I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 15
Capítulo 15 - Perigosamente Perto


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Primeiramente eu gostaria de agradecer novamente à Ju pelo comentário. Obrigada! Eu também queria saber a opinião de vocês a respeito do tamanho dos capítulo.. Vocês acham que uma média de 2.200 está bom? Comentem, por favor.
É isso pessoal. Boa leitura e beijinhos.



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Nunca quis dizer as coisas que eu disse

Para fazer você chorar, posso dizer que sinto muito?

É difícil esquecer e, sim, eu me arrependo

De todos esses erros

    (Too Close For Comfort)

 

POV Isadora

Eu gosto de Alex. Gosto mesmo. Mas não posso deixa-lo fazer de Evey 'apenas mais uma garota'. Parece que ele não sabe o que quer, e isso está deixando nós duas irritadas. Vejo Thomas cruzar o corredor, procurando por alguém. Ele pousa o olhar em mim e eu reviro os olhos. Thomas é de certa forma diferente de Alex. Bem, nós ainda não ficamos, mas ele parece empenhado em me conquistar, ao contrário de Alex, que parece que quer repelir e ficar com Evey ao mesmo tempo. Eu só queria que tudo isso se resolvesse!

—Ei, não fique brava. –Thomas fala quando chega perto de mim, tocando meu braço. Gosto do toque dele. Quando ele me abraça, me sinto segura, provavelmente devido à sua estatura e seu porte. Tudo nele transpira segurança. Thomas me acalmou durante aquela terrível tempestade e me salvou de ser abusada por aquele idiota. Não deixou mais ninguém me importunar na festa, e me embalou durante grande parte da noite, olhando-me nos olhos e sorrindo afetuosamente.

—Não quero que Evey sofra. –Eu falo, certa de que foi Alex quem o mandou vir atrás de mim.

—Alex também não quer. Por isso ele não se aproxima. –Thomas prende uma mecha de meu cabelo entre os dedos, distraído. –Alex gosta mesmo dela. Uma hora tudo vai se acertar. Os dois se amam. –Ele diz, colocando a mecha atrás de minha orelha.

—Vou arrancar a cabeça dele se ele a fizer chorar de novo. –Falo, carrancuda. Mas não alimento a raiva por muito tempo. Evey já tem raiva o bastante dentro dela.

Estou apoiada na parede do corredor, e Thomas está ao meu lado, brincando com meu cabelo. Algumas pessoas passam por nós, olhando-nos com curiosidade. Me inclino para perto dele, para falar em seu ouvido.

—Estão comentando sobre a gente. –Eu falo, ficando na ponta dos pés para alcançar sua cabeça.

—Estão falando que somos um casal perfeito. –Ele sussurra em meu ouvido e me beija novamente no alto da cabeça. Somos um casal? Ele é carinhoso e cuidadoso, até agora não me beijou nem tentou me levar para a cama. É diferente do que eu ouvi falar. Mas será que ele não quer ficar comigo? Ele não fez nenhuma menção de tentar me beijar. Nem na festa de ontem, ele apenas ficou com os braços ao redor de mim carinhosamente, enquanto dançávamos juntos na pista. Eu deveria me preocupar? Que eu saiba, Thomas não costuma ficar muito tempo com a mesma garota. E também costuma ‘agir’ logo na primeira noite. Ele parece perceber que várias perguntas começam a surgir em minha mente, pois dá um sorriso curioso e toca em minha cabeça.

—O que está pensando?

—Nada. –Desvio o olhar de seu rosto e olho para baixo, vendo-o mais detalhadamente. Está vestindo um jeans folgado, que parece confortável, e uma camisa polo verde, que realça seus olhos. Quando subo o olhar novamente, ele está sorrindo para mim, sem dizer nada. Para evitar que o silencio se prolongue, e eu fique mais desconfortável, decido começar uma conversa.

 -O que você fez nas férias de Julho? –Eu pergunto, afinal, não falava com ele antes de algumas semanas atrás.

—Eu... Fui pra praia com meu pai. –Ele hesita para falar e eu estreito os olhos.

—Tem certeza?

—Tenho. –Ele ri da minha cada de desconfiada. –É que eu não gosto muito de falar do meu pai.

—Ah. –Ele já havia dito que não gostava do pai. Espero que possamos conversar sobre isso depois. Thomas parece perfeito: é bonito, não vai mal nas matérias, é gentil, mas isso não o impede de ter problemas em casa, como qualquer adolescente normal. Ficamos em silêncio por um tempo, até ele quebrá-lo com mais uma pergunta.

—Você já foi visitar esse amigo nos Estados Unidos? –Ele pergunta.

—Não. É a primeira vez que nos vemos em seis meses. –Sorrio, mas sinto o coração acelerar.

—Ah é? E há quanto tempos vocês se conhecem?

—Desde que nasci. –Ele ergue as sobrancelhas, surpreso. –Nossos pais são amigos.

Ele franze a testa. –Eu deveria me preocupar?

—Com o que?

—Em perder você. Já não basta Mateus, o cara do restaurante e o cara da festa? Ainda tem um amigo de infância tentando te roubar de mim? –Ele sorri, mas percebo uma nota de raiva em sua voz.

Hesito antes de falar. É melhor ele estar a par de tudo, certo? Não quero que acabe sabendo por outra pessoa. –Nós namoramos. Um tempo atrás.

Ele franze os lábios, mas não parece surpreso. Será que já sabia ou suspeitava?

—Mas ele terminou. Não quer mais nada comigo.

—E você? Quer? –Ele volta a olhar atentamente para mim.

—Não. –Falo com firmeza. –Eu já estou com outra pessoa. –Abaixo o olhar. –De verdade.

Thomas levanta meu queixo com a mão, e vejo seu melhor sorriso. Ele se inclina e me beija levemente nos lábios. O beijo é curto, mas sinto uma centelha se acendendo dentro de mim.

—Ei, Isadora. Está tentando me conquistar? –Pergunta, ainda sorrindo, depois que nossas bocas se separam.

—Achei que já tinha feito isso. –Falo, brincando também.

—Tem razão. –Ele me dá outro beijo rápido, alguns segundos antes do sinal que sinaliza o começo das aulas soar em nossos ouvidos. Sorrindo, nos separamos no corredor, cada um entrando na própria sala.

*****

POV Alex

—Está brincando? –Olho de boca aberta para Thomas, que exibe um sorriso orgulhoso no rosto. Por um momento, consigo me distrair com meus amigos e esquecer a tristeza em meu coração.

—Ai meu Deus! Vocês se beijaram? –Nath dá um pulinho e abraça o pescoço de Thomas, muito animada. –Espera, por que eu estou tão animada? Você beija garotas que nem troca de roupa. –Ela solta ele e faz uma careta.

—Mas é diferente agora, certo? Você conhece alguém que já beijou ela? –Thomas fala, amarrando a cara por Nath ter desdenhado de seu feito.

—Hum... Luke? –Ela fala, zoando com ele. Vejo a raiva passar pelos olhos dele.

—Você conhece ele?

—Bem, não. Mas sei que eles se beijaram. Por três anos. Ou mais. –Ela fala baixinho.

—Três anos? Quem namora por três anos? –Eu pergunto, chocado. Sério. Eu nunca namorei mais que dois meses. Isso é normal?

—Nós namoramos há cinco anos. –Marcos diz, dando um beijo na cabeça de Nath.

—Vocês não contam. –Empurro a cabeça de Marcos com o dedo indicador.

—Que preconceito. Mas espera. Vocês se beijaram. Isso significa que estão namorando? –Nath pergunta, olhando para Thomas, que parece pensativo.

—Não. Mas eu vou pedir ela. É melhor que me garantir antes que esse ex apareça por aqui.

—Então você gosta mesmo dela? –Nath estreita os olhos, querendo arrancar tudo de Thomas. Ele troca um olhar comigo e Marcos.

—Bem, é diferente. Das outras garotas. –Ele mexe no cabelo e desvia o olhar, sinal que está desconfortável. Nath não pode saber da aposta a essa hora do campeonato, até porque ela ficou amiguinha de Isa, e isso seria desastroso.

Mas ela parece satisfeita com a resposta, porque se volta para Marcos para arrumar sua camisa.

—Como foi em Curitiba? –Pergunta para ele. Marcos foi para visitar a sede da empresa do pai, que o está treinando para ser o mais novo cara mais rico da cidade depois que se formar.

Ele dá de ombros. –Normal. Meu pai me deu umas dicas e conheci umas pessoas importantes. –Ele desvia o olhar para Thomas. –Tem falado com seu pai?

Thomas se move, inquieto. Ele não gosta de falar do pai. –Não exatamente. Por que?

—Porque eu encontrei com ele lá. Parece que nossos pais estão fazendo um negócio. Ele disse que ia marcar um jantar conosco. Digo, eu, você e meu pai.

Thomas joga a cabeça para trás. –Que merda cara. Você devia ter dito que eu prefiro ter câncer a ir em um jantar de negócios com ele. 

Marcos dá de ombros. –Meu pai gostou da ideia. Falou para eu levar Nath. –Ele passa os braços ao redor na namorada, que sorri com animação. –Pode ser uma oportunidade de você levar Isadora.

Aceno com a cabeça, concordando. –Ela vai ver que você quer algo sério. –Sério tipo, até ele levar ela pra cama.

—É, mas... Tinha que ser com meu pai? Ele chegou a marcar alguma coisa de verdade?

—Não, mas ele disse que ia ligar.

Thomas faz uma careta de insatisfação, que é quebrada assim que Isa, Evey e Mateus chegam para se encontrar com nosso grupo. Marcos e Nath começam a conversar sobre alguma coisa de nerd com Mateus, Isa se senta ao lado de Thomas no banco, e Evey me ignora completamente. Thomas disse que tinha falado com Isa e que ela não ia falar nada para Evey, mas não parece que ela falou bem de mim também. Suspiro pesadamente. O que eu posso fazer? Eu não posso me aproximar, mas ela é tudo com que eu sonhei nos últimos anos. Fico olhando para Evey, que começou a conversar com Mateus. Ela não parece perceber que eu estou observando-a, ou finge não perceber. Acho que está me ignorando. Sem conseguir suportar mais ficar tão perto dela, acabo me afastando um pouco, para beber água no bebedouro e ver se esfrio um pouco a cabeça. Após alguns segundos, sinto alguém parar ao meu lado.

—Alex. –Evey olha para mim, e eu consigo identificar uma série de emoções conflitantes em seus olhos. Como eu.  

—O que? Cansou de me ignorar? –Eu digo, mas me arrependo na hora ao ver a reação dela. Ela franze a testa e a tristeza se instala em seu rosto. –Desculpe, eu não quis...

—Não quis o que? Me magoar?

Fico em silêncio. A única coisa que eu não quero é magoá-la, mas parece que é a única coisa que eu faço.

—Acho que era melhor quando nós não éramos próximos. –Eu falo baixinho.

—Aposto que era. Quando você só brincava e não fazia nada. Agora tudo o que você faz me machuca.

Ela parece estar prestes a chorar. Eu quero abraçá-la, beijá-la e lhe dizer que tudo ficará bem. Mas eu não posso. É melhor que ela sofra agora que não temos nada do que sentir a dor de quando fomos namorados, e eu estragar tudo. Fico quieto, apenas observando-a.

—Por que você não diz nada? –Ela levanta o tom de voz, e sinto os olhares de algumas pessoas à nossa volta, incluindo nossos amigos.

—Evey... –Falo baixinho, tentando fazê-la se acalmar.

—O que? –Ela grita, e as primeiras lágrimas começam a rolar pelo seu lindo rosto. Engulo em seco, desviando o olhar e coçando o pescoço. Eu tomei minha decisão. Não vou fazê-la sofrer depois. Eu já fiz tantas garotas chorarem por minha causa, mas não Evey. O que mais posso fazer?

—Não tenho nada a dizer.

—Por que você ficou comigo ontem, Alex? Foi bom pra você? –As lágrimas pararam de escorrer, e parece que ela está com raiva novamente.

—Foi. Mas eu não quero um relacionamento. –Não se for para você se machucar por minha causa.

Ela respira fundo. –Entendi. Eu fui usada. –Ela aponta o dedo na minha cara. –Existem várias garotas que dariam tudo para serem usadas por você, Alexander. Vá atrás dela se quiser alguém para ficar contigo por uma noite só. Mas não venha atrás de mim.

Ela vira de costas para mim e corre para a quadra coberta. Não faço nada para impedi-la. É melhor assim. Não é? Quando viro para meus amigos, Thomas me olha tristemente, Marcos e Nath parecem surpresos, Isa e Mateus parecem que vão me matar a qualquer momento.

Mateus começa a andar até mim, mas Thomas o segura.

—Ei, cara, acalme-se. –Ele fala baixinho para Mateus, não querendo que as pessoas ao redor tenham mais coisa para ver. Tipo uma briga bem no meio do pátio.

—Me solte. Você viu o que ele fez? –Mateus empurra Thomas, irado. Mas passa direto por mim, indo atrás de Evey.

Thomas olha para mim e chega perto de Isa. Segura o cotovelo dela de leve, como para impedir a garota de partir para cima de mim. Não que isso vá funcionar se ela quiser fazê-lo, claro. Eu mereço isso. Mas ela apenas balança o braço com violência, para se livrar de Thomas e anda até mim.

—Quero falar com você. –Diz, e sai andando para a direção oposta a que Evey foi, para as mesas. Suspirando, vou atrás dela. Paramos em uma das mesas brancas, e Isa se senta em uma cadeira de braços cruzados.

—Explique-se. –É o que ela diz. Seus olhos são como navalhas cortando minha carne.

Desabo na cadeira em sua frente, sentindo todas as minhas emoções chegando em um turbilhão.

—Eu... Gosto dela. Gosto mesmo. Mas não podemos ficar juntos. Eu já tive várias namoradas. E eu sempre acabava terminando com elas por causa de outra garota. As últimas três ou quatro, por causa de Evey. Eu não quero começar a namorar Evey se for para magoá-la quando eu começar a gostar de outra garota.

—Por que você iria gostar de outra garota?

—Porque é sempre assim. Eu não... Não consigo ficar muito tempo gostando da mesma pessoa. E eu não suportaria fazer isso com ela. Não com Evey.

Isa apoia a cabeça na mão, pensativa. Não parece mais com tanta raiva. Mas ainda parece capaz de arrancar a minha pele só com o olhar.

—E há quanto tempo você gosta dela?

—Um pouco mais de um ano. Desde aquele dia que ela ganhou a medalha de ouro no atletismo interescolar. Acho que me apaixonei.

—Você precisa tentar para saber, Alex. –Quando fala, sua voz está muito mais suave. –Se você gosta mesmo dela, não há razão para pensar que vai começar a gostar de outra garota. E se você gosta dela há tanto tempo, não acho que isso vá acontecer isso.  

—Eu sou um idiota. Eu vou magoá-la. Com certeza.

Isa se aproxima e toca em meu braço, compreensiva. –Por que você ficou com Evey ontem? E porque fugiu?

—Eu... Perdi o controle. Geralmente eu consigo me controlar, pensando que não posso me aproximar muito. Mas ontem... Ela estava tão linda. E chateada. Eu não consegui pensar em mais nada. Mas depois que eu voltei à razão, fui embora. Eu... Não queria... Fazer nada mais sério do que beijá-la e me arrepender depois. Mas parece que eu só piorei tudo.

Cubro os olhos com as mãos, tentando me controlar. Consigo ver Isa murmurar alguma coisa, mas não entendo o que ela diz. Alguém faz um barulho com a garganta, para chamar nossa atenção. Viro na cadeira e vejo Evey, já sem lágrimas nos olhos, me olhando friamente. Mas não tão friamente


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