I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 30
Capítulo 30 - Estrada da Lembrança


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Eu queria agradecer ao pessoal que comentou e pedir desculpas a uma determinada pessoa que comentou pedindo que eu postasse mais cedo. Hoje eu não consegui mesmo, mas das próximas eu vou tentar. Esse é o capítulo narrado pelo Luke, e mesmo que pareça que todos vocês odeiam ele, eu achei o cap fofinho. Huhaush vejam vocês mesmos. Boa leitura e beijinhos (leiam a nota final, pls)



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Rua da lembrança

Nós estamos aqui de novo

De volta aos dias

Onde eu vou lembrar de você sempre

    (Memory Lane)

 

POV Luke

(Flashback ON)

Eu cresci ao lado de Isa e Evey. Os pais de Isa eram amigos dos meus há tempos, e eu mesmo fui uma das primeiras pessoas que a vi depois que ela nasceu. Obviamente, eu não me lembro disso. Nós dois brincávamos juntos nos parquinhos e eu a protegia dos garotos mais velhos que mexiam com ela. Não sei bem quando nós conhecemos Evey, a garotinha ruiva com sardas no rosto, mas ela se apegou a nós de um jeito que acabou transformando nossa dupla em um trio. Mas Isa sempre foi diferente. Ela era mais madura e mais séria, mesmo com nossa diferença de idade. A certa altura eu passei a vê-la de outro jeito, o que me pareceu bem natural e até previsível, mas achei sensato não contar para ninguém. Afinal, eu era mais velho, já estava no ensino médio, e isso parecia extremamente errado.

Em dado momento eu estava sentado na sala de leitura de casa enquanto conversava com meu pai. Ele segurava o jornal do dia enrolado em uma das mãos e arrumara o bigode com a outra enquanto olhava para mim.

—E aquela sua namorada? Qual era mesmo o nome dela? –Ele perguntou, pensativo.

—Não estamos mais juntos. –Eu disse relaxado na poltrona vermelha da sala.

—Já terminou com ela? –Ele disse, aborrecido. –Eu nem decorei o nome da garota. Posso chamá-la de Isa 3?

—Não. –Eu disse franzindo a testa. –Por que?

—Oras, porque todas as suas namoradas são extremamente parecidas com a garota e isso está me deixando apreensivo.

—Não sei do que o senhor está falando.

—Bem, pelo menos todas as que eu conheci eram tão magras quanto ela e tinham cabelos castanhos compridos tão lisos quando os dela. Parece coincidência para você?

—Deve ser. –Dei de ombros. –Pare de pensar tanto nisso, velho. Vai acabar enlouquecendo.

—Por que você terminou com a garota?

—Ah. Ela era diferente do que eu imaginava que era. –Falei indiferente. Ela era uma chata, para falar a verdade. Mimada e grudenta como um carrapato.

—Diferente de Isa, você quer dizer?

Revirei os olhos. –Certamente ela é diferente de Isa. E isso não significa nada.

Ele pareceu pensativo. –Está tentando enganar a si mesmo? O casamento de vocês foi marcado no momento em que os pais souberam que a segunda filha seria menina.

—O que? –Perguntei confuso.

Ele colocou o jornal embaixo do braço. –Um casamento praticamente arranjado, em outras palavras. Ela não sabe disso, é claro. Você não poderia se casar com Leonardo, mas Isadora ainda é uma ótima opção.

—Vocês negociaram meu casamento? –Eu perguntei irritado. Esse era um assunto recorrente nos encontros entre nossas famílias. Obviamente, não pensei que era algo sério. Aquilo era um absurdo. Estavam pensando no meu casamento antes de mim!  Ele deu de ombros.

—Só faça acontecer.

 

Ela apareceu em casa meia hora depois para estudar. Tinha levado alguns livros do fundamental para eu ajudá-la nas aulas de química. Normalmente eu ia bem nas matérias sem precisar estudar, e isso me deixava com mais tempo para ficar sem fazer nada. Depois de eu passar a matéria com ela, a empregada trouxe um prato com alguns sanduíches caseiros.

—Eu terminei com Gabriela. Sabe, aquela garota? –Eu disse. Ela enfiou um sanduíche goela abaixo e olhou para mim.

—A que ficava com você vinte e quatro horas por dia como se fossem uma pessoa só?

—Ela mesma. –Eu disse sorrindo. Isa era bem menor que eu na época, e eu me sentia absurdamente velho perto dela.

—Bem, eu não gostava dela mesmo. –Ela tomou um gole de seu suco de laranja. –Por que você terminou com ela?

—Porque ela não gostava de você.

—Por que não?

Dei de ombros. –Ela achava que eu estava gostando de você.

—Que burra. –Ela comeu mais um sanduíche enquanto olhava para mim. –Quem vai ser a sua próxima namorada agora?

—Se eu der sorte, a garota de quem estou gostando. –Apoiei a cabeça no punho e ela me olhou com curiosidade.

—E de quem você está gostando? Eu a conheço?

—Sim.

—Quem é?

—Você já beijou alguém? –Eu perguntei de repente e ela arregalou os olhos. Depois, ficou um pouco vermelha. Eu já sabia a resposta, claro.

—Ainda não. –Ela olhou aborrecida para o copo com suco de laranja. Fiz minha cadeira se aproximar da dela e me inclinei para frente. Então eu a beijei. Ela não fez nada por um tempo, só fechou os olhos alguns segundos depois.

 *****

(Flashback OFF)

—Beleza, mãe. –Eu falo no telefone. O quarto de Léo está praticamente todo arrumado e as roupas já estão nas malas. –Já está tudo pronto. O voo é a noite. Eu te ligo quando chegar.

—Não se esqueça de levar dinheiro. E blusas para a viagem.

—Tá, mãe.

—Você levou o carro?

—Está na garagem bonitinho.

—Nós ainda vamos ficar na Itália algumas semanas. Assim que o restaurante ficar pronto nós iremos te visitar nos Estados Unidos.

—Tudo bem, mãe.

—E Isa? Como está?

—Ainda namorando, se é o que quer saber.

Ela emite um ruído de descontentamento. –Olha o que você fez, Lucas. Todos esses anos gastos nesse relacionamento que você terminou por meia dúzia de garotas interesseiras.

—Eu sei disso, mãe. Mas não dá mais para voltar atrás. Ela já está com outro garoto. O casamento que vocês tanto sonhavam não vai mais acontecer. Deixem ela livre para organizar o casamento com o herdeiro da Construtora Parker a partir de agora.

Ela faz um barulho de choramingo. –E ainda perdeu ela para um garoto desses. Você realmente não tem mais chances.

—É, eu não tenho. Vou desligar agora. Tchau

Desligo sem esperar pela resposta. Olho o celular em minha mão e suspiro. Está tudo acabado. O suposto casamento acabou. A mãe de Isa se contentou com as empresas Parker. E quem saiu perdendo foram meus pais. Por minha causa. Ouço batidas na porta e Isa entra segurando uma bolsa.

—Vamos? Você não pode perder o voo.

Ela prende uma mecha de cabelo castanho atrás da orelha.

—Thomas está aí? –Pergunto.

—Sim. Alex e Evey também. Vamos te levar até o aeroporto. –Ela sorri e me abraça. Um abraço verdadeiro. Entre amigos.

—Certo.

Pego minha mala de mão e desço ao lado de Isa. As outras malas de viagem já estão na sala. Alex está mexendo no celular, esparramado no sofá, enquanto Evey está apoiada em uma das malas, se alongando. Thomas está parado ao pé da escada nos esperando. Devo ser sincero, eu gostei bastante dos amigos de Isa. Alex é divertido, talvez um pouco idiota e parece sempre disposto a fazer coisas legais e ajudar alguém. Marcos é bem quieto quando comparado aos amigos, mas tem um papo legal quando você se aproxima. Bem, ele vai herdar a empresa do pai, e isso é importante. Nath é adorável e muito empolgada com basicamente tudo. Matt é tímido, mas eu gostei muito dele. Eu o convidei para sair comigo algumas vezes enquanto estive aqui, pois pelo que fiquei sabendo, ele fica boa parte do dia estudando e jogando videogame. Um nerd típico. Mas um legal. E Thomas... Bem, eu não gostei muito dele para falar a verdade. É um tanto carrancudo e respondão, mas Isa o escolheu. O que posso fazer?

Coloco minha mala nas mãos de Thomas. –Leve para o carro.

Ele me olha com uma cara feia. –Não sou seu empregado, palhaço. Espero que não tenha nada importante aqui, porque eu vou jogar no chão em três segundos.

Viu? É disso o que eu estou falando! Isa suspira e tenta pegar a mala das mãos do namorado, mas ele não deixa.

—Não é para você pegar, é para ele.

—Você é um preguiçoso. –Eu digo e pego a mala de volta. Evey chega perto de nós e estica os braços para o alto.

—Muito legal essa discussão de vocês, mas se não nos apressarmos o avião vai embora sem você.

—Ele está enrolando. –Eu resmungo para Thomas que me fuzila com o olhar. Isa empurra os ombros dele.

—Parem com isso, sério. –Ela diz e o olhar dele suaviza. Isso é algo a se comentar. Thomas é todo machão o tempo todo, menos quando está com ela. Por isso eu não o enchi de porrada até agora. Ele a trata bem, apesar de não ser do feitio de caras como ele. Ele dá um beijo no alto da cabeça dela e tira a chave do carro do bolso da calça jeans.

—Tudo bem. Pare de ficar choramingando por tudo. –Ele diz para mim. –E vamos embora logo.

Mostro o dedo do meio para ele, que nem se dá o trabalho de responder. Apenas se vira de costas e vai andando até a porta. Eu prendo minha mala de mão na outra mala grandona e Alex pega a última. Todas as malas foram no porta-malas e nós cinco nos esprememos para cabermos todos no carro de Thomas. Eu já me despedi de todo mundo: a família de Isa, os amigos dela e meus próprios amigos. Todo mundo que importa. Mas não me despedi de nenhuma garota. Porque não fiquei com nenhuma durante todas as semanas que permaneci no Brasil. Não pense que é porque eu ainda sou apaixonado por Isa ou algo assim. Claro, eu sinto uma pequena pontada no peito toda vez que ela abraça Thomas ou quando olha para ele de modo apaixonado, mas não é pelo amor que sinto por ela. É pelo tempo que nós dois namoramos no passado e por tudo o que eu perdi quando resolvi pressioná-la. É algo que vai diminuir gradativamente até sumir. Vai passar para mim e para meus pais. Eu a perdi. Ela era a única que não estava 100% ciente do quanto nosso namoro foi planejado. E tudo bem. É melhor assim.

 

Na hora do embarque, meu coração pesa um pouco. Não quero deixar meus amigos de novo, mas também não posso ficar. O máximo que posso fazer é prometer que vamos nos encontrar em breve. Thomas e eu trocamos um aperto de mão e ele dá um pequeno sorriso (provavelmente um de satisfação por eu estar indo embora), Alex me dá um abraço rápido e Evey se agarra a mim fortemente.

—Sério, prometa que você vai voltar quando tiver uma folga. –Ela pede e seus cabelos ruivos fazem cócegas em meu rosto.

—Eu prometo, garota. Eu volto no Natal. Agora pare com isso, as pessoas estão olhando. –Eu sussurro para ela, que me dá um último abraço com os olhos marejados. Ah não.

—Eu quero tomar alguma coisa. –Ela diz se virando para Thomas e Alex.

—Agora? –Thomas pergunta.

—É, agora. Quero um leite com chocolate gelado e um pacote de bombons. Vão comprar para mim. –Ela diz com a voz falhando. –Eu vou no banheiro.

Os garotos resmungam, mas acenam para mim uma última vez antes de saírem em busca dos pedidos da garota. Ela dá uma piscadela para mim e corre para o banheiro feminino mais próximo. Me viro para olhar para Isa. Ela sorri e segura minhas mãos nas dela.

—Faça uma boa viagem. E mande uma mensagem quando chegar para eu ter certeza que seu avião não caiu no meio do oceano.

—Tudo bem. –Eu aperto as mãos dela e dou um sorriso triste. –Dora, eu sinto muito. Por tudo. A coisa que eu mais quero agora é que você seja feliz. Mesmo que não seja comigo. Mesmo que seja com um idiota feito Thomas. –Eu digo. Tudo verdade. A mais pura verdade.

—Thomas não é um idiota. –Ela diz revirando os olhos. Continua teimando nisso. Mas sorri. -Eu também quero que você seja feliz, Luke.

E é isso. Não há muito o que se falar. Tudo se resolveu. O que eu tinha com Isa no passado não existe mais. Qualquer um consegue ver pelo jeito que ela olha para Thomas e pela forma como ela diz o nome dele. E tudo bem. Eu gostava de Isa, mas sempre tinha a sensação de que nosso namoro não era cem por cento verdadeiro. Era algo forjado. Não sei se ela tinha a mesma sensação, e espero que não tenha tido. A última chamada do meu voo é ouvida pelos autos falantes do aeroporto e eu passo a mão pelo cabelo. Hora de ir. Isa sorri de novo e me dá um abraço.

—Se alguma coisa acontecer, me ligue. –Eu falo. –Se precisar de ajuda, me ligue. Se algum idiota partir seu coração, me ligue. Minha casa e meu coração sempre estarão dispostos a receber você. –Eu pisco para ela. E sempre estarão. Mesmo se eu resolver entregar meu coração à outra pessoa, Isa é minha amiga mais próxima, e nada vai mudar isso. E é assim que termina.

 

 


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Notas finais do capítulo

Gente, amanhã eu vou viajar e não vou conseguir postar no sábado :(
Mas segunda volta tudo ao normal, ok?Comentem o que acharam!



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