I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 14
Capítulo 14 - Sozinho


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Queria agradecer à catchtherainbow pelo comentário. Obrigada! Bem, boa leitura e beijinhos.



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Agora eu estou tão cansado de ficar sozinho

Isso está me matando lentamente

    (Lonely)

 

POV Isadora

Thomas me deixa em casa depois da festa. Ele não diz nada no caminho nem quando paramos em frente à minha casa, apenas se inclina e beija minha testa antes que eu saia do carro. Assim que entro em casa, vejo meu pai e minha mãe sentados no sofá, assistindo à televisão juntos. Eles se viram para mim quando eu abro a porta. Minha mãe abre um sorriso, que se esvai quando vê o carro de Thomas dando partida e seguindo pela rua do condomínio.

—Você estava com aquele garoto de novo?  -Ela aperta a ponte do nariz com uma careta.

—Estava. –É somente o que eu digo. Léo desce as escadas segurando uma mala. Todos nos viramos para ele.

—Já está indo, querido? –Minha mãe pergunta, correndo para o filho mais velho. Meu pai se levanta e arruma a camisa social que está vestindo. –Não é melhor ir amanhã de manhã? A estrada não é muito perigosa a essa hora? Já passa das onze.

—Relaxa, mãe. Eu já tomei todos os cuidados e providências. –Ele sorri para meus pais, transmitindo tranquilidade. De repente, lembro-me de algo que eu tinha que perguntar para os presentes no local.

—Nossa, tinha esquecido. –Digo. –Luke está vindo para o Brasil essa semana. Por alguma razão, não pode ficar na casa dos pais e queria saber se ele podia ficar alguns dias aqui.

—No meu quarto, imagino. –Fala Léo, revirando os olhos. Mas ele sorri e faz sinal de positivo com o dedão, concordando.

—Lucas? Nossa, faz tanto tempo que nós não o vemos, não é querido? –Minha mãe se dirige ao meu pai, que acena com a cabeça.

—Claro, amigos são para essas coisas. Eu telefonarei para o pai dele amanhã na empresa. Quando ele vem? –Ele pergunta, satisfeito.

—Sei lá. Algum dia dessa semana.

De repente, Sarah enfia a cabeça na sala, misturando alguma coisa em uma tigela. –Quem vem essa semana?

—Luke.

—Sério? E ele vai ficar aqui? –Ela arregala os olhos para mim, e eu posso até ouvir o pensamento dela ‘Mas e Thomas?’

—É. Somo amigos, não é? –Eu falo, apesar de ter pensando um pouco sobre essa situação também. Minha mãe parece animada com a notícia.

—Vou preparar tudo direitinho. Pode dizer a ele que ele pode ficar sim, com certeza.

Ouvimos a porta da cozinha se abrir e alguém entrar. Seth aparece também ao lado de Sarah, aproveitando para passar o dedo na mistura que ela está fazendo. Depois faz sinal de positivo para a irmã gêmea e sorri para nós na sala.

—Reunião anual da família? Por que eu não fui convidado? Espera, já é Natal? –Ele coloca a bola de futebol no chão da sala e vai cumprimentar meus pais.

—Ainda bem que estão todos aqui. É melhor aproveitar agora para eu me despedir. –Léo diz, gesticulando para a mala parada perto da parede.

—Sim, sim. Não deixe ficar muito mais tarde para ir. –Minha mãe vai logo abraçá-lo enquanto Sarah anda até mim, ainda misturando uma massa avermelhada na tigela.

Após todos abraçarem Léo, ele pega a chave de sue carro e sai de casa, partindo rumo à sua faculdade em Campinas. Agora que ele foi embora, minha mãe começa a correr pela casa, levando coisas para o quarto de Léo, agora desocupado, preparando-o para a chegada de Luke. Suspiro e meu pai sorri ao vê-la animada.

—Parece que ela ainda tem esperanças de que vocês vão ficar juntos. –Ele diz, voltando a atenção para a televisão ligada.

—Ela é uma iludida. –Eu falo baixinho, já subindo as escadas. Sarah entra na cozinha de novo para botar o bolo no fogão e Seth vem atrás de mim, para tomar um banho pós-jogo. E tudo volta ao normal.

 

 Meia hora depois, Sarah aparece em meu quarto, já vestindo seus pijamas e comendo um pedaço de bolo de frutas vermelhas em um pratinho decorado.

—Você e Luke vão voltar a namorar? –Ela pergunta após sentar-se ao meu lado na cama de casal.

—Não sei. Não acho que ele ainda goste de mim. Já faz um tempo desde que namoramos.

—Bem, se ele não quiser, há quem queira. –Ela diz após uma pausa. –Você saiu com Thomas?

—Eu fui a uma festa e ele estava lá. Me deu uma carona de volta.

—Quer um pedaço? –Ela oferece o bolo pela metade, mas eu recuso.

—Mas mamãe não gosta dele. –Eu falo.

—Ah. Ela pode começar a gostar. Ele é simpático.

—Mas ele não é rico. –Suspiro, me deitando de costas na cama.

—Não se pode ter tudo. Pelo menos ele é bonito. –Ela ri.

—Você prefere Luke ou Thomas? Quer dizer, talvez eu não tenha nem que pensar nisso. Luke nem deve mais gostar de mim.

—Hum... –Ela coloca mais um pedaço de bolo na boca, deixando no prato somente pequenos morangos e outras frutas variadas. –Eu sempre gostei de Luke. Mas eu sei como você sofreu quando ele terminou com você. Não sei se Thomas faria uma coisa dessas. Eu gosto dele também.

Olho para ela, esperando a resposta real para a minha pergunta. Ela come calmamente as frutas do prato, e o repousa ao seu lado na cama.

—A resposta cabe a você, pois eu gosto dos dois.

Falamos sobre alguns assuntos aleatórios por meia hora, até ela decidir ir dormir, afinal, amanhã é segunda. Assim que ouço a porta do seu próprio quarto se fechando, Seth aparece na porta do meu, balançando os cabelos molhados.

—Cara, a mamãe tá maluca arrumando o quarto de Léo. Parece que ele deixou uma bagunça. –Ele dá uma risadinha e entra no quarto. Suspiro e fecho a porta de novo. Ele se joga no sofá azul, e percebo que Seth está ficando tão grande que mal cabe no sofá do meu quarto.

—Ela sempre gostou de Luke. –Eu falo, voltando ao tópico principal de todas as conversas de hoje, aparentemente. Bem, não posso culpá-los. Desde o término, é a primeira oportunidade que eles tem para falar de Luke comigo.

—Ela ama Luke. –Ele revira os olhos. –Ela já deve estar fazendo os preparativos para o casamento. Aposto que ela ficou mais triste que você quando vocês terminaram.

—Com certeza. –Sento-me no tapete fofinho, encostando as costas na cama. Ele me olha, curioso. –O que foi?

—Luke vai vir para cá, e você está bem com isso?

—Acho que sim. Apesar de tudo, somos bons amigos.

—Bons amigos. –Ele ri som sarcasmo. –E Thomas sabe disso?

—Ei, pare com isso. Eu não namoro Thomas.

—Ah não? Achei que namorasse. –Ele diz, inocentemente. -Bem, não sei, mas é bom você pensar bem na sua escolha antes de ter o coração dilacerado. –Ele joga uma almofada estampada no alto, pegando-a no ar em seguida. –Fale para eles que se algo acontecer com você, eu e Léo daremos uma surra neles. –Ele sorri e sai do quarto, entrando na porta ao lado da de Sarah. Thomas ficou comigo a noite toda, e eu me senti confortável e segura. Mas ter uma relação com Luke sempre foi um sonho não é? Decido dormir também, apesar de estar com várias coisas na cabeça.

*****

POV Thomas

Acordo com o som de alguma coisa caindo na cozinha. Me levanto em um pulo e corro até lá. Minha mãe olha para mim assim que cruzo a sala, e sorri timidamente. Ajudo-a a catar os cacos de vidro do chão, e entrego outro copo para ela.

—Tome logo e vá para o trabalho. –Digo suavemente, procurando minha camisa jogada na sala. –Deixe que eu varro aqui.

—Obrigada, meu amor. –Ela deposita um beijo em minha cabeça e deixa o copo sujo de leite na pia. Assim que ela sai de casa, os cabelos loiros presos em um coque alto, faço as tarefas diárias da vida de Thomas. Enfio um sanduíche de peito de peru e alface goela abaixo, junto com uma xícara de café puro. Assim que o café começa a fazer efeito, varro os cacos do copo da cozinha e aproveito para varrer o resto da casa também. Lavo a louça na pia e guardo tudo que precisa ser guardado na geladeira ou nos armários. Recolho alguns lençóis que ficaram secando nos varais à noite e os dobro, colocando-os em seguida em seus respectivos armários. Dobro também as roupas de minha mãe, deixando-as no pé de sua cama. Quando a casa parece arrumada, entro no chuveiro para um banho frio e coloco minhas roupas, uma calça jeans folgada e uma camisa polo verde musgo. Penteio os cabelos e escovo os dentes. Saio de casa com a mochila no ombro, me jogando no banco de motorista do carro. E parto em direção à casa de Alex.

 

—Cara, você sabe que horas são? –É a primeira coisa que Alex me pergunta assim que abro a porta do carro para ele entrar.

—Hum... –Me inclino para ver as horas no painel do carro. –Sete e quinze.

—Exatamente! Não são nem oito horas da manhã. E adivinha? –Ele joga a mochila no banco traseiro, junto com a minha, mas vejo sua expressão angustiada. Suspiro.

—Seus pais estão brigando? –Pergunto, mas só de olhar para o rosto dele já sei a resposta.

—Minha mãe tá deixando a gente maluco. Sério, eu mesmo não to aguentando mais. Imagina meu pai!

Dou partida assim que ele coloca o cinto de segurança. Alex não se dá particularmente bem com nenhum dos dois envolvidos em seu nascimento, porém, o pai parece ser o mais suportável. É um sujeito retraído, quieto, que está sempre fazendo as vontades da esposa (que o acha um incompetente). Chegamos a escola em poucos minutos, e estaciono o carro em um local com sombra no estacionamento.

—Thomas! –Vejo Vanessa acenando para mim, um pouco afastada da cantina. Ela está acompanhada das duas amigas plastificadas. Faço uma careta e Alex segue meu movimento. Desvio o olhar, afinal, estou tentando manter distância dessa garota (desse problema), já que Isadora não parece estar disposta a cooperar comigo caso não esteja tudo resolvido entre nós dois. Quando ela percebe que não estou andando até ela, a cobra começa a andar até mim, andando sobre saltos altos. Reviro os olhos e vejo também Isadora conversando com Mateus alguns metros de mim. Sem pensar duas vezes, corro até ela, deixando Alex reclamando frustrado atrás de mim.

—Oi, Thomas! –Isadora começa a falar, mas eu a interrompo pegando-a no colo. –O que você esta fazendo? –Ela empurra meu peito, mas eu apenas sorrio e dou um beijo em sua testa, correndo de Vanessa, e talvez, Mateus. Desacelero após correr uns bons metros, percebendo o quanto ela é leve. Continuo andando com ela no colo até ver Vanessa e Mateus olhando para nós, chocados e surpresos. Coloco-a no chão novamente e arrumo o cabelo.

—Você está maluco? –Ela pergunta, mas dá um risinho. –Opa, a sua ex está planejando minha morte neste exato momento ou é impressão minha? –Ela pergunta, se referindo ao olhar mortal que Vanessa dirige à Isadora.

—Não ligue para ela. –Seguro seus ombros e a viro para mim, olhando seus olhos. -Como foi o resto do seu fim de semana?

—Você quer dizer, as poucas horas que eu não te vi?

—Exato.

—Bem, meu irmão foi para Campinas ontem à noite. –Ela enrola uma mecha de cabelo nos dedos. –E minha mãe ficou completamente louca.

—Cara, a minha também. –Alex aparece do nosso lado, respirando pesadamente. Começamos a andar em direção às escadas, mas reparo que Isadora lança ocasionalmente um olhar frio para Alex. Ele, no entanto, não repara.

—Por que? –Pergunto para Isadora, levantando uma sobrancelha.

—Bem... Um amigo de infância está vindo passar um tempo aqui e ele vai se hospedar na minha casa. Minha mãe ficou desesperada pra deixar tudo em ordem antes de ele chegar.  –Ela dá de ombros, como se fosse uma atitude ridícula. Troco um olhar rápido com Alex.

—Amigo de infância? –Alex pergunta, fazendo uma expressão pensativa. –Aquele tal de Luís?

—Que Luís? –Ela pergunta, confusa.

—Não. Não é isso. Lucas, não é?

—É. Ele mora nos Estados Unidos. Vai chegar na quinta, acho. –Ela lança um olhar nervoso para mim. –Ah, senhor Alex. Eu já fiquei sabendo.

—Do que? –Eu e ele perguntamos ao mesmo tempo.

—De Evey. –Ela fala, encarando Alex. Também olho para ele, que fica levemente ruborizado.

—Não aconteceu nada. –Ele fala baixinho, olhando para o chão.

—Eu nem fico sabendo das coisas. –Falo, dando um soco no braço dele. –O que aconteceu?

—Nada. –Ele revira os olhos e prende a respiração por um segundo. –Quer dizer... A gente meio que ficou naquela festa, mas não foi nada demais.

Arregalo os olhos. –Finalmente! –Exclamo, feliz por ele, mas Isadora não parece tão feliz assim.

—Nada demais? Quero ver o que ela vai achar quando eu disser que você disse isso. Ela é louca por você.

Alex fica sério de repente. Mordo o lábio inferior. Alex não precisa ouvir isso. Ele sabe bem. Ele deve ter perdido o controle ontem, e acabou não resistindo à Evey. Deve estar se remoendo de culpa até agora.

—Não fale para ela. Eu não quis dizer isso. Eu não posso ficar com ela. É que... –Alex se perde nas palavras e Isadora balança a cabeça.

—É que foi só mais uma garota que você pegou? Que nem todas as outras? –Ela pergunta, subitamente irritada. Antes que ele possa explicar alguma coisa, ela sai de perto de nós, andando rápido pelo corredor.

—Merda! –Alex bate na própria cabeça. –Será que ela vai falar alguma coisa pra Evey? Eu não quis dizer isso. –Ele parece triste. Com tanto acontecendo com ele, chego a ficar com pena.

—Mas vocês só ficaram?

—Bem... A gente deu uns beijos. Mas quando eu percebi que se eu continuasse, isso podia virar um problema, eu meio que fui embora.

—Você deixou ela sozinha?

Ele se vira e começa a bater a cabeça na parede. Parece completamente perdido.

—Relaxe. Vou ir falar com Isadora. Vou ver se consigo alguma coisa para te ajudar. Te encontro na sala depois, ok?

Ele acena debilmente com a cabeça antes de entrar na sala de aula, cabisbaixo. Sigo pelo corredor em busca da garota.


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