I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 13
Capítulo 13 - Eu Quero Te Abraçar


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Espero que vocês aproveitem a leitura (fiz um capítulo grande para vocês dessa vez). Comentem o que acharam!
Beijos



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Diga que você me quer, baby

Diga-me que é verdade

Diga as palavras mágicas

E eu destruirei o mundo pra você

    (I Wanna Hold You)

 

POV Alex

Jogado no sofá da sala de estar, consigo ouvir meus pais brigarem no andar de cima. Não importa o quão ridículo seja o motivo, eles estão sempre brigando. E depois ainda me perguntam por que eu vou tão mal na escola. Fala sério!  Mesmo se eu quisesse meter a cara nos livros, seria impossível entender alguma coisa com essa gritaria constante. Desisto de tentar abafar o som com a música alta, pego meu celular e saio de casa.

'Onde vc tá?’

Thomas demora uns bons cinco minutos para responder. Espero sentado no meio-fio, segurando o celular nas mãos.

'Trabalho. Saio as seis'

 Olho no relógio em meu pulso. Quatro horas ainda... Que tédio. Pleno domingo e ninguém me chamou para fazer nada. O que será que Evey está fazendo agora? Ela quase nunca me manda mensagens, e eu também não. Afinal, como eu já disse, gosto muito dela e não posso correr o risco de me envolver muito apenas para partir seu coração depois. Decido mandar uma mensagem para Nath. Talvez ela esteja com Marcos e os dois me aceitem como candelabro.

'O q ta fznd?’

'To em casa com Evey e Isa. Marcos foi viajar com os pais para Curitiba. Onde vc tá?’

'Na rua. Tá meio tenso em casa'

'Passa aqui.'

 Thomas, Nath e Marcos são os únicos em quem eu posso confiar de verdade. Posso ser considerado uma pessoa sociável, me dou bem com a maioria das pessoas que conheço (exceto, talvez, alguns nerdões da sala de aula), mas eu falo de todos os meus problemas em casa com eles, todas as minhas inseguranças, etc. Marcos até me ajuda em algumas matérias que tenho dificuldade às vezes. São ótimos amigos. Bato na bermuda militar ao me levantar e arrumo as correntes de prata na mesma. Será que eu devia evitar Evey? E se as coisas saírem do meu controle? Eu sei que ela gosta de mim e se eu me afastar agora ela vai ficar magoada, certo? Se bem que eu não sei se existe algum jeito de não magoá-la agora que eu já me aproximei tanto. Espero que haja.

Quando chego na casa de Nath, me arrependo na hora de ter ido. Ela me puxa para o seu quarto, no andar de cima, onde Isa e Evey estão se arrumando para sair. Elas ficam meia hora discutindo sobre roupas, cabelos e maquiagens, e eu fico que nem idiota olhando para a parede.

—Ei, Isa. É verdade que você é modelo? –Eu pergunto uma hora, tentando fugir da conversa sobre batons.

—Não sei se posso me considerar uma. Eu tirei umas fotos para alguns catálogos de roupas, etc. Mas eu nunca desfilei nem nada. –Ela dá de ombros e se volta ao espelho, tentando prender o cabelo extremamente liso em algum penteado que fique no lugar.

—Fernanda me disse que vai ter um evento especial na agência mês que vem. Eu não sei o que é, mas acho que dá uma grana boa. Você devia falar com eles depois. –Nath diz, arrumando as mechas coloridas no cabelo loiro.

—Ah, outro dia eu passo lá. Tá meio difícil agora com as aulas. Mas eu tenho que aproveitar antes que as provas comecem.

—Nossa, nem me fale. Até agora eu não entendi nada de biologia. –Diz Evey, com uma careta.

—Biologia eu até pego alguma coisa. –Diz Nath, pensativa. Para falar a verdade, biologia é a única matéria que ela gosta de verdade. Acho que ela quer ser pediatra ou qualquer coisa do tipo. Ou era veterinária?

Ótimo. Fomos de maquiagem para escola. Onde estão os assuntos interessantes? Acabou todo o estoque antes de eu chegar?

—Pra onde vocês vão arrumadas assim? –Eu pergunto, observando Evey passar um negócio no olho que eu realmente acredito que pode cegá-la.

—A gente vai em uma festa mais perto do centro. Entrada de mulheres é grátis até às dez. -Explica Nath, colocando um sapato de salto alto.

—Mas não são nem cinco horas.

—É. Mas a gente tava pensando em passar no shopping antes. Do que a gente tava falando antes de Alex chegar? Ah é, sobre aquele tal de Luke.

—Ah, então. Ele vai vir pra cá essa semana. Acho que eu desisti dele de verdade agora. –Isa diz enquanto passa um pó na cara. Quem será esse garoto? Isa gostava dele?

—Desistiu só por causa de Thomas né? Porque você tava desesperada falando que ia esperar por ele. Até mandou Matt pastar quando ele te chamou pra sair por causa dele. –Evey usa mais uma vez aquele instrumento de cegar pessoas.

—Não sei. Eu devia dar uma chance para Thomas. E para mim também, até porque Luke já saiu com várias meninas nos Estados Unidos.

—Com certeza. Não vale a pena ficar sofrendo por outra pessoa quando você tem um gato que nem Thomas a fim de você. –Nath diz, revirando os olhos.

Então, pelo que eu entendi: Isadora gostava de um garoto que foi para os EUA e decidiu esperar ele voltar para ficar com ele. Mas agora ela desistiu de um amor antigo por Thomas? Puta merda! Eu achei que ela só não saía com os nerds da escola por que ela se achava boa demais para eles, mas na verdade ela tem um namorado que foi para o exterior? E ela vai largar tudo por Thomas? Arregalo os olhos enquanto meu cérebro tenta digerir isso. A cada dia que passa essa aposta parece cada vez mais uma roubada.

*****

POV Thomas

Quando saio da loja de sapatos, vejo Evey, Nath, Isadora e Alex sentados em uma mesa em frente a loja, tomando um sorvete gigante. Nath acena para mim e eu vou até eles. Elas estão bem arrumadas, com roupas bonitas e cabelos bem feitos. E Alex está... entediado.

—Puxa, Thomas. Da próxima vez a gente vai na sua loja para você me vender uns sapatos. –Evey diz, fazendo um bico. Dou uma risada.

—Não vão. Meu gerente vai expulsar vocês.

—Que issoo. Pra que essa violência?

—Onde vocês estão indo arrumadas assim? -Pergunto, olhando de soslaio para Isadora. Ela está vestindo um vestido meio curto, que a deixa parecendo mais magra. O cabelo está liso e batendo no quadril, e está com botas de salto alto. Essa semana inteira foi meio confusa. Eu consegui me aproximar dela, mas ela não parece pronta para confiar em mim.

—Pra uma festa perto do centro. Você não quer nos dar uma carona? –Nath pergunta, mexendo nas unhas brilhantes.

—Ah certo. Muito bonito senhorita Nathalia. Indo para festas desse jeito quando o namorado está fora da cidade né? –Digo, brincando com ela.

—Ele já sabe, tá? Eu vou pra dançar e beber, de qualquer jeito. Elas que vão para fazer outras coisas. –Ela diz, apontando para Evey e Isadora, que dão sorrisinhos.

—Que outras coisas? –Alex pergunta mais rápido que eu, ficando vermelho. Nath começa a rir da cara dele.

—Ah, sei lá. Estamos solteiras, de qualquer jeito. Certo, Isa? –Evey diz, e Isadora dá de ombros. Estreito os olhos, e Alex faz o mesmo.

—Vocês sabem que nesses lugares só tem homens que não querem nenhum tipo de compromisso, certo? –Ele diz, mudando o tom de voz.

—Sabemos. Qual a diferença deles para vocês? –Evey pergunta, também ficando alterada.

Bem, não posso culpá-la por pensar isso. Alex realmente não ajuda. Ele deixa claro que gosta dela, mas nunca mesmo a chamou para sair. Ele não quer nenhum compromisso com ela também. Mas é por outro motivo, porém não tem como ela saber disso. Isadora apenas suspira e evita olhar para mim.

—Certo, certo. Acalmem os ânimos. Evey, você não queria comprar aquele batom vermelho? Tem uma loja demais no terceiro andar, e eu tenho desconto. Vamos lá? –Nath diz, tentando apaziguar os dois exaltados. Evey concorda e se levanta com ela. Isadora decide ficar para pagar o sorvete.

—Você também pretende fazer outras coisas? –Alex pergunta para Isadora assim que as meninas viram o corredor. Ela dá de ombros.

—Acho que não. Eu não estou bem procurando um cara.

Franzo a testa ao ouvir isso e Alex percebe minha reação. Ele coça o queixo.

—Por que você já tem um? –Ele pergunta delicadamente.

—Mais ou menos isso. –Ela se levanta para pagar o sorvete e eu e Alex ficamos a sós.

—Cara, ela está falando de mim? –Pergunto baixinho para ele.

—Eu não sei. Na casa de Nath ela disse alguma coisa sobre ter um namorado morando nos EUA.

—O que? –Eu levanto um pouco o tom de voz.

—Não grita, seu imbecil. Na verdade acho que era um ex-namorado. E ele está vindo para o Brasil. –Nós calamos a boca quando ela chega perto. Ela tem um namorado, ou um ex que mora fora do país? Por isso ela tinha essa fama de difícil? E ele está vindo para o Brasil? O que isso quer dizer? Começo a ficar agitado, e Alex parece desolado com as palavras que Evey proferiu.

 

Chegamos ao local combinado depois das oito da noite. As meninas decidiram ficar procrastinando no shopping para não chegarem muito cedo na tal festa. Enquanto procuro alguma vaga para estacionarmos o carro, Alex resmunga alguma coisa no assento ao meu lado e as meninas falam alto no banco de trás.

—Agradecemos a carona. –Evey diz ao sair do carro, mas ela parece irritada. Nath sai atrás dela mandando um beijo para nós dois e Isadora dá um pequeno sorriso antes de sair com as outras. Desligo o motor e ficamos eu e Alex ouvindo uma música do The Neighbourhood, em silêncio.

—Cara, eu não entendi. A gente tá saindo. Por que ela ta indo beber com outros caras em uma festa? –Eu pergunto, confuso. Ela não gosta de mim? Eu jurei que estava fazendo algum progresso na causa.

—Olha, lá, elas disseram alguma coisa sobre ela desistir daquele ex dos EUA por você. Mas eu não sei se eu ouvi direito o que elas estavam falando. Eram muitas garotas falando ao mesmo tempo.

—Eram só três. Essa é a parte que você faz alguma coisa útil, Alex.

—Ei, eu tava pensando aqui... Não é melhor a gente desistir da aposta?

—Para com isso. Eu estou progredindo, ok?

Ele fica quieto por alguns segundos e depois cai na gargalhada.

—Qual é, cara. A mina tá dentro de uma festa nesse exato momento. E você não foi convidado.Você tá ouvindo a si próprio falar?

—E você? A garota que você gosta há anos tá lá dentro também. E ela está claramente brava com sua falta de atitude.

Ele bate a cabeça contra o vidro da janela. –O que nós vamos fazer?

Ficamos uns dez minutos no carro, refletindo. Ela gosta ou não gosta de mim? É a pergunta que fica na minha cabeça, e provavelmente na de Alex também. No fim, eu abro a porta do carro e saio. Ele abre a janela e grita para mim, que já estou andando em direção à entrada do local, que está iluminado com luzes coloridas e toca uma música alta.

—O que você está fazendo?

—Não vou perder a garota. –É o que eu digo sem me virar para ele. Depois ouço a porta do carro batendo e Alex corre atrás de mim. Entramos juntos pela porta da frente.

Vou andando pelo lugar lotado, procurando por Isadora. Alex se separou de mim depois que pagamos a entrada para procurar por Evey. Vejo Isadora falando com um garoto alto e magro, com cabelos quase brancos. Ele está perto dela e fala alguma coisa em seu ouvido. Ela faz uma careta e se afasta dele, mas o cara vai atrás dela e segura seu braço, impedindo-a de se afastar mais. Vou até os dois já vermelho de raiva.

Ei, Thomas, controle-se (é o que eu penso).

Eu chego perto deles e empurro o peito do cara com força (é o que eu faço). Isadora arregala os olhos e o cara passa a mão na própria camisa antes de olhar irritado para mim.

—O que você está fazendo? –Eu pergunto, avançando pra cima dele.

—O que VOCÊ está fazendo? –Ele pergunta, mas dá um passo para trás. Sou alguns centímetros mais alto que ele, e mais forte também. Isadora se espreme entre nós dois e segura meu braço com força. Olho para ela e vejo que ela está nervosa e com medo. A última coisa que eu preciso é me meter em uma briga no meio de uma festa. Eu certamente ganharia se tivesse uma, mas é melhor que isso não aconteça. Pelo menos não na frente dela.

—Ela não quer nada com você. Não entendeu? Vaza daqui. –Eu falo, fechando o punho ameaçadoramente em seu rosto. Ele enrijece o corpo e franze a testa antes de sair de perto de nós. Isadora solta a respiração e me encara.

—O que você está fazendo aqui? –Ela pergunta, e a princípio acho que ela está irritada, mas depois percebo que está assustada. Lentamente passo meus braços ao redor de seus ombros, envolvendo-a em um abraço.

—O que aconteceu?

—Eu... Me perdi das meninas logo que entrei. Aquele garoto começou a me perseguir.

—Ele fez alguma coisa? –Pergunto, sentindo a fúria voltar novamente. Ela nega rapidamente com a cabeça.

—Ele só ficou falando que eu era linda e perguntou se eu queria ir para a casa dele. Acho que estava bêbado.

Olho para baixo, vendo sua cabeça se acomodar em meu peito. Ficamos abraçados assim por alguns minutos e me sinto verdadeiramente feliz só por estar com ela.


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