I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 17
Capítulo 17 - Acenda Uma Luz


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Obrigada de novo à Loiuse pelo comentário. Parece que Thomas está levando isso a sério...
Bem, boa leitura e beijinhos.



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Me diga se você se sente forte

Forte o suficiente para amar alguém

E atravessar a mais forte tempestade e o mau tempo

Você vai me tirar das chamas

Me abraçar até eu não sentir mais dor?

E me abrigar da chuva pra sempre?

    (Shine A Light)

 

POV Thomas

Estaciono em frente à minha casa e olho para Isadora. Ela parece perdida em pensamentos observando a chuva cair, e recolocou o capuz da minha blusa sobre a cabeça. Saio do carro depois de me certificar que peguei todas as nossas coisas e abro a porta dela. Dessa vez não preciso carregá-la, ela segura forte em minha mão e me acompanha até a parte coberta da entrada. Abro a porta de casa e pego sua mão, levando ela para dentro.

—Fique aqui que vou pegar nossas mochilas.

Quando eu volto, com as mochilas sobre os ombros, Isadora tratou de fechar todas as janelas, logo, não há água entrando e o barulho é mínimo, assim como a luz. Acendo a luz da sala e passo a mão pelo cabelo molhado. Ela não parece mais apavorada, apenas olha com uma ponta de medo para mim. Coloco as mochilas no chão e a chamo com a mão. Ela vem até mim e me abraça com força.

—Está tudo bem. Aqui não vai inundar. A chuva vai acalmar daqui a pouco. –Falo perto de seu ouvido, tentando tranquilizá-la.

Ela fica sentada no sofá, sem os sapatos, apenas com o short da escola e meu grande moletom vermelho. Uma música sai dos autos falantes da televisão e chega até os meus ouvidos, na cozinha. Pego um pote com arroz da geladeira e alguns ingredientes para fazer nosso almoço. A cozinha é separada da sala por uma bancada e algumas cadeiras, e consigo ver Isadora enquanto cozinho. Depois de alguns minutos, ela se senta em uma das cadeiras da bancada, e passa a me olhar fazendo a comida.

—Você gosta de strogonoff?

—Uhum. –Ela sorri para mim, já calma. O cabelo comprido ainda está um pouco molhado, mas ela não parece ligar.

—Vamos comer então. –Coloco dois pratos sobre a bancada, junto com os talheres. O arroz, a panela com strognoff e a salada vem depois. Comemos em silêncio e nos sentamos juntos no sofá depois de lavarmos a louça.

—Onde estão seus pais? –Ela pergunta, olhando para os lados, como para se certificar de que não há nenhum adulto olhando secretamente para nós.

—Minha mãe está trabalhando. Ela chega às sete. Não sei onde meu pai está. E não ligo. –Desligo a televisão e me viro para olhar para ela. Está extremamente atraente com minhas roupas.

—Você não mora com ele?

—Não. –Toco seu rosto de leve, e ela sorri.

—Por que não?

—Que saber mesmo?

—Quero.

—É segredo. Não vá contar para ninguém, hein?

—Tudo bem.

Ela se deita e coloca a cabeça em meu colo. Conto para ela dos meus pais e sobre meu ódio com relação ao homem.

—E você nunca o perdoou?

—Acho que não. Não acho que ele mereça meu perdão ou qualquer outra coisa de mim.

—Mas ele é s eu pai. –Ele me observa com seus grandes olhos castanhos.

—Eu queria que não fosse.

Ela fica quieta por um momento enquanto eu passo meus dedos por seu cabelo.

—Então ele é rico?

—É.

—Se meus pais soubessem, iriam te aprovar na hora. Mas eu não vou falar nada. –Ela coloca os dedos fazendo um ‘X’ sobre a boca.

—Não fale. Eu vou conseguir a provação deles sem isso. –Sorrio para ela. –Nunca contei sobre isso para nenhuma garota. Tirando Nath.

—Verdade? –Ela se levanta e fica sentada em meu colo.

—E nenhuma garota jamais veio aqui em casa. Você é a primeira de todas.

Ela ergue as sobrancelhas. –Que bom. Eu sou especial.

—É sim. Muito especial. –Me inclino para beijá-la. Ela corresponde e ficamos nos beijando por alguns minutos no sofá, até nós dois ficarmos com calor. Ela tira os lábios dos meus e se levanta.

—Está quente. –Ela pega os cabelos longos com as mãos e os estende longe do pescoço. Quando ela está de pé, consigo olhá-la melhor. O moletom grande não me deixa olhar para muita coisa, mas as pernas estão quase completamente à mostra, e são extremamente bonitas.

—Está mesmo. –Me levanto também em um salto e passo as mãos ao redor de seu quadril, voltando a beijá-la. Suas mãos fazem desenhos em minhas costas, e ela sobe a camisa, passando os dedos em minha pele. Me afasto um pouco e puxo a blusa. Ela olha em meus olhos, impassível, e fico com medo de ter feito algo que ela não gostou. Mas ela rapidamente tira o moletom, revelando uma regata branca justa. A regata deixa sua cintura em evidência e mostra um pouco dos seios. Voltamos a nos beijar e lentamente andamos em direção ao meu quarto. Ela para na porta.

—Thomas... –Ela fala baixinho e morde o lábio.

—Se você não quiser a gente não faz nada. Nós podemos ficar deitados na cama, só trocando beijos. –Falo, tentando acalmá-la. Claro que, se ela quiser transar agora, a aposta acabaria e eu não ia precisar fazer nada. Mas não sei se já está na hora de terminar tudo assim. Porém, se ela quiser, não vou reclamar.

Ela fica me olhando, nervosa, alternando o peso entre um pé e outro. Sorrio (com meu melhor sorriso) e a pego no colo, levando-a até minha cama. Quando me deito ao seu lado, puxo o cobertor e passo o braço ao redor dela, que apoia a cabeça em meu peito. No fim, ficamos abraçados por um longo tempo, e depois percebo que ela adormeceu com a cabeça em meu braço.

*****

POV Isa

Acordo com algumas vozes vindo do corredor. Abro os olhos, tentando me situar. Estou na casa de Thomas. No quarto dele. Na cama dele. O cheiro dele está em todo lugar, inclusive em mim mesma e nas roupas que estou usando. Quando deitei estava apenas de regata, mas agora estou com a blusa dele de novo. Me pergunto como foi que ele conseguiu colocá-la em mim. A casa é pequena, mas aconchegante. Thomas não está aqui, e fico vermelha ao lembrar dos beijos que damos por vários minutos na sala. Eu preciso ter mais autocontrole. Quer dizer, nós nem estamos namorando. E estamos falando de Thomas. E se ele estiver comigo só pra transar? Com algum esforço consigo tirar esses pensamentos da minha mente, e me viro de bruços, com a cara no travesseiro branco que tem o perfume de Thomas. O relógio na cabeceira indica sete e meia. Provavelmente as ruas já foram liberadas e eu posso voltar para casa. Da janela do quarto consigo ver uma fina garoa ainda caindo, apesar de já estar tudo escuro lá fora. Vejo meu celular na mesinha perto da cama e estendo meu braço para pegá-lo. Há uma mensagem de Seth e uma de Evey.

'Tudo limpo. Já pode voltar para casa, mana'

'Vc conseguiu chegar em casa? Seth me mandou uma mensagem perguntando se eu estava com vc. Me responde quando ver essa mensagem, antes que eu fique preocupada'

 Deduzo que Seth tentou falar com Evey antes de falar com Thomas, logo, essa mensagem já tem algumas horas. Disco o número dela.

—Isadora! Onde você está?

—To na casa de Thomas. Seth ligou para ele e disse que algumas ruas estavam bloqueadas. Eu estou bem, fique calma.

—Graças a Deus. Eu fico tão preocupada com você quando tem essas tempestades. Espera... Você disse que está na casa de Thomas? Tipo, a casa de Thomas?

—Sim. A casa dele.

—E aí?

—E aí o que?

—O que rolou?

—Uns beijos.

—Uns beijos bons ou ruins?

—Bons. Muito bons.

—Mas só beijos?

—É. Eu acabei dormindo. Só acordei agora.

—Você dormiu enquanto dava uns amassos com Thomas? Pelo amor de Deus...

—Sério, ele realmente beija bem. Ma eu estava com sono.

—Santinha. Vou desligar. Quero detalhes depois. Beijos.

Ela desliga e coloco o celular no bolso do moletom de Thomas, suspirando. Sento na cama dele e ouço um barulho na porta. Viro-me e vejo o próprio sorrindo para mim, apoiado no batente.

—Acordou, bela adormecida?

—Acordei. –Coloco as mãos no rosto e ele senta na minha frente na cama. –Você pode me levar para casa? Seth disse que já está tudo liberado.

—Tudo bem. –Ele tira fios de cabelo de meu rosto, colocando-os atrás da orelha.

—Por quanto tempo eu dormi?

Ele olha para mim com uma expressão engraçada. –Umas três horas.

—Ai. Desculpe. Você devia ter me acordado.

—Por que? Você fica linda dormindo. –Ele se inclina e me dá um beijo. Quando se afasta, vejo uma mulher atrás dele na porta, olhando para nós com curiosidade. Ela é alta e parece nova, na casa dos trinta anos. Os cabelos castanhos avermelhados estão presos em um coque bagunçado e ela usa uma blusa branca e saia social. Ela percebe que estou olhando para ela e sorri.

—Oi! Eu sou a mãe de Thomas. Prazer. –Ela anda até nós e aperta minha mão. Puxa. A mãe dele é tão nova e bonita!

—Eu sou Isadora. O prazer é meu. –Falo para ela, com vergonha. Ai meu Deus. Eu estou conhecendo a mãe dele? Thomas olha para mim, achando graça. Olhando assim, é possível perceber algumas semelhanças físicas e até mesmo no jeito de falar a agir entre os dois.

—Mãe, eu vou levar ela para casa agora que a chuva acalmou.

Ela parece surpresa e despontada. -Agora? Mas você não quer ficar para o jantar?

Olho para ela e depois para Thomas. –Eu não quero abusar da hospitalidade. Já almocei e até acabei dormindo aqui. –Falo, ficando vermelha. Ela faz um movimento com a mão.

—Esqueça isso. Vamos jantar juntos! Eu nunca conheci uma namorada de Thomas. Ele nunca trouxe nenhuma aqui. –Ela continua me olhando com curiosidade. Não como estivesse me julgando, como se quisesse descobrir se eu sou boa o suficiente para o filho dela. Apenas curiosa por eu ser a garota que o filho dela gosta.

—Bem... Tudo bem. Acho. –Eu falo, incapaz de discutir isso com a mãe dele. Os dois parecem satisfeitos quando digo isso. Ela sai do quarto sorridente e Thomas fica sentado na cama comigo, sorrindo para mim.

—O que foi?  -Pergunto.

—Nada. Você é linda. –Ele me dá um beijo na bochecha antes de se levantar. –Fique a vontade. Eu te chamo quando estiver pronto.

Me levanto junto com ele. –Não. Eu vou ajudar vocês com tudo.

Ele olha para mim e dá de ombros. –Por mim tudo bem. Minha mãe ficou falando de você desde que chegou. Vocês podem conversar enquanto isso.

 

Depois do jantar, acabei ficando uns bons minutos sozinha com a mãe dele enquanto Thomas foi tomar um banho. Ela se mostrou muito empolgada comigo, e fazia várias perguntas sobre diversos assuntos. Fiquei com um pouco de vergonha ainda, mas me senti bem conversando com ela.

—E você já sabe o que vai cursar na faculdade?

—Eu estou pensando em jornalismo... Mas não tenho certeza ainda. Tenho um tempo para pensar. –Quando falo vejo um brilho no olhar dela.

—Puxa, eu comecei a faculdade de jornalismo. –Ela parece triste por um momento e fico com medo de ter sido minha culpa, mas ela logo volta a ficar animada de novo. –Mas eu sou feliz agora, mesmo não tendo terminado a faculdade. Aposto que você vai adorar!

A porta do quarto de Thomas se abre e ele aparece vestindo uma bermuda verde com bolsos e uma camiseta branca, secando os cabelos com uma toalha. Ele se senta ao meu lado no sofá e pega uma caneca na mesa em frente à televisão. Ele beberica um pouco do café e a mãe dele volta a falar.

—E há quanto tempo vocês namoram? –Ela pergunta, observando Thomas segurar minha mão.

—Nós ainda não namoramos. Ela não quer namorar comigo. –Ele diz, cutucando minha costela.

—Thomas! –Eu falo, envergonhada. Ela olha para mim, completamente surpresa.

—Mas...

—Você não quer convencê-la a namorar comigo, mãe? –Ele parece estar achando graça da situação. Ai meu Deus. A mãe dele vai pensar que eu estou me aproveitando do filho dela.

—Eu jurava que vocês eram um casal. Sei que ele não é muito fácil, mas é um bom garoto. –Ela parece estar decepcionada agora e Thomas dá um sorriso satisfeito. Lanço meu pior olhar para ele e espero que ele tenha entendido a mensagem de ódio nele. Thomas apenas se levanta e pega algumas coisas em uma mesinha de madeira perto da porta.

—Bom, já está bem tarde. Vamos indo, Isa? –Ele sorri.

—Ah, claro. –Nós duas nos levantamos e ela pega em minhas mãos. As mãos dela são quentes, assim como as de Thomas. –Volte sempre que quiser, Isadora. Eu adorei te conhecer.

Depois das despedidas, quando Thomas fecha a porta, dou um tapa em seu braço. Ele segura meu braço e ri. A chuva já parou completamente, e já está de noite. É possível ver as estrelas entre algumas nuvens no céu.

—O que é isso? –Pergunta.

—Não acredito que falou aquilo para ela.

—O que? Nós não estamos namorando ainda. Só falei a verdade.

—Mas... Argh! –Me viro de costas para ele, indo em direção ao carro. Por acaso essa é a maneira que ele encontrou de tentar me convencer a namorar com ele? Ouço uma risadinha atrás de mim e ele dá um beijo em minha bochecha antes de ir em direção à sua porta do carro.


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