Marissa. -Eu falo de volta. 

—Thomas não está aí? -Ela diz, esticando o pescoço para ver se o encontra.

—Não. -Dou uma risada. -Ele foi trabalhar. Vou encontrá-lo para o almoço.

—Ah! Você quer tomar café da manhã? Eu e Christopher acabamos de chagar e compramos café e muffins no caminho. 

—Ah, não, obrigada. Eu posso comer alguma coisa no shopping. 

—Certo. Tudo bem. Vou deixar você sozinha então. -Ela se despede e fecha a porta do quarto. Ainda são onze horas, mas não tenho muita coisa para fazer. Eu poderia ir para casa e depois ir para o shopping me encontrar com Thomas, mas quero mesmo passear pelas lojas. Também tem uma grande livraria com um bom espaço lá, e eu poderia levar meu material e estudar enquanto espero, o que seria ótimo. Coloco um vestido preto leve e o sapato com que vim e penteio o cabelo. Abro minha bolsa e passo corretivo e uma boa camada de rímel. Saio do quarto de Thomas e encontro Christopher lendo um jornal na mesa de jantar. Ele olha para mim e sorri. 

—Bom dia, Isa. 

—Bom dia. –Eu o cumprimento. 

—Vai sair?  

—É, vou encontrar Thomas no shopping. 

—Ótimo, ótimo. Bom saber que Thomas tem uma namorada boa como você. Não quer comer alguma coisa? Não? Bom passeio, então. 

Me despeço dele e chamo o elevador. Entro em um táxi e paro em frente ao shopping minutos depois. Eu deveria seguir direto para a livraria e esperar lá, mas como fazia muitas horas que eu não comia, podia acabar desmaiando, então decido parar na praça de alimentação e comprar alguma coisinha para comer. Olho ao redor, vendo os restaurantes e cafés. Um pão de queijo e um copo de chocolate quente cairiam bem. Quando atravesso a praça em direção ao local, vejo dois rostos conhecidos em uma mesa. Alex está sentado de costas para mim, mas eu reconheceria os fios pretíssimos e arrepiados dele em qualquer lugar. Fico animada por achar alguém conhecido e vou até ele. Thomas aparece logo depois e se senta de frente para Alex. Chego perto dos dois, mas paro logo em seguida. 

 *****

POV Alex  

Me atrasei vinte minutos para o encontro marcado com Thomas. Mas ele atrasa meia hora. 

—Caralho, que demora. –Eu reclamo. –Tô a meia hora aqui esperando você. –Uma mentira, claro. Fiquei dez minutos esperando, mas ele não precisa saber desse detalhe. 

—Foi mal, cara. Não tava conseguindo sair da loja. 

—Tá, beleza. –Eu digo, me acomodando no banco da praça de alimentação. –O que você queria falar comigo?  

—Da aposta. Acabou. –Ele diz.  

—Acabou como? –Pergunto curioso. 

—Primeiro que a gente transou ontem. 

Nenhuma surpresa. Estava na cara que ia acontecer. –Demorou um tempo né? 

—Um pouco. –Ele dá de ombros. 

—E como foi?  

—Bom. Ela era virgem né, então... 

Não consigo evitar uma risada curta. Thomas, tirando a virgindade de uma garota como Isadora. Mas o peso nos ombros continua. –Parabéns, então. Você venceu a aposta. Conseguiu conquistar e levar Isa para a cama. O que você vai querer? Uma barra de chocolate?  

—Pare com isso. –Ele dá um tapa em meu braço. –Não quero nada. Só quero acabar com essa aposta. Você tinha razão. É um inferno ficar perto dela assim. –Ele passa a mão no rosto e eu espero pacientemente que ele continue a fala. Eu tinha avisado. Ele deve estar se sentindo um lixão ambulante. Pelo menos agora toda essa história chegou ao fim. 

 *****

POV Isa  

Paro de ouvir quando Thomas fala que é um inferno ficar perto de mim. Aperto o livro de química contra o corpo e corro para fora da praça de alimentação, para fora do shopping. Quero correr para fora da cidade e me esconder. De tristeza. De vergonha. O incrível é que tudo faz sentido agora. Thomas apostou com Alex que iria me levar para a cama. Como fui idiota! Thomas, o garoto que transa, fica com garotas e depois as larga por diversão. O que eu estava pensando? Que ele realmente estava apaixonado por mim? Que ele gostava de mim do jeito que eu gostava dele e que iríamos ficar juntos para sempre? Que idiotice. Quando chego na saída do shopping para esperar um táxi, não consigo mais conter as lágrimas. O que Thomas iria fazer se eu não tivesse descoberto isso tudo hoje? Iria chegar para mim e terminar comigo? Terminar depois da nossa primeiro noite juntos? Acabou. A aposta dele acabou. Ele não tem mais motivos para ficar comigo. Teria marcado um encontro comigo depois apenas para falar isso? Como Luke disse, agora ele vai em busca de desafios mais difíceis. É o que garotos como Thomas costumam fazer. Não colecionam garotas, e sim troféus. Luke... Se ele souber, vou ficar tão envergonhada. E todos os outros. Todos eles me avisaram. Matt e o resto. Me avisaram que Thomas não era garoto para mim. Que ele não queria nada sério. Que só queria me levar para a cama. Fecho os olhos tentando parar as lágrimas enquanto diversos pensamentos me atravessam com violência. Todos esses meses e um único objetivo de me levar para cama. Tirar minha virgindade. Thomas não me suporta. Ele mesmo disse que não consegue ficar perto de mim. E todas as coisas que ele me disse? As coisas que ele me disse ontem mesmo, enquanto me beijava. Mentiras? Provavelmente. Que nem Thomas. Tudo o que ele diz e faz. Mentiras.  

Cubro os olhos com as mãos e sinto meu corpo estremecer. Quero ir embora. 

—Isa? –Alguém chama e fico com medo de ser Thomas ou Alex. O que eu vou fazer quando encontrá-los de novo? Como vou olhar para a cara deles? Segunda feira a escola inteira estará sabendo que Thomas conseguiu levar uma virgem idiota para a cama?  

—Isa? Você está bem? –Levanto o olhar para a voz e reconheço Max, o garoto amigo de Luke que é garçom do lugar onde vende hambúrguer. O cabelo dele está um pouco mais comprido do que eu me lembrava, com um corte estilo militar. Assim que levanto a cabeça e ele me vê, chega perto de mim e segura meu cotovelo. –O que aconteceu? Você está bem?  

Balanço o braço para ele me soltar. Não quero que ele me toque. 

—O que foi? –Ele pergunta franzindo a testa. Ele recua um para me dar um pouco de espaço e eu limpo minhas lágrimas. Meus sentimentos variam entre tristeza e raiva. De Thomas e de mim. A iludida. –Fale comigo, por favor. Quero te ajudar. 

—Não é nada. –Falo tentando manter a voz firme. O que sai é um fio de voz ridiculamente frágil e choroso. 

—Tudo bem, não precisa contar. Não é da minha conta. Mas me deixe te ajudar. Você quer uma carona? –Ele diz, tocando os bolsos da calça jeans. 

—Quero ir pra casa. –Falo baixinho. Não sou próxima de Max. Mas ele é amigo de Luke. E nesse momento, preciso de algo conhecido em que me apoiar. Thomas foi minha base durante os últimos meses. Mas era tudo uma mentira. 

—Eu te levo. Onde você mora? Vem comigo. –Ele tenta pegar meu braço, mas eu me esquivo. Então ele levanta as mãos para cima e começa a andar olhando para trás para se certificar de que estou indo atrás dele. E eu vou. 

 *****

POV Alex 

[ Só quero acabar com essa aposta. Você tinha razão. É um inferno ficar perto dela assim.]  

—Acho que estou apaixonado, Alex. –Thomas diz depois de alguns instantes. Eu nunca tinha ouvido essas palavras vindo dele, e fico feliz que ele tenha encontrado alguém da mesma forma que eu encontrei Evey. Sorrio para meu amigo.  -Quando estou com Isa, é completamente diferente de estar com qualquer outra garota. Ela me entende. 

—Bom. Parabéns. A aposta acabou. Não vamos mais falar nisso, certo?  

—Certo. –Ele sorri, aliviado por tudo ter terminado. Nós trocamos um toquinho e nos levantamos. 

—Tenho que voltar para o trabalho. Depois vou almoçar com Isa. A gente se fala. –Ele diz, se afastando. 

Aceno para ele e vou para o lado oposto, em direção à saída. Thomas finalmente me escutou. Essa aposta não deu em nada, foi uma idiotice, mas agora está tudo bem. Ele vai poder continuar amando Isa sem sentir um peso absurdo na consciência. Espero.  

 

Quando saio, tenho a leve impressão de ter visto Isa dentro de um carro estranho com outro garoto. Mas pode ter sido só uma impressão. Deve ter sido só uma impressão. 

 *****

POV Isa 

Max me leva até em casa em silêncio. Não pergunta o motivo de eu estar chorando sem parar, apenas me faz dizer o endereço. Assim que paramos em frente à minha casa, ele suspira e aperta o volante com força.

—Obrigada pela carona. -Consigo dizer entre as lágrimas. Pare de chorar, Isadora. Vai ficar derramando lágrimas por um babaca feito Thomas? Sim, vou.  

Ele aperta mais o volante e se recusa a olhar para mim. -Eu não sei o que aconteceu para te deixar assim. Mas suponho que seja culpa do seu namorado, Thomas. Estou errado? 

Não respondo, e ele aceita isso como resposta. 

—Eu sabia. Luke me disse para ficar de olho em você sempre que pudesse, para que esse tipo de coisa não acontecesse. 

—Ele disse? -Pergunto surpresa. Luke realmente sabe das coisas. 

—Disse. Mas não é algo que eu poderia evitar. Sinto muito por ele ter partido seu coração. Mas não chore. Garotas como você não devem chorar por caras como ele. 

—Como que eu poderia não chorar? -Pergunto. -Se é ele quem eu amo? 

Ele morde o lábio e estala a língua. –Se precisar de alguma coisa, pode falar comigo. –Ele diz, e sei que está fazendo isso por Luke. Aliás...

—Não conte nada para Luke. –Eu peço. Ele levanta uma sobrancelha (a com o piercing) para mim.

—O que? 

—Não conte para ele que você me encontrou assim. Eu... Vou contar para ele depois. –Mentiras. Não pretendo contar nada. Pelo menos não agora. O que eu vou falar para ele?  Eu não amo Luke, mas ele é meu melhor amigo. E quantas vezes ele me avisou sobre Thomas e quantas vezes eu não escutei uma palavra do que ele disse? 

—Tudo bem. –Max diz, mas sei, pelo olhar que ele me lança, que tem certeza que eu não contarei nada. –Eu vou te dar o meu número. Ligue se algo acontecer. –Ele estende a mão e eu entrego meu celular para ele. Não me entenda mal: Max me ajudou agora, pode ser que possa me ajudar depois, e ajuda nesses momentos é sempre bem vinda. Saio do carro depois de me acalmar um pouco. Sequei as lágrimas e esperei meus olhos ficarem menos vermelhos. Max vai embora e eu entro em casa. Seth está sentado de costas para mim, entretido em um programa de televisão. Ele não se vira para me ver. Subo as escadas sem dizer nada, e quando chego no segundo andar, ouço-o chamar meu nome.

—Isa?  -Ele grita. Um bolo se forma em minha garganta e me esforço para manter a voz firme.

—Oi? 

—Ah, nada não. –Ele diz e fica quieto. Corro até meu quarto e me jogo na cama. E agora?  O que eu vou fazer? 

 


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