I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 36
Capítulo 36 - Ponto de Vista


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas por não ter postado ontem. Acabei chegando tarde da escola e estava muito cansada, então deixei para postar hoje. Eu também queria dizer que sete pessoas comentaram no último capítulo, o que me deixa muito feliz. E por último, queria desejar um bom carnaval para vocês (aproveitem bastante!). É isso gente. Boa leitura e beijinhos.



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Porque você chorou um oceano

Mas há milhares de linhas

Sobre o jeito como você sorri

Escritas na minha mente

   (POV - Point Of View)

 

POV Thomas 

Espero Isa por três horas. Esperei em frente à loja de sapatos e depois andei por todo o shopping várias vezes para encontrá-la, sem sucesso. Talvez ela não tenha visto o recado que deixei na mesa do quarto. Tentei ligar e mandei diversas mensagens, também sem sucesso. Quando o relógio indica cinco horas da tarde, fico preocupado e ligo para Seth para me certificar de que ela está em casa. 

—Oi? –Ele diz no primeiro toque. 

—Oi Seth. É Thomas.  

—Ah. E aí, Thomas? Beleza? 

—Sim. É... Você sabe me dizer se Isa está na sua casa? Eu tinha marcado com ela, mas ela não apareceu. 

—Ela tá aqui sim. Tá enfiada no quarto há horas.  

—Ah tá. Tudo bem. Estou indo aí então. 

—Beleza. Falou.  

Ele desliga e eu encaro o telefone. Ela não deve ter visto o bilhete. É isso. 

 

Quando chego na casa de Isa, trombo com Seth na entrada. Ele se despede para ir para o treino de futebol e abre a porta para mim. Passo por todos os corredores e escadas até parar em frente ao quarto de Isa, que está com a porta fechada. Bato três vezes e espero por uma resposta. Nada. Abro a porta e encontro Isa sentada na cama. Ela olha para mim com os olhos apertados, frios. Nenhum sorriso, saudação, abraço ou beijo. Apenas um olhar. 

—Oi. –Eu falo primeiro. Me aproximo da cama. –Tá tudo bem? 

Ela não responde e percebo que está brava. Será que ela achou que eu deixei ela sozinha hoje de manhã de propósito?  

—Acho que você não viu... Eu deixei um papel na escrivaninha do quarto pedindo pra você me encontrar no shopping as duas. Eu fui trabalhar. Mas tudo bem. –Exibo um sorriso para acalmá-la, mas ela apenas continua a me olhar friamente. 

—Vá embora. –Ela diz, sem um pingo de emoção na voz. 

—Você está brava? O que aconteceu? –Eu me aproximo mais dela, que recua imediatamente. O que é isso? –O que foi, Isa?  

—Por que você veio aqui? –Ela puxa uma caixa de lenços de baixo do travesseiro. Será que está doente?  

—Eu... Tava te esperando. Mas você não apareceu, então...

—Eu apareci, Thomas. –Ela respira fundo. 

—Você foi lá? Eu não te vi. Desculpe. Onde você estava? Eu saí uma hora da loja pra te procurar, então acho que nos desencontramos. 

—Eu tava na praça de alimentação. 

—Você almoçou? Eu ainda não comi nada. Quer comer comigo?  

—Quero que você vá embora. –Ela fala mais alto e eu me encolho um pouco. Ela está irada. 

—Isa, fale comigo, por favor. Eu fiz alguma coisa?  

—Sim, você fez. –Ela praticamente grita. –Você apostou com Alex que conseguiria transar comigo. Isso é alguma coisa pra você?  

O tempo para um segundo quando ela diz isso. Meu coração acelera e minha respiração fica mais ofegante. Ela sabe. Sabe da aposta. Como ela pode saber disso? Será que Alex contou para ela?  

—Como...  

—Eu fui mais cedo no shopping. Encontrei você e Alex conversando. –A voz dela agora sai entrecortada, como se ela estivesse prestes a chorar. –Eu sei de tudo, Thomas. 

—Você sabe de tudo? Então sabe que isso foi uma idiotice, não é? Isa, essa aposta não significou nada. 

—É. Não significou nada. Da mesma forma que eu não significo nada para você, não é? Thomas, vá embora.  

—Não. Não é isso. Eu já disse. Você é tudo pra mim. 

—Tudo o que sai da sua boca é mentira. Eu não quero mais te ver. –Ela fala e eu me ajoelho em frente à cama. 

—Não diga isso. Isa, me desculpe. –Eu imploro. –Eu te amo. Você sabe disso, não é? Isa...  

—Vá embora. –Ela fala baixinho. E começa a chorar. Por minha causa. Por causa dessa aposta estúpida. Meu coração se parte em vários pedaços. Mas não tanto quanto o de Isa. Fecho os olhos e me levanto, resignado. Quando chego a porta, eu sussurro: 

—Desculpe. 

Piso fora do quarto e sinto algo bater em minhas costas e cair no chão. Me viro e olho para baixo. Mordo o lábio e me abaixo para pegá-lo, ainda intacto, sem nenhum amassado ou risco, e vazio de significado. O anel.  

 

Chego na casa do meu pai nervoso. Fecho a porta do apartamento com força e Marissa, sentada no sofá da sala, olha com cara de indagação para mim. Ela abaixa a revista que estava lendo e se levanta, andando atrás de mim. 

—Você está bem? –Ela pergunta, olhando para minha mão fechada. Dirigi até aqui segurando o anel com força na mão, e tenho certeza que acabou deixando uma marca profunda. Mas não solto. Como não respondo e continuo andando, ela segura meu braço. Eu a empurro para trás, e ela quase cai no chão de madeira da sala. Marissa me olha surpresa e eu resisto ao ímpeto de ajudá-la a se levantar e pedir desculpas. Em vez disso, corro como um raio em direção ao meu quarto, fechando a porta em seguida. Sento-me na cama e cubro a cabeça com as mãos. Caralho! Eu estraguei tudo. Isa não quer mais me ver. Não quer me ouvir. O que eu vou fazer agora? Não posso aceitar que perdi a melhor coisa que já aconteceu comigo. Não posso e não vou. Thomas não desiste. 

Meu pai abre a porta do quarto e entra furioso, com Marissa atrás dele, olhando com uma pontada de medo para mim. 

—O que está acontecendo? –Ele diz, segurando o braço da mulher, onde eu apertei antes de empurrá-la. –Por que você fez isso, Thomas? Entendo que você não goste de ficar aqui conosco, mas seria pedir de mais que você fosse um pouco civilizado? –Ele para de falar ao olhar para meu rosto. Sua voz suaviza um pouco e ele hesita. –O que foi? Aconteceu alguma coisa?  

Eu aperto o anel mais uma vez, sentindo uma dor aguda e o jogo na cama. Uma marca vermelha se encontra na palma da minha mão. 

—O que é isso? –Marissa pergunta, soltando meu pai e correndo até mim. Ela examina minha mão com cuidado e depois olha para o anel jogado na cama. –Por que você fez isso? Que anel é esse?  

—É de Isa. –Eu pego o anel e tento arremessá-lo para longe, mas Marissa me impede, pegando o pequeno objeto. 

—Vocês brigaram? –Meu pai pergunta, andando até ficar na borda da cama. 

—Eu fiz uma merda gigantesca. Ela terminou comigo. –Falar isso dói. Falar sobre término. Falar sobre Isa. 

—Terminou? –Marissa me olha surpresa. –Eu encontrei ela aqui hoje de manhã. Parecia tão bem... Feliz, até. O que aconteceu entre vocês?  

—Eu fiz uma coisa... Com ela. Muito tempo atrás. Já tinha me arrependido, mas ela só descobriu hoje. –Passo a mão pelo rosto e meu pai me olha de modo compreensivo. 

—Tente conversar com ela, explicar, pedir desculpas. Se você gosta mesmo dela, corra atrás. –Ele suspira e bate algumas vezes nas minhas costas antes de sair do quarto. Ele não parece confortável com essa situação. Marissa coloca o anel na minha mão que não está machucada e sorri. É isso. Eu tenho que correr atrás.

 *****

POV Isa  

Todos os momentos que passei com Thomas passam em minha cabeça como um loop infinito. Todos os sorrisos, abraços e beijos. Todas as conversas e as declarações. Todos os segredos revelados. Todos, menos esse. Em determinado ponto, começo a tentar recordar de qualquer coisa que me dê um sinal dessa aposta. Muitas vezes Thomas me lançava um olhar de culpa e arrependimento que eu não entendia bem o que era. Não sei se é sobre isso. Não sei se Thomas se sentia culpado por ter feito essa aposta. Provavelmente não. Mas me lembro daquela vez em que Matt agiu estranho comigo e Thomas. Ele queria conversar comigo sobre isso, mas não tivemos a oportunidade. Depois esqueci. Será que...? Disco o número de Matt no celular e espero ele atender. 

—Oi?  

—Matt.  

—Oi Isa. Tudo bem? Ei, você está chorando? Sua voz está meio estranha. 

—Onde você tá?  

—Em casa. Por que?  

—Preciso falar com você. Venha aqui.  

—Agora? 

—Matt. Por favor.  

—Certo, certo. Já estou saindo de casa. Deixe a porta aberta para mim. 

 Matt chega ao mesmo tempo em que Evey. Não fui eu quem a chamou, mas ela chega como se já estivesse preparado para me ver desolada. Ela me abraça sem dizer uma única palavra e Matt nos olha com confusão. 

—Eu não entendi nada. –Ela diz assim que me solta. –Thomas me mandou uma mensagem falando que você precisava de mim, então eu vim. Você está bem?  

Thomas se preocupou o bastante para pedir que Evey fosse me amparar, já que ele não pode. Mas isso não significa nada. Me viro para Matt.  

—Você sabia?  

—Sabia o que? –Ele pergunta, se sentando ao meu lado na cama.

—Da aposta. –Minha voz treme um pouco quando eu falo a palavra. Já parei de chorar. Não há mais lágrimas. Nem lenços.  

Ele empalidece e arregala os olhos. –Aposta? Você... 

—Eu descobri.  

—Do que vocês estão falando? –Evey pergunta com irritação por ter sido deixada de fora da conversa. Respiro fundo. Não é algo que eu queria contar para ela. 

—Thomas... Apostou que conseguia me levar para a cama. Foi o único motivo pelo qual ele se aproximou de mim. 

Ela me olha como se eu fosse doida por um segundo. Depois, arregala os olhos. –O que? Tem certeza? Thomas não faria isso. Faria? Não, né? Matt? –Ela olha para o garoto em busca de apoio, mas ele balança a cabeça, cabisbaixo. 

—Quando eu fui dar aula de física para Alex, uma hora ele saiu para ir ao banheiro. Eu estava selecionando alguns exercícios para ele e peguei seu celular para usar a calculadora. Thomas mandou uma mensagem e eu acabei lendo. Ele estava falando de Isa. De Isa, uma aposta e levar ela pra cama. Quando fomos à praia eu falei com Thomas. Ele me prometeu que não iria levar isso adiante, e eu confiei nele. Não queria te falar porque sabia que isso te magoaria. –Matt diz. Fecho os olhos. Ele também sabia. Sabia de tudo. 

—Espera, espera. Espera um pouco! –Evey da um gritinho. –Você disse Alex? Thomas mandou uma mensagem para Alex?  

—Thomas apostou com Alex. –Matt diz com cuidado e Evey o encara boquiaberta. Essa era a parte que eu não queria que ela soubesse. 

—Alex... Sabia disso? Ele fez parte dessa coisa nojenta? –Ela olha para mim e pega minhas mãos. –Eu sinto muito, Isa. 

Abaixo os olhos e sinto vergonha de mim mesma. Caí como um patinho. –Ele ganhou.  

—Han?  

—Ele ganhou. Tirou minha virgindade ontem. Thomas ganhou a aposta. 

Matt comprime os lábios.

—Você falou com ele? –Evey pergunta.

—Ele veio aqui. Eu o mandei embora.

—O que você vai fazer? Ainda temos um mês de aula. –Evey diz.

—Vou agir normalmente. Tentar. Não é o fim do mundo. –Eu falo e consigo ouvir a mentira em minha voz. Não é o fim do mundo, mas chega perto. Thomas foi tudo para mim nos últimos meses, e agora ele me deixou sem nada.

Matt afaga meu braço. –Desculpe por não ter contado. Achei que Thomas fosse cumprir a promessa de esquecer essa aposta. Parece que me enganei.

Evey bufa. –Como você pôde esconder isso? Como Alex pôde esconder isso de mim? Ele vai ver só. Não vou deixar barato.

Não quero que o relacionamento de Evey e Alex seja prejudicado pela ruptura do meu. Não estou com raiva de Alex. Não estou com raiva de Thomas. Estou com raiva de mim mesma. Como fui idiota. Me apaixonei por dois garotos e fui feita de idiota pelos dois. Mas eu sou forte. Não vou deixar me abater por um garoto. Mesmo que esse garoto seja Thomas.

 


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