I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 18
Capítulo 18 - Eu Ficarei Bem


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Como vocês estão? Espero que estejam bem e gostando da fic. Eu queria agradecer à BellaZuuh pelo comentário. Então é isso.
Beijinhos e boa leitura.



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Quando você estiver pra baixo e perdido

E precisar de uma mão pra ajudar

Quando você estiver pra baixo e perdido no caminho

Oh, diga a si mesmo

Eu vou, eu vou ficar bem

    (I'll Be Ok)

 

POV Alex

Quando chego em casa depois de deixar Evey na casa dela, me deparo com malas no pé da escada. O que é isso? Alguém vai viajar? Minha mãe sai da cozinha segurando uma colher. Ela está arrumada e elegante, como sempre, mas algo está diferente. Ela deixa a colher na cozinha e entra na sala.

—Oi Alex. Estava esperando você chegar para eu ir. –Ela anda até mim e segura meu braço. Franzo a testa.

—Ir aonde? Essas malas são suas? Você vai viajar?

Ela suspira e seus lábios formam uma linha reta. Os cabelos escuros estão presos em um coque perfeito e não há um amassado em sua roupa.

—Eu estou indo para a casa de sua vó. Eu e seu pai... Resolvemos dar um tempo. –Ela fala calmamente, olhando em meus olhos. Ah sim. São as brigas.

—Mas você está indo? Dar um tempo? Mas...

—Essa casa é sua e de seu pai. Fico feliz de ter conseguido criá-lo bem. Sei que você não é perfeito, nem eu sou. Mas estou feliz com o homem que se tornou, Alexander. Eu não vou mais estar aqui, mas logo que eu arranjar uma casa, você vai poder me visitar sempre que quiser. E por enquanto, sei que sua avó vai adorar vê-lo mais vezes. –Ela dá um sorriso sincero, e percebo que faz muito tempo que não o vejo. Surpreendentemente não fico muito surpreso com a notícia. As brigas já estavam insuportáveis, e mais ninguém em casa ia conseguir aguentar por muito mais tempo. Mas isso não faz o fato ficar menos triste.

—Onde está o pai? –Pergunto.

—Ele está no quarto. Já me despedi. O táxi já vai chegar, então... Acho que vou indo. –Ela me dá um abraço rápido, coisa que raramente acontece, e pega as malas para sair de casa. Quero ajudá-la com as malas pesadas, mas não consigo sair do lugar. Parece que estou preso ao chão, vendo minha mãe pegar suas coisas e ir embora.

Quinze minutos depois consigo sair da sala e subo as escadas em direção ao quarto do meu pai. O quarto já deixou de ser dos dois há tempos. O homem está adormecido na cama de casal, e na mesa ao lado dela vários remédios estão esparramados. Avanço e balanço-o.

—Pai. Pai, acorde. –Ele emite um som débil,mas não acorda. Depois de ter me certificado que ele está vivo, deixo-o dormir e saio do quarto, fechando a porta atrás de mim.

 

Na hora do jantar, meu pai já está acordado e ouço barulhos de panelas vindos da cozinha. Desço e encontro-o esquentando alguma coisa no micro-ondas, compenetrado em sua tarefa. Era a minha mãe que cozinhava todos os dias, e parece que deixou uma porção de comida no congelador. Ele olha para mim e percebo o quanto está abatido. Mesmo assim, consigo ver que boa parte do peso em seus ombros se foi.

—Alex. Que bom que desceu. Estou esquentando uma lasanha. –Ele dá o menor dos sorrisos e se vira de novo para o micro-ondas.

—Pai. –Chamo. –Você não vai fazer nada?

—O que posso fazer? –Ele não se vira, mas sua voz está carregada de emoção. –Nós conversamos e decidimos tudo. Os papéis do divórcio chegarão em pouco tempo. E aí seremos só nós dois.

Fico em silêncio, pensando. Só eu e meu pai?

—Digo, se você não quiser... Ir com ela. Quando ela comprar uma casa... A escolha é sua. –Um apito soa e ele tira a lasanha fumegante com luvas. Ele a coloca na mesa de jantar de vidro, onde já estão os pratos e talheres. Nunca me dei exatamente bem com meu pai. Mas sei que não posso ir embora. Gosto da minha mãe, mas ela é muito mais forte que ele. Quando saiu, estava de cabeça erguida, com as roupas e o cabelo impecáveis, e meu pai... As roupas estão amassadas e ele parece estar tendo problemas em esquentar uma lasanha congelada.

—É pai. Tem razão. A partir de agora somos só eu e você. –Sento-me na cadeira de frente para ele e corto dois pedaços de lasanha. Ele olha agradecido para mim, e sei que não é pela lasanha. Comemos em silêncio, e com o garfo a poucos centímetros da boca, percebo que tem uma coisa que posso dizer para amenizar o clima.

—Ei, pai. –Ele olha para mim, com um pouco de molho de tomate nos lábios. Sorrio e lhe entrego um guardanapo. –Eu estou namorando.

*****

POV Thomas

No dia seguinte ao que Isa foi à minha casa, Alex parece cansado. Muito cansado.

—Alex, o que você tem? –Nath é a primeira a ter coragem de perguntar. Marcos o observa com cautela, e lança um olhar interrogativo para mim. Dou de ombros. Quando fui pegá-lo, ele já estava assim e não disse uma palavra no caminho até a escola. Normalmente ele faria várias piadinhas e faria coisas... Bem, coisas de Alex.

—Meus pais estão se divorciando. –Ele olha para o chão, e Nath cobre a boca com as mãos. Ele parece abatido, mas ninguém pode dizer que não esperava por isso. Vou até ele e lhe dou um abraço. Marcos e Nath fazem o mesmo.

—Mas eu estou bem. Sério. –Ele diz. –Só um pouco cansado. Minha mãe foi embora para a casa da minha avó. Vou ficar com meu pai.

Nós nos afastamos. –Sim, que bom. Seu pai é um homem tão bom. –Nath diz, e nós concordamos. De fato, a mãe que parecia mais uma bruxa. Desculpe a insensibilidade.

—Ele é patético. –Alex faz uma pausa. -Por isso não posso deixá-lo também.

Um vulto passa por nós e se joga sobre Alex. A primeira coisa que vejo são os cabelos ruivos de Evey. Ela abraça Alex com força, e ele parece estar precisando de um desses.

—Vai ficar tudo bem. Estamos aqui com você. –Ela sussurra para ele e nós resolvemos nos afastar. Alex sempre escondeu seus problemas e tristeza com raiva ou humor. Mas agora ele só parece triste. Se você visse, acharia que ele é o cara que tem menos problemas no mundo, já, que está a maior parte do tempo dando risada. Mas não é. E acho bom que ele tenha Evey para apoiá-lo no momento que ele mais precisa.

Entro na sala de Isa e a vejo sentada em sua carteira, lendo um livro. Ela está com uma saia plissada azul marinho e uma blusa cinza grande, além de uma tiara branca na cabeça. Sento-me em sua mesa e ela abaixa o livro, olhando para mim.

—Como Alex está?

—Mal. Mas Evey está com ele agora. Os pais de Alex sempre brigaram muito, mas ele foi criado pelos dois. Ao contrário de mim. Deve estar sendo difícil para ele. –Sentindo-me melancólico, abro os braços para um abraço. Ela dá um pequeno sorriso e se encaixa em meu peito com um suspiro.

—Imagino como deve ser para ele. Eu nunca tinha visto Alex triste assim. É de partir o coração.

Concordo com a cabeça.

—Espero que Evey ajude ele a passar por isso. –Ela diz, se soltando de mim.

—Ela vai. Bom que ele tem ela para isso. Que bom que eu tenho você também. -Eu falo e toco em seu lindo cabelo liso.

—Olha, Luke vai chegar amanhã. E eu vou ter que buscá-lo no aeroporto. –Minha postura enrijece na hora.

—Eu te levo. –Eu falo, antes mesmo de ela terminar de falar.

—Você não precisa. Posso pegar um táxi.

—Claro que não. Acha que vou deixar você chegar lá e ele te tirar de mim? –Eu dou um beijo em sua testa.

Ela revira os olhos. –Você é tão ciumento. Ele é meu amigo.

—Amigo. Sei. Do jeito que Mateus é seu amigo? –Eu falo, apontando para o garoto falando com um grupo de nerds.

—Sim. Do jeito que Matt é meu amigo.

—Então não.

—Você não precisa trabalhar?

—Eu posso trabalhar mais hoje. E eu posso ir mais tarde amanhã. Não tente me impedir.

—Não vou. –Ela me dá um beijo rápido nos lábios. –Agora vá antes que o sinal toque e você fique para fora da sala.

 

No intervalo, sou agraciado pela visão de Vanessa conversando com meus queridos amigos.

—Thomas! –Vanessa sorri para mim quando chego perto. Ok. Muito tarde para virar e pegar outro caminho? Parece que sim.

Nath está falando com Vanessa e uma das amigas dela está tentando puxar assunto com Alex, que parece mal-humorado. Desisto de fugir e vou até eles, carrancudo.

—O que é? –Pergunto friamente.

—Eu tentei falar com você, mas você nem tentou me escutar. –Vanessa faz um bico e eu reviro os olhos. Sério, tirem essa garota da minha frente.

—E o que é? Fale logo e vá embora. –Eu digo, irritado.

—Por que você está agindo assim comigo?

Olho para Alex, que está igualmente irritado por uma das amigas dela estar descaradamente dando em cima dele.

—Enfim. Vou dar uma festa na minha casa essa sexta. Eu queria convidar vocês. –Ela sorri.

—Nós três? –Alex pergunta, cruzando os braços sobre o peito, sentado em uma cadeira.

—E Marcos. Mas ele não está aqui.

—Ele está no grêmio. –Nath diz, mas ela também não parece muito feliz com a companhia.

—E nossas namoradas? –Alex pergunta, repelindo a garota que tenta falar com ele.

—Que namoradas? –Vanessa pergunta, chocada. Lembro-me mentalmente de agradecer Alex depois.

—Evey e Isadora. –Ele finalmente se afasta da garota, que também parece surpresa, e chega perto de mim. –Se elas não forem, nós também não iremos.

Para falar a verdade, eu estava planejando não ir de qualquer jeito. Conheço Vanessa, e sei que ela deve estar preparando alguma coisa ridícula.

—Tudo bem. Elas podem ir também. –Vanessa estreita os olhos e sai rebolando de perto de nós, com a amiga a seguindo de perto. A outra garota ainda lança um olhar feio para Nath antes de ir embora.

—Que nojo. –Eu falo, me virando para Alex e Nath.

—Vocês vão? –Ela pergunta, separando uma mecha rosa do cabelo.

—Sei lá. Vai ter bebida de graça. –Alex dá de ombros. Ele já parece melhor.

—Mas é a casa dela. –Eu falo com uma careta. –Eu não gostaria de voltar nunca para lá.

—Casa de quem? –Isadora aparece ao meu lado. Me seguro para não abraçá-la novamente. Ela é tão pequena. Faz despertar meu instinto de proteção.

—Vanessa. Ela veio convidar a gente pra festa dela na sexta. –Nath diz para Isa e Evey, que apareceu logo depois e procurou a mão de Alex.

Evey dá uma risada sarcástica. –Qual é? Eu não quero pisar naquele lugar.

—Mas pode ser que seja legal... Não por ser a festa dela... Mas se vocês aparecerem juntos vai meio que oficializar o namoro. –Nath aponta para Alex e Evey e depois para mim e Isadora. Bem, tecnicamente, nós não estamos namorando. Mas não a corrijo.

—A gente decide isso depois. Você viu o que aquela garota estava fazendo? –Alex aponta para onde Vanessa e a amiga dela foram.

—Ela estava quase se esfregando em você. –Nath faz uma cara de reprovação.

—Quem? –Evey olha para Alex com fogo nos olhos.

—Aquela garota... Malu, acho. –Ele diz, exasperado.

—É uma loira do primeiro ano. Mas o cabelo é descolorido, tenho certeza. –Isadora diz.

—A gente devia ir nessa festa só para mostrar pra essa garota nojenta. –Evey parece ter mudado de opinião bem rápido. Dou um sorriso quando Alex abraça Evey, tentando acalmá-la.

—Ela ainda me olhou feio. –Nath exclama. –Qual é o problema dela?

—É inveja. –Isa diz e segura o braço de Nath.

—Inveja do que?

—Por você ser bonita e legal. Por você andar com garotos bonitos e populares. E por você namorar o prodígio da escola. –Evey diz se virando para Nath também.

—Elas têm razão. Você é demais. Principalmente por andar com a gente. –Alex troca um toquinho comigo. –Você é uma sortuda!

—E você se acha! –Nath bate em Alex, mas dá um sorriso. Que bom que Nath conseguiu arranjar amigas como Evey e Isa. Muito bom mesmo.

Marcos aparece falando com Mateus e segurando uma garrafa de água.

—E aí? Quais são as novidades? –O garoto loiro pergunta, abrindo a garrafa. –Como você está, Alex?

—Estou bem.

—Vanessa quer que a gente vá na festa dela na sexta. – Nath diz. Marcos engasga com a água.

—Festa de Vanessa? Nós vamos?

Mateus se afasta um pouco e começa a falar com Alex. Franzo a testa.

—Não sabemos ainda. –Nath responde, pegando a garrafa da mão do namorado. –Aposto que Malu adoraria das uns beijos em Alex.

—Será que ela vai adorar quando minha mão der uns beijos na cara dela também? –Evey diz, irritada. Isa dá uma risadinha e eu passo meu braço ao redor de seus ombros. Nós já somos praticamente um casal. Quanto tempo vai demorar para essa aposta toda acabar?


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